NO ECLIPSE DA HISTÓRIA: AFONSO CELSO E O PENSAMENTO MONARQUISTA NO BRASIL EM FIN-DE-SIÈCLE

June 4, 2017 | Autor: Augusto Petter | Categoria: Intellectual History, Monarchy, História do Brasil, Historia Intelectual
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

NO ECLIPSE DA HISTÓRIA: AFONSO CELSO E O PENSAMENTO MONARQUISTA NO BRASIL EM FIN-DE-SIÈCLE

Licenciatura plena e bacharelado em História

Augusto Castanho da Maia Petter

Santa Maria, 2015

NO ECLIPSE DA HISTÓRIA: AFONSO CELSO E O PENSAMENTO MONARQUISTA NO BRASIL EM FIN-DE-SIÈCLE

POR

AUGUSTO CASTANHO DA MAIA PETTER

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de História, do Departamento do História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado e Bacharel em História

Orientador: Carlos Henrique Armani

Santa Maria, Rio Grande do Sul – Brasil 2015

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Sociais e Humanas Curso de História A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Graduação NO ECLIPSE DA HISTÓRIA: AFONSO CELSO E O PENSAMENTO MONARQUISTA NO BRASIL EM FIN-DESIÈCLE Elaborado por Augusto Castanho da Maia Petter Como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel e Licenciado em História COMISSÃO EXAMINDORA:

______________________ Carlos Henrique Armani, Dr. (UFSM) (Presidente/Orientador)

_____________________________ André Átila Fertig, Dr. (UFSM) (Membro)

_____________________________________ Paula Vanessa Paz Ribeiro, Doutoranda(UFRGS) (Membro) _____________________________________ Renata Baldin Maciel, Doutoranda(UFSM) (Membro/Suplente)

Santa Maria, RS, Brasil

Devemos levar a história a sério ou assistir a ela como um espectador? Será que devemos ver nela um esforço em direção a uma meta ou um conjunto de luz que ganha vida e empalidecesem necessidade nem razão? A resposta depende do nosso grau de ilusão sobre o homem. E. M. Cioran

Uma parábola hassídica diz-nos que Deus criou o homem para que contasse histórias. Esta narração de histórias é, segundo Lévi-Strauss, a própria condição do nosso ser. A alternativa seria a inércia total ou o eclipse da razão. George Steiner

Desde que o sol se esconde nós acreditamos que ele não se levanta mais; como as aves, tomamos o eclipse por uma noite precipitada. Joaquim Nabuco

Os eclipses são fenômenos passageiros. A sombra efêmera que originam não perturba a marcha dos astros! Afonso Celso

RESUMO Trabalho de Conclusão de Graduação Curso de História - Licenciatura Plena e Bacharelado Universidade Federal de Santa Maria NO ECLIPSE DA HISTÓRIA: AFONSO CELSO E O PENSAMENTO MONARQUISTA NO BRASIL EM FIN-DE-SIÈCLE AUTOR: AUGUSTO CASTANHO DA MAIA PETTER ORIENTADOR: CARLOS HENRIQUE ARMANI Data e Local da Defesa: Santa Maria, 10 de dezembro de 2015.

Resumo: O presente trabalho segue através do campo da história intelectual, tendo como objeto de estudo a analise da narrativa de histórica construída por Afonso Celso, que era compartilhada por alguns outros intelectuais monarquistas brasileiros do período denominado Fin-de-Siècle, no final do século XIX e início do século XX. Estas narrativas procuravam desvendar o lugar do Brasil na história universal, culminando assim, numa filosofia da história que se apresenta na tentativa de narrar o processo histórico como um todo, e dentro dele, acomodar o Brasil em seu Ser nacional. Entre os artifícios usados para a construção deste discurso, têm aqui, maior relevância, a representação de Dom Pedro II e do Segundo Reinado. A construção discursiva de Celso, por si só, remete a uma ideia de uma filosofia da história do que busca “forjar” a identidade nacional do Brasil, o ser do Brasil através de uma defesa da Monarquia, e, consequentemente, em contraposição à República, que para os monarquistas do período, era o eclipse que obscurecia um período transitório – até seu pensamento culminar para uma ideia de fatalidade da história – da história nacional. Dessa forma, através da análise das obra deste autor, bem como de uma intensa tentativa de compreender o contexto intelectual em questão, é possível encontrar, como tema propulsor de seus discursos, a figura de D. Pedro II, assim como de seu Reinado. Características do Segundo Reinado e da própria personalidade do Imperador tornam-se elementos importantes para a formação de um Ser Nacional do Brasil, de índole monárquica, no decorrer de sua história. Ser que se opõe, na visão de Celso, à jovem ditadura Republicana de onde profere os seus discursos. Palavras-chave: Filosofia da História, Monarquia, Afonso Celso.

