Monografia de graduação: ACORDES DISSONANTES DA HISTÓRIA DA MÚSICA EM SERGIPE

June 3, 2017 | Autor: Priscilla Góes | Categoria: Música, Sergipe, Orquestra
Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FERDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Priscilla da Silva Góes

ACORDES DISSONANTES DA HISTÓRIA DA MÚSICA EM SERGIPE (A Orquestra Sinfônica, 1985 – 2005)

São Cristóvão Abril, 2006

PRISCILLA DA SILVA GÓES

ACORDES DISSONANTES DA HISTÓRIA DA MÚSICA EM SERGIPE (A Orquestra Sinfônica, 1985 – 2005)

Monografia de conclusão de curso, apresentado à

disciplina

departamento

Prática de

de

História,

Pesquisa do

Centro

do de

Educação e Ciências Humanas, da Universidade Federal de Sergipe, referente ao 2º semestre de 2005.

ORIENTADOR: Prof. Msc. Luis Eduardo Pina Lima

São Cristóvão 2006

Dedico este trabalho ao meu avô, Pr. Manoel Candido da Silva, que deixou muitas saudades.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar ao meu Deus que me concedeu não somente a vida e inteligência, mas também o inexaurível gosto pela música. Aos meus familiares, principalmente minha mãe, por sempre me mostrar a importância do estudo, me “obrigando” desde a mais tenra idade a ser uma aluna responsável. Aos meus irmãos Matheus e Juliana que muito me ajudaram nas pesquisas pela internet e bibliotecas, devido ao curto tempo que eu dispunha. Aos meus parentes principalmente minha tia Mauricéa que com muita gentileza me cedeu o silencioso espaço de sua casa para que eu pudesse redigir esse trabalho. Ao meu tio Ezequiel que fez previamente uma correção crítica do mesmo. Aos meus colegas que fizeram parte da minha vivência acadêmica durante os quatro anos: Adebaldo, Aldeni, Ana Maria, André, Cândida, Carlos Eduardo, Crécia, Edilea, Elaine, Elineide, Evilson, Flávio, Gilearde, Jane, Laila, Luciana, Lucila, Maira, Marcelo, Maria José, Maria Zenaide, Renato, Roque, Tiago Araújo, Thiago Santos e Valter. A minha amiga Tarcila a qual tive oportunidade de estudar durante sete anos, mantendo até hoje um laço saudável de companheirismo e amizade. Aos meus amigos da Aliança Bíblica Universitária do Brasil, que foram meus companheiros em momentos difíceis e festivos, onde sempre compartilhávamos do amor e misericórdia de Cristo Jesus. A meus colegas professores que me acompanham desde o ano passado na jornada de lecionar, em especial ao professor Douglas que fez a correção gramatical desta monografia. Aos meus professores e colegas de música, principalmente: A violinista Débora Fraga, pois foi com ela que tive o primeiro contato com o violino, instrumento ao qual amo. O professor

Rabelo que com sua simplicidade, dedicação e amor à música, me contagiava a cada aula fazendo com que eu ultrapassasse os obstáculos de cada estudo. O professor Gustavo que permitiu por diversas vezes participar junto aos seus alunos de uma orquestra de câmara. Ao violinista Fabiano Santana, que mesmo antes de concluir os estudos no CMS já me auxiliava nas lições de música. A todos aqueles que me cederam um espaço do seu tempo para a realização das entrevistas que foram tão valiosas para a construção desse trabalho: Ao musicista Alejandro; A arquivista da ORSSE, Camila Argolo; ao pianista Daniel Freire; ao violinista Fabiano Santana, que fez algumas considerações sobre o período de reestruturação da Orquestra; ao secretário da Cultura de Sergipe, José Carlos Teixeira; ao professor e violinista José Rabelo; Ao violinista e maestro assistente da ORSSE Luiz Fernando Cadorin; ao maestro Rivaldo Dantas, que me cedeu a maior parte da documentação utilizada nesse trabalho; a violinista Suzan Rabelo; ao violinista Wolney Siqueira e ao atual maestro da ORSSE Ion Bressan, que além da entrevista corrigiu o texto principal desse trabalho referente à história da música. Ao funcionário da emissora Aperipê, Aurélio que me cedeu gravações de alguns concertos realizados pela ORSSE. A administradora da ORSSE Marlise Santos que disponibilizou duas fotos da Orquestra. A todos aqueles que foram meus professores, pois hoje, ao ministrar minhas aulas, sou a síntese de todos eles. Em especial, agradeço ao meu orientador Eduardo Pina que desde o meu terceiro período tem sido um amigo, me auxiliando sempre que possível nas atividades acadêmicas, estando sempre disposto a me orientar. Muito obrigada! Priscilla

A orquestra é uma das mais belas entidades artísticas de nossa civilização. Através dela é possível vislumbrar a engrenagem de dezenas ou centenas de vozes entoando num mesmo sentido a música escrita numa partitura. Assim, num conjunto orquestral se encerram valores de uma grande sabedoria intrínseca: A responsabilidade de cada um em gerar harmonia para um conjunto. Tantos instrumentos, tanta variedade de timbres, tantas funções, e tudo soando com perfeição. Cada homem, não importa o que toque, desempenhando da melhor maneira possível, individualmente, sua função para que o conjunto seja belo, e represente com maestria a Harmonia do Universo.

SALES, IN: www.mnemocine.com.br/filipe/

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo mostrar os principais acontecimentos relativos à breve história da Orquestra Sinfônica de Sergipe, desde sua criação em mil novecentos e oitenta e cinco; o período que esteve quase desativada; a sua reestruturação e, finalmente, chegando ao ano de dois mil e cinco, onde novos projetos estão sendo desenvolvidos. Para isso, contei com o auxílio de jornais, entrevistas e fotos, pois, não havia ainda um estudo mais cuidadoso sobre a história dessa orquestra.

LISTA DE FOTOS

Ilustração I: Formação mais usual para uma orquestra .................................................................19 Ilustração II: Orquestra Sinfônica de Sergipe (sem data)...............................................................25 Ilustração III: Orquestra Sinfônica de Sergipe em 2005................................................................36 Ilustração IV: Orquestra Sinfônica de Sergipe em 2005................................................................37

LISTA DE ABREVIATURAS

CMS: Conservatório de Música de Sergipe. FUNDESC: Fundação Estadual de Cultura. ORSSE: Orquestra Sinfônica de Sergipe.

SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................................................................... 6 LISTA DE FOTOS ....................................................................................................................................................... 7 LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 11 CAPÍTULO I - A FORMAÇÃO ORQUESTRAL NO OCIDENTE......................................................................15 CAPÍTULO II- A FUNDAÇÃO DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE .............................................. 24 CAPÍTULO III - A REESTRUTURAÇÃO DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE.............................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................... 46 ANEXOS.......................................................................................................................................................................55 ANEXO A - DADOS SOBRE O CONCURSO INTERNO DA ORSSE EM 1989.........................................54 ANEXO B - ENTREVISTAS...............................................................................................................................61 ANEXO C - FOLDERES.....................................................................................................................................87

11

INTRODUÇÃO

Devido a uma enorme apreciação por música erudita, surgiu o desejo de pesquisar sobre a Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE), desde sua origem em 1985 até o ano de 2005. Primeiramente, buscamos conversar com antigos integrantes da mesma para ter uma melhor idéia de onde encontrar fontes suficientes para realizar este trabalho. De acordo com informações recebidas, soubemos que o seu primeiro maestro foi Rivaldo Dantas.

Em contato com o maestro Rivaldo Dantas, tivemos acesso a um vasto material sobre a ORSSE como recortes de jornais, material em revistas e fotos que remontavam aos primeiros anos de funcionamento da referida Orquestra.

Ao ver os nomes citados nesse material de pessoas que ainda lecionam no CMS, buscamos fazer algumas entrevistas para conhecer mais profundamente a participação deles na Orquestra Sinfônica de Sergipe e suas percepções sobre o papel que ela desempenha no nosso estado. Por tanto, a história oral teve um papel de fundamental importância para a construção dessa monografia, pois, sobre a história dessa Orquestra havia apenas algumas matérias de jornais (que às vezes continham dados equivocados) e matérias de revistas, mas que falavam superficialmente do decorrer do seu desenvolvimento. Devido a esse fator, a contribuição dos entrevistados se tornou muito valiosa para conhecermos os momentos mais significativos pelos quais passou a ORSSE.

12

Os jornais também contribuíram muito. Havia alguns que eram tão detalhistas que contavam quais peças tinham sido tocadas em certo concerto e quantos músicos haviam. Outros eram evasivos, citando apenas a data e o local da apresentação. Alguns músicos utilizavam os jornais como meio de denúncias quanto ao descaso do poder público em relação a ORSSE. Falavam sobre a saída de músicos para orquestras em outros estados, devido aos melhores salários e melhores condições de trabalho, o atraso nos pagamentos, dentre outros.

Para fazer o levantamento em História da Música sobre o início da formação orquestral no Ocidente, a internet foi a maior fonte. Mesmo assim, foi um árduo trabalho de pesquisa, pois a maioria dos sites falava sobre histórias de orquestras específicas e não da formação geral do corpo orquestral. Por isso, são poucos os sites citados no final desse trabalho.

Os livros de História da Música que tivemos acesso também tratavam muito pouco sobre orquestra, pois, a ênfase maior são as mudanças na forma de compor. Infelizmente a literatura musical disponível em Sergipe não é vasta. Sobre este assunto, encontramos um pequeno acervo na Biblioteca da Universidade Federal e no Conservatório de Música, porém este se encontra defasado.

Apesar de todas essas dificuldades de pesquisa, conseguimos mostrar os principais momentos pelos quais a ORSSE passou. Basicamente este trabalho foi feito mostrando sua criação, alguns motivos que resultaram em sua desestruturação, seguido pelo período de sua reestruturação, quando passou a receber maiores incentivos governamentais e, por fim, suas perspectivas para os próximos anos.

13

Os capítulos desse trabalho foram divididos da seguinte forma: No Primeiro capítulo, mostramos como foram as mudanças na formação orquestral do Ocidente, por meio da História da Música. Traçamos um breve desenvolvimento da mesma até chegar em sua formação atual. Mostramos basicamente as duas principais formas de uma orquestra: A Sinfônica e a de Câmara. Foi de suma importância destacar aspectos desses estilos orquestrais para que o leitor possa compreender melhor os capítulos posteriores.

Sendo a orquestra um corpo que executa basicamente música erudita, se fez importante a explicação sobre as diversas contradições que possui esse termo. Mostramos também os principais sentidos que possui a expressão música clássica, que geralmente é utilizada com a mesma conotação de música erudita. Abordamos também as principais diferenças entre uma música dita popular e erudita.

As fontes utilizadas para escrever o Segundo Capítulo foram basicamente os jornais aos quais tivemos acesso. Foi um levantamento do ano da criação da ORSSE, 1985 até 1989 e o período de desmembramento da mesma, onde ela praticamente não se apresentava. Nesse período a ORSSE foi criada, porém, em um curto espaço de tempo, ela passou por grandes dificuldades, até o ponto de deixar de realizar concertos por falta de músicos. Por tanto esse capítulo mostra o seu nascimento e seu rápido esfacelamento, por falta principalmente de incentivos governamentais.

No Terceiro Capítulo, veremos a volta da Orquestra e a “injeção de ânimo” que recebeu, buscando contratar músicos de fora e dentro do estado e, até mesmo, de fora do Brasil e a ter seus ensaios regulares. Escrever este capítulo foi de grande satisfação, pois além de fontes orais e

14

jornais, as visitas a ensaios, apresentações da ORSSE e conversas com seus integrantes nos possibilitaram melhores condições para redigi-lo.

Na conclusão, apresentamos algumas sugestões para que a ORSSE tenha uma maior visibilidade do público sergipano, para que o seu trabalho não possa voltar a triste história do seu desmembramento.

Expor a história dessa orquestra foi muito satisfatório, pois, fazer um levantamento de uma entidade que tem tanta importância cultural para a sociedade sergipana e presenciar seu desenvolvimento é algo que trás esperança, para que cada vez mais a música e as artes em geral, tenham maior espaço no meio sergipano.

Se os governos sergipanos continuarem ampliando os incentivos culturais, grandes oportunidades de empregos e de turismo se abrirão para Sergipe.

Esperamos que este trabalho seja útil ao nosso Estado para mostrar a importância da ORSSE. Esperamos também, incentivar outros estudantes a pesquisarem sobre temas que envolvem a música no nosso estado, para ampliarmos os conhecimentos sobre essa área que é tão vasta e importante.

15

I - A FORMAÇÃO ORQUESTRAL NO OCIDENTE

O termo Orquestra vem de uma antiga palavra grega (orkhestra) que, significa exatamente “lugar para dançar”. Na Grécia, durante o século V a.C., os espetáculos eram encenados em teatros livres, chamados de “anfiteatros”. Orquestra era o nome dado ao espaço que se situava em frente a área principal de representação e que destinava às apresentações do coro, que cantava e também dançava. Era ali que ficavam também os instrumentistas.

