O cenário competitivo brasileiro para telecomunicações: história, principais atores, modelos de oferta e tendências

August 25, 2017 | Autor: Rafael Soares | Categoria: Telecommunications, Business Management, Brasil
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                                           Instituto  COPPEAD  de  Administração    

 

O cenário competitivo brasileiro para telecomunicações: história, principais atores, modelos de oferta e tendências MBA Executivo – Turma 98 Aluno: Rafael Prado Soares

Rio de Janeiro, Setembro de 2013

 

 

                                           Instituto  COPPEAD  de  Administração    

   

 

 

  AGRADECIMENTOS

São tantos os sonhos, desafios, medos e inseguranças que compõe cada uma das jornadas que nos fazem ser melhores, quando essas são finalizadas. Assim também foi com a conclusão da formação executiva COPPEAD. E durante cada jornada, sempre existem aqueles que acreditam no que parece impossível, que nos incentivam quando as forças parecem exauridas, que buscam nos lembrar quem somos e porque estamos aqui.

É por isso e tantas outras coisas que dedico esse trabalho à minha querida esposa Lívia, que foi meu braço forte e incentivadora em todos os momentos, e à nossa filha Beatriz, que nasceu a poucos dias, à qual agradeço por ser uma motivação, antes mesmo que nascesse.

À Deus, que cremos existir e ser presente como pessoa, um sincero agradecimento pela oportunidade, força e recursos pra completar essa jornada.

Também ao amigo e professor Vicente Ferreira, que plantou a ideia que se tornaria o desafio de um ano todo.

Aos meus caros e queridos colegas de Turma, que além dos momentos únicos de diversão, também contribuíram pra que eu hoje pudesse pensar e ver coisas que antes não percebia, meu mais profundo sentimento de gratidão  

                                           Instituto  COPPEAD  de  Administração    

1  

 

Sumário     1   2   3   4   5   6   7   8  

Um  brevíssimo  histórico  das  Telecomunicações  no  Brasil,  até  o  final  dos  anos  90  .........................................  2   O  processo  de  privatização:  o  retorno  do  setor  privado  às  telecomunicações  ...................................................  5   Fusões  e  Aquisições:  o  amadurecimento  do  mercado  e  suas  consequências  ....................................................  14   Uma  nota  sobre  as  transformações  tecnológicas  e  o  comportamento  do  consumidor  .................................  19   O  cenário  atual  das  telecomunicações  no  Brasil:  Participantes  e  sua  relevância  ............................................  21   Competição  e  Posicionamento:  combinação  de  serviços  ............................................................................................  29   O  que  se  tornarão  as  empresa  de  telecomunicações?  ..................................................................................................  33   Bibliografia  ......................................................................................................................................................................................  37  

 

