NEUROBIOLOGIA E PSICOLOGIA DA EMPATIA PONTOS DE PARTIDA PARA A INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO DA PROMOÇÃO DA EMPATIA

August 28, 2017 | Autor: Augusta Gaspar | Categoria: Empathy (Psychology), Evolution of Morality, Child Development, Empathy, Evolution of Empathy
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NEUROBIOLOGIA E PSICOLOGIA DA EMPATIA PONTOS DE PARTIDA PARA A INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO DA PROMOÇÃO DA EMPATIA Augusta Gaspar*

Resumo: A empatia é um constructo importante, objeto crescente de investigação na atualidade e recentemente reconhecida como um mecanismo biológico que muito contribui para a homeostasia social e sucesso das sociedades humanas. Neste capítulo centro-me em três aspetos da empatia: esclarecer no que consiste empatia, pois é possível encontrarmos estudos com resultados muito divergentes entre si, e isso deve-se sobretudo ao facto de fazerem recurso de medidas distintas de empatia, algumas das quais, não traduzem realmente empatia; dado que a empatia está ligada à cooperação, à ajuda interpessoal, ao altruísmo, ela é um aspeto do comportamento humano que envolve custos e por vezes sacrifícios muito elevados; neste âmbito, o senso comum leva-nos com frequência para a ideia de que ela é uma segunda natureza, algo que temos de construir sobre a natureza humana, mais egoísta, menos empática. Neste ponto, farei a revisão de estudos que permitem refutar esta ideia e que, pelo contrário, apontam para a empatia como um aspeto essencial da natureza humana, uma chave para a sobrevivência das comunidades da nossa espécie. Finalmente, e atendendo a que a empatia é um traço desejável, e mesmo após o argumento de que faz parte da natureza humana é reconhecido que nem todos os humanos a apresentam por igual, discutem-se estratégias que poderão conduzir a uma estimulação da empatia enquanto traço num indivíduo, mas também enquanto resposta imediata a uma situação.

1. O QUE É A EMPATIA A palavra Empatia resulta da tradução original de Einfühlung (Lipps, 1903) do alemão, expressando a ideia de “sentir-se na pele de outro”. *  Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa. CIS – Centro de Investigação e Intervenção Social, ISCTE-IUL

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É um constructo dimensional, embora alguns autores definam duas dimensões e outros três ou quatro. As principais dimensões traduzem dois processos – o de ser afetado emocionalmente e o de ser capaz de entender as emoções dos outros. Ao primeiro chamamos de Empatia Emocional, que consiste na experiência vicariante, com ativação emocional, involuntária e que pode envolver muitas reações miméticas e respostas fisiológicas automáticas que espelham a experiência emocional do outro, mas em que o indivíduo conserva a noção de si mesmo como entidade distinta desse outro (Eisenberg, 2000). Ao segundo chamamos Empatia Cognitiva, em que a compreensão do que se passa com o outro, pode ocorrer na presença, mas também na ausência da empatia emocional (Blair 2005; Smith 2006), requerendo fundamentalmente ter uma Teoria da Mente – o conceito de “Theory of Mind”, desenvolvido por Premack e Woodruff (1978), que traduz a capacidade de mentalizar, ou seja, de atribuir estados mentais a si mesmo e aos outros (Decety e Moriguchi, 2007; Blair, 2005) e que permite ao indivíduo descodificar o comportamento do outro, perceber a sua perspetiva e prever a sua conduta). Desta relativa independência resulta que a Empatia cognitiva pode ser elevada em indivíduos psicopatas, caracterizados por baixa ou ausente empatia emocional (Smith, 2006). À experiência de empatia emocional, o processamento cognitivo da informação contextual ou outra relevante, pode acrescer uma outra componente – a Simpatia (de Simpathy) ou sentimento de pena e/ou preocupação empática, que implica conhecimento da situação e provavelmente do que é que o outro necessita; juga-se pois que é resultante desta interação entre a experiência vicariante e a tomada de perspetiva do outro (a simpatia) que se geram os comportamentos de ajuda, que por vezes podem ter contornos de altruísmo; a interação destes dois aspetos também pode gerar somente perturbação empática (empathic distress), que consiste em resposta de ansiedade e intenso desconforto, resultantes de uma perceção de incapacidade para resolver o problema e de uma reorientação deste para si mesmo (Batson, 2009). Desta forma de empatia emocional (empathic distress) não resultam benefícios para o alvo. Por exemplo, isto acontece aos chamados “innocent bystanders”, atualmente um fenómeno muito observado nos episódios de bullying. A dimensão de Empatia emocional está na base do desenvolvimento moral e do sentido de justiça, e também dos sentimentos de culpa (Hoffman, 1987; 2000). Neste sentido, podemos dizer que a Empatia colide com qualquer visão cartesiana do Homem ou dos outros animais, pois 28

