Novas perspectivas sobre o imperialismo romano

August 30, 2017 | Autor: P. Funari | Categoria: Imperial Rome, Historia Antiga, Arqueologia
Share Embed


Descrição do Produto

FUNARI, P. P. A. ; Pinto, R. . Novas perspectivas sobre o imperialismo romano. Philía (UERJ), v. 35, p. 2-2, 2010.

Novas perspectivas sobre o Imperialismo romano Pedro Paulo A. Funari1 Renato Pinto2 O estudo do imperialismo romano tem larga tradição e antecede, de certa maneira, à própria criação do conceito de imperialismo, na segunda metade do século XIX. O conceito moderno de império, com sua conotação de junção de povos díspares, foi inspirado, em parte, na experiência do mundo romano. Nisso se inspiraram os monarcas ibéricos e austro-húngaros, mas foi o surgimento dos modernos estados nacionais, a partir do final do século XVIII, que iria forjar as percepções surgidas com o positivismo. O império romano, antes emulado pela diversidade de povos, línguas e costumes, passou a ser tomado como um protótipo do nascente estado nacional, como um projeto político em torno da unidade cultural, no plano interno, com uma missão civilizadora, em relação aos povos e grupos humanos externos. Estes podiam ser subjugados, mas, também, até certo ponto, absorvidos. O moderno imperialismo tornouse sinônimo de uma tarefa de assimilação e de aculturação, da passagem de comportamentos, costumes e meios de vida atrasados e reprováveis, para a adoção voluntária ou não do estilo de vida superior dos imperialistas. Os modelos de interpretação do imperialismo romano, portanto, surgiram no bojo dessas preocupações contemporâneas. As teorias do imperialismo defensivo ilustram bem este predomínio do presente no entendimento do passado. As potências imperialistas modernas sempre se apresentaram (e se apresentam) como obrigadas a conquistas militares sob potenciais ameaças de Estados menores (quem não se lembra do pretexto da invasão do Iraque, em 2003, quando as maiores potências do mundo alegaram estar ameaçadas e levaram adiante uma “guerra preventiva”?). Portanto, o conceito de imperialismo defensivo – termo que nunca existiu em latim ou em grego, ademais – explica-se pelos avatares da modernidade.

1

Professor Titular de História Antiga, Departamento de História, Unicamp.

2

Doutorando em História, Unicamp, bolsista da FAPESP.

Tanto as relações sociais, como os modelos interpretativos, modificaram-se, nas últimas décadas, com resultados evidentes para o estudo do imperialismo romano. Os movimentos sociais e políticos foram decisivos para essas transformações: a luta pelos direitos das mulheres, contra o racismo e a guerra, pela diversidade sexual e religiosa, entre outros. Os modelos interpretativos passaram a incorporar a diversidade e a heterogeneidade como conceitos analíticos, tanto para o presente, como para o passado. O imperialismo passou a ser considerado como parte de um processo complexo, não mais unidirecional – da barbárie à civilização – que afeta as relações interpessoais no quotidiano. O multilinguismo no mundo romano, a diversidade sexual e religiosa e os micro-poderes passaram a ser aspectos do imperialismo romano a serem estudados.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.