Nos Idos de Março, o Rei está Nu

July 27, 2017 | Autor: C. Pereira da Sil... | Categoria: Democracy and Cyber-Democracy Theory and Practice, Brazilian Studies, Protest, Brazil, Deliberative Democracy, Democracy, New Models Of Participatory And Direct Democracy, Participatory Democracy, Brazilian Politics, Hannah Arendt, Contestation and political processes, Radical Democracy, História do Brasil, Brasil, Protest Movements, Social protests, Pensamento Social Brasileiro, Aécio Neves, Protest and resistance, Democracia, Ética y Política - Democracia y Ciudadanía, Hannah Arendt, theory of revolution, politics of non-violent action, Lula's government, gramáticas políticas no Brasil, Contestation, Democracy and Citizenship Education, eleições no Brasil, PT (Partido Dos Trabalhadores), Manifestações Populares, Manifestations of Authority and Power, PSDB, Dilma Rousseff, Democracy, New Models Of Participatory And Direct Democracy, Participatory Democracy, Brazilian Politics, Hannah Arendt, Contestation and political processes, Radical Democracy, História do Brasil, Brasil, Protest Movements, Social protests, Pensamento Social Brasileiro, Aécio Neves, Protest and resistance, Democracia, Ética y Política - Democracia y Ciudadanía, Hannah Arendt, theory of revolution, politics of non-violent action, Lula's government, gramáticas políticas no Brasil, Contestation, Democracy and Citizenship Education, eleições no Brasil, PT (Partido Dos Trabalhadores), Manifestações Populares, Manifestations of Authority and Power, PSDB, Dilma Rousseff
Share Embed


Descrição do Produto

13/03/2015

SRZD | Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu | Notícia | Brasil

Login Cadastro Anuncie Fale Conosco

Home

Carnaval

Arte e Fama

FutRJ

Esportes

Rio+

Pesquisa Google, digite o texto

Brasil

Mais

Blogs

Home > Editorias > Brasil

13/03/2015 17h03

Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu Carlos Frederico Pereira da Silva Gama*

0 Curtir Compartilhar

0

27.2K Tweet

2013. Véspera de ano eleitoral. O Brasil viveu as maiores manifestações desde a campanha das Diretas-Já. Não vimos pedidos de impeachment ou partidos políticos (da oposição ou situação) ocupar as ruas. Nas jornadas de Junho, milhares de brasileiros nas grandes capitais manifestaram seu descontentamento com uma série de questões que antes eram menos visíveis no espaço público. Durante décadas de inflação de 2, 3 ou até 4 dígitos, seguidos aumentos das tarifas de transporte público, água e luz eram rotineiros. As autoridades quase nunca se preocupavam em justificá-las. Em 2013, cidadãos brasileiros politizaram os 20 centavos. A contestação ia além do descontentamento tarifário. Atrasos nos preparativos para a Copa do Mundo coincidiram com o aumento de tarifas. Anunciada em 2007 como megaevento financiado com recursos privados, a Copa das Copas acabou sendo maciçamente financiada com recursos públicos federais e estaduais. A agenda das ruas também incluía o combate à corrupção, o descontentamento de novas classes médias com uma economia em desaceleração, e a violência policial. Diante das manifestações, o meio político reagiu com perplexidade e violência. Governos estaduais reprimiram duramente manifestações no Rio, São Paulo e Minas. Inicialmente relutante, o governo federal endossou a repressão e buscou deslegitimar as manifestações. Elas não teriam uma agenda política definida (dada a ausência de partidos) e seriam prejudiciais à imagem do Brasil nas vésperas da Copa.