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sem a sua componente emocional a empatia é um conceito vazio. Como se perceberá melhor adiante, a empatia emocional é um sistema motivacional, poderoso e básico, capaz de explicar o que de mais intrigante parece existir na natureza humana – atos de altruísmo extremo, mas também de cooperação e interdependência – as grandes forças aglutinadoras das relações interpessoais e das comunidades. Há ainda componentes mais básicas da empatia, assinaladas por diversos autores, como a empatia motora e o contágio emocional, que constituem mecanismos automáticos e inconscientes de que os bebés humanos já vêm dotados. O mimetismo automático das expressões faciais associadas a afetos positivos e negativos foi descoberto por Dimberg (Dimberg, 1990; Dimberg et al., 2000) e é um mecanismo tão prevalente que mesmo quando a expressão facial não é visível na face do observador, a atividade dos músculos respetivos aumenta e pode ser detectada através de Electromiografia (EMG) facial. Esta popularizou-se aliás como técnica para avaliar a empatia emocional (Dimberg e Thunberg 2012) A capacidade de experimentar empatia (aqui como um todo, com todas as suas dimensões) é algo que é normativo, pelo menos nas populações que foram estudadas – a população adulta ocidental (Davis, 1980) e amostras das populações adolescente e adulta portuguesa na grande Lisboa (Gaspar et al. 2013). Mas é também algo que pode variar substancialmente de uma pessoa para outra, sendo por isso avaliada como um traço. Num projeto recente que envolveu a avaliação da empatia traço (através do Interpersonal Reactivity Index, de Davis, 1983) e a mensuração de respostas fisiológicas empáticas (EMG facial dos músculos Zygomaticus major e Corrugator supercilli e resposta de condutância) em adolescentes e adultos da população portuguesa verificámos (Gaspar et al, 2013; in prep) que apesar dos adultos apresentarem valores em média mais elevados de empatia traço, os adolescentes apresentavam um valor substancialmente mais elevado das suas pontuações na componente Preocupação empática, que se considera a que melhor traduz a predisposição para a resposta vicariante. As medidas de empatia emocional dos adolescentes mais novos (12-13 anos) aumentavam bastante até cerca dos 15-16 anos, idade a partir da qual se verificava uma descida que os aproximava mais dos valores dos adultos, o que sugere que a resposta vicariante pode ter o seu máximo neste período da vida. É notável também o facto de, quer em adultos quer em adolescentes, termos obtido correlações moderadas entre medidas de empatia-traço orientadas para humanos e medidas orientadas para outros animais, e na resposta vicariante avaliada através de medidas eletrofisiológicas, termos 29