Passou-se muito tempo, até que no início do século XVII, na Itália, as primeiras óperas começaram a ser executadas. Essas óperas originalmente pretendiam ser imitações dos dramas gregos e, portanto, a mesma palavra foi usada para descrever o espaço entre o palco e o lugar ocupado pelos instrumentistas. Porém, após algum tempo, a orquestra passou a designar o próprio grupo de músicos e, finalmente, o conjunto de instrumentos que eles tocavam.

A estrutura de uma orquestra como conhecemos hoje teve suas origens durante o Período Barroco (1600-1750). Esse termo era usado para designar um conjunto formado por quaisquer instrumentos disponíveis. Com o passar dos anos e tendo em vista o aperfeiçoamento dos instrumentos a orquestra passa a ter uma composição fixa dos mesmos e o naipe de corda (principalmente o violino) passaram a ser sua base.

No Período do Classicismo (1750 – 1810), a formação da orquestra estava em pleno desenvolvimento. No princípio o cravo era utilizado para preencher a música orquestral. Aos

16

poucos ele foi sendo substituído por instrumentos de sopro. Os compositores procuravam cada vez mais ampliar a participação desses instrumentos na formação orquestral. Ao final do século XVIII, em uma orquestra havia: Uma ou duas flautas; dois oboés; duas clarinetas; dois fagotes; duas trompas; dois trompetes; dois tímpanos e as cordas (primeiros e segundos violinos, violoncelos, violas, e contrabaixos). Beethoven ampliou o número de instrumentos em algumas de suas composições, com uma terceira trompa, um flautim, um contrafagote e três trombones. A seção de percussão na “Nona Sinfonia” foi acrescida de pratos, triângulos, bombo e o número de trompas passaram a ser quatro.

Já no Período do Romantismo (1810 – 1910), a orquestra cresceu enormemente, não só de tamanho, como também em abrangência. A seção de metais foi completada com a adição da tuba. Os compositores passaram a adicionar o flautim, clarone, corne inglês, e o contrafagote. Os instrumentos ficaram mais variados e foi necessário aumentar a seção de cordas para que se mantivesse o equilíbrio orquestral.

Os compositores românticos deleitaram-se em explorar toda essa grande variedade de volume e alturas sonoras, a riqueza das harmonias e as novas possibilidades de combinar e contrastar timbres. Sua música oferece um belo sortimento de tipos de composição – desde peças para um ou poucos executantes, como canções, obras para piano e música de câmara (trios, quartetos, etc.) até empreendimentos espetaculares, envolvendo grande número de participantes, como as óperas de Wagner ou as imensas obras orquestrais de Berlioz, Mahler e Richard Strauss. (BENNETT. 1986, pág. 58)

No final do século XIX e início do XX, para suprir as exigências dos compositores, foram agregados à orquestra vários instrumentos, fazendo com que esta crescesse enormemente. Os metais passaram a contar com instrumentos extras e as madeiras combinadas em grupos de três e

17

quatro instrumentos. Por volta de 1910, certos compositores passaram a escrever para orquestras menores. Outros, entretanto, têm utilizado novos instrumentos e novas técnicas eletrônicas.

No Brasil, a música erudita chega nos primeiros séculos de colonização portuguesa, vinculada a igreja católica para a realização da catequese. Com o passar do tempo, irmandades de música, salas de concertos e manuscritos brasileiros vão traçando o perfil de uma atividade crescente no país.

Com a chegada de D. João VI, houve um grande impulso ás atividades musicais na então colônia portuguesa. As peças dos italianos, alemães e franceses eram as mais executadas no Brasil. Porém, alguns nomes brasileiros com o passar do tempo começaram a surgir, a exemplo de Carlos Gomes (1836 – 1896) e Heitor Vila-Lobos (1887-1959). A partir deste último, a música erudita brasileira se consolidou.

Para esse tipo de orquestra maior, existem basicamente duas: A Filarmônica e a Sinfônica. A orquestra Filarmônica é na maioria das vezes, sustentada por uma instituição privada e a Sinfônica normalmente pertence a uma instituição pública. Geralmente essas orquestras possuem cerca de oitenta músicos e em alguns casos mais de cem, a depender da exigência da obra executada.

O posicionamento dos instrumentos num palco de salas de concerto também é um fator relevante para o equilíbrio musical, e deste modo, a formação clássica também se ocupou de padronizar sua disposição: instrumentos de maior ressonância acústica vão ficando para trás, e de menor ressonância, para frente, indo progressivamente dos mais suaves aos mais fortes. Por essa

18

razão é que as cordas encontram-se no primeiro plano do palco, seguidos pelas madeiras, metais, e lá no fundo, a percussão. Este esquema retrata bem a disposição mais comum numa orquestra moderna, apesar de, a critério do maestro, ela possa ser alterada.

A orquestra é dividida em quatro “naipes” (de acordo com as famílias dos instrumentos): Cordas, madeiras, metais e percussão.

As “cordas” desempenham o papel mais importante na maior parte das músicas. Elas são colocadas na frente e são a base da orquestra, sendo composta por mais da metade dos membros da mesma. O naipe das cordas é formado por: Violinos, violas, violoncelos, contrabaixos e harpa. O principal dos primeiros violinos, conhecido como spalla, é o líder de toda orquestra estando subordinado somente ao maestro.

O naipe das “madeiras” ocupa o centro da orquestra, em um plano mais elevado que as cordas. Os instrumentos que fazem parte são: Flautim, flautas, oboés, corne inglês, clarinetes, clarone, clarinete baixo, fagotes e contrafagote. Neste naipe, o líder é o oboé principal.

Os instrumentos de “metal” são dispostos atrás da madeiras para não abafar sons mais suaves. Os instrumentos que compõem o naipe dos metais são: Trompas, trompetes, trombones, tuba. Aqui, o líder é o principal dos trombones.

Por detrás dos demais naipes, na parte mais elevada da plataforma, fica o naipe de “percussão”. Seus principais instrumentos são: Tímpanos, bombo, pratos, triângulo, pandeiro, xilofone, carrilhão, castanholas, gongo, maracas.

19

Ilustração I – Disposição dos instrumentos mais utilizada em uma orquestra atual. Fonte: www.mnemocine.com.br/filipe/

Outra formação orquestral que antecede as grandes orquestras é a Camerística. Chamamos “Música de Câmara” à formação instrumental que se limite a poucos executantes. O termo vem da palavra “câmara” ou “câmera” (da mesma origem que “câmera fotográfica”) como sinônimo de “sala”, “quarto”, genericamente “compartimento ou aposento de uma casa”. É, portanto, literalmente a música destinada a pequenos espaços, e por isso, a música escrita para pequenas formações de músicos, sem a presença do maestro.

20

Sua origem vem de um tipo de música feito normalmente em casa, que por sua vez deram origem aos sarais, os madrigais e até as serenatas, e no Brasil vieram a constituir uma forma específica através do Choro.

A história da registra principalmente a música executada nos palácios e residências nobres, mas que seguramente era praticada em ambiente caseiro desde há muito tempo, talvez até mesmo na antiguidade clássica.

Até o período Barroco, vinte músicos já era uma orquestra inteira, a partir do Classicismo, com o aumento da orquestra, este número passou a ser camerístico. Não existe um padrão que determine exatamente a quantidade limite de músicos para a orquestra de câmara, número este que, ultrapassado, conferirá à música um caráter orquestral. Em geral, podemos dizer que entre vinte e quarenta músicos, temos uma “orquestra de Câmara”, e, a partir de quarenta músicos já se trata de uma orquestra Sinfônica ou Filarmônica, ainda que pequena.

A formação camerística pode ser desde dois músicos (sonatas para violino e piano, por exemplo), denominado dueto, três (trio), quatro (quarteto), e daí pra frente, segue-se quinteto, sexteto, septeto, octeto, noneto e orquestra de câmara (dez ou mais músicos). Com exceção do quarteto, que tem uma formação padronizada (dois violinos, viola e violoncelo, o chamado Quarteto de Cordas), os demais necessitam de uma discriminação específica dos instrumentos utilizados, já que eles podem variar.

21

A orquestra executa, sobretudo musica erudita, que por muitas vezes é chamada de “música clássica”. São necessárias algumas considerações com relação ao uso desses termos, pois existem discordâncias entre os musicólogos sobre a utilização dos mesmos.

Para muitos musicólogos a expressão “Música Clássica” só deve ser empregada para as composições do período de 1750 a 1810, que foi o período do Classicismo, da qual os principais compositores são Joseph Haydn (1732-1809), Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e as composições iniciais de Beethoven (1770-1827).

Outra definição para Música Clássica é que esta seria qualquer música em que a atração estética resida principalmente na clareza, equilíbrio, austeridade e na objetividade da estrutura, em lugar da subjetividade ou do emocionalismo. Sendo assim, a música Clássica despreza o “exagero” do período Barroco e se opõe ao sentimentalismo do período Romântico.

A expressão “musica erudita” geralmente é a mais aceita. Esse termo vem do latim eruditio, que significa conhecimento, saber, sabedoria. Há também aqueles que afirmam que essa definição não é propícia, pois poderia dá a falsa impressão que esse gênero musical é só para as elites.

Uma das definições encontradas na maioria dos dicionários de música define a música erudita como sendo “música séria”, em oposição à música popular, folclórica, etc. Essa definição também é criticada, pois música para ser séria não precisa ser necessariamente erudita.

22

A palavra ‘clássico’ deriva do latim ‘classicus’, que significa um cidadão (e posteriormente um escritor) da mais alta classe. E, com efeito, seu sentido, para nós, está associado a algo que consideramos de alta classe, de primeira ordem, de extremo valor. [...] No que diz respeito à música, o termo “clássico”é empregado em dois sentidos diferentes. As pessoas, às vezes, usam genericamente a expressão “música clássica”, considerando toda música dividida em duas grandes categorias: “clássica” e “popular”. Para o musicólogo, entretanto, “Clássico” com “C” maiúsculo tem sentido muito especial e preciso. O termo designa especificamente a música composta entre 1750 e 1810 – período bem curto, que inclui a música de Haydn e Mozart, bem como as composições iniciais de Beethoven. (BENNETT. 1986, pág. 45).

Uma das características da música erudita é o fato de ser escrita (desde sua origem), utilizando notações musicais, enquanto que a música popular era transmitida oralmente (isso não significa dizer que posteriormente não pudesse ser escrita). Outro fator de diferenciação é pelo fato de que geralmente, os apreciadores de música erudita considerem de muita importância o interprete e não somente a composição. Além disso, existe o peso da tradição do repertório. Os seus apreciadores muita vezes, buscam obras que aspirem à intemporalidade, resultando para alguns um sentimento de aversão a modas, diferenciando – se da música popular onde geralmente as mais valorizadas tem fama curta, em sua maioria, são músicas momentâneas.

Para ser um bom executante de música erudita são necessários muitos anos de dedicação ao instrumento. Os termos que são utilizados nas suas peças são incompreensíveis para quem não estudou música, porém, esse fator não impossibilita a apreciação pela mesma. Geralmente o interprete de música erudita é uma pessoa instruída no meio acadêmico onde estuda Teoria Musical, Solfejo, e a prática do instrumento de sua preferência. Para execução e interpretação de música popular esses pré - requisitos não são exigidos, a pesar de existirem músicos populares que tem uma formação musical acadêmica. Outra diferença se dá quanto às apresentações. Os concertos de música erudita exigem da platéia extremo silêncio. Durante toda a execução. Porém

23

nas apresentações de músicas populares o público se manifesta, participando em todo momento do show.

Devido ao fato da utilização do termo “música Erudita” não ser unânime, usaremos nesse trabalho a expressão Música clássica, com o mesmo sentido de música erudita sedo que quando tiver o sentido do Período Clássico (1750-1810), o termo Música Clássica será grafado com inicial maiúscula.

24

II - A FUNDAÇÃO DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE

A ORSSE foi efetivada no primeiro governo de João Alves Filho, que tinha como secretário da educação e cultura João Gomes Cardoso Barreto. O primeiro maestro foi Rivaldo Dantas, que ficou sendo seu regente cerca de oito anos. A primeira apresentação como Orquestra Sinfônica foi no dia 10 de maio de 1985, no Centro de Criatividade, onde tocaram cerca de 60 músicos, executando peças eruditas e alguns baiões nordestinos como Asa Branca, Paraíba Masculina, e Assum Preto (Gazeta de Sergipe, 10/02/1985). De acordo com o maestro Rivaldo Dantas, em entrevista concedida ao mesmo jornal e na mesma edição, “A Orquestra Sinfônica de Sergipe é o maior e melhor investimento humano feito pelo governo em favor da cultura sergipana”.

