Novas observações sobre o Pergaminho Vindel

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Adenda ao vol. I - Novas observações sobre o Pergaminho Vindel Em 1998, considerei necessário reexaminar o Pergaminho Vindel por suspeitar de alguma precipitação quando, à p. 65 da minha edição, tinha declarado não haver aí indícios de perfuração central (para eventual passagem de um fio ou cordel que unisse o bifólio a outros num mesmo caderno). De facto, quando em 1985 observei pela primeira vez o documento, interpretei os orifícios coincidentes com a dobra central como resultado acidental de séculos de manipulação e atrito; hoje creio que essa interpretação estava parcialmente errada. Os orifícios tendem a ocorrer a intervalos bem definidos e, em mais de metade dos casos, parecem resultar de uma perfuração intencional, ainda que acidentalmente alargada ou desdobrada; distribuem-se, ao longo da dobra central (com 335 mm de altura), pelas seguintes posições, definidas pela sua distância milimétrica a partir da base: 2 - 8,5 - 31 - 76,5 - 122,5 - 176 - 230 - c. 275 - c. 308. Estes últimos orifícios são irregulares (abertura entre 2 e 7 mm no primeiro caso, 2 e 4,5 mm no segundo). As dobras de preparação para uso do documento como reforço de encadernação, perpendiculares à dobra central, ocorrem a 60 e a 269 mm da base; os dois orifícios solidários com a dobra superior, 39 mm abaixo e acima (posições 230 e c. 308), poderão assim ser posteriores à maioria dos restantes. As duas aberturas inferiores (posições 2 e 8,5) são de duvidosa utilidade. Restam-nos assim cinco que podem ser hipoteticamente associadas com uma perfuração intencional, para efeitos de integração num caderno, em fase anterior à reutilização do documento como reforço de lombada numa encadernação. Esta fase poderá ter algo a ver com uma inscrição que me passou despercebida: num rectângulo de 7 mm de largura por 5 mm de altura no canto inferior esquerdo do interior do pergaminho, vê-se algo que pode ser lido como "xij" (supondo-se a existência de dois quatérnios, esta página poderia corresponder ao verso do fólio 12, a meio do segundo quatérnio). Não é contudo de excluir que se trate de um mero ensaio de pena ("x iy"), não só porque a definição das letras é muito imprecisa, mas também porque a primeira surge separada das restantes. Em conclusão, de acordo com estas observações, o bifólio poderá ter feito parte de um caderno. Será que isto lhe retira a qualidade de "folha volante", que a minha edição lhe atribuiu? O certo é que o pergaminho foi escrito apenas no lado da carne, de forma contínua, a duas colunas por página, num total de quatro colunas; o lado do pêlo nunca foi regrado nem escrito. Ou seja, o documento junta características do lado exterior de um caderno autónomo com as de um bifólio central. Só há duas formas de explicar esta anomalia: ou o manuscrito se destinava a constituir o bifólio central de um caderno que não foi nunca completado mas teria sido cosido, apesar das folhas deixadas em branco; ou ele tinha originalmente a função de "folha volante" e foi posteriormente coleccionado e cosido a outros fólios. Caberá agora aos estudiosos discutir quais destas hipóteses é a mais provável. Novembro de 2009

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