NOVAS FONTES DE ENERGIA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EVITAR A CATASTRÓFICA MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL

June 13, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Renewable Energy, Sustainable Development, Energy and Environment
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NOVAS FONTES DE ENERGIA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA EVITAR A CATASTRÓFICA MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL Fernando Alcoforado* Independentemente das várias soluções que venham a ser adotadas para eliminar ou mitigar as causas do efeito estufa e da consequente mudança climática catastrófica global, a mais importante é sem dúvidas a adoção de medidas que contribuam para a eliminação ou redução do consumo de combustíveis fósseis na produção de energia, bem como para seu uso mais eficiente nos transportes, na indústria, na agropecuária e nas cidades (residências e comércio), haja vista o uso e a produção de energia serem responsáveis por 57% dos gases de estufa emitidos pela atividade humana. Neste sentido, é imprescindível a implantação de um sistema mundial de energia sustentável. Tudo leva a crer que, se for mantida a tendência atual de consumo, a participação dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) na matriz energética mundial alcançará 80% em 2030. O petróleo tem uma posição dominante entre as fontes de energia utilizadas. O petróleo, o carvão e o gás natural são, pela ordem, as fontes de energia mais utilizadas na atualidade no consumo mundial final de energia. Os países industrializados da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) são os maiores consumidores de energia seguidos da China, Rússia e Ásia. Segundo a Agência Internacional de Energia, o petróleo e o carvão são os maiores responsáveis pela emissão de CO2 na atmosfera cujos maiores emissores são os países industrializados da OECD. Se for mantida a tendência atual, é muito provável que, por volta do ano 2020, o mundo estará fazendo uso de 75% a mais de energia e que a maior parte dela será fornecida pelo petróleo, pelo carvão, pelo gás natural e pela energia nuclear. Nesta época, o Golfo Pérsico deverá fornecer mais de 2/3 do petróleo do mundo, enquanto hoje esta parcela é de 26%. Além disso, serão implantadas mais de 3 vezes usinas nucleares nos próximos 30 anos do que as que foram construídas nos últimos 30 anos as quais serão acompanhadas por acidentes nucleares mais frequentes e por crescentes aumentos do lixo nuclear e do plutônio. Este é o cenário energético de referência para os próximos 30 anos, se a atual matriz energética mundial for mantida. A maior participação do petróleo, do carvão e do gás natural implicará em maior emissão de CO2 na atmosfera do planeta na mesma proporção do incremento no suprimento mundial de energia. A Agência Internacional de Energia (AIE) advertiu que "o mundo se encaminhará para um futuro energético insustentável" se os governos não adotarem "medidas urgentes" para otimizar os recursos disponíveis (Ver o artigo AIE: mundo se encaminha para futuro energético insustentável publicado no website ). Para a AIE, até 2035 seria necessário investimento mundial de US$ 38 trilhões em infraestrutura energética - dois terços em países fora da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) - para atender a crescente demanda, 90% para abastecer os países emergentes como China e Índia. Modelos climáticos referenciados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da ONU projetam que as temperaturas globais de superfície 1

provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100 em face dos níveis cada vez maiores de dióxido de carbono (CO2) e metano na atmosfera. Este cenário só não acontecerá se as emissões globais de CO2 e metano forem cortadas (Ver o website http://www.ipcc.ch). Tudo leva a crer que poderosas forças econômicas, ambientalistas, políticas e sociais deverão empurrar o mundo para um sistema energético diferente do atual que deve operar necessariamente com níveis muito inferiores de combustíveis fósseis. A energia solar, a energia geotérmica, a energia eólica e a energia da biomassa deverão ocupar cada vez mais espaço na matriz energética mundial no futuro. O uso da energia solar e de outras energias renováveis provocará mudanças de grande magnitude em todo o planeta destacando-se, entre elas, a criação de indústrias totalmente novas, o desenvolvimento de novos sistemas de transporte e a modificação da agricultura e das cidades. O grande desafio que se coloca na atualidade é o de prosseguir com o desenvolvimento de novas tecnologias que aproveitem eficientemente a energia e utilizem economicamente recursos renováveis. Este é o cenário energético alternativo que poderá substituir o cenário de referência descrito linhas atrás evitando, desta forma, o comprometimento do meio ambiente global. Isto significa dizer que mudanças profundas de política energética global devem ser colocadas em prática para reduzir o consumo de combustíveis fósseis que respondem por 82% dos suprimentos mundiais de energia. A maior parte das pessoas tem pouca ideia do que seria um sistema energético não baseado em combustíveis fósseis. Nem parecem reconhecer que é possível uma abordagem alternativa. É muito possível que o gás natural passe a ser o combustível fóssil predominante no futuro porque produz duas vezes mais energia por quilo de carbono liberado. As maiores reservas conhecidas de gás natural estão no Oriente Médio e na Rússia que, nos próximos 40 anos, poderão estar produzindo tanta energia quanto fazem atualmente. Certamente, a energia nuclear não será uma fonte importante de energia em um sistema energético realmente sustentável. Nos últimos 10 anos, a expansão das usinas nucleares ficou mais lenta, reduzindo-se até sua paralisação no mundo inteiro. Todos os reatores existentes estão programados para sair de atividade nos próximos 40 anos e a maior parte deles não será reposta. Isto se deve, em grande medida, aos acidentes de Three Mile Island nos Estados Unidos em 1979, Tchernobil na ex- União Soviética em 1986 e Fukushima no Japão em 2011 e das pressões de amplos setores da sociedade em vários países. Um sistema de energia sustentável somente será possível se a eficiência energética for muito aperfeiçoada. Acima de tudo, o mundo teria de produzir bens e serviços com um terço à metade da energia que utiliza atualmente. Já se acham disponíveis tecnologias que quadruplicariam a eficiência da maioria dos sistemas de iluminação e duplicariam a de novos automóveis. Melhoramentos na eficiência elétrica poderão reduzir em 40 a 75% a necessidade de energia. As necessidades de aquecimento e de refrigeração de edifícios podem ser cortadas para uma fração ainda menor dos níveis atuais graças a equipamentos de aquecimento e condicionadores de ar mais aperfeiçoados. Quadruplicar a produção de energia renovável é também essencial para se obter um sistema de energia sustentável no futuro. Isso requereria o uso da biomassa e da energia hidroelétrica, especialmente em países de grande potencial, como é o caso do Brasil. 2

Exigiria, também, que a energia solar, eólica e geotérmica faça parte do “mix” energético do mundo. As tecnologias já se acham à disposição para dar início a essa transição histórica de energias que só ocorrerá com mudanças fundamentais na política energética na grande maioria dos países. O primeiro passo consiste em redirecionar um grande número de políticas governamentais de modo que se destinem a realizar os objetivos centrais da eficiência energética e da redução do uso de combustíveis fósseis. Por exemplo: recompensar a aquisição de veículos automotores eficientes, encorajar alternativas de transporte de massa de alta capacidade em substituição ao automóvel, reestruturar as indústrias de energia e elevar os impostos sobre os combustíveis fósseis. * Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).

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