ABSTRACT Conclusion Work Graduation History Course –Full Degree and Baccalaureate Universidade Federal de Santa Maria IN THE ECLIPSE OF HISTORY: AFONSO CELSO AND THE MONARCHIST THOUGHT IN BRAZIL FIN-DE-SIÈCLE AUTHOR: AUGUSTO CASTANHO DA MAIA PETTER ADVISOR: CARLOS HENRIQUE ARMANI Date and Local of Defense: Santa Maria, december10h, 2015.

Abstract:This work follows through the field of intellectual history, with the object of study to analyze the historical narrative built by Afonso Celso, which was shared by some other Brazilian intellectuals monarchists from Fin-de-Siècle, in the end of nineteenth century and beginning of twentieth century. These narratives tried to understand Brazil's place in world history, culminating thus a philosophy of history which is presented in an attempt to narrate the historical process as a whole, and within it, accommodate Brazil in its national being. Among the devices used for the construction of this discourse have here, most relevant, the representation of Dom Pedro II and the Second Empire. The discursive construction of Celso refers to an idea of a philosophy of history that seeks to "forge" the national identity of Brazil, the being of Brazil through a defense of the monarchy, and at the same time, in opposition to Republic, that to the monarchists was an“eclipse” that darkened a “transitional” period - until its culmination thought for a fatality idea of history - of Brasilian national history. Thus, through the work of this author analysis as well as an intense effort to understand the intellectual context at issue.It can find as propellant theme of his speeches, the figure of D. Pedro II and His kingdom. Features of the Second Empire and the Emperor's personality become important elements for the formation to the national being of Brazil, with a monarchical nature. Being the is the opposition, in Celso's view, to the young dictatorship Republican where utter his speeches. Key-words: Philosophy of History, Monarchy, Afonso Celso.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8 APÊNDICE – Quem foi Afonso Celso.....................................................................................12 CAPÍTULO 1 -O discurso monarquista na historigrafia – conteúdo e forma .......................... 13 1.1 Considerações teórico-metodológicas ........................................................................ 13 1.2 Considerações literárias ............................................................................................. 18 1.3 Donde se partir: considerações avaliativas ................................................................ 25 CAPÍTULO 2 - A filosofia da história como narrativa nacional e o contexto finissecular ..... 35 2.1 O Fin-de-Siècle e o apogeu da história ...................................................................... 35 2.2 A narrativa da nação e a filosofia da história ............................................................ 41 2.3 Um caso brasileiro: os monarquistas ......................................................................... 47 CAPÍTULO 3 – E lá estava Afonso Celso ............................................................................... 56 3.1 Afonso Celso e a filosofia da história ......................................................................... 56 3.2 O advento da república, a herdeira ilegítima da nação brasileira.. .......................... 62 3.3 D. Pedro II e o Segundo Reinado: a autenticidade do ser brasileiro ......................... 71 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 79