Pelo decreto nº 6939 de 10 de Maio de 1985, ficou instituída a Orquestra Sinfônica de Sergipe. De acordo com este decreto sua função seria:

Art. 2º: A divulgação da cultura musical, realizando concertos e gravações, criação e desenvolvimento do corpo de atuação técnico – artísticos para o profissional músico, intercâmbio cultural e artístico, a prestígio dos autores e intérpretes de músicas. (Diário Oficial, 10 de Maio de 1985).

Este decreto também vincula a ORSSE aos cuidados da FUNDESC;

Art. 3º: a Orquestra Sinfônica de Sergipe ficará integrada como órgão operacional, à estrutura administrativa da Fundação Estadual de Cultura – FUNDESC. Art. 4º: O regimento interno da Orquestra Sinfônica de Sergipe, a ser aprovado pelo conselho de administração da FUNDESC, por proposta do diretor – presidente da mesma fundação detalhará seus objetivos, disciplinará sua constituição e estrutura,

25

estabelecerá as suas atribuições e definirá as demais disposições que lhe sejam pertinentes. (Diário Oficial 10 de Maio de 1985).

Dentre os músicos que participavam inicialmente da ORSSE, havia professores do Conservatório de Música de Sergipe e instrumentistas que vinham de outros cidades como Recife, Salvador, Fortaleza, Vitória do Espírito Santo, Brasília, Belo Horizonte e até mesmo de Buenos Aires, Argentina. (Gazeta de Sergipe. 10.02.1985).

Ilustração II: Orquestra Sinfônica de Sergipe, sob regência do maestro Rivaldo Dantas (sem data). Fonte: Acervo particular do maestro Rivaldo Dantas

26

A ORSSE só pode ser concretizada ao longo de muitas lutas dos músicos sergipanos. A oficialização da orquestra como Sinfônica, é o ápice de um trabalho que já vinha sendo desenvolvido no Estado, com professores e alunos do Conservatório de Sergipe. Segundo o maestro Rivaldo Dantas, em entrevista realizada em 19 de fevereiro de 2006, no currículo do CMS havia a disciplina “Prática de Orquestra”, que era obrigatória para os alunos. Para que fosse possível completar os naipes dessa orquestra os professores também participavam. Foi então que em 1985, a orquestra foi efetivada como sinfônica.

No decorrer do seu primeiro ano, a orquestra tocou em vários lugares, dentre eles, na inauguração do Centro de Criatividade e, por várias vezes, no Teatro Atheneu. No dia 13 de Maio de 1986 foi publicado pelo Diário Oficial, o decreto nº 7763 de 12 de Maio, que estabelecia as funções que deveriam ser desempenhadas pelos músicos, spalla, concertino, chefes de naipes, regente e pelo regente assistente:

São atribuições do Regente: a) Envidar esforços no sentido de proporcionar o constante crescimento técnico cultural e artístico da ORSSE; b) Indicar entre os músicos instrumentistas da ORSSE, o spalla, o concertino e os respectivos chefes de naipes; c) Requisitar pessoal burocrático para os serviços de apoio das atividades artísticas da ORSSE. São atribuições dos músicos instrumentistas: a)Cumprir os horários estabelecidos pela direção artística, para as diversas atividades preparatórias e artísticas da Orquestra Sinfônica de Sergipe; b)Acatar com as objetividades práticas e costumeiras da profissão quanto a guardar silêncio nos momentos próprios, não fumar, usar indumentária adequada e conservar boa aparência e postura compatíveis com as exigências da apresentação; Ao Spalla compete: a)Assessorar o Regente e o Regente Assistente, na direção artística da Orquestra Sinfônica de Sergipe; b)Executar os solos de naipes quando constantes nas partituras; c)Responsabilizar-se pela afinação geral da Orquestra Sinfônica de Sergipe quando das atividades preparatórias e artísticas bem como pelas diretrizes da orientação artística no que tange a execução; d)Agir com objetividade visando conter o melhor nível técnico individual do músico instrumentista;

27

e)Manter o melhor nível técnico – instrumental, através do treinamento individual das partes musicais a serem executadas; f)Concorrer para o bom relacionamento entre os integrantes da orquestra Sinfônica de Sergipe; Ao Concertino compete: a)Substituir o “Spalla” nos seus eventuais impedimentos; b)Efetuar os solos previstos, específicos das suas funções, quando constantes das partituras; Aos chefes de Naipes compete: a)Executar os solos do Naipe, quando constantes das partituras; b)Zelar pela afinação do Naipe e fazer cumprir a orientação técnica do Spalla. (Diário Oficial 13/05/1986)

Sobre os ensaios e apresentações da ORSSE, ficou definido da seguinte forma;

Art. 13 – A jornada semanal de trabalho é de 30 (trinta) horas, nos termos da legislação específica para a profissão de músico. Art. 14 - A jornada semanal de trabalho a que estão sujeitos os componentes da Orquestra sinfônica de Sergipe será proposta pelo administrador da Orquestra e homologada pelo Presidente da Fundação Estadual da Cultura. Parágrafo único: - As horas extraordinárias, utilizadas em ensaios, concertos, ou espetáculos mais longos serão compensadas na jornada semanal de trabalho. Art. 15 – Os professores da Orquestra deverão estar presentes no local de trabalho – sala de ensaios ou concertos 15 (quinze) minutos, pelo menos, antes do seu início, para assinatura do ponto e em seus postos, para afinação. Art. 16 – As atividades extraordinárias, realizadas em horas excedentes e não constantes da programação da orquestra, serão remuneradas por horas extras, na forma estabelecida pelo Regulamento do pessoal da FUNDESC. Das faltas e penalidades: Art. 19 – O não cumprimento das determinações deste Regimento interno, especialmente no que se refere ao cumprimento de horários, disciplina e estudos individuais, torna o faltoso passível de punições previstas no regulamento de Pessoal da Fundação Estadual de Cultura – FUNDESC. Das disposições Gerais e Finais: Art. 20 – Os integrantes da Orquestra Sinfônica de Sergipe, poderão receber gratificação, que venha a ser estabelecida por Resolução do Conselho de Administração da Fundação Estadual de Cultura – FUNDESC. (Diário Oficial 13/05/1986)

Desde sua criação, os jornais mostram que o governo não está dando à Orquestra Sinfônica a atenção necessária. Muitas são as denúncias de músicos por atraso nos pagamentos, os salários que no decorrer dos anos não eram reajustados, e ainda havia contratações irregulares dos instrumentistas. No “Jornal de Sergipe” de 18 e 19 de Maio de 1986, alguns músicos denunciam que a ORSSE “[...] só existe por causa da boa vontade dos músicos que tentam levá-la

28

em frente [...]”. Eles afirmam que estão trabalhando através de prestação de serviços. O jornal ainda aponta que os músicos não se expõem com medo de sofrerem possíveis represálias do governo.

A orquestra é apresentada ao público como se fosse uma idéia que tivesse vingado, quando não é verdade, pois está funcionado em completa irregularidade. Aos poucos músicos que foram realmente contratados como funcionários do Estado o conseguiram por terem sido privilegiados por padrinhos políticos, enquanto a maioria continua prejudicada. (Jornal de Sergipe: 18 e 19 de Maio de 1986).

A ORSSE foi lembrada pelo seu primeiro aniversário, como mostra o jornal “Gazeta de Sergipe” veiculado em maio de 1986. Na reportagem mais uma vez são ressaltadas as crises que vem passando a Orquestra, dentre elas, a pouca divulgação e a falta de pagamento dos salários dos músicos. Além disso, os seus membros enfatizaram a necessidade urgente da contratação dos integrantes da ORSSE, que era uma antiga promessa, porque a falta de vínculo empregatício, segundo argumentam, deixava os músicos inseguros quanto ao seu futuro profissional.

Mesmo diante desses problemas, a ORSSE continuou com suas apresentações. De acordo com o jornal “Gazeta de Sergipe”, de 20 de outubro de 1986, a Orquestra Sinfônica se apresentou na abertura do XV Festival de Arte de São Cristóvão (FASC), sob a liderança do mesmo maestro, contando com setenta músicos. As peças executadas foram: “O Guarani” de Carlos Gomes, “Ouverture da Cavalaria Ligeira”, de Franz Von Suppé, “Valsa do Ballet” e “A Bela Adormecida” de Tchaikovsky, “Em um mercado Persa” de Albert W. Ketelby, “Maracatu” de Chico Rei de Francisco Mignone, Coletânea de Milton Nascimento, arranjo de Damiano Cozzela e “Pompa e Circunstancia nº 1”, de Edward Elgar.

29

Na “Gazeta de Sergipe” veiculada nos dias 02 e 03 de novembro de 1986, os músicos voltam a pedir mais atenção por parte do governo para a ORSSE, pois estavam com os salários atrasados mais uma vez, e solicitavam também mais respeito do poder público para com os artistas, especialmente para com os músicos da Orquestra, pois sobrevivem somente dessa atividade. Para comemorar seu terceiro aniversário de fundação, a ORSSE tocou em 10 de junho de 1998, no Teatro Atheneu, em Aracaju. De acordo com o jornal “Gazeta de Sergipe” de 19 a 15 de Junho de 1988, foram executadas sob a regência do maestro Rivaldo Dantas peças de Beethoven, Otto Nicolai, Brahms, Straus, Offenbach, Pixinguinha, Milton Nascimento, Ernesto Lecuana, Francisco Mignone e Alberto Nepomuceno.

Na mesma edição ficou registrada, a quantidade de músicos que tocaram no concerto do terceiro aniversário da Orquestra Sinfônica:

Ao todo foram 50 instrumentistas, sendo 13 convidados e os outros 37 músicos de Sergipe (ou aqui radicados). Estavam assim distribuídos: Músicos de cordas: 14 violinos, 6 violas, 5 violoncelos e 3 contrabaixos. Instrumentos de Madeira: 01 flauta, 01 flautim, 02 oboés, 02 fagotes, 02 clarinetes e 01 clarone. Instrumentos de metais: 01 sax-alto, 02 trompas, 02 trompetes,02 trombones, e 01 tuba. Instrumentos de Percussão: Tímpano, bombo, caixa clara, triângulo, pandeiro, maracás e pauzinhos. (Gazeta de Sergipe: 19 a 15 de junho de 1988).

Um dos princípios da ORSSE que a acompanha desde sua fundação, é o fato de se preocupar em executar peças que não sejam exclusivamente eruditas, conseguindo assim atrair o público. Com isso, a meu ver, a orquestra desempenha dois papéis fundamentais: De estar próximo do público, executando peças conhecidas e de boa qualidade, ou seja, músicas bem estruturadas, bem como aproximando o público da música erudita, superando a errônea

30

concepção de que esse estilo musical seria elitista e que só as pessoas de berço nobre poderiam apreciá-lo. As dificuldades eram constantes na ORSSE. A falta de incentivo para o bom funcionamento do seu trabalho era visível. Os jornais faziam várias denúncias de atrasos nos pagamentos, falta de contratação, etc. Os baixos salários dos músicos muitas vezes os obrigavam a sair de Sergipe, em busca de outra orquestra onde fossem mais bem remunerados. O jornal “Gazeta de Sergipe”, de 11 de agosto de 1988, relata o caso de alguns músicos sergipanos que foram na mesma semana para a orquestra na cidade de Natal. O mesmo jornal ainda aponta que na ORSSE o salário médio era de CZ$ 24.000,001, enquanto que em outras capitais do Brasil variava entre CZ$ 75.000,002 e CZ$ 90.000,003. Devido a esses problemas, a Orquestra passava a ter uma gradativa diminuição do corpo de instrumentistas. Em entrevista concedida ao tradicional matutino, o maestro Rivaldo Dantas afirma que a ORSSE estava funcionando com cerca da metade da sua capacidade (pouco mais de trinta membros). Isso prejudicava, segundo o musicista, sobretudo a quantidade e qualidade das apresentações. Para que fosse realizado o concerto do terceiro aniversário, a ORSSE teve que pagar cachês para músicos de fora, ficando evidente a precariedade da sua situação. A pouca divulgação, no início da atividade da Orquestra dificultava de certa maneira o seu reconhecimento pelo público, mas aos poucos essa realidade foi mudando. Em uma carta enviada pelo administrador da orquestra Sérgio Conde Garcia, ao colunista Pedrito Barreto, veiculada no jornal “Gazeta de Sergipe”, de 01 de dezembro de 1988, ele agradece a divulgação do concerto no dia 06 de novembro, onde havia um público de cerca de trezentas pessoas. Ele ainda comenta ____________________________ 1 - CZ$ 24.000,00 equivalem à R$ 198,90. 2 - CZ$ 75.000,00 equivalem à R$ 621,55 3 - CZ$ 90.000,00 equivalem à R$ 745,875

31

que a Orquestra não estava com a quantidade suficiente de músicos, pois contava apenas com trinta e quatro instrumentistas e cinco estagiários. Com esse número de músicos a Orquestra não pode nem ser chamada de Sinfônica. Para obter esse título ela necessitaria de pelo menos mais vinte e cinco instrumentistas.

