NO ORIENTE E NA ÁFRICA

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NO ORIENTE E NA ÁFRICA: O IMPÉRIO BIZANTINO

Em 395, com a divisão do Império Romano, formou-se o Império Romano do Oriente, que englobava a Grécia, a Ásia Menor, a Síria atual, a Palestina, o nordeste da África (incluindo o Egito) e as ilhas do Mediterrâneo oriental. Quando, em 476, Roma foi definitivamente tomada pelos germanos, a parte oriental do Império sobreviveu, mantendo intensa atividade urbana e mercantil. Com o passar do tempo, inúmeros aspectos da cultura romana foram abandonados nessa região. O próprio latim foi substituído pelo grego. Tudo isso levou ao desenvolvimento de uma sociedade com características singular – o Império Bizantino. Um dos aspectos distintivos da sociedade bizantina foi exatamente a comunhão entre valores greco-romanos e orientais. É traço marcante desse Império, também, a completa assimilação dos preceitos do cristianismo, tendo sido em Constantinopla que se realizaram os primeiros concílios responsáveis pela definição dos dogmas da Igreja Católica. 1. CONSTANTINOPLA: Em 330, no mesmo local onde existia a antiga colônia grega de Bizâncio, o Imperador Constantino mandou construir Constantinopla. Atualmente denominada Istambul, a cidade ocupava excelente localização, entre os mares Negro e Egeu. Para melhorar ainda mais suas condições de defesa, foram construídas enormes muralhas ao seu redor. Essas características permitiram que ela resistisse a numerosos ataques ao longo dos séculos. Por muito tempo, Constantinopla foi um centro prospero e florescente, com intensas relações comerciais, que se estendiam até o Extremo Oriente. 2. JUSTINIANO E SUAS CONQUISTAS: No governo de Justiniano, o Grande (527-565), o Império Bizantino atingiu o esplendor. A tentativa de restabelecer a unidade do antigo império Romano está entre suas realizações de maior destaque. Justiniano empreendeu a reconquista das terras do Ocidente, que haviam sido perdidas para os povos germânicos. Com grandes esforços retomou a península Itálica, no norte da África e o sul da península Ibérica. Mas os territórios 1

reconquistados logo sofreriam ocupação de outros povos, não permanecendo muito tempo sob domínio bizantino. Em seu governo, Justiniano ordenou que se organizasse um trabalho de compilação do Direito romano, do qual resultou o Corpo do Direito Civil, composto de quatro partes: 

O Código Justiniano – reunião de todas as leis romanas desde Adriano até o ano de 534.



As Institutas – princípios fundamentais do Direito Romano.



O Digesto ou Pandectas – síntese da jurisprudência romana cujo conteúdo apresenta os pareceres dos grandes juristas das Institutas.



As Novelas – reunindo a nova legislação.

Nika, a Revolta. Em 532, Constantinopla foi agitada por uma revolta de grandes proporções, conhecida pelo nome de revolta de Nika, porque a população gritava a palavra vitória (nike, em grego). Iniciada no hipódromo, onde a rivalidade esportiva refletia a divergências sociais, politicas e religiosas, a rebelião se propagou rapidamente por toda a capital. A população indignavase, sobretudo com os altos impostos cobrados. Diante da gravidade da situação, Justiniano ameaçou fugir da cidade, mas foi impedido por sua mulher, Teodora. A revolta foi ferozmente reprimida pelo general Belisário. Estima-se que cerca de 30 mil pessoas tenham sido degoladas. 3. ESTADO E IGREJA: Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, foram organizados concílios para definir seus dogmas. Aos poucos, a Igreja Católica foi-se estruturando e reunindo em torno de si um conjunto de servidores - o Clero. Nos primeiros tempos, chamavam-se patriarcas os integrantes do clero que eram responsáveis pela Igreja nas regiões em que se subdividiam as terras do Império Romano: Alexandria, Jerusalém, Antioquia, Constantinopla e Roma. Posteriormente o patriarca de Roma se autoproclamou papa, “pai de todos os cristãos”. A supremacia do papa sobre todos os patriarcas ocidentais foi decretada pelo imperador romano em 455. Mas 2

somente no século VI, com o papa Gregório, ela conseguiu se impor definitivamente.