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verificado respostas mais consistentes com empatia, em face da expressão comportamental de emoções em cães do que em humanos ou chimpanzés (Gaspar et al., 2014) o que sugere que para uma fração das pessoas a empatia é generalizada a outras espécies, como alias já proposto por Paul (2000) entre outros. 1.1. A empatia e o mistério do altruísmo De todas as capacidades humanas, de todas as experiências emocionais, temos de destacar a Empatia, porque ela integra na verdade tudo aquilo a que vulgarmente se chama “ser bom”. É a empatia que leva os seres humanos aos mais elevados atos de altruísmo. Quando falamos de altruísmo não falamos de dar dinheiro para obras de caridade ou doar uma herança para que jovens pobres possam ter bolsas para frequentar a universidade. Isso também é ser bom e é filantropia. Mas o altruísmo implica mais – o sacrifício – arriscar ou perder mesmo a vida a tentar ajudar ou salvar a vida de outros. Por isso, os indivíduos altruístas são objeto da nossa admiração e imaginação, inspirando reportagens e filmes no presente, as lendas e livros do passado. Haverá criança que não admire Robin Hood – o lendário nobre inglês que perdeu o seu castelo e terras por ser leal ao rei e assaltar os ricos para poder alimentar os pobres que defendia e amparava no seclúdio das florestas de Sherwood? Atendendo a que a expressão altruísmo pode ser interpretada com diferentes cambiantes, antes de me prolongar acerca da relação entre empatia e altruísmo é importante definir o que designei por altruísmo. Usarei o termo tal como é entendido em biologia evolutiva, onde muito tem sido debatido: um ato com elevados custos para o seu autor, custos esses que podem ir desde a perda de alimento ou de oportunidades para o conseguir, à perda da própria vida ou da sua prole, como sucede quando um indivíduo se envolve num combate violento para ajudar outro, saindo deste com graves ferimentos que o deixam incapacitado de cuidar dos filhos, encontrar alimento ou podem simplesmente causar-lhe a morte. O altruísmo tem, por definição um custo muito alto, o mais alto de todos; a cooperação pode ter ou não custos. No seio da Biologia evolutiva, várias teorias têm emergido para explicar os atos altruístas, que parecem “contranatura”, paradoxais até (dado que os indivíduos deveriam maximizar a sua fitness), e por isso a maior parte destas teorias explicam o altruísmo parcialmente. Da Sociobiologia nasceram as teorias da Kin selection, do Altruísmo recíproco e da Seleção de grupo, todas elas prevendo que os atos altruístas só são desenca30

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deados em contextos restritos (os únicos que explicam incremento da fitness), e que no fundo a motivação altruísta não é generalizável, e só nas circunstâncias descritas nas várias teorias ela é adaptativa e os genes responsáveis transmitidos por Seleção natural. No caso da Kin Selection, o contexto é o parentesco próximo entre o indivíduo que é beneficiado e o seu benfeitor (Hamilton, 1964). No caso do altruísmo recíproco é a reciprocidade, como o próprio nome indica – benfeitor e beneficiado têm de se conhecer bem e interagir frequentemente para que o modelo funcione (Trivers, 1971); isto é, o elevado risco corrido pelo altruísta só é compensado se, estando ele próprio em grande necessidade de ajuda houver uma elevada probabilidade do outro vir em seu auxílio. A terceira explicação reside na noção de que é compensatório, do ponto de vista da fitness de cada membro de um grupo, trabalhar para um bem comum, pois conseguem-se benefícios que individualmente não seria possível – é uma cooperação com motivações egoístas (Hamilton, 1964). Se nos mantivermos fiéis à definição de altruísmo como algo com custo tão elevado que põe em risco a fitness, então nenhuma delas é propriamente altruísmo, pois são estratégias previsíveis pela Teoria dos Jogos e que permitem aumentar a fitness. Em Psicologia, os investigadores têm procurado focar-se na compreensão das causas próximas do altruísmo, nas situações e estímulos que desencadeiam os comportamentos altruístas, nas aprendizagens e experiências relevantes, tratando o conceito de forma mais lata, isto é abrangendo diversas condutas pró-sociais, de cooperação, ajuda, consolo de vítimas, etc. Batson (1991) relacionou o altruísmo com a empatia defendendo que a motivação para a pró-socialidade está orientada para objetivo de aumentar o bem-estar do indivíduo alvo, ou seja a pessoa necessitada de ajuda; nesta visão não há qualquer relação com ganhos de fitness – as pessoas são movidas pela dimensão de preocupação empática da empatia. De Waal (2008) em “Puting altruism back into altruism: The Evolution of Empathy” (um título bem expressivo das contradições com que se tem conceptualizado o altruísmo), sublinha que a empatia constitui um sistema motivacional, que apesar de ter sido selecionado e ter evoluído pelos seus ganhos na fitness, existe em nós e é suficientemente forte para desencadear atos que podem conduzir ao altruísmo mesmo sem ganhos em fitness. Como de Waal enfatiza, é importante tratar a motivação como motivação apenas: a empatia é uma força motivacional desencadeada por eventos emocionais e que pode levar ao altruísmo, orientado para o bem-estar do 31

