No outro lado do rio: colonialismo, conflitos e mulheres de Goa nos séculos XVI e XVIII

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Em Goa, região na costa sudoeste do Sul da Ásia, canta-se e conta-se histórias de um tempo em que para participar de rituais, mulheres e homens hindus cruzavam para o outro lado do rio. Do outro lado do rio, saíam das terras dos portugueses, que administravam Goa desde o início do século XVI - domínio que durou até o século XX. A colonização portuguesa pressupôs não só a obtenção de lucros, mas também a consolidação de um poder político, e com ele, um poder religioso sobre os nativos e nativas. Durante esse período, missionários europeus cristãos chegavam com o intuito de conversão da população local, em maioria hindu; leis e aparatos do Estado colonial visavam, em conjunto com a Igreja, modificar hábitos locais e propiciar favorecimentos aos cristãos. Nesse processo, subalternizavam as goesas e goeses, principalmente os hindus, e também, ainda mais, algumas hindus: as bailadeiras, ou kalavant. Através de documentação, destaca-se como se deu a perseguição a tais grupos, os conflitos gerados, e as ações e resistências desses homens e mulheres. Se no século XVI se resolvera pela proibição e alteração de diversos aspectos da vida dos nativos e nativas, no século XVIII, segundo as fontes utilizadas, há indícios de significantes permanências. Essas continuidades denotam a diferença entre um projeto colonial, pensado pelos portugueses a partir de suas experiências e a realidade colonial, feita pelos conflitos, disputas e ações dos nativos e nativas de Goa. Para compreender essas ações, procura-se utilizar aportes metodológicos que destaquem as ações de goesas e goeses através dos indícios presentes em documentos oficiais europeus: petições, correspondências, provisões, dentre outras. Para também questionar a ênfase historicamente dada às ações portuguesas quando estudada a História de Goa, procura-se entender os acontecimentos sob uma ótica decolonial e crítica, que procure evidenciar as existências e ações dos sujeitos subalternizados na hierarquia social então vigente, assim como perceber os mecanismos de poder colonialista atuantes.
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