Índice  de  Figuras   Figura  1  -­‐  Perfil  Operacional  e  Econômico  das  Teles  Regionais  -­‐  1997  -­‐  Fonte:  (TATSCH,  2003)  ...............................................  8   Figura  3  -­‐  Mapa  do  Resultado  do  Leilão  da  Banda  B  -­‐  Telefonia  Celular  –  Fonte:  (FOLHA  ONLINE)  ..........................................  9   Figura  4  -­‐  Telefonia  Fixa  -­‐  Posicionamento  das  Empresas  após  o  leilão  da  Telebrás  e  Concessões  dos  “Espelhinhos"  -­‐   Fonte:  Atlas  Brasileiro  de  Telecomunicações  -­‐  Teletime  (2005)  .............................................................................................................  12   Figura  5-­‐  Evolução  dos  Investimentos  no  setor  de  Telecomunicações  até  2008  -­‐  Fonte:  (IPEA,  2010,  p.  6)  .......................  14   Figura  6  -­‐  Evolução  dos  Serviços  -­‐  Telefonia  Fixa  –  Fonte:  Anatel  –  Números  do  Setor  ................................................................  15   Figura  7  -­‐  Evolução  dos  Serviços  -­‐  Telefonia  Móvel  –  Fonte:  Anatel  –  Números  do  Setor  ............................................................  16   Figura  8  -­‐  %  Receita  Liquida  Agregada  Serviços  Telefonia  (Fixo  +  Móvel  +  B.Larga  +  TV)  –  Referência  CY2012-­‐  Fonte:   TELECO  ..............................................................................................................................................................................................................................  22   Figura  9  -­‐  Participação  nos  serviços  Fixos  -­‐  %  de  Acessos  Fixos  –  Referência  CY2012  -­‐  Fonte:  TELECO  ..............................  23   Figura  11  -­‐  Distribuição  de  %  Receita  Líquida  %  -­‐  Telefonia  Celular  –  Referência:  2012  -­‐  Fonte:  TELECO  .........................  24   Figura  14  -­‐  Crescimento  %  da  base  de  Clientes  Móveis  -­‐  Ano  Contra  Ano  -­‐  1995  a  2012  (Fonte:  TELECO)  ........................  26   Figura  15  -­‐  Market  Share  em  Termos  de  %  de  Acessos  Banda  Larga  (2012)  -­‐  Fonte:  TELECO  ..................................................  27   Figura  16  -­‐  Market  Share  -­‐  TV  por  Assinatura  (Fonte:  TELECO)  ..............................................................................................................  28   Figura  17  -­‐  Mapa  de  Ofertas  de  Produtos  -­‐  Operadores  ...............................................................................................................................  29   Figura  18  -­‐  Dimensões  de  Mercado  (Abell  &  Hammond,  1979)  –  Oferta  Fixa  tradicional  para  Oi,  GVT  e  Vivo  ...................  30   Figura  19  -­‐  Dimensões  de  Mercado  (Abell  &  Hammond,  1979)  -­‐  Serviços  Fixos  para  grupo  Claro/NET/Embratel  .........  30   Figura  20  -­‐  Dimensões  de  Mercado  (Abell  &  Hammond,  1979)  -­‐  Serviços  Fixos  para  grupo  Claro/NET/Embratel  .........  31   Figura  21  -­‐  Posição  Competitiva  -­‐  Velocidade  vs.  Preço  -­‐  Banda  Larga  Fixa  -­‐  Ref.  Julho/2013  -­‐  (D'Aveni,  Nov/2007)  ...  32   Figura  22  -­‐  Market  Shares  em  Número  de  Acessos  -­‐  Banda  Larga  Fixa  -­‐  2012  e  1T2013  .............................................................  32   Figura  23  -­‐  Ecossistema  ilustrativo  da  Indústria  de  Comunicação  e  Entretenimento  ....................................................................  34   Figura  24  -­‐  Base  de  Usuários  Ativos  (em  milhões)  -­‐  Redes  Sociais  -­‐  Dezembro  2012  -­‐  Fonte:  Forbes   (http://www.forbes.com/sites/anthonykosner/2013/01/26/watch-­‐out-­‐facebook-­‐with-­‐google-­‐at-­‐2-­‐and-­‐youtube-­‐at-­‐ 3-­‐google-­‐inc-­‐could-­‐catch-­‐up/)  (Kosner,  2013)  ................................................................................................................................................  35  