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outro. Ou seja, há que não confundir consequências com motivação. A motivação tem desencadeadores imediatos, mesmo quando resulta de milhares de gerações de seleção natural positiva. As suas consequências podem ter repercussões também muitas gerações à frente – mas tal não implica que os indivíduos tenham qualquer consciência disso quando atuam. 2. A EMPATIA NA NATUREZA HUMANA 2.1. Nascidos para ser moderadamente bons Mas os humanos diferem entre si. Nem todos são heróis e altruístas. E a investigação sobre empatia tem mostrado que é um traço em que alguns indivíduos pontuam muito baixo, enquanto outros cotam muito alto, num extremo que até constitui patologia (Síndroma de Williams). Mas com os instrumentos habitualmente mais usados, o que se verifica é que é um traço normativo, isto é, a maior parte das pessoas aproxima-se de um nível médio de empatia, como veremos adiante. Podemos então dizer, que pelo menos numa intensidade média a empatia é uma parte integrante da natureza humana. O desenvolvimento ontogenético da empatia é em si mesmo uma grande fonte de suporte a esta ideia. Com efeito, as componentes da empatia contágio emocional e empatia motora estão presentes nos recém-nascidos (Hatfield et al., 1994); algumas crianças com um ano já mimetizam automaticamente expressões de tristeza dos adultos; as crianças a partir dos 2 anos mostram sinais de perturbação com sofrimento alheio e procuram intervir (Eisenberg e Mussen, 1989; Zahn-Waxler e Radke-Yarrow, 1990). Hoffman (1975; 2000) enfatiza o papel dos pais como modelos da pró-socialidade e Schore (2001) desvenda um notável sistema de influência dinâmica entre a programação biológica que preside à maturação de áreas do cérebro essenciais à experiência de empatia e à elaboração da conduta pró-social e os processos de vinculação à mãe ou outro cuidador principal: o córtice orbitofrontal, em particular no hemisfério direito, desenvolve-se em estreita dependência da estimulação do cuidador principal, ficando atrofiado na privação desta estimulação; os opiáceos endógenos (beta-endorfinas), que promovem o crescimento dos neurónios no bebé e regulam os níveis de glucose e insulina, são libertados em maior quantidade no córtice orbitofrontal, o que faz com que esta interação com a mãe em que o bebé recebe atenção às suas necessidades, suporte 32

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emocional e contacto de conforto – no fundo interações regulatórias do seu estado emocional (pois ainda não pode regular as suas emoções sozinho) são promotoras de neurogénese nesta região do encéfalo. As neurociências têm vindo a dar um enorme contributo para a compreensão da empatia, dando corpo a modelos dos processos cognitivos da resposta empática vicariante e da empatia cognitiva e mostrando em larga medida substanciais convergências ao nível dos padrões de ativação cerebral que acompanham os diferentes tipos de empatia. 2.2. Um sistema biológico de “ressonância interna” Assim, vemos que o modelo da empatia proposto por Preston e de Waal (2002) – o modelo da percepção-acção ou PAM (de Perception Action Model), que enuncia que o estado emocional percecionado no indivíduo alvo ativa automaticamente a respetiva representação no observador, que por seu turno desencadeia a ativação das respostas características do Sistema nervoso autónomo, se vê bem suportado pelos mecanismos de resposta do Sistema de Neurónios Espelho (de Mirror Neuron System ou MNS) descoberto pela equipa de Vitorio Gallese e Giacomo Rizzolatti (ver Gallese, 2001; Gallese, Fadiga, Fogassi e Rizzolatti, 1996; Iacoboni e Dapretto, 2006;) desencadeando respostas motoras no observador que espelham as do indivíduo alvo – uma mimese emocional automática. O Sistema de Neurónios Espelho foi descoberto ao observar-se a ativação de áreas pré-motoras do córtice ante a observação das correspondentes ações num indivíduo alvo, sendo que nos primeiros estudos o alvo era humano e o observador, um macaco Rhesus. Nos estudos que se vieram a seguir com humanos, verificou-se que o Sistema de Neurónios Espelho se estendia ao sulco temporal superior e a outras áreas dos córtices pré-frontal e parietal, ligando-se ao sistema límbico pela insula. A ínsula revelou-se aliás consistentemente em muitos estudos neuroimageológicos ulteriores, uma estrutura de ativação comum na experiência de empatia (ver o estudo de meta-análise de Fan, Duncan, de Greck, e Northoff, 2007) e uma dos mais precoces a ser ativados nas crianças durante a perceção da perturbação emocional (distress) dos outros (ver Decety e Svetlova, 2012). O sistema de neurónios espelho funciona como um autêntico simulador da ação (inclusive expressão facial) e da experiência mental a partir da observação da experiência dos outros (Iacoboni e Dapretto, 2006) sendo aparentemente um facilitador, ou melhor um verdadeiro atalho para a aprendizagem (Gallese, 2001). Na experiência de observar a dor de outra pessoa ativam-se estruturas que se sobrepõem 33