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INTRODUÇÃO

O processo de construção identitária se dá através de relações, ou pelo menos de formas relacionais, com o outro. Ao buscar narrar a si mesmo, o sujeito narra, necessariamente um outro como seu consituinte. É isso que se sucede muitas vezes no aparecimento de narrativas que buscam ordenar, reconhecer e apreender os acontecimentos passados (esse, pode tanto aparecer como um outro quanto como o legitimo predecessor do si). Somos levados então a considerar que a própria identidade é formada por ideias de continuidade e ruptura com o passado – e com o passado do mundo ao seu redor. Dessa forma, o si tende a indertificar a si mesmo como um desdobramento do acúmulo das experiências passadas. Ou seja, é num processo radical de autoconhecimento através da alteridade que nos reconhecemos e nos narramos. Já sucederam intensos debates acerca do papel da narrativa dentro da historiografia. Dentre as alegações, houve as que alegavam que, como indivíduos, somos construtores e articuladores da linguagem; de outro lado, afirmações que subsumiam a linguagem sobre o indivíduo, pelo fato de estarmos perpassados por relações discursivas e inseridos em um mundo de linguagem.1 Então, até que ponto este trabalho que diz sobre quem vos fala e sobre quem quer vos falar? Nesta pesquisa, busca-se a posição de que o sujeito autoral encontra-se tão presente quanto objeto histórico à que ela se remete. É aqui tomada consciência do papel das relações que a historicidade do mundo linguístico nos submete, porém, a voz autoral e a assinatura são provenientes de uma manifestação individual do sujeito. Dentro das características que esse trabalho se propõe apresentar, é preciso aqui que sejam feitas algumas considerações acerca do oficio primeiro do historiador. E, por conseguinte, a resultante aceitação de uma resposta/superação que almeja uma virtuosa mediana dentro do debate sobre o fazer historiográfico, isto é, aceitando-o tanto como arte quanto como ciência. Se por um lado é ciência, mesmo o quão distinta seja das ciências físicas e biológicas, ela ainda possui um caráter de ciência humana – ou do espírito, como nomeou Wilhelm Dilthey; a ciência inexata, como inferiu Hans Gadamer; ou até, uma ciência despida de paradigmas, como para Carlo Ginzburg - por possuir seus próprios métodos e suas próprias formas de explicação.2 Por outro, é arte, pois, “o que importa, aqui, é sublinhar que o texto histórico terá de ser rigoroso, objectivo, bem fundamentado, mas também claro, 1

Podemos recordar os chamados pós-estruturalistas, como Foulcault e Derrida. Ver HARLAN, 2000. Ver ARÓSTEGUI, 2006. p. 23-96. Ver também COSTA, 2008, p. 43-70.

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comunicativo, sugestivo, ou mesmo, no limite,” e, além disso, um “fundador de harmonia, construtor de evidências que seriam como que a expressão do reconhecimento da ordem cósmica, ou, mais ainda, da potência criadora do Logos.”3 Este trabalho segue a seguinte estrutura narrativa: sendo composto por três capítulos, em ordem dialética, culmina para a “síntese da pesquisa”; da mesma forma, cada capítulo em si pussui a mesma estrutura, em menor proporção. O Capítulo 1 inicia com algumas reflexões teórico-metodológicas para o trabalho do historiador intelectual. Apresentando algumas perspectivas que regem tanto a visão do historiador como a metodologia à ser empregada, durante todo o trabalho. Então, são apresentados outros trabalhos que versaram sobre a mesma temática. Uma espécie de revisão não apenas bilbiográfica, mas teórico-bibliográfica, que já faz parte do processo de análise historiográfica. Isto resultará na terceira parte do capítulo, onde serão apresentadas diferentes perspectivas a serem trabalhadas com a mesma temática, bem como as lacunas e divergências encontradas na bibliografia anteriormente analisada pela perspectiva teórica que rege esse trabalho, abrindo assim, caminho para que sejam feitas as considerações “empíricas” da pesquisa. Já o Capítulo 2 busca apresentar uma análise contextual [das ideias] que permearam o período sobre a temática na qual a análise é efetuada. Sendo assim, uma contextualização do próprio contexto (que aparecerá de forma inversa no próximo capítulo, através do texto), não apenas apresentando-o, mas também o interpretando. A ordem que segue este capítulo inicia com uma análise do seu recorte temporal, o Fin-de-Siécle, como apresentado por Franklin Baumer. Após o reconhecimento das ideias que se encontravam vigentes no período, é posta como sua antítese, uma análise específica de duas delas: a primeira, a ideia de nação, e a segunda, a da forma narrativa da filosofia da história, com a finalidade de demonstrar sua importância e presença no período e como elas se entrecruzaram. Para fechar o segundo capítulo, é buscada a compreensão destas ideias dentro do contexto do Fin-de-Siècle, transpondo-o assim, para o pensamento brasileiro, especificamente o pensamento monarquista. O capítulo três diz respeito a uma análise e específica de parte da obra de Afonso Celso, político e intelectual do Império que se manteve ativo ao defender a instituição monárquica desde a ascensão do regime republicano no Brasil. A análise é proveniente tanto das perspectivas apresentadas no primeiro capítulo quanto da contextualização de ideias do