Em 17 de Agosto de 1989, foi divulgada pelo “Diário Oficial” a Promoção e avaliação Funcional dos servidores e funcionários da ORSSE, aprovado pela resolução nº 18 de 24 de novembro de 1988, homologado pelo Decreto nº. 10202, de 14 de dezembro de 1988. O Conselho de Administração da Fundação Estadual de Cultura – FUNDESC, no uso das atribuições que lhe são conferidas nos termos do Art. 6º da Lei 2517, de 05 de dezembro de 1984, e de acordo com o disposto no Art. 9º, item III, e parágrafo único, do Decreto 6872 1º de março de 1985, e tendo em vista o que ficou deliberado em reunião desta data, Resolve: Art. 1º - Ficou alterado o Quadro de Pessoal Celetista, bem como a Tabela de cargos e salários e a tabela de valores das Funções Gratificadas, da Orquestra Sinfônica de Sergipe – ORSSE, aprovados pela Resolução nº 08/88 – FUNDESC, de 30 de junho de 1988, e pela Resolução nº 08/89- FUNDESC, de 23 de agosto de 1989, respectivamente, cujos Quadro e Tabelas passam a ser as constantes dos anexos I, II e III desta Resolução, a partir de 21 de Setembro de 1989. (Diário Oficial, 17/08/1989)

O descaso do poder público de Sergipe com a ORSSE nos primeiros anos após sua criação é evidente. Por várias vezes os seus integrantes solicitavam ao governo mais atenção. Para o bom funcionamento de uma Orquestra Sinfônica não é suficiente apenas o pagamento dos seus integrantes. É importante que esse pagamento tenha reajustes periodicamente para que o profissional não seja desvalorizado. Os custos que cada integrante tem com o seu instrumento são altos. Para os instrumentos de corda, por exemplo, é necessário que as cordas sejam trocadas periodicamente e a crina do arco também. Para que o instrumento tenha uma boa sonoridade é fundamental que essas peças sejam de boa qualidade, o que irá influenciar no seu valor. A Orquestra também precisa de divulgação constante para os seus eventos; reciclagem dos músicos; um bom local para os ensaios; dentre outros elementos. Essa falta de incentivo

32

gerou o descontentamento de vários músicos, ocasionando certo “esvaziamento” na ORSSE, pois vários dos seus integrantes foram para outros estados onde tinham melhores condições de trabalho. Quando alguns músicos saíam, praticamente não havia contratação ou concursos para preenchimento das suas vagas. Essa situação acarretou ao longo dos anos uma diminuição considerável no quadro da ORSSE, sendo um dos fatores para a sua decadência.

A década de 1980 foi o período de maior atividade da Orquestra Sinfônica de Sergipe. “Chegamos a ter mais de 60 músicos, dos quais, atualmente, cerca de 50 estão espalhados pelo Brasil e exterior”, comenta o maestro Rivaldo Dantas em entrevista concedida a rádio UFS em 2002, na qual ainda afirma que o desmembramento da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura, ocorrido em 1992, contribuiu para o início da decadência do Conservatório de Música e da Orquestra, pois o C.M.S. e a ORSSE ficaram subordinadas a Secretaria da Cultura que não tinha estrutura suficiente para mantê-las. Os problemas começaram a surgir porque as verbas diminuíram consideravelmente, em relação à época em que Educação e Cultura eram integradas. A crise coincidiu também com a aposentadoria de alguns músicos.

‘Atualmente somos oito e, com a remuneração de um salário mínimo, não temos condições de dedicarmo-nos exclusivamente à orquestra na tentativa de reerguê-la’, diz Débora Fraga, a única violinista do grupo. Como o violino é considerado a alma de uma orquestra, apenas um não é suficiente para os instrumentos ainda disponíveis: três percussões, duas clarinetas, um trompete e um violoncelo. Um dos requisitos para se obter harmonia no som é que se tenham, no mínimo, quatro violinos para cada trompete. Com base nessa proporção, o conjunto de instrumentos restantes está praticamente desalmado. (http://www.rnufs.ufs.br/rede/radio/news.asp.).

33

III - A REESTRUTURAÇÃO DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE

No ano de 2003, no governo de João Alves Filho, que tinha como secretário da Secretaria da Cultura José Carlos Teixeira, a Orquestra Sinfônica voltou suas atividades, novamente sob a regência de Rivaldo Dantas.

Em 2004, a ORSSE passa a ser regida pelo maestro Gladson Carvalho. A Orquestra passou a ser reestruturada, contando com a participação, em sua maioria, de músicos sergipanos e alguns de outros estados e, inclusive, da Romênia, para completar o quadro de instrumentistas.

No dia 9 de novembro de 2004, os integrantes da ORSSE foram surpreendidos com a suspensão por tempo indeterminado dos trabalhos da orquestra. A decisão foi tomada porque a situação dos músicos estava irregular. Para que a orquestra pudesse continuar seriam necessários contratos por comissão ou concurso público. Em entrevista concedia ao CINFORM de 15 de novembro, o pianista Daniel Freire expõe o desapontamento com a decisão:

Agente vinha trabalhando na Orquestra não só pensando no dinheiro, mas como ideal. É importante para todos os músicos fazer parte de uma orquestra. É imprescindível a continuidade desse trabalho, tanto para nós músicos sergipanos quanto para os que vieram de outros estados. (CINFORM de 15/11/2004)

O CINFORM de 13 de dezembro de 2004 anunciou o retorno das atividades da ORSSE. Um dos motivos para sua volta com certa urgência, foi devido à pressão do público que não

34

aceitou a interrupção de seus trabalhos. O governo criou trinta cargos comissionados para os músicos. Já havia oito efetivos (referente ao concurso realizado em 1989) e cinco romenos, totalizando quarenta e três instrumentistas.

No início do ano de 2005 o maestro Ion Bressan foi convidado para reger a Orquestra Sinfônica de Sergipe. Houve uma seleção para saber quais dos músicos que já estavam iam continuar e quais iriam entrar. Essa seleção foi necessária por conta da redução de músicos da formação do ano de 2004 que era de cinqüenta e cinco, passando agora para trinta e um, pois o governo de imediato só disponibilizara esta quantidade.

Em 14 de março de 2005 no Teatro de Tobias Barreto a Orquestra realiza sua primeira apresentação com o novo maestro. Foram executadas: Sinfonia nº 05 em Dó menor de L.V.Beethoven; O hino de 150 anos de Aracaju de José Gentil Leite; Trechos da ópera La Traviata de G. Verdi: Coro de Zingarelle, Mattadori Spagnuoli, e Brindisi e de P. Mascagni, a ópera Cavaleria Rusticana: Innegiamo. Nesse dia a Orquestra contou com a participação do coral Madrigal Polifônico, sob regência de Joel Magalhães.

Vários projetos para a ORSSE no ano de 2005 foram executados com o intuito de ampliar as apresentações, eis alguns: Tocar todas as Sinfonias de Beethoven, realizar a montagem de uma ópera, se apresentar em praças, nos interiores e integrar cada vez mais a Orquestra a sociedade. Em entrevista veiculada no site do governo de Sergipe, o então secretário da Cultura José Carlos Teixeira afirma: Durante todo o corrente ano, o programa desenvolvido pela Orquestra Sinfônica de Sergipe tem por objetivo ressaltar a sua reestruturação enquanto importante grupo que inegavelmente demonstra ser através de suas ações [...]. (http://www.se.gov.br/)

35

Segundo o atual maestro em entrevista concedida ao CINFORM com circulação em 21 a 27 de fevereiro de 2005, uma das funções dessa orquestra será andar de mãos dadas com o Conservatório de Música de Sergipe:

Eu sou responsável também por proporcionar que os músicos da Orquestra tenham condições de lecionar no Conservatório. Seria um grande erro eu pensar só na orquestra. Tenho que pensar, inclusive, para formar músicos novos aqui, para sempre alimentar, fazer todo ciclo de formação. É fundamental isso. (CINFORM, 27/02/2005)

A ORSSE vem ensaiando intensamente no Teatro Tobias Barreto. Com o passar dos meses, outros músicos foram sendo contratados para completar o quadro de instrumentistas que seria suficiente para integrar uma Orquestra Sinfônica, que, segundo o atual maestro, seria de setenta músicos para uma formação de orquestra mediana.

Eu estou surpreso. Os músicos têm muito bom nível. De forma geral houve uma seleção. Há músicos que já foram contratados e outros que estão na categoria de bolsistas, explica o regente. Para ele, o grande problema é a formação deficitária de muitos. Infelizmente muitos músicos em Sergipe não tem um diploma. E precisam ter para lecionar no Conservatório. (CINFORM, 21 – 27 de Fevereiro de 2005). Desde que eu estou participando, conseguimos formar uma pequena orquestra sinfônica, apesar do número reduzido de quarenta, quarenta e cinco músicos, e agora com esses novos contratos estamos indo para uma formação de orquestra mediana, setenta músicos já um bom número. (Maestro Ion Bressan em entrevista realizada em 13/02/2006)

O incentivo do governo sergipano para com a ORSSE vem sendo ampliado nesses últimos três anos. Novos contratos foram feitos de acordo com as necessidades da Orquestra. Para divulgação dos trabalhos da mesma, o papel da mídia é de grande relevância. A televisão com freqüência divulga e estimula a participação da população nos concertos. A emissora “Aperipê” já apresentou gravações completas da Orquestra, aproximando-a ainda mais do público sergipano. Esse incentivo é reconhecido pelo regente titular da Orquestra, que afirma:

36

Existe claramente uma política cultural. Estamos recebendo apoio necessário para reestruturar novamente a orquestra, desenvolver escolas, para desenvolver o ambiente musical e isso é resultado de uma política cultural, ou seja, a própria reativação da orquestra é uma determinação da secretaria da cultura. [...] O estado está apoiando muito esse projeto cultural e as expectativas são muito positivas. (Maestro Ion Bressan em entrevista realizada em 13/02/2005)

Outra contribuição de suma importância para o fortalecimento da Orquestra em Sergipe é devido ao fato de que todos os seus concertos não têm custo para o público. Mesmo quando a ORSSE toca acompanhando músicos de outros estados e até mesmo de fora do Brasil, não é cobrado ingresso. Isso oferece grande contribuição para que a Orquestra seja mais conhecida, pois as pessoas que não teriam condições de freqüentar um teatro, podem fazê-lo sem custo algum.

Ilustração III - Orquestra Sinfônica de Sergipe Foto tirada em 2005 no Teatro Tobias Barreto

37

Ilustração IV - Orquestra Sinfônica de Sergipe Foto tirada em 2005 no Teatro Tobias Barreto

Para o próximo ano, o governo de Sergipe em concordância com a Secretaria da Cultura do Estado, tem como objetivo levar o ensino de música gratuito para a comunidade tanto de Aracaju como dos interiores. A Orquestra Jovem de Itabaiana já foi formada, e a Orquestra Sinfônica Jovem de Sergipe será montada, aproveitando os jovens interessados em aperfeiçoar a prática dos instrumentos.

38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A música erudita ainda tem pouco alcance em nosso país. A mídia desempenha um grande papel no gosto popular, pois, é a forma mais acessível para grande parte da sociedade brasileira conhecer música. O repertório “popular” é mais conhecido em nosso país seja pela televisão, pelo rádio ou nos shows. Esse fator acaba contribuindo para a desvalorização (ou desconhecimento) da música erudita, pois na maioria das vezes esse tipo de música é tocado pelas orquestras em concertos “fechados” em um teatro e com poucos apreciadores. Talvez devido a esse “desgosto popular” por concertos é que desestimule os governantes a investirem na ampla divulgação e desenvolvimento de orquestras no Brasil e mais especificamente em Sergipe.

Outro fator que pode servir como distanciador da música erudita do grande público talvez seja a forma complexa que esta possui e a dedicação que um músico deve ter com o seu instrumento para ser considerado um bom profissional. A música popular muitas vezes estrutura – se de maneira mais simples sendo, por tanto, de fácil assimilação por pessoas que não tenham uma iniciação ao seu estudo. Isso não significa dizer que para apreciar a um concerto seja necessário ter algum conhecimento sobre teoria musical. Basta somente ouvir: uma, duas, três ou várias vezes até que possa conhecer um pouco melhor e a partir daí sim, poder saber se tal música o agrada ou não. Afinal, não podemos saber se gostamos de algo, se não o conhecemos. A partir de uma maior divulgação e de apresentações de concertos em lugares que não sejam somente no teatro, o público passará a ter maior acesso a música erudita.

39

Para apreciar o trabalho de uma orquestra é imprescindível que o público veja e ouça seus concertos. Daí então, a comunidade passará a apreciar e reconhecer sua importância e, terá também mais uma opção de lazer e deleite, apreciando composições antigas, que perduram por causa da profunda beleza e destreza que as acompanham.