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grandemente com as ativas na experiência afetiva, mas não na experiência sensorial, de dor, em particular o córtice cingulado anterior e a região anterior da insula (Botvinick et al., 2005; Singer et al., 2004), sendo estas também maioritariamente nestas áreas as populações de neurónios ativas na experiência “em espelho” da repugnância (Gallese, Keysers, e Rizzolatti, 2004; Jabbi, Swart, e Keysers, 2007; Rizollati, 2006). Estes sistemas de circuitos partilhados vêm reforçar os resultados de linhas de investigação independentes mostrando que a empatia emocional é mais eficaz do que a cognitiva a simular os estados mentais observados (Nummenmaa, Hirvonen, Parkkola, e Hietanen, 2008), o que mais reforça ainda a importância crucial das respostas emocionais automáticas na génese da empatia e das condutas pró-sociais. 2.3. Redes diferenciadas para a empatia emocional e para a empatia cognitiva Do trabalho de meta-análise, acima referido, de Fan et al (2007) destacam-se também as regiões médias e anterior do córtice cingulado e sobressai o facto de a empatia emocional e a empatia cognitiva se associarem a diferentes padrões regionais de ativação, dando suporte neurofisiológico às duas dimensões distintas, apesar de interatuantes, da empatia e defendidas por outros investigadores (Shamay-Tsoory et al., 2009; Smith, 2006): enquanto a região anterior esquerda da insula permanece como denominador comum a ambas as experiências, a região dorsal média do córtice cingulado anterior está mais frequentemente ativa na empatia cognitiva e a região anterior direita da insula na empatia emocional. Shamay-Tsoory e colegas (2009) assinalam também, na empatia cognitiva, a atividade das regiões pré-frontais, e na empatia emocional, para além do córtice cingulado e da ínsula, a amígdala. Outro dispositivo biológico que sugere que os humanos transportam um sistema básico integrado de regulação da empatia e de várias formas de sociabilidade reside no facto de os níveis de ocitocina (hormona que atua também como neurotransmissor) se correlacionarem com a empatia traço, com a confiança e satisfação resultantes das suas relações (Merolla et al, 2013), com a vinculação materna, com a motivação para ajudar e com o comportamento pró-social efetivamente realizado (Donaldson e Young, 2008). 2.4. O lugar da empatia na evolução humana Sempre que falamos da natureza humana, coloca-se a questão – porque haveria a biologia humana, a nossa história evolutiva e o principal 34

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mecanismo que explica que traços passam às gerações vindouras e que traços não passam – a seleção natural- de selecionar uma característica que nos pode levar – devido ao impacto emocional da experiência dos outros- a arriscar a própria vida? De acordo com Frans de Waal (2008) a empatia ter-se-á desenvolvido ao longo da evolução humana e da de outras espécies como um mecanismo motivacional capaz de gerar atos altruístas dirigidos a outros em grande carência ou em sofrimento físico ou psicológico; terá tido origem na relação mãe-bebé, gerando inicialmente estas condutas nas mães mas sendo continuamente selecionado ao longo de gerações por aumentar a fitness (aptidão em sentido evolutivo) de filhos de mães mais empáticas, por estas serem mais competentes a proteger a sua prole. O traço foi assim sendo legado. Uma vez presente nos indivíduos o traço desencadeia respostas alargadas a mais alvos na comunidade do que apenas os filhos. Pode parecer um luxo, mas a proposta de De Waal oferece uma explicação para a coesão intragrupal, facilitando relacionamento dentro de grupos pequenos, inibindo a violência e germinando laços fortes de cooperação (Castro, Gaspar, e Vicente, 2010; de Waal, 2008). A generalização deste traço na população poderá explicar não só a sua extensão para lá da família e da comunidade, a outros grupos e até a outras espécies (Preston e de Waal, 2002). Disto mesmo são exemplos as situações em que seres humanos arriscam a vida para salvar perfeitos desconhecidos ou animais de outras espécies.