A Igreja se divide. O império Bizantino foi palco de importantes questões religiosas. Por reunir populações estreitamente vinculadas às culturas orientais, nele o cristianismo assumiu características peculiares. A disseminação de imagens ou ícones representando Cristo ou figuras de santos, por exemplo, era fortemente atacada em Constantinopla por algumas corretes mais espiritualizadas do cristianismo. Segundo esses adeptos, o uso de imagens representava um retorno á idolatria, contrario aos preceitos cristãos. Havia também questões de ordem politica e econômica. A fabricação e a venda de imagens ficavam predominantemente nas mãos de monges, que lucravam muito com esse comércio. Isentos de qualquer tipo de tributo, os monges concentravam em seu poder grandes propriedades e riquezas, o que era também interpretado como uma ameaça ao poder central. A disputa entre iconólatras, que praticavam o culto de imagens, e iconoclastas, contrários a elas, agitou o Império nos séculos VIII e IX. Essa disputa, por sua vez, acirrou as rivalidades entre o patriarcado de Bizâncio e o papa de Roma. A interferência do ultimo em defesa da produção de ícones associada a inúmeras outras divergências acabou provocando mais tarde, em 1054, o chamado Cisma do Oriente, que dividiu a Igreja Católica em duas: Igreja Católica apostólica Romana e Igreja Católica Ortodoxa Grega.

4. CRISE NO IMPÉRIO: O império Bizantino começou a entrar em declínio na fase final do governo de Justiniano. Entre os séculos IX e XI, ocorreu um breve período de prosperidade conhecido como “renascença bizantina”. Em seguida, porém, as disputas religiosas e as constantes ameaças de invasão fizeram com que as crises se instalassem de maneira irreversível. Acelerou-se o empobrecimento das cidades, a produção e o comércio se enfraqueceram e o império perdeu pouco a pouco alguns de seus mercados em região distantes. 3

Finalmente, em 1453, Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos e o Império Bizantino entrou em colapso. Esse fato é geralmente adotado como o marco que assinala o fim da Idade Média. A cultura bizantina teve grande influência sobre os povos da Europa oriental, como russos, armênios, búlgaros e sérvios. Eles assimilaram vários costumes do cristianismo por meio do contato com religiosos enviados pela Igreja Católica Ortodoxa Grega em missões de evangelização.

Constantinopla e o comércio externo. Quando, a partir de meados do século VIII, os árabes ocupavam a Palestina, a Síria, o Egito e todo o norte da África, Constantinopla viu crescer sua importância no seio da Cristandade, como centro econômico, politico e religioso no Mediterrâneo oriental. Tendo incrementado a construção naval e desenvolvido uma importante indústria de armamentos e artigos de luxo, a cidade canalizava seus excedentes tanto para os portos mediterrâneos como para os mercados asiáticos. Também os navios das nascentes repúblicas italianas (sobretudo Gênova e Veneza) e das cidades bizantinas do sul da península demandavam Constantinopla em busca desses mesmos produtos e das rotas que lhes dariam acesso às mercadorias do Extremo Oriente. Trebizonda, localizada às margens do mar Negro, era a cidade bizantina que se abria para o comércio asiático, enquanto Quersoneia, na Crimeia recebia as matérias-primas vindas do Báltico em caravanas que atravessavam as planícies russas. Esta última corrente comercial era alimentada por escandinavos, como os suecos, conhecidos nas margens do Dnieper por “russ” ou varângios. À sua influencia se deveu o crescimento das cidades de Kiev e Novgorod, sobre as quais Constantinopla veio a estender sua presença espiritual.

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NO ORIENTE E NA ÁFRICA: O IMPÉRIO BIZANTINO



Série

Data

Situação de aprendizagem 16 – História - Prof. Elicio Lima

NOME: PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1

1. Na história da Idade Média o Império Bizantino ocupou um lugar especial, em virtude de sua longa duração e dos muitos pontos de contato que manteve com a Europa ocidental. Como surgiu o Império Bizantino?

2. No ano de 532, uma importante revolta agitou a capital do Império Bizantino, mostrando que a população estava descontente como o governo de Justiniano. Quais eram as causas desse descontentamento e como aconteceu essa revolta?

3. Que atividades econômicas se desenvolviam em Constantinopla?

4. Referenciado pelo contexto do material trabalhado e por sua percepção da realidade atual: que importância tem o comércio para os povos e para as sociedades enquanto Nação?

Material elaborado pelo Prof. Elicio Lima para sistematizar situações de ensino-aprendizagem na sala de aula. A intertextualidade desse trabalho se estabelece no dialogo entre as obras: História: Volume único: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. São Paulo: Ática, 2005. História global volume único: Gilberto Cotrim. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. História Sociedade & Cidadania: Alfredo Boulos Júnior. 1ª ed. São Paulo: FTD 2013. Material referenciado pelos Parâmetros curriculares Nacionais e proposta curricular do Estado de São Paulo (Feitas algumas adaptações e grifos para facilidade o processo didático ensino aprendizagem - 2016). Sequencia didática, 16. Primeiro ano do Ensino Médio.

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