Além de conhecer composições de autores europeus, o público sergipano ao comparecer aos concertos da ORSSE, entra em contato também com composições de músicos brasileiros e regionais, pois a mesma, em suas apresentações, não utiliza somente peças eruditas mas também músicas populares, como afirma os maestros Rivaldo Dantas e Yon Bressan:

Nós tínhamos a música erudita muito embora no CMS se praticasse outros tipos de música. E o erudito de forma “leve”, que era chamado o “erudito popular”, que era accessível a todo mundo. O nosso repertório era bastante eclético porque nós tínhamos a pretensão de formar um público não de erudição, mas um público que também apreciasse a música mais elaborada. Nós estávamos também muito saturados com a chegada de muito “oba oba”, “ache”, então nós tínhamos que contrapor porque a própria música popular boa, cedeu lugar a essas manifestações. O repertório da Orquestra sinfônica é para erudição, mas podem se tocar músicas populares desde que bem elaboradas. (Maestro Rivaldo Dantas em entrevista realizada no dia 19/02/2006) A orquestra atua com vários gêneros musicais. Basicamente nossa herança é da música erudita, mas trabalhamos também com músicos populares e com espetáculos populares. O exemplo disso foram os espetáculos que fizemos no ano de 2005 com Antônio Carlos do Aracaju, Chico Queiroga e Antônio Rogério. Pretendemos fazer outros espetáculos e continuar nessa política de fazer música de boa qualidade independente do gênero. (Ion Bressan em entrevista realizada em 13/02/2006).

Talvez o maior problema para que uma orquestra sinfônica seja aceita não só em Sergipe, mas no Brasil, seja a falta de formação musical da população brasileira. Ao se criar o grupo de admiradores, cria-se, além do interesse pela profissão, um mercado de trabalho, já que, o povo acostumado irá passar a exigir e, exigindo, as entidades públicas terão que desenvolver e ampliar o mercado de trabalho do músico.

40

Aos poucos, a ORSSE vem conseguindo ter do público seu respeito. Conforme o maestro Ion Bressan, as apresentações da Orquestra tem tido um público cada vez maior:

[...] em um dos últimos concertos do ano o teatro lotou completamente, tinha gente pelos corredores, foi um sucesso enorme. A orquestra tem tido um público fiel, presente e está ampliando o seu carisma, não somente na capital, mas também no interior onde a orquestra tem sido muito bem recebida, com entusiasmo e com grande orgulho e, isso nos estimula cada vez mais. Ver que o povo quer participar e quer ter sua orquestra sinfônica é muito estimulante. É um resultado que vai ampliar cada vez mais as atividades da orquestra. (Maestro Ion Bressan em entrevista realizada em 13/02/2005)

Outro fator que poderia contribuir para uma melhor educação musical do público brasileiro seria a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas, pelo menos no à nível Fundamental. Isso ajudaria a formar pessoas com uma crítica mais apurada musicalmente, tornando-se mais exigentes quanto às obras ouvidas e, dando o devido valor as músicas mais elaboradas, sem ser vítima da “massificação musical” que é imposta pela maioria dos programas de televisão e de rádio.

41

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALBERT, Verena. História oral, a experiência do CPDOC. Rio de janeiro: Contemporânea do Brasil, 1989.

BENNETT, Roy. Uma breve História da Música. Tradução de Maria Teresa Resende Costa. Rio de Janeiro: Jorge Zarrar Editor, 1986.

BOSSI, Eclea. Memória e sociedade, lembranças de velhos. 11ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

CARPEAUX, Maria Otto. O livro de ouro da História da Música, da idade Média ao século XX. 7ª edição. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

FERREIRA Martins. Como usar a música na sala de aula. São Paulo: Contexto, 3ª ed., 2002.

FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (organizadoras). Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998.

FRANÇA, Eurico Nogueira. Matéria de música. Editora de Brasília, EBASA: 2ª edição, 1972.

GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de monografia, dissertação e tese. São Paulo: Avercamp, 2004.

42

GRIFFITHS, Paul. Enciclopédia da música do século XX. Tradução de Marcos Santarrita e Alda Porto. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

HAUSER, Arnold. História social da Arte e da Literatura. Tradução de Álvaro Cabral. Ed. Martins Fontes: São Paulo, 1995.

ISAACS, Alan e MARTIN, Elizabeth (organizadores). Dicionário de música. Tradução de Álvaro Cabral. Zahar editores: Rio de Janeiro, 1985.

RAYNOR, Henry. História Social da Música, da Idade média a Beethoven. Tradução de Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

43

MONOGRAFIAS DE GRADUAÇÃO

CONCEIÇÃO, Ivete Eça da. Sergipe cantava em Allegro ma non Troppo (O canto coral em Sergipe e a fundação do instituto de música e canto orfeônico em Sergipe 1930 – 1950). Monografia de graduação do departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 1997.

SANTOS, Ana Cristina Batista. “Lá si dó, dó fá” Notas sobre a História do canto coral em Sergipe (1985 – 2004). Monografia de graduação do departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2005.

44

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

http://pt.wikipedia.org/wiki/Orquestra. Pesquisado no dia 25/03/2006

http://www.mnemocine.com.br/filipe/. Pesquisado dia 20/02/2006

http://www.rnufs.ufs.br/rede/radio/news.asp. Pesquisado no dia 25/03/2006.

http://www.se.gov.br/homepages/asn.nsf/f8f113b7a6f91a3003256df800809704/425c3e94aeff0 41003256ffd0076a953!OpenDocument /. Pesquisado no dia 25/03/2006.

45

PERIÓDICOS

CINFORM, Aracaju, 13 a 19 de dezembro de 2004, ano XXII. Nº 1131.

CINFORM, Aracaju, 15 a 21 de novembro de 2004, ano XXII. Nº 1127.

CINFORM, Aracaju, 21 – 27 de Fevereiro de 2005, ano XXIII. Nº 1141.

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, Aracaju, 10/05/1985 s/nº.

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, Aracaju, 13/05/1986. Nº 20108

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, Aracaju, 17/08/1989. Nº 20905.

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 01/12/1988 s/nº.

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 10/02/1985 s/nº.

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 11/08/1988, ano XXXIII. Nº 8922

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 15 – 19 de Novembro de 1988 s/nº.

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 2 e 3 de Novembro de 1986, Ano XXXI. Nº 8.399.

46

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 20/10/1986 s/nº.

GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, Maio de 1986 s/nº.

SERGIPE AGORA, Aracaju, 04 a 10 de abril de 2004 s/nº.

47

REFERÊNCIAS AUDIO – VISUAIS:

Programa Especial Aperipê. Orquestra Sinfônica de Sergipe sob a regência de Gladson Carvalho, com participação de Toninho Horta. Edição de Ivan Vieira. Programa exibido em 1703/2004, pela emissora Aperipê.

Programa Especial Aperipê. Orquestra Sinfônica de Sergipe sob a regência de Ion Bressan com participação do pianista Daniel Burlet. Edição de Ivan Vieira. Programa exibido em 07/07/2005, pela emissora Aperipê.

Programa Sergipe Sinfônico. Orquestra Sinfônica de Sergipe, sob a regência de Ion Bressan com participação de Chiko Queiroga; Antônio Rogério e Patrícia Fisher. Edição de Ivan Vieira. Programa exibido em 01/10/2005, pela emissora Aperipê.

Programa Especial Aperipê. Orquestra Sinfônica de Sergipe sob a regência de Ion Bressan com participação da pianista Allá Dadaian. Apresentadora Juliana Almeida. Edição de Ivan Vieira. Programa exibido em 22/10/2005, pela emissora Aperipê.

48

FONTES ORAIS

Alejandro Dario (musicista). Entrevistado em 01de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

Ao pianista Daniel Freire (pianista e regente do coro sinfônico da ORSSE). Entrevistado em 13 de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

Camila Argolo (arquivista e copista da ORSSE). Entrevistada em 13 de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

Fabiano Santana (violinista da ORSSE). Entrevistado em 10 de Abril de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

José Carlos Teixeira (Secretário do Estado da Cultura). Entrevistado em 11 de Abril de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

José Rabelo (violinista). Entrevistado em 01 de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

Luiz Fernando Cadorin (regente assistente da ORSSE). Entrevistado em 10 de Abril de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

49

Rivaldo Dantas (primeiro maestro da ORSSE). Entrevistado em 19 de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

Wolney Siqueira Monte Santo (violinista). Entrevistado em 11 de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

Yon Bressan (atual maestro da ORSSE). Entrevistado em 13 de fevereiro de 2006 por Priscilla da Silva Góes.

50

GLOSSÁRIO

ACORDE: Duas ou mais notas emitidas ao mesmo tempo formam um acorde. O acorde perfeito (ou tríade) tem três sons e é construído a partir de uma nota principal, dita fundamental, e mais as notas que formam, com esta, intervalos acima de terça e quinta. Acorde consonante é aquele em que as notas parecem estar concordando entre si. Este tipo de acorde leva ao “relaxamento” e ele próprio se completa. No dissonante, certas notas destoam ou estão “em dissonância”, o que cria o clima de intranqüilidade ou tensão.

CONCERTO: Apresentação musical pública realizada por um número substancial de músicos, excluídas as representações teatrais ou dos serviços religiosos. Os concertos prosperaram ao longo do século XIX, encorajados pela formação de sociedades filarmônicas em muitas sociedades européias e norte americanas, e adotaram numerosas formas (como os concertos ao ar livre). O concerto do século XX é usualmente um espetáculo apresentado por uma orquestra.

HARMONIA: A harmonia ocorre quando duas ou mais notas de diferentes sons são ouvidas ao mesmo tempo, produzindo um acorde. Os acordes são de dois tipos: consonantes, nos quais as notas concordam umas com as outras e, dissonantes, nos quais as notas dissoam em maior ou menor grau, trazendo o elemento de tensão a frase musical. Usamos a palavra “harmonia” de duas maneiras: para nos referirmos à seleção de notas que constituem determinado acorde e, em sentido lato, para descrevermos o desenrolar ou a progressão dos acordes durante toda uma composição.

51

MAESTRO: O maestro como conhecemos hoje, surgiu no romantismo musical quando a massa orquestral ou coral tomou grandes proporções. No classicismo, com o inicio do crescimento da massa orquestral (ou coral), quem 'coordenava' era o músico mais visível: o primeiro violinista ou algum instrumentista de sopro. Em composições com acompanhamento por instrumento de teclado, o cravo na época e depois o piano, quem tocava este instrumento 'regia' a orquestra. Uma evolução deste estado inicial foi a marcação do tempo (métrica musical) através de batidas de um bastão no chão. Porém este ruído produzido pela batida, afetava diretamente a música, pois todos os músicos precisavam ouvir a marcação (batidas) e assim todo o público também ouvia. Alguns músicos, inclusive, decidiram apenas marcar o tempo com as mãos e braços e ainda outros, enrolavam as partituras e marcavam o tempo. Carl Maria Von Weber foi quem introduziu uma vareta ou pequeno bastão para substituir o rolo de partitura. A esta vareta deu-se o nome de batuta.

ÓPERA: Obra dramática que combina música, poesia, ação, teatro, arte visual. Em 1637 com a inauguração do Teatro de San Cassiano em Veneza, a primeira casa de espetáculos do mundo especialmente destinada à apresentação de óperas para o grande público, o gênero passou a estar ao alcance das classes menos privilegiadas. Em meados do século XVII, a ópera tornara-se mais formalizada com padrões estabelecidos para aberturas e sinfonias orquestrais.

REGÊNCIA: Arte de dirigir uma orquestra, coro, balé, ou ópera durante os ensaios e apresentações públicas. Quando rege uma obra instrumental, além de marcar o tempo para garantir que todos executantes comecem juntos e permaneçam juntos, o maestro é responsável pelo andamento em que a peça é tocada e pela manutenção do equilíbrio do volume de som produzido pelos vários grupos de instrumentos, cabendo-lhe ainda assegurar que a entrada de

52

solistas ou grupos de instrumentos ocorram exatamente no momento certo. Em suma, o regente controla o som produzido pelo conjunto, tal como o instrumentista controla o som produzido por seu instrumento. Os métodos usados pelos regentes para realizarem essa interpretação variam desde o uso aparatoso, ginástico e exuberante de gestos e movimentos faciais até o circunspeto e austero aceno de cabeça.

SINFONIA: Alguns compositores modernos usam a palavra Sinfonia como sinônimo de qualquer peça de música em que um grupo de instrumentistas toque em conjunto.

SOLFEJO: Ler ou entoar um trecho musical modulando a voz ou pronunciando os nomes das notas.

SPALLA: O primeiro violino de uma orquestra, que toca as passagens solo e costuma ter responsabilidades administrativas.

53

ANEXOS

54

ANEXO A AVALIAÇÃO INTERNA DOS MÚSICOS DA ORSSE; CARGOS E SALÁRIOS (1989)

55

TABELA DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS MÚSICOS DA ORSSE PROCEDIDA DE ACORDO COM A PORTARIA 51/89/FUNDESC

NOME

NOTA DA

NÍVEL

ACESSO /

AVALIAÇÃO

ATUAL

NÍVEL

Percussionista

8,62

III – 0

IV - 0

César Souza da Silva

Violinista

8,06

III – 0

IV – 0

Cristina Maria M. Nogueira.

