Móleculas de contaminação afetiva em “Moonovosol”

June 29, 2017 | Autor: Roderick Steel | Categoria: Multimedia, Performance Art, Video Art, Performance, Cinema, Visual Arts, Expanded Cinema, Visual Arts, Expanded Cinema
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Móleculas de contaminação afetiva em “Moonovosol” Roderick Peter Steel

Móleculas de contaminação afetiva em “Moonovosol” Roderick Peter Steel1 Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)

Resumo: Este trabalho relata o processo de criação do vídeo-tríptico MOONOVOSOL durante uma vídeo-residência de duas semanas na cidade de Porto Alegre. Busca examinar estratégias para a captação, transformação e propagação de energias dentro de um ciclo de experimentação entre uma série de 6 performances-rito e um corpo-vídeo em 3 telas. Palavras-chave: Vídeo-performance; Espelho; Movimento; Cinema; Residência artística.

Abstract: This article dicusses the creation process of the video-triptych MOONEGGSUN du-ring a two week video-residency in the city of Porto Alegre, Brazil. It seeks to exami-ne artistic strategies for the capture, transformation and propagation of energies within a cycle of experimentation between a series of 6 performance-rites and a 3-screen vi-deo-body. Key words: Video performance; Mirror; Movement; Cinema; Artist’s residency.

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Artista Visual, fotógrafo, cineasta e performer. Mestrando em Meios e Processos Audiovisuais na linha de Poéticas e Técnicas pela Escola de Comunicação e Artes (USP), sob a orientação do Prof. Dr. Atílio José Avancini.

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Fig. 1 – Frames do vídeo-tríptico MOONOVOSOL IV: Oo0ø•º•∞ =<

O projeto MOONOVOSOL (ou MOONEGGSUN em inglês) foi produzido durante uma vídeo -residência de duas semanas na Galeria Mamute2, em Porto Alegre. O processo, desenvolvido por Adriana Tabalipa, Andreia Vigo, o artista sono-ro Giancarlo Lorenci e Roderick Steel, articulou um desejo antigo de juntar cineastas e performers para produzir um trabalho colaborativo3. Este artigo, escrito impulsivamente alguns meses depois da residência, tenta processar MOONOVOSOL4 enquanto vídeo-performance5, pelo viés da contaminação afetiva de Deleuze. Ao colocar agen-das individuais de lado e direcionar energias colaborativas aos materiais em mãos, este coletivo temporário de artistas, reunidos durante a residência, procurava se tornar “molécula, a ponto de se tornar imperceptível” (DELEUZE, 1997, p. 225)6. Vestes moleculares Através da introdução arbitrária de dezenas de espelhos, os corpos dos performers são submetidos a uma possessão autopoiética: a uma imanência receptiva e transmissiva. Juntos se tornam entidades liminares perfuradas por perspectivas e focos variáveis do mundo: refletindo e absorvendo zonas experienciais livres dentro de lentes dispostas em série. Essas multidões de ovos moleculares “definidas por eixos e vetores, gradientes e limiares, (...) pela trans-formação de energia e movimen___________________________________________________

Contemplado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 10ª Edição, a Videoresidencia Território Expandido propôs um espaço de inter-relações entre artistas e regiões do Brasil, no intuito de estimular a troca de conhecimento entre as diferentes produções e favorecer processos de Coletivos de videoarte. As produções artísticas oriundas da residencia foram expostas na mostra Paisagens Inven-tadas, com curadoria de Niura Borges, na Galeria Mamute. 3 Agradecemos também ao artista Alexandre Antunes, cujo apoio durante o processo foi imprescin-dível. Culminou na filmagem do quinto capítulo de MOONOVOSOL em seu jardim-studio. 4 Para ver MOONOVOSOL clique nos seguintes links: 1. vimeo.com/91799774 Parte 2: vimeo.com/91551839. Parte 3: vimeo.com/91794131, Parte 4: vimeo.com/91603096. Parte 5: vimeo.com/90971484. Parte 6: vimeo.com/90339559. A senha para todos os videos é abre. 5 Sua transdução para outro video-corpo. Neste caso, para um corpo com 3 telas, ou “video-triptico”. O termo vídeo-performance é geralmente usado para descrever a exploração da relação entre obras de arte processuais e presenciais que foram concebidas para vídeo. Vídeo e performance surgiram juntos e influenciam-se mutuamente a partir do final dos anos 1960. Cinco das seis performances de MOONEGGSUN foram em locais remotos e inacessíveis. Em muito do nosso trabalho estamos interessados tanto nas qualidades efêmeras de uma performance ao vivo como em sua remediação. Ou seja, em sua transdução para um corpo de vídeo. Neste caso, para um corpo ampliado de 3-telas, ou “vídeo-tríptico”. 6 Adriana Tabalipa e Roderick Steel desenvolvem performances em conjunto desde 2013 dentro do “coletivo S.T.A.R.” . Buscam, através de seus trabalhos, colaborar com outros artistas em vários estados brasileiros. 2

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tos cinemáticos que propiciam o deslocamento do grupo”, devolvem estes corpos a um estado de criação “antes da formação dos estratos.”7

Fig. 2 – Frames do vídeo-tríptico MOONOVOSOL III: —°‰—

Deleuze nos lembra que na imagem-tempo o corpo fica mais lento e, “se torna o revelador [révélateur] do tempo, para mostrar o tempo por meio de seu cansaço e suas esperas” (DELEUZE, 1989, p.XI). Como tal, os artistas es-tampados por células se tornam modelos para todos os devires, ao transformar os locais que encontram em zonas experimentais. Suas deliberações lentamente desvendam ritos potencialmente transformadores, ‘encarnados, promulgados, espacialmente e temporalmente enraizados’ a faculdades sensoriais agudas.

Fig. 3 – Strata preênsil. Frames do vídeo-tríptico MOONOVOSOL V: •Ó···
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