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MATTOSO, 1988, p. 27.

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segundo. Vemos então, como Afonso Celso evoca o passado, presente e futuro do Brasil em sua narrativa, constituindo uma filosofia da história na qual a nação brasileira é posta como protagonista. A seguir, é debatida sua visão de história, que se dá também por uma rejeição do presente e por uma evocação à continuidade com o passado monárquico nacional a fim de deslegitimar a República como integrante da História do Brasil em seu ser. E por último, é demonstrado aqui, que no interior da filosofia da história de Afonso Celso, se encontram como os exemplares da história nacional do Brasil, D. Pedro II e o Segundo Reinado. A temática abordada por esse trabalho se propõe em ser, em sua especificidade, inovadora. Porém, em um contexto maior, se falarmos sobre os estudos mais importantes acerca da história intelectual do Brasil, já é possível encontrar trabalhos com a mesma finalidade. Intelectuais com pensamentos similares como Joaquim Nabuco, Oliveira Lima e Eduardo Prado já foram objeto de diversos estudos em diferentes abordagens. Bem como há trabalhos que buscaram alguma afinidade com a história intelectual e a história do discurso para imbuir seus trabalhos acerca do pensamento dos intelectuais de Fin-de-Siècle brasileiro. Os eleitos aqui como mais importantes, serão parte complementar da análise desta pesquisa: trabalhos feitos por Lúcia Lippi Oliveira, Roberto Ventura, Maria de Lourdes Janotti e Carlos Henrique Armani. Entretanto, cabe apontar aqui, introdutoriamente, não alguns trabalhos, mas o rumo que a historiografia Brasileira já estava versando acerca dos diálogos convergentes que se formavam acerca da transição monarquia-república no Brasil.4 Assim, para representar a discussão acerca do período, serão invocadas algumas partes do artigo de Janotti. A autora elabora um apanhado acerca dos discursos historiográficos que vigoraram para explicar esse período de transição do Império para a República. Cabe então apontar que a historiografia acerca do período começou a ser construída abruptamente a ascensão do regime republicano, e se consolidou quando os ânimos estavam por se acalmar. Janotti tenta estabelecer o diálogo possível entre as explicações políticas pelos testemunhos de época e as posturas historiográficas na passagem do Império para a República, bem como apontar como se deu a historiografia sobre o período ao longo do tempo. Por mais que hajam aqui, algumas divergências com a perspectiva de Janotti, é aceito que esta faz uma notável síntese sobre a literatura acerca do período. A historiadora defende que a historiografia passou a adotar “a ideia de uma passagem natural e pacífica para o regime republicano.”5 Isso se deu por meio de uma pergunta central. O que estava acontecendo que 4

JANOTTI, 1998, p. 119-143. Ibid., p. 123. Todos os trechos de obras e fontes citadas serão transcritos com atualização gramatical livre. Para não comprometer, de alguma forma, a leitura. 5