Violinista

7,00

III – 0

IV – 0

Francisco Teles de Menezes

Trompetista

8,15

III – 0

IV – 0

Hermann Lima Linhares

Violista

7,88

III – 0

IV – 0

Joel Feitosa Cruz

Violista

8,21

III – 0

IV – 0

Jorge Costa Silva

Clarinetista

8,30

III – 0

IV – 0

Juvenal Alves de Oliveira

Violinista

7,16

III – 0

IV – 0

Zulmira Magda F. de Oliveira

Violinista

8,95

III – 0

IV – 0

Antônio Francisco dos Santos

CARGO

56

TABELA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS MÚSICOS DA ORSSE PROCEDIDA DE ACORDO COM A PORTARIA 51/89/FUNDESC

NOME

NOTA DA

NÍVEL

ACESSO

AVALIAÇÃO

ATUAL

/ NÍVEL

Violinista

10,00

III - 0

V-0

Oboista

9,87

III – 0

V–0

Percussionista

9,15

III – 0

V–0

Francisco Alberto Lima

Oboista

9,30

III – 0

V–0

Genivaldo Santos Lima

Trombonista

9,25

III – 0

V–0

Ismael Costa Dantas

Violoncelista

9,70

III – 0

V–0

Ismyrlian Costa Dantas

Violinista

9,30

III – 0

V–0

José Almir Leão de Aquino

Fagotista

9,51

III – 0

V–0

Tubista

9,51

III – 0

V–0

Trombonista

10,00

III – 0

V–0

José Jerônimo Duarte Filho

Trompista

9,05

III – 0

V–0

José Rabelo Monteiro

Violinista

9,40

III – 0

V–0

Violista

9,38

III – 0

V–0

Luiz Roberto Lima Santos

Trompetista

9,71

III – 0

V–0

Paulo César Prado Andrade

Pianista

10,00

III – 0

V–0

Rivaldo Dantas

Violinista

10,00

III – 0

V–0

Rivaldo dos Santos

Violinista

10,0

III – 0

V–0

Anayde Marsillac Fontes Goes Antônio Carlos Cardoso Bráulio Plínio do Espírito Santo

José Edno Gomes dos Santos José Ferreira dos Santos Júnior

Josemar Caetano dos Santos

CARGO

57

Valdeliro dos Santos

Clarinetista

10,00

III – 0

V–0

Vânia Souza Ferreira

Violinista

9,51

III – 0

V–0

Percussionista

9,90

III – 0

V–0

Wanderley Teicheira de Souza

Flautista

9,01

III – 0

V–0

Wolney Siqueira Monte Santo

Violista

9,88

III – 0

V–0

Wallace da Silva Patriarca

TABELA DE PESSOAL CELETISTA DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE (A PARTIR DE 21.09.1989)

GRUPOS

QUANTIDADE

NÍVEIS

GRUPO TÉCNICO - MÚSICOS INSTRUMENTISTAS Pianista

-----

Violinista

15

III-0

Violista

03

-----

Violoncelista

07

-----

Contrabaixista

05

----

Flautista

02

----

Flautinista

01

----

Trompista

03

IV – 0

58

Oboista

02

----

Fagotista

03

----

Trombonista

01

----

Tubista

01

----

Clarinetista

02

----

Saxofonista

01

----

Timpanísta

01

V-0

Trompetista

01

----

Percucionista

02

----

Harpista

01

----

Claronista

01

----

Auxiliar de Montagem

02

I–0

Secretário de Orquestra

01

II – 0

Montador de Orquestra

----

II – 0

Copista Músico

01

----

Arquivista Músico

01

Inspetor de Orquestra

01

GRUPO ADMINISTRATIVO

TOTAL

II – 0

58

59

QUADRO DE PESSOAL DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE TABELA DE CARGOS E SALÁRIOS (A PARTIR DE 21/09/1989)

CARGOS

NÍVEL

SALÁRIO CZ$

Auxiliar de Montagem

I-0

260,00

Secretário de Orquestra

II - 0

300,00

Montador de Orquestra

II - 0

300,00

Copista Músico

II - 0

300,00

Arquivista Músico

II- 0

300,00

Inspetor de Orquestra

II - 0

300,00

GRUPO ADMINISTRATIVO

GRUPO TÉCNICO – MÚSICOS INSTRUMENTISTAS

Músico Instrumentista – Nível Médio

III - 0

450

Músico Instrumentista – Nível Técnico

IV - 0

600

Músico Instrumentista – Nível Superior

V-0

750

60

QUADRO DE PESSOAL DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE TABELA DE VALORES DAS FUNÇÕES GRATIFICADAS (A PARTIR DE 21/09/1989)

DENOMINAÇÃO

SÍMBOLO

VALOR CZ$

Regente Titular

FG0 - 05

500,001

Regente Assistente

FG0 - 04

450,002

Administrador da Orquestra

FG0 - 03

350,003

Spalla

FG0 - 03

350,00

Concertino

FG0-02

250,004

Chefe de Naipe

FG0-01

200,005

_______________________ 1 – CZ$ 500,00 equivalem à R$ 438,25 2 – CZ$ 450,00 equivalem à R$ 353,92 3 – CZ$ 350,00 equivalem à R$ 275,27 4 – CZ$ 250,00 equivalem à R$ 196,62 5 - CZ$ 200,00 equivalem à R$ 157,30 Fonte: Diário Oficial de 17/08/1989.

61

ANEXO B

ENTREVISTAS

62

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes. ENTREVISTADO: José Rabelo. LOCAL: Conservatório de Música de Sergipe DATA: 01/02/2006.

PRISCILLA: Como foi sua experiência na Orquestra Sinfônica de Sergipe? RABELO: Bem, a Orquestra Sinfônica de Sergipe tem duas etapas. A primeira na década de sessenta em torno de 1965, 1966 que foi justamente quando eu retornei através de “prolabori”, porque não tinha ainda o nível superior e já tinha concluído praticamente o nível técnico de música. Antes do Conservatório havia o Instituto de Música e na época quando eu estava fazendo o curso técnico o Genaro Plech era o diretor. Após a morte do Genaro Plech assumiu Leosírio Guimarães e com isso ele organizou a Orquestra Sinfônica, e os músicos recebiam o prolabori do governo, mesmo os músicos estagiários recebiam um incentivo. Nessa faze nós não éramos oficialmente como Sinfônica, mas funcionando como se fosse e, tínhamos em torno de sessenta elementos [...]. Ela funcionou tão bem que no final da década de sessenta a Orquestra foi o motivo principal para a construção do Conservatório de Música de Sergipe. Lembro-me como hoje uma reunião que Leosírio fez com o governador Lourival Baptista em 1969, e uma comissão de alto nível que vinha da Bahia para cá, e como nós apresentamos uma música de nível, salvo engano o primeiro movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven, e eles se impressionaram por Sergipe tão pequeno ter uma orquestra desse nível. Quando a ORSSE foi formada ela comportava cerca de sessenta elementos e vinha um pessoal da Bahia, talvez mais de cinqüenta por cento dos músicos eram da Bahia. Nessa época o Rivaldo Dantas era o regente. Daí oficializou, teve contratos, até o final de oitenta e nove. Saiu o

63

Rivaldo, entrou o Nonato, depois Francisco, depois retornou o Rivaldo. A secretária da educação Aglaé Fontes de Alencar foi uma pessoa que deu um grande impulso para a Orquestra na época. Teve um concurso interno em oitenta e nove para colocar as pessoas nos níveis. Em noventa e sete teve o PDV (Programa de Demissão Voluntária), que deu um grande baque na Orquestra, pois uma pessoa não poderia mais ocupar dois cargos no Estado. Daí eu tive que fazer uma opção, oficialmente eu saí da Orquestra em noventa e sete [...]. O meu retorno aconteceu em dois mil e três já com o Secretário da Cultura, José Carlos Teixeira, quando Rivaldo foi solicitado para voltar e nós entramos como contratado.

PRISCILLA: Em sua opinião qual o período de auge da ORSSE? RABELO: Em oitenta e sete e oitenta e oito com Rivaldo e dois mil e cinco com Ion Bressan.

64

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Alejandro Dario DATA: 01/02/2006 LOCAL: Conservatório de Música de Sergipe.

PRISCILLA: Qual instrumento o senhor tocou na ORSSE? ALEJANDRO: Clarone.

PRISCILLA: Quando o senhor começou a tocar na ORSSE? ALEJANDRO: No início de 1986.

PRISCILLA: Como era sua participação na Orquestra? ALEJANDRO: Eu era contratado eventualmente para algum concerto da Orquestra, pelo professor Rivaldo Dantas.

PRISCILLA: Onde o senhor residia na época em que tocava na ORSSE? ALEJANDRO: Em Buenos Aires, Argentina.

PRISCILLA: Quanto tempo o senhor permaneceu tocando na ORSSE? ALEJANDRO: Cerca de dois anos. Foi uma fase muito boa porque vinha muitos músicos de outros lugares como Recife, Bahia, para complementar o quadro daqui.

65

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Maestro Ion Bressan DATA: 13/02/2006 LOCAL: Teatro Tobias Barreto

PRISCILLA: Desde quando o senhor está como maestro da ORSSE? ION BRESSAN: Janeiro de 2005

PRISCILLA: Qual a sua percepção sobre o incentivo do governo de Sergipe com relação à ORSSE? Existe claramente uma política de cultural. Estamos recebendo apoio necessário para reestruturar novamente a orquestra, desenvolver escolas, para desenvolver o ambiente musical e isso é resultado de uma política cultural, ou seja, a própria reativação da orquestra é uma determinação da secretaria da cultura. Dentro desse contexto todo, onde grandes dificuldades se fazem urgentes, estamos trabalhando para ter uma escola de música bem estruturada em vários pontos do estado não somente em Aracaju, fazendo com que a ORSSE se reestruture e também outras orquestras jovens se formem, aproveitando o potencial que tem o estado com várias filarmônicas, bandas. O objetivo é dinamizar e ampliar. O estado está apoiando muito esse projeto cultural e as expectativas são muito positivas.

PRISCILLA: A quantidade de músicos que tem a ORSSE atualmente é suficiente para ser chamada de “Orquestra Sinfônica”? ION BRESSAN: Na sua reestruturação a orquestra teve várias etapas. Desde que eu estou participando, conseguimos formar uma pequena orquestra sinfônica, apesar do número reduzido

66

de quarenta, quarenta e cinco músicos, e agora com esses novos contratos estamos indo para uma formação de orquestra mediana, setenta músicos já um bom número. As grandes orquestras sinfônicas têm cerca de cento e dezoito músicos, mas já é um grande avanço, tendo em vista que nós já conseguimos fazer muita coisa com quarenta e cinco músicos e pretendemos fazer muito mais, com a orquestra já bem mais reestruturada. Frisando sempre que a nossa atividade está baseada em dois aspectos: Primeiramente, é a orquestra propriamente dita os concertos e, a segunda, é o ensino de música. Um dos aspectos mais importantes da estruturação é fazer escolas, ensinar jovens para que em poucos anos já comece a ter uma produção de músicos locais para não parar.

PRISCILLA: Como senhor percebe a reação do público nos concertos da ORSSE? BRESSAN: Bem, aqui no Teatro Tobias Barreto tem cerca de mil e trezentos lugares e, em um dos últimos concertos do ano passado (o que foi executada a nona sinfonia de Beethoven), o teatro lotou completamente, tinha gente pelos corredores, foi um sucesso enorme. A orquestra tem tido um público fiel, presente e está ampliando o seu carisma, não somente na capital, mas também no interior onde a orquestra tem sido muito bem recebida, com entusiasmo e com grande orgulho e, isso nos estimula cada vez mais. Ver que o povo quer participar e quer ter sua orquestra sinfônica é muito estimulante. É um resultado que vai ampliar cada vez mais as atividades da orquestra.

PRISCILLA: Com relação ao repertório, só há música erudita ou outros estilos são tocados? ION BRESSAN: A orquestra atua com vários gêneros musicais. Basicamente nossa herança é da música erudita, mas trabalhamos também com músicos populares e com espetáculos populares. O exemplo disso foram os espetáculos que fizemos no ano de 2005 com Antônio Carlos do Aracaju,

67

Chico Queiroga e Antônio Rogério. Pretendemos fazer outros espetáculos e continuar nessa política de fazer música de boa qualidade independente do gênero.

PRISCILLA: Há alguma possibilidade de ter apresentação de ópera? ION BRESSAN: Pretendemos. Se eu não me engano, será a primeira montagem completa de ópera no estado, assim como estreamos a primeira apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven, segundo informações que recebi. A ORSSE inclusive está lançando um cd dos dois últimos concertos do ano de 2005. Pretendemos fazer não somente uma, mas duas óperas este ano se tudo correr bem e ampliar cada vez mais a atuação da orquestra em outros gêneros envolvendo artistas cantores, solistas, direção de cena, teatro e, aproveitar o momento muito positivo do desenvolvimento da cultura não somente no estado mais no Brasil. Estamos percebendo que através da cultura, do ensino, mas especificamente de música, pode proporcionar as pessoas a terem uma maior inclusão social. É um projeto abrangente, pois música não é somente cultura, ela também é turismo, atividade social, é inclusão social, ela atua amplamente.