Índice  de  Tabelas   Tabela  1  -­‐  Agrupamento  das  Empresas  do  Grupo  Telebrás  -­‐  Preparação  PGO  .....................................................................................  7   Tabela  3  -­‐  Resultados  da  Privatização  -­‐  Grupo  Telebrás  -­‐  Fonte:  (TATSCH,  2003)  ..........................................................................  10   Tabela  4  -­‐  Mapeamento  de  Operadoras  de  Telefonia  Celular  ou  Móvel  -­‐  Bandas  A  e  B  –  Fonte:  (FOLHA  ONLINE)-­‐   http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/smp-­‐bandab.shtml  .....................................................................................................  13   Tabela  5  -­‐  Principais  Eventos  de  Fusões  &  Aquisições  -­‐  Fonte:  TELECO   (http://www.teleco.com.br/operadoras/grupos.asp)  .................................................................................................................................  16   Tabela  6  –  Principais  grupos  empresariais  no  setor  de  Telecomunicações  -­‐  Fonte:  TELECO   (http://www.teleco.com.br/operadoras/grupos.asp)  .................................................................................................................................  17   Tabela  7  -­‐  Hipótese  de  Saturação  da  Base  de  Clientes  Pagantes  -­‐  Telefonia  Móvel  (FONTE:  IBGE;  TELECO)  .....................  26  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

1 Um   brevíssimo   histórico   das   Telecomunicações   no   Brasil,   até   o   final  dos  anos  90   A comunicação é, seguramente, uma das habilidades fundamentais à sobrevivência humana. Desde os mais antigos períodos da história, a habilidade de transmitir ideias e informações vem sendo usada para a manutenção da espécie, ao permitir que grupos se unam em torno de um mesmo objetivo, defendam-se de ataques ou intempéries da natureza ou mesmo, facilitem a transmissão das mais profundas emoções características da espécie humana, etc.. Dentro desse abrangente contexto, é possível até mesmo citar o relato judaico cristão em torno da construção de uma torre, a Torre de Babel. Nesse relato, dado o fato que os humanos falavam o mesmo idioma e dispunham de fluidez em sua comunicação, esses se juntaram para construir uma defesa contra futuras inundações. Em resposta, o Deus judaico-cristão promove uma confusão de línguas e “frustra” o objetivo da construção. 1 Fazendo uma analogia com o exemplo da Torre de Babel, as telecomunicações são um potentíssimo meio de transmitir e receber informações em longas distâncias (tele: distância, afastamento2; comunicações: transmissão e recebimento de informações) unindo pessoas, empresas, países, todos em torno de objetivos, sentimentos, guerras, etc.. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a necessidade de transmitir informações em longa distância é um fator crítico na infraestrutura nacional. Esse fato nos remete à história mais antiga das telecomunicações no Brasil, que não tem seu início no século XX. Os primeiros relatos do uso de telecomunicações sobre estruturas metálicas remetem à metade do século XIX, quando dois personagens surgem no cenário nacional: Padre Roberto Landell de Moura e Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon3. Ambos, por diferentes motivações, trabalharam para o uso das redes metálicas para o serviço de telégrafo com o intuito de facilitar a interlocução entre regiões distantes do país e facilitar a integração nacional. Curiosamente, em 1876, o escocês Alexander Graham Bell patenteou seu invento que revolucionaria a história. O telefone passou a permitir que, não através de pulsos, mas através da voz, dois pontos se comunicassem diretamente. No Brasil, o serviço de telefonia teve suas                                                                                                                  Bíblia,  Genesis    11:1-­‐9    http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf7.php   3  http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialeletronica/pagina_1.asp   1 2

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       primeiras concessões dadas em 1879, concessões essas atribuídas a empreendedores que dispunham e utilizavam recursos estrangeiros.4 Começa aqui um histórico de intervenções do Estado nas Telecomunicações no Brasil, dado que, em 1881, quando uma nova solicitação de concessão fora feita, o conselho de Estado determinou que somente o governo central teria domínio exclusivo das linhas telefônicas e telegráficas e direito exclusivo de conceder concessões. Foi atribuída à CTB (Companhia Telefonica do Brazil) a concessão de exploração do serviço no Rio de Janeiro e arredores. Resultou que, em 1887, D.Pedro II instalou a primeira linha telefônica entre a Quinta da Boa Vista e à casa dos ministros do império. Para terminar esse relato das origens das telecomunicações no Brasil, devido a problemas na implantação das redes, em 1882 é criada a primeira Lei Geral de Telecomunicações do Brasil visando regulamentar a oferta dos serviços. Aqui fazemos um salto, indo diretamente para meados do século XX. Um grande contraste se impõe, quando comparado com o empreendedorismo apresentado inicialmente, dado que o telefone havia sido inventado em 1876, e em 1887, uma linha telefonia já estava funcionando no Brasil. O que acontece é que, a partir dos anos 50, o sistema telefônico brasileiro não havia recebido investimentos e se encontrava completamente deficitário. As empresas que operavam através das concessões sofriam com as baixas tarifas e a aparente inviabilidade do modelo 5 . Nesse momento, associando-se ao contexto que desenvolvimento do Estado promovido pelo então presidente Juscelino Kubitscheck