http://www.sidneyrezende.com/noticia/246846

1/6

13/03/2015

SRZD | Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu | Notícia | Brasil

13 de Junho de 2013 Houve tentativas, em seguida, de levar às ruas a sociedade civil organizada, em defesa do governo Dilma Rousseff (PT). Em 11 de Julho, partidos da base aliada do governo, centrais sindicais e movimentos sociais tentaram coordenar grandes manifestações nas capitais. Essas mobilizações não foram comparáveis às de Junho em termos numéricos, tampouco apresentaram uma agenda política clara. A tentativa de ocupar o espaço político das jornadas de Junho falhou. Novas levas de contestação se seguiriam, até a Copa. Com a popularidade despencando de níveis recordes para menos de 40% do eleitorado, a Presidenta Dilma apresentou em Agosto de 2013 uma série de propostas (os pactos). O primeiro deles era a reforma política. Diante da resistência da base governista, os pactos não duraram uma semana. O governo preferiu reformar sua base para as eleições, com destaque para o PMDB, contemplado com novos ministérios. A reforma política foi marginalizada na campanha eleitoral. No segundo turno, nem a Presidenta Dilma nem o senador Aécio Neves (PSDB) se comprometeram em fazê-la. Recém-reeleita num pleito disputado, a Presidenta foi surpreendida com o retorno inesperado da reforma política em 2015, pelas mãos do partido que a havia vetado. Eduardo Cunha (PMDB) venceu a eleição para a presidência da Câmara contra a candidatura governista e utilizou a reforma política como elemento de pressão sobre o governo. As escolhas feitas em 2013 trouxeram grandes custos políticos para o PT. Além da captura da reforma política por um PMDB hostil, Dilma lidará com novas manifestações previstas para o dia 15 de Março. O contexto é ainda mais desfavorável: na TV, a Presidenta acaba de anunciar que os custos de um profundo ajuste econômico serão compartilhados com a sociedade. A reação ao anúncio de Dilma foi também surpreendente: manifestações de repúdio durante a transmissão aconteceram em 12 capitais brasileiras. Ao atribuir à "burguesia" as críticas ao discurso presidencial, o PT cometeu um erro de cálculo. Nem os milhares que foram às ruas em 2013, nem os milhões que votaram em outros candidatos (ou sequer votaram, caso de 28 milhões de eleitores) em 2014 se enquadram nessa categoria. Convocadas pelas redes sociais, as manifestações dos últimos três anos não foram monopólio de partidos ou grupos de interesse; tampouco foram homogêneas em termos de classes sociais. A amplitude da crítica e novas tentativas de ocupar o espaço da contestação com manifestações oficiosas (como as das centrais sindicais e movimentos sociais, convocada para o dia de hoje, 13 de Março) reiteram uma lição das jornadas de 2013: a politização veio para ficar. A corrupção na Petrobras (reconhecida pela própria empresa, ao incluir propinas milionárias no balanço de 2014), o aumento de tarifas, a perda de poder de compra do Real e a estagnação econômica são, doravante, itens de discussão pública num ambiente político que não se encerra com o fechamento de urnas. A democracia ganha novo fôlego com essas críticas cidadãs. Lidar com essas e outras questões implica um aprofundamento da qualidade da democracia. Frente a renovadas demandas por justificativas e responsabilização, tanto a propaganda oficiosa quanto palavras de ordem antidemocráticas não bastarão. Essa politização recente se soma à crise de legitimidade do sistema político criado pela Constituição de 1988. Seus principais integrantes - partidos políticos que se desconectaram da http://www.sidneyrezende.com/noticia/246846

2/6

13/03/2015

SRZD | Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu | Notícia | Brasil

sociedade - veem sua pretensão de monopolizar a representação política contestada por fatia crescente do eleitorado. Esse hiato crescente entre o sistema político formal e as demandas de uma população demandando o direito de ter direitos consagrado por Hannah Arendt mexeram com os principais partidos do Brasil. Seja brandindo a bandeira da reforma política ou buscando controlar as manifestações em seu próprio favor. Ao buscar imprimir às manifestações o mantra do impeachment - sem que haja indícios que impliquem politicamente a Presidenta Dilma, poucos meses após eleições democráticas - a oposição arrisca ser taxada de golpista. Partidos como o PSDB arriscam, ainda, associar sua imagem ao legado de Fernando Collor - empossado, há 25 anos, num 15 de Março, para efêmero governo marcado por corrupção e revezes econômicos - e contra quem o próprio PSDB se mobilizou, no 2º turno da eleição de 1989. 2015 adicionou a essas memórias uma constatação surpreendente: tanto o ex-presidente quanto o ex-líder dos caras-pintadas de 1992 Lindbergh Farias (senador pelo PT) foram denunciados pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot na Operação Lava-Jato. Ao buscar transformar o dia nacional de lutas em defesa incondicional do governo Rousseff, partidos como o PT arriscam ter seu legado medido contra o pano de fundo do passado recente. Há 36 anos, um jovem Lula comandava as greves no ABC num 13 de Março, aprofundando a contestação de uma claudicante ditadura que em seguida promulgaria a Anistia e restauraria o pluripartidarismo. A luta de 1979 era uma avanço em direção a uma democracia de múltiplas vozes e contestação. Pretender silenciar contestações e investigações a fim de preservar o governo configura um retrocesso. Paradoxalmente, o PT alçado à Presidência corre o risco de se posicionar na retaguarda democrática em seu 35º aniversário. O discurso de Dilma aprofundou as contestações dentro do próprio governo, ao assumir a profundidade da crise de 2008 e seus efeitos sobre a recuperação da economia brasileira (ao lado de crises climáticas que tampouco mereceram a devida atenção). Frente às peças da propaganda eleitoral, o discurso foi sentido como um balde de água fria político: o Rei está nu. Ao sinalizar com doloroso ajuste - que inclui PIB negativo em 2015, mudanças no seguro-desemprego, venda de ativos da Petrobrás após a demissão de toda sua diretoria e cortes milionários no orçamento de programas sociais - Dilma prestou irônico tributo à Geni da campanha eleitoral: Armínio Fraga. Associado com essas medidas, Armínio chegou a pedir desculpas publicamente durante a campanha, dizendo que não queria depauperar pessoas idosas. Diante da reaparição dessas medidas em 2015, Armínio merece desculpas. Aparentemente, estava certo. As ruas demandarão mais do que desculpas e mea culpas nos próximos dias. Em parte do seu discurso, Dilma assumiu postura de comunicação com a sociedade - tanto para justificar as medidas em curso quanto para pedir que a sociedade apoie o programa de ajuste. O que se espera do governo Dilma é que lide com as contestações nas ruas de forma condizente com suas credenciais democráticas e que mantenha aberto os canais de comunicação. Aplausos e vaias fazem parte da vida democrática. Contestações e demandas alimentam a experiência de construção conjunta do futuro. Escolhida para novo mandato à frente do Brasil, Dilma não pode se furtar a lidar com expectativas, frustrações e demandas. E para lidar com eventuais saudosismos autoritários, a letra da lei é clara, como nos diz a Carta cidadã: XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, http://www.sidneyrezende.com/noticia/246846