PRISCILLA: Quais os critérios para um músico ingressar na ORSSE? De onde são os músicos que tocam na ORSSE? ION BRESSAN: Para engessar na orquestra o músico tem que ter um preparo alto. Passando nos testes, tem uma seqüência de ensaios e dedicação para aperfeiçoar e chegar a um nível adequado de execução. A ORSSE é uma das orquestras do país que mais tem músicos do próprio estado. De acordo com um levantamento que eu fiz com várias orquestras, é muito comum ter músicos de outros lugares. Aqui, devido à produção de músicos que temos principalmente nos sopros, cordas já é menor, demonstra o potencial que já existe no estado. O exemplo disso é que mesmo sendo um estado pequeno, possui a mesma quantidade de bandas do Rio Grande do Sul que é um

68

estado bem maior. É um índice muito alto de músicos e de produção, agora, tem que ser aperfeiçoada cada vez mais. Foi feita uma seleção e muitas das vagas foram preenchidas por músicos daqui. Estamos complementando o quadro com professores vindo de fora (formados e diplomados), capacitando à orquestra para que depois de alguns anos de atividade, se melhore o nível dos músico e das escolas daqui, para que se consiga formar outras orquestras como a de Itabaiana que já foi formada. Isso tudo é decorrência do investimento que foi feito na ORSSE, da vinda de novos músicos para Aracaju e, tudo isso gera uma produção muito grande e um resultado muito positivo.

PRISCILLA: Quais os objetivos da ORSSE para os próximos anos? ION BRESSAN: O nosso objetivo é baseado em atividade cultural, de inclusão social através do ensino, de proporcionar a muitos jovens que possam ter um estudo, uma profissão e boas perspectivas de trabalho e isso só é possível trazendo professores de fora, qualificados, somados aos daqui, e em um curto período fazer com que se desenvolva em todas as áreas a música. Apesar da quantidade de filarmônicas que tem o estado, havia instrumentos que nem existia aqui como, por exemplo, harpa, corne inglês, oboé, fagote, trompa. Por tanto é preciso se estruturar, para tornar o estado de Sergipe mais desenvolvido nessa área. Está comprovado que quando existe uma orquestra em determinada região, melhora todos os índices sociais, de cultura, ou seja, é um efeito multiplicador muito forte e, o nosso objetivo é esse: fazer um trabalho forte e que perdure.

69

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Wolney Siqueira Monte Santo DATA: 11/02/2006 LOCAL: Conservatório de Música de Sergipe.

PRISCILLA: Quando o senhor começou a tocar na ORSSE e qual instrumento tocava? WOLNEY: Eu fui um dos seus fundadores e tocava violino.

PRISCILLA: Quando o senhor deixou de fazer parte do quadro da ORSSE? WOLNEY: Em 1996, quando ocorreu uma mudança no regimento do Estado que não permitia que eu ensinasse e fosse da orquestra.

PRISCILLA: Para o senhor qual foi o período de auge para a ORSSE? WOLNEY: Eu acredito que em relação a incentivo do governo o melhor período está sendo agora. Porém em relação a músicos o período anterior foi bem melhor.

PRISCILLA: Na fase inicial da orquestra, qual era a freqüência dos ensaios? WOLNEY: Diariamente, no período da manhã.

PRISCILLA: Qual era a freqüência dos músicos de outros lugares? WOLNEY: Geralmente quando tinha algum concerto grande e importante, para enxertar alguns naipes, não era sempre. Por exemplo, o oboé, nós necessitávamos de dois e aqui só havia um, alguns violinos também vinham complementar.

70

PRISCILLA: Como o senhor observa o incentivo do governo na ORSSE? WOLNEY: Eu acho que o governo não dá muita atenção a esse lado, a prova é o Conservatório de Música. Nós temos uma escola com um auditório muito bom, com uma das melhores acústicas do Estado e está fechado.

71

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Maestro Rivaldo Dantas DATA: 19/02/2006 LOCAL: Primeira Igreja Batista de Aracaju.

PRISCILLA: Durante quanto tempo o senhor foi maestro da ORSSE? RIVALDO DANTAS: Desde a sua fundação até mais ou menos 8 anos, quando ela passou para a administração da Secretaria da Cultura. Como eu fazia parte da Secretaria da Educação, preferi ficar no CMS. Depois de uns 10 anos, com o retorno do Conservatório para a Secretaria da Educação eu fui convidado a voltar a integrar a ORSSE durante mais ou menos dois anos.

PRISCILLA: Qual o motivo para a formação da ORSSE em 1985? RIVALDO DANTAS: Já existia uma orquestra no CMS por força de uma lei de ensino que era chamado de “ensino profissionalizante”, que exigia no curso de “Técnico em música”, uma disciplina chamada “Prática de Orquestra”. Nós fomos organizando com os professores e alunos uma orquestra de Câmara e depois essa orquestra ensejou a Orquestra Sinfônica. Foram chegando alunos, pessoas da comunidade, os próprios professores, alguns inclusive de Salvador, trazendo instrumento que não existiam no CMS como “fagote”, “tímpano”, “oboé, “trompa de harmonia”, “trombone de vara” e instrumentistas outros e isso ensejou a sua formação. Já havia então um número razoável para se formar uma Orquestra Sinfônica. Então fizemos o pedido ao governador da época, João Alves, ele tomou a idéia.

72

PRISCILLA: No início da formação da ORSSE, de onde vinham os músicos e quantos eram? RIVALDO DANTAS: Vinham músicos de Salvador na Bahia que eram professores da Universidade Federal da Bahia, professores daqui de Sergipe, com alguns alunos, então nós formamos a orquestra com cerca de quarenta músicos. Depois de algum tempo esse número foi crescendo, fomos agregando músicos que iam chegando na formação do curso técnico profissional, principalmente na área de cordas, com o violino, alunos de sopro, juntando com alguns músicos de sopro da polícia militar, chegamos inclusive em cinco ou seis anos a ter uma média de setenta, setenta e cinco músicos. Era considerada no Brasil um tipo de Orquestra média.

PRISCILLA: No período em que o senhor regeu a ORSSE como eram escolhidos os músicos? Houve algum concurso? RIVALDO DANTAS: Inicialmente foram feitos contratos. Na ocasião era ano eleitoral e para que a orquestra pudesse funcionar, tínhamos que aproveitar o período antes de junho ou junho porque depois não seria mais permitido. Começamos os trabalhos em Maio, com contratos. Posteriormente foi feito um concurso interno. Havia os vários níveis de fachas salariais de acordo com a escolaridade e o nível de competência da orquestra. Esse concurso foi para que se efetivasse todo o pessoal da orquestra.

PRISCILLA: Como o senhor observava a freqüência do público no início das apresentações da Orquestra? RIVALDO DANTAS: Nos primeiros concertos que nós fizemos havia um público razoável, o Teatro Atheneu era lotado. Nos concertos sempre havia um número satisfatório. Só quando nós fizemos uma inovação dentro do nosso programa que era chamado “as vésperas dominicais”, que

73

eram consertos realizados a cada último domingo do mês, foi um pouco difícil a formação desse público. Eu me lembro que no primeiro concerto só tivemos duas pessoas e eu disse para a orquestra “isso é o trabalho nosso, não se preocupem e toquem como se tivessem com a casa cheia”. Esses concertos eram no auditório do CMS. No segundo mês, nó já tínhamos a parte de baixo do CMS com o número de umas cinqüenta pessoas ou mais. Do terceiro mês em diante, já tínhamos o auditório cheio. Quando o projeto terminou, tinha gente que no domingo ia para o CMS pelo hábito, apesar de não haver nada. O público que nós vemos hoje acompanhando a ORSSE é fruto da nossa semente plantada.

PRISCILLA: Onde e a que freqüência ocorria os ensaios da Orquestra? RIVALDO DANTAS: Os ensaios eram feitos geralmente nos fins de semana as sextas, sábados e domingos, porque nós tínhamos que aproveitar a mão de obra que vinha da Bahia.

PRISCILLA: As peças executadas pela ORSSE na época em que o senhor regia era apenas erudita, ou vocês ampliavam para outras áreas? RIVALDO DANTAS: Nós tínhamos a música erudita muito embora no CMS se praticava outros tipos de música. E o erudito de forma “leve”, que era chamado o “erudito popular”, que era accessível a todo mundo. O nosso repertório era bastante eclético porque nós tínhamos a pretensão de formar um público não de erudição, mas um público que também apreciasse a música mais elaborada. Nós estávamos também muito saturados com a chegada de muito “oba oba”, “ache”, então nós tínhamos que contrapor porque a própria música popular boa, cedeu lugar a essas manifestações. O repertório da Orquestra sinfônica é para erudição, mas podem se tocar músicas populares desde que bem elaboradas.

74

PRISCILLA: Em sua opinião, qual a influencia de uma Orquestra para a sociedade? RIVALDO DANTAS: A preocupação que a sociedade deve ter para com a criança e o adolescente é de que eles possam ver mais longe. Com relação a música é preciso se tirar também da preguiça intelectual, pois a música serve muito mais a alma do que ao corpo, mas como nossa sociedade é materialista, de consumo, a própria mídia divulga isso, a música foi colocada no campo tão comercial, se barateado e passa a não ter nenhum valor significativo cultural e espiritual. A Orquestra Sinfônica já traz um outro lado da música, pois está é mais elaborada e tem algo mais do que um ritmo simplório, pois exige mais do intelecto. Na arte em geral seja ela pintura, escultura ou música temos que descobrir algo ali dentro que nos chame atenção. A questão que envolve a música clássica é a educação ao ouvi-la. Ela está ao alcance de todo mundo. É lamentável que não tenhamos no Brasil pelo menos cinco orquestras para cada Estado. Aqui em Sergipe, nós temos três: a ORSSE, a de Itabaiana e a Orquestra de Rosário do Catete, que começamos a fazer o trabalho a dois anos com mais de trezentas crianças ensinando violino, violoncelo, teclado, violão, dentre outros, em uma população que era completamente cega para o lado erudito, hoje já aprecia mais, indo a praça para assistir os concertos. Porém isso não é um trabalho de curto prazo e sim a médio e longo prazo. Eu tenho a impressão que se Sergipe continuar com esses organismos como em Rosário do Catete daqui a dez anos terá outra imagem cultural. O que eu lamento é que o espaço na Orquestra Sinfônica de Sergipe está sendo preenchido basicamente com pessoas de fora, deixando de lado os sergipanos, fazendo o programa inverso daquele que desenhamos a princípio.

PRISCILLA: Em sua opinião, porque a Orquestra foi perdendo músicos até chegar ao ponto de ficar um tempo parada?

75

RIVALDO DANTAS: No período de inflação, a ORSSE também foi afetada, porque os salários dos professores de maneira geral, e dos próprios músicos da Orquestra não acompanharam a inflação. Os salários foram ficando defasados e os músicos começaram a abandonar o campo a procurar outras orquestras. Na época fomos reduzidos ao número de setenta para cinqüenta, quarenta, trinta, chegando a ter treze pessoas somente. Alguns voltaram para seus estados pois os contratos não foram renovados ou decidiram ir porque o salário não compensava e eles se desestimularam. E os músicos que estavam aqui, jovens na maioria, já com uma vida de quase uma década de prática, tiveram que procurar outros campos, e hoje nós temos de Manaus a Rio Grande do Sul, músicos sergipanos. Outro problema que agravou foi a nova Constituição que não permitia que um militar fosse um professor ou um músico de orquestra, e como nós tínhamos vários, eles tiveram que retornar para a banda da polícia e do exército. O grupo que ficou teve que manter uma pequena orquestra de doze, treze músicos.

PRISCILLA: Como o senhor vê em Sergipe a relação do Estado com a música erudita? RIVALDO DANTAS: Ele tem se mostrado de certa maneira indiferente não colocando a música como prioridade. No Brasil, são poucos os que fazem isso. Atualmente foi dada uma nova cara a Orquestra, porém outras áreas da música no Estado estão sendo deixadas de lado como, por exemplo, o Conservatório que está caindo, o seu auditório interditado, o ensino, deixando a desejar, assemelhando-se a uma escolinha qualquer. E na Orquestra, muitos músicos sergipanos que já tocavam foram postos pra fora. Falta no Estado uma política inteligente que possa deixar algo mais satisfatório para Sergipe.

76

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes. ENTREVISTADO: Daniel Freire. LOCAL: Teatro Tobias Barreto. DATA: 13/02/2006.

PRISCILLA: Quais as suas funções na ORSSE? DANIEL FREIRE: Atualmente sou o pianista e o regente do coral sinfônico da ORSSE.