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foi capaz de fazer subir uma instituição que parecia tão sólida? Podemos visualizar então, segundo Janotti, a presença de seis diferentes discursos correntes acerca da ascenção da república no Brasil no período: o discurso dos militares, do srepublicanos parlamentaristas ou residencialistas, dos monarquistas, dos jacobinos, dos católicos, e dos desiludidos. A visão no meio intelectual de que a república chegou em clima de paz começou a ser construída pelos próprios contemporâneos do período, que travavam lutas pela conquista do poder. Essa ideia foi reforçada até a década de 20. Entretanto, “até hoje [1998], quase a totalidade das „manifestações historiográficas‟ de divulgação e de caráter didático,” influentes veículos para a formação de uma memória nacional, tenderam a valorizar somente o discurso elaborado pelos grupos políticos republicanos civis, destacadamente os cafeicultores paulistas. Janotti faz uma divisão dos discursos explicativos que a historiografia tratou acerca do período: o primeiro foi o discurso dos militares, os “senhores de primeira hora”, com as ideias de uma República democrática e de ditadura nacionalista. Posteriormente, o discurso civil hegemônico até a década de 1920, que intentava uma República liberal e presidencialista, em sua frente estava o Partido Republicano Paulista. Seguindo então, estava o discurso castilhista, o republicano sul-riograndense, composto pelos vencedores da Revolução Federalista. Esse regime era favorável à ditadura republicana com influência do positivismo e de Auguste Comte. E em quarto, um discurso que perdurou apenas pouco tempo, o dos monarquistas. Este último estruturarou um sólido e coerente discurso de idealização do Império, mas que não vingou a ponto de gerar uma restauração. Por fim, a imagem que persistiu nas interpretações feitas sobre o Brasil do período foi da República como fatalidade. Essa percepção fatalista “utilizada como categoria para a compreensão do passado, baseia-se na inevitabilidade da evolução dos acontecimentos,” ou seja, de uma ideia teleológica de história que ruma ao progresso.6

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JANOTTI, 1998, p. 141.

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APÊNDICE – Quem foi Afonso Celso.

Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior nasceu em Ouro Preto no ano de 1860. Durante sua vida, desde a juventude até seu falecimento em 1938, atuou em diferentes áreas: tanto como literato quanto como historiador, também, como jurista e como professor. Afonso Celso foi membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Brasileira de Letras, da qual foi presidente. Na política, Celso atuou como deputado no parlamento imperial. Na sua vida acadêmica, foi professor universitário de Direito, atingindo o cargo de Reitor da Universidade do Rio de Janeiro. É autor de diversas obras, literárias, políticas, históricas e biográficas. Entre elas: Camões (1880), O Imperador no Exílio (1893), O assassinato do Coronel Gentil de Castro (1897); Porque me Ufano do meu País (1901), Visconde de Ouro Preto (1935). Além disso, possuiu extensa produção literária e jornalística. Foi tradutor, escritor de contos e de peças de teatro, e é claro, um intenso proferidor de discursos (políticos ou não). Filho do Visconde de Ouro Preto, podemos caracterizar Afonso Celso como tendo sido um jovem republicano de tendências conservadores. Um conservador, católico7, e ao mesmo tempo de espírito liberal e anti-escravista, tanto que ao raiar do regime militar que se instaurava no país em 1889, tornou-se um monarquista convicto. Tendência esta que lhe permaneceu impressa ao longo de sua maturidade, quando decidiu se retirar da vida política efetiva, no regime republicano. Afonso Celso é mais marcadamente lembrado por sua presença na formação do chamado ufanismo, que se iniciou para o grande público com Porque me Ufano de meu País, este, em 4 anos, já havia sido reimpresso e reeditado diversas vezes. A perspectiva ufanista diz respeito as relações de patriotiso, de um amor profundo a sua nação. Celso, bem como posteriores ufanistas, buscou ressaltar as grandezas nacionais do Brasil: o que faz do Brasil ser o que ele é, em toda a sua magnitude. Para isso, invoca aspéctos como a natureza e a história nacional do Brasil.8 O sujeito que procuramos examinar nesta pesquisa é este “todo” intelectual, da obra e do contexto (período durante a transição do regime monárquico para o republicano no Brasil), período que denominamos, em um contexto mais geral - do Ocidente -, o fin-de-siècle. 7

Teve o título de Conde concedido pelo Papa, ficando conhecindo como Conde de Afonso Celso. Informações desta apêndice tiveram o seu conteúdo extraído de: LÚCIO ALCÂNTARA, senador Presidente do Conselho Editorial do Senado Federal IN: CELSO, Afonso. Oito Anos e Parlamento: reminiscências e notas. Brasília: Senado Federal, 1998. 8

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