3/6

13/03/2015

SRZD | Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu | Notícia | Brasil

contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

*Carlos Frederico Pereira da Silva Gama é professor de Relações Internacionais da PUC-Rio em colaboração com o SRZD Leia também: - Artigo: Renan Calheiros, Eduardo Cunha e a Lava Jato

Comentários

0

de 0

BOMBANDO NA WEB 

Arte e Fama

Comentar

Daniela Mercury

+

@danielamercury

Nome:

Minha filha Márcia Vanessa me pediu para fazer um post para as pessoas seguirem a equipe dela da… https://t.co/N1SsRTqQY9

Email:

1 horas

     

Reynaldo Gianecchini Equipe.#sosmulheresaomar2 05 de mar

Daniela Mercury

+

@danielamercury

Acabei de publicar uma foto https://t.co/gOianoiMkR

Responda a pergunta da imagem

1 horas

Isso evita spams e mensagens automáticas.

     

Wagner Moura

enviar

Uma coisa que a gente não conhece mais: A letra das pessoas.Eis o autografo com a dedicatória mais linda que já recebi do Wagner!Eis a letra... 05 de mar

Aline Barros Bom dia! Crowdynews

http://www.sidneyrezende.com/noticia/246846

VEJA MAIS AQUI! 

4/6

13/03/2015

SRZD | Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu | Notícia | Brasil

Mais Lidas

Mais Comentadas

ANS suspende venda de planos de saúde de quatro operadoras

Morre Filho de casal homossexual espancado em escola de São Paulo

Sorteio da Mega-Sena pode pagar até R$ 20 milhões nesta quarta

Mercadante sobre pronunciamento de Dilma: 'Protesto é um direito do cidadão'

Dilma cancela compromisso em Belo Horizonte por motivo de saúde da mãe

http://www.sidneyrezende.com/noticia/246846

5/6

13/03/2015

SRZD | Artigo: Nos idos de março, o Rei está Nu | Notícia | Brasil

Últimas notícias em Brasil

Dois presos morrem em presídio do Maranhão

Carnaval

Arte e Fama

FutRJ

Esportes

Rio+

Carnaval/RJ Carnaval/SP Carnaval/BA Carnaval/ES Carnaval/MG Carnaval/RS

BBB 15 Cinema Música Televisão Holofote Blog da Ana Carolina Garcia

Blog do Carlos Molinari

Futebol Lutas Blog do Hélio Ricardo Rainho Blog do Hélio Rodrigues

Brasil

Mais Sustentabilidade Economia Mundo Tecnologia Ciência e Saúde Homem

Blogs Aloisio Villar Ana Carolina Garcia Ana Cristina Von Jess Cadu Zugliani Carlos Molinari Carlos Nicodemos

© 2006-2014. Todos os direitos reservados ao SRZD. Este material não pode ser publicado, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização. XCMS Publicador de notícias ByJG.

http://www.sidneyrezende.com/noticia/246846

6/6

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.