3. DIFERENÇAS INTERINDIVIDUAIS E A PROMOÇÃO DA EMPATIA Apesar da predisposição empática, com componentes até bastante precoces como vimos acima, os humanos apresentam efetivamente exemplos extremos de variabilidade no eixo frieza emocional – empatia. Alguns estudos indicam que o traço empatia é afetado pelo genótipo de um indivíduo – por exemplo, a frieza afetiva (e outros fatores com que se combina nos psicopatas) tem um fator latente com heritabilidade estimada de h=0,63 (Larsson et al, 2006) o que é bastante elevado. Um exemplo no extremo oposto é o dos pacientes com Síndroma de Williams, uma perturbação de ordem genética (deleções no cromossoma 7) em que os indivíduos, excessivamente empáticos, se encontram, por conseguinte, incapazes de deixarem de se perturbar intensamente com as experiências emocionais (Jabbia et al. 2012). 35

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A variabilidade interindividual no eixo frieza emocional – empatia pode ser detectada aos 3-4 anos de idade, idade em que se pode detectar a psicopatia (Frick, 1999). Os estudos de gémeos apontam para um forte contributo da heritabilidade na empatia medida aos 2-3 anos e os traços psicopáticos aproximadamente a partir dos 3 anos já tendem a manter-se estáveis nos anos subsequentes (Frick et al, 2008). Os rapazes que evidenciam já estes traços, quando comparados com um grupo de controlo, apresentam atividade eletrodérmica inferior à dos outros perante sinais de perturbação emocional (distress) em outras pessoas Blair (1999) e menores alterações na frequência cardíaca quando observam filmes indutores de empatia envolvendo a experiência de medo (Anastassiou-Hadjicharalambous e Warden, 2008). Blair (2007) propõe mesmo que no cerne do desenvolvimento da psicopatia esteja esta incapacidade a priori para processar e reagir a expressões de medo e tristeza, devido a uma disfunção da amígdala. Assim, afigura-se como provável que no conjunto, estes estudos estão a indicar que há predisposições genéticas que colocam à partida algumas crianças no cenário das suas interações sociais com um handicap na capacidade de reagir emocionalmente e de descodificar as emoções e o sofrimento dos outros. Ora esta incapacidade vai também levar a que ao longo do seu desenvolvimento vão adquirindo, menos do que as outras crianças, competências sociais e emocionais apropriadas. As diferenças interindividuais na empatia assinaladas aos 3-4 anos tendem a acentuar-se para os 6-7 anos. É pois da maior importância, reunir a ainda escassa e dispersa informação no que concerne aos fatores ambientais que podem afetar o desenvolvimento das diferenças entre crianças na expressão das predisposições genéticas para a empatia emocional e para a empatia cognitiva, no sentido de promover as condições que permitem maior desenvolvimento da empatia e mitigar perturbações da conduta resultantes da frieza emocional. Esta é também uma importante área para desenvolver investigação fundamental e aplicada no futuro próximo. A informação disponível relativamente à eficácia de programas de intervenção, por regra em escolas, destinados a promover aspetos da empatia, é escassa, essencialmente por 3 razões – (1) os programas têm um curriculum mais orientado para o conhecimento das emoções e para o desenvolvimento de competências sociais (normalmente são designados por cursos de Educação Emocional), não se focando particularmente na empatia; (2) destinam-se a crianças em idade escolar, o que deixa um grande vazio nos períodos etários anteriores, em que há um desenvolvimento emocional 36