PRISCILLA: Quanto tempo você está participando da ORSSE? Como está sendo sua experiência? DANIEL FREIRE: Dois anos. Está sendo uma experiência diferente a de tocar em conjunto, pela questão de entrosamento, de trabalhar em sociedade, preparar peças juntos.

PRISCILLA: Tendo em vista que você também é compositor, suas peças estão tendo espaço nas apresentações da ORSSE? DANIEL FREIRE: Sim, estão. Eu compus uma rapsódia (que é uma música sobre um tema popular) sobre o folclore sergipano “Meu papagaio” que é uma rapsódia para piano e orquestra, que eu venho me aperfeiçoando ao longo de anos, e foi executada pela ORSSE o ano passado. Tenho também outros trabalhos com orquestra. Além disso, eu fui o arranjador orquestrador do projeto “Sergipe Sinfônico”, com Chico Queiroga e Antônio Rogério e a harpista americana Patrícia Fisher, onde eu fiz arranjos e orquestrei músicas dos três e participei também de arranjos para Antônio Carlos do Aracaju.

77

PRISCILLA: Qual a sua percepção sobre o incentivo do governo de Sergipe com relação à ORSSE? DANIEL FREIRE: Pela primeira vez eu estou vendo projetos que dará condições para quem estudou conseguir viver de música no estado. Na verdade são propostas que tudo indica que serão aprovadas e, sendo aprovada o governador João Alves se mostrou aberto.

PRISCILLA: Como você percebe a reação do público nos concertos? DANIEL FREIRE: Está sendo muito bom, pois na maioria dos estados há concertos abertos, porém aqui cerca de noventa por cento dos concertos são abertos ao público, ou seja, são franqueados ao público, não tendo custo para o mesmo, dando oportunidade de pessoas que nunca entraram em um teatro (que tem de certo tabu), ter acesso as apresentações.

78

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Camila Argolo DATA: 13/02/2006 LOCAL: Teatro Tobias Barreto.

PRISCILLA: Qual é o seu trabalho na ORSSE? CAMILA ARGOLO: Atualmente eu sou arquivista e copista da Orquestra.

PRISCILLA: Qual é a função do copista em uma orquestra? CAMILA ARGOLO: O copista edita a partitura no computador com muita atenção para não errar. Antigamente a pegava toda a grade do regente e fazia à mão. Atualmente a cópia é feita por meio do programa do computador.

PRISCILLA: Como você exerce o trabalho de Arquivista da ORSSE? CAMILA ARGOLO: Organizei todo o arquivo de partituras por compositor. É um trabalho árduo e que exige muito conhecimento de música.

PRISCILLA: Você mantém contato com arquivistas de outras orquestras? CAMILA ARGOLO: Sim, eu tenho contato com a orquestra Sinfônica da Bahia e de Brasília. Nós compartilhamos partituras sempre que possível.

PRISCILLA: Como é o repertório da ORSSE, só há música erudita ou vocês abrem para outros estilos?

79

CAMILA ARGOLO: Nós abrimos muito para outros estilos. Tocamos baião, aquarela, realizamos apresentações com Antônio Carlos do Aracaju, Chico Queiroga e Antônio Rogério.

80

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Luiz Fernando Cadorin DATA: 10/04/2006 LOCAL: Teatro Tobias Barreto.

PRISCILLA: Quando você começou a participar da ORSSE? LUIZ FERNANDO CADORIN: Em dois mil e cinco, desde o reinicio das atividades. PRISCILLA: Como você ficou sabendo dos trabalhos da ORSSE? LUIZ FERNANDO CADORIN: Quando o secretário de cultura José Carlos Teixeira assistiu a um concerto da Orquestra Jovem de São Paulo, onde eu era spalla e, me fez um convite para participar dessa Orquestra, fazendo uma proposta que achei interessante e decidi vir para cá. PRISCILLA: Quais suas funções na Orquestra? LUIZ FERNANDO CADORIN: Além de violinista sou maestro assistente do maestro Ion Bressan. PRISCILLA: Como você percebe o incentivo do Estado de Sergipe com relação à ORSSE? LUIZ FERNANDO CADORIN: O governo tem nos dado bastante apoio, inclusive com os novos projetos de ensino de música para crianças. O público que vem nos assistir também. Mas, infelizmente a divulgação está sendo um pouco fraca. O nosso público poderia ser maior, se tivéssemos uma divulgação mais ampliada. Falta ainda o conhecimento da sua existência por parte de muitos sergipanos. Um teatro como esse, com mais de mil e trezentos lugares, realizar um concerto para quatrocentas pessoas é terrível, porque não tem divulgação. Muita gente comenta: “olha, precisa de divulgação”. Em outros lugares se cobra ingressos para assistir. A OSESP tem ingressos de até R$ 79,00 e vendem com até dois meses de antecedência e atualmente todos os concertos são lotados.

81

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Fabiano Santana DATA: 10/04/2006 LOCAL: Teatro Tobias Barreto.

PRISCILLA: Quando você começou a participar da ORSSE e qual sua função na mesma? FABIANO SANTANA: Sou violinista e toquei na Orquestra de 1995 a 1996 e retornei em 2003. PRISCILLA: Quais as suas perspectivas para a ORSSE? FABIANO SANTANA: São boas. A cada ano a uma estrutura melhor de trabalho e cada vez mais ela está mais sólida. PRISCILLA: Como você percebe a relação do governo com a Orquestra? FABIANO SANTANA: O governo pelo menos através do secretário da cultura, José Carlos Teixeira tem demonstrado gostar de música, inclusive comparecendo aos ensaios. Esse apoio tem deixado a Orquestra mais sólida, mais forte. Está havendo um incentivo para a Orquestra inclusive com a compra de instrumentos que não haviam em Sergipe. A exigência tem aumentado e o salário está melhorando. PRISCILLA: Como você percebe a reação do público? FABIANO SANTANA: O público gosta, apesar de às vezes o repertório ser complexo. O que precisa é de marketing. O público que gosta de axé e forró se conhecer música erudita também irá gostar, mas geralmente não conhece. Falta divulgação.

82

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Secretário da Cultura do Estado de Sergipe, José Carlos Teixeira. DATA: 11/04/2006 LOCAL: Secretaria de Cultura.

PRISCILLA: O que levou o governo de Sergipe a reativar a ORSSE nessa gestão? JOSÉ CARLOS TEIXEIRA: Essa orquestra foi criada no primeiro mandato do governador João Alves Filho. Lamentavelmente quando Valadares foi governador, por alguma razão que eu desconheço, desprestigiou a ORSSE e ela desapareceu. Desapareceu também o estímulo ao ensino da música, principalmente em cordas, no CMS. Isso teve um baque muito grande. Só restaram os autodidatas que tocavam violão, percussão, para desenvolverem as atividades de música popular. Alguns têm talento, mas como não obtiveram uma formação mais adequada, não possuem um domínio pleno do instrumento, eles têm limitações.

PRISCILLA: Quais as perspectivas para a Sinfônica de Sergipe? JOSÉ CARLOS TEIXEIRA: As melhores possíveis. Nós temos um maestro que por um lance de sorte do Estado de Sergipe estava disponibilizado e aceitou o desafio e veio do Rio Grande dos Sul para reger essa orquestra e prepara-la para grandes eventos. Ele também tem o grau de doutor em orquestração e regência feito no Conservatório Rimsky-Korsakov em São Petersburgo, Rússia, através de uma bolsa de estudos que ganhou em primeiro lugar em um concurso feito pela embaixada russa e lá ele ficou nove anos. Quando voltou, regeu durante quatro anos a OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto alegre). Em seguida, ficou como free lance regendo uma e outra orquestra geralmente no sul do Brasil, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e engajou-se com a orquestra Sinfônica de Guayaquil e Quito no Equador, que ficou como regente assistente. Ele está

83

aqui desde janeiro de dois mil e cinco e desenvolve um trabalho gratificante na formação de quadros para a orquestra e aperfeiçoamento desses músicos e, finalmente, equipando a orquestra com o apoio que temos conseguido do Ministério da Cultura e da nossa secretaria. Fizemos à aquisição de muitos bens patrimoniais. Conseguimos da Vale do Rio Doce uma harpa de $20000,00 dólares, e nós completamos (e contamos com a generosidade do dólar que estava em baixa nessa época). Desenvolveu-se um programa que havia se iniciado em dois mil e quatro com o maestro Gladson Carvalho, que foi aluno de Eleazar de Carvalho, se formou em viola pela universidade da Paraíba e aqui, começou a motivar e preparar para a formação de músicos. O regente Gladson iniciou em Itabaiana os trabalhos com a Filarmônica de Santo Antônio das Almas, em um curso de formação de músicos jovens que entusiasmavam os pais. Eles mesmos compravam viola, violoncelo, contrabaixos, e começou a lecionar para instrumentos de cordas. A orquestra Filarmônica já tem bons valores nos metais, nas madeiras e na percussão, faltava à área de cordas. A orquestra progrediu até que no mês de outubro com a suspensão da Procuradoria do Estado diante de um parecer que dizia que não podia continuar com a orquestra da forma que estava. As atividades cessaram. Ele voltou para Fortaleza também movido por problemas pessoais [...]. Eu telefonei para o Brasil inteiro para saber quais maestros de qualidade estavam disponíveis. Foi aí que nasceu Ion Bressan. Ele veio em janeiro e permanece até hoje. Ele ampliou os trabalhos, montou o coro sinfônico, fez apresentação pela primeira vez na igreja matriz de Itabaiana no dia do aniversário de emancipação política do nosso município em vinte e sete de agosto de dois mil e cinco. Depois o concerto de Natal, só com músicas natalinas, na mesma igreja. Montou um coro e a regência ficou com Daniel Freire que já era pianista da orquestra. A coisa tomou um rumo muito grande e com grandes perspectivas de êxito. Agora

84

estamos buscando deixar Itabaiana com sua orquestra Sinfônica Jovem e um projeto mais ambicioso para Aracaju, que envolve o social. Se nós conseguíssemos apoio poderíamos levar para São Cristóvão e Estância, que tem duas filarmônicas de grande força e prestígio na parte dos metais, madeira e percussão e tem três grandes regentes.

PRISCILLA: Como é feita a seleção dos músicos para ingressar na ORSSE? JOSÉ CARLOS TEIXEIRA: Consiste em uma banca presidida pelo maestro Ion Bressan que é doutor em música e mais dois membros da Orquestra Sinfônica, um que era o spalla da Orquestra Sinfônica Jovem da Secretaria do Estado da Cultura do Estado de São Paulo, Luiz Fernando Cardorin e o outro é o grande violinista Eduardo que estava como spalla da Sinfônica tanto de Guayaquil quanto de Quito no Equador [...] e com isso a coisa está melhorando.

PRISCILLA: Existe previsão para concurso? JOSÉ CARLOS TEIXEIRA: Só há duas formas de ter orquestra. A Sinfônica é do Estado. A Filarmônica é privada, de uma fundação ou grupo de mecenas que se unem. Aqui na Bahia convive a Fundação Castro Alves com duas experiências. A primeira começou com a Orquestra Sinfônica e hoje ela é dividida entre cargo de comissão e os remanescentes da orquestra. Há uma tendência humana, de quando as pessoas estão acomodadas no cargo, perdem o entusiasmo de se aperfeiçoarem, de criar novas perspectivas para que qualquer que seja o cargo. Essa é a nossa modesta experiência [...]. A Universidade de Sergipe pretende no próximo ano, criar a escola de música, mas para isso ela terá de atender as exigências do Ministério da Educação, ou seja, vai abrir concurso a nível superior [...]. Hoje existem quinze músicos da orquestra de nível médio e todos eles automaticamente irão se inscrever na UFS. Pode crer que hoje é incompatível para qualquer

85

orquestra funcionar que não seja por cargo de comissão, contratando por tempo determinado, renovável de acordo com a evolução deles [...]. A palavra de ordem é a qualificação e competência profissional para cada vez mais trilhar o caminho da excelência.

86

ENTREVISTADORA: Priscilla da Silva Góes ENTREVISTADO: Suzan Rabelo DATA: 10/04/2006 LOCAL: Teatro Tobias Barreto.

PRISCILLA: Quando você começou a participar da ORSSE e qual sua função na mesma? SUZAN: Iniciei na ORSSE em dois mil e três e toco violino.

PRISCILLA: Quais as suas perspectivas para a ORSSE? SUZAN: São muito positivas, a Orquestra está crescendo cada vez mais.

PRISCILLA: Como você percebe a relação do governo com a Orquestra? SUZAN: O apoio vem aumentando, a cada ano.

PRISCILLA: Como você percebe a reação do público? SUZAN: o público gosta muito. A cada concerto o público aparece, somos bem recebidos pelos interiores, onde tocamos temos uma boa recepção.

87

ANEXOS C

FOLDERES DE ALGUMAS APRESENTAÇÕES DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE SERGIPE

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.