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intenso e (3) exploram sobretudo conteúdos e competências específicas, como saber reconhecer expressões faciais prototípicas, estimulando mais aspetos da empatia cognitiva ou estratégias de coping com situações emocionais difíceis. Por outro lado, para a maior parte dos programas divulgados publicamente na internet, não são apresentados relatórios de resultados face a objetivos específicos. Aqueles para os quais estão disponibilizados dados de avaliação da eficácia do programa, tendem a mostrar alterações benéficas em vários parâmetros, como a identificação correta das expressões das emoções básicas ou as competências sociais (por exemplo, Havighurst et al., 2004). Apesar destes aspetos serem francamente positivos, tal não implica que se esteja a promover a empatia traço ou a resposta empática. Estes resultados podem ser fruto da empatia, ou não; é fundamental que a identificação de emoções e os comportamentos pró-sociais não sejam tidos como sinónimos de empatia, pois não o são, e que possamos realmente medir empatia com medidas de reatividade emocional e de traço. De estudos independentes, de proveniências tão distintas como a Antropologia ou a Psiquiatria e a Psicologia do Desenvolvimento, chegam-nos no entanto alguns elementos sobre variáveis ambientais que parecem interagir com as predisposições genéticas gerando os pilares do que poderá ser a resposta empática das crianças. Por exemplo, alguns estudos comparativos de culturas apresentam alguns insights acerca de diferenças no comportamento pró-social e na regulação da empatia emocional que se parecem dever a diferenças entre essas culturas (Cassels et al. 2010; Greck et al. 2012). Extensa informação tem sido compilada também acerca da flexibilidade do comportamento e do desenvolvimento da arquitetura cerebral. Os estilos parentais baseados em interações positivas têm sido associados à prevenção das desordens agressivas da conduta (Webster-Stratton, 1998) e está demonstrada a existência duma relação estreita entre a maturação de estruturas fundamentais da experiência e regulação emocional (como o hemisfério direito em geral, mas em particular, o córtice orbitofrontal, em particular o direito e o córtice pré-frontal) e a relação de vinculação com a mãe ou outro cuidador primário (Schore, 2001). Ora a neurogénese, nestas regiões, pode efetivamente ser estimulada ou, pelo contrário, inibida, pela qualidade da estimulação precoce e das interações regulatórias entre o bebé e o adulto. Não obstante a persistência de traços de psicopatia em crianças muito novas (Frick et al. 2003), e a descoberta inclusivamente de que a frieza emocional e as condutas agressivas continuadas em crianças e 37

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adolescentes estão associadas a um polimorfismo em particular de um gene que codifica para recetores de ocitocina (Beitchman et al., 2012), o mesmo estudo mostra que a conduta (que no fim de contas é o produto final desta espiral de interações entre genes e ambiente), só é agressiva quando esta forma do gene está associada a um facilitador ambiental nos rapazes – a exposição à violência. Por outras palavras, escudados da violência, os rapazes com a predisposição genética não desenvolvem a conduta social agressiva. Também o bem-estar subjetivo (satisfação com a vida) tem sido associado à empatia, com dados que sugerem que esta medida pode estar ligada a uma perceção positiva das interações sociais, em particular aos afetos positivos e à autoaceitação, que num estudo longitudinal mostraram ser fortes preditores de traços empáticos (Grühn et al., 2008). Isto não surpreende, atendendo à evidência empírica anterior mostrando uma associação positiva entre afetos positivos e níveis de ocitocina, que é libertada quando se experimentam emoções agradáveis (Uvñas-Moberg e Peterson, 2005). A exposição a estímulos emocionais é algo que, tendo em consideração o dispositivo de “ressonância” já referido de que dispomos – o sistema de neurónios espelho (Iacoboni et al, 2005) – será à partida de esperar que funcione como fermentador ou desencadeador de respostas empáticas, uma vez que produz uma experiência vicariante no observador em consonância com a do observado. Com efeito, alguns investigadores exploraram esta ideia usando filmes, inclusive no sentido de promover mudanças rápidas na resposta empática de profissionais de saúde aos seus pacientes, tendo obtido resultados muito positivos (Blasco e Moreto, 2012; De Vied et al., 2009; 2012; Hojat et al, 2013; Loureiro et al. 2011). Outra abordagem análoga é a da utilização de textos literários como estímulo (em contraste com literatura popular mais superficial), possibilitando uma maior estimulação da empatia cognitiva por franquear ao leitor acesso pleno aos pensamentos, reflexões e dilemas dos personagens, cujo conhecimento aprofundado do indivíduo alvo, permite maior sucesso em tarefas de predição do estado emocional e do comportamento (Kidd e Castano, 2013). Assim, as contingências entre predisposições e ambiente de que já temos conhecimento, podem mudar tudo e poderão ser estruturantes no nosso planeamento de desenhos de investigação e estratégias de educação e intervenção precoce. 38

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