(1956 – 1961), é decretada a

nacionalização da CTB e, posteriormente, em 1957, é criado um grupo responsável pelo estudo da expansão dos serviços telefônicos em todos o Brasil6 (IACHAN). O ano de 1960 marca a criação do Ministério das Comunicações, o qual se torna o grande responsável pela modernização dos sistemas de telecomunicações brasileiros. Acontece, então, a criação da EMBRATEL (1965), a qual complementou a estatização da CTB, assumindo o controle acionário da histórica empresa brasileira7 (IACHAN). Além da EMBRATEL, cada um dos estados da Federação constituiu a sua própria empresa telefônica, todas elas associadas ao chamado “Sistema Telebrás”. A empresa Telebrás8, criada                                                                                                                 4  Frederico  Allen  Gower;  Charles  Paul  Mackie.  Esse  último  com  fundos  de  empresas  em  Nova  Iorque,  EUA,  fundou  a  Telephone   Company  of  Brazil.   5  http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialeletronica/pagina_6.asp   6  http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh3/trabalhos/Ana%20Christina%20S%20Iachan.pdf   7  http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh3/trabalhos/Ana%20Christina%20S%20Iachan.pdf   8  http://www.telebras.com.br/inst/?page_id=41  

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       em 1972 através de uma associação de capital misto e vinculada ao ministério das Comunicações, tinha como responsabilidade “planejar, implantar e operar o SNT” (Sistema Nacional de Telecomunicações, definido no Código Brasileiro de Telecomunicações, Lei 4.117, 27 de agosto de 1962). Assim, a Telebrás comandou a criação das operadoras estaduais9, tais como a TELERJ para o Rio de Janeiro, TELESP para São Paulo, TELESC para Santa Catarina, etc., bem como a criação do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD), no ano de 197610. Vamos chegando às décadas de 80 e 90 do século XX. O sistema brasileiro evoluiu em relação ao que se via em meados do século, porém, ainda em velocidade baixa comparada com a necessidade de cobertura territorial e a expectativa de crescimento da atividade econômica no país. Havia um déficit significativo entre a oferta e demanda, o que levou à existência de uma verdadeira “bolsa” de comercialização de linhas telefônicas. O modelo de financiamento da Telebrás era frequentemente impactado pelas crises internas, externas e ainda, pelas desavenças políticas de um Estado em formação11 (KESTELMAN, 2002). As empresas estaduais lançavam seus “Planos de Expansão” (autofinanciamento), no intuito de captar recursos e financiar a expansão do sistema. Já nos anos 90, durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (19951998), de fortes inclinações liberais, parte o processo de privatização do setor, o que permitiria uma maior, mais rápida e mais estruturada expansão da telefonia fixa para atender às demandas de um século de transformações que se aproximava. Era necessário preparar-se para um dos maiores impulsionadores da comunicação humana e divisão de conhecimento: a Internet.  

                                                                                                                9  Com  exceção  da  CRT,  em  Rio  Grande  do  Sul   http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/ocde/ocde05.pdf   (  (NOVAES,  p.  153)   10  http://www.cpqd.com.br/o-­‐cpqd/historico     11  (KESTELMAN,  2002,  pp.  320  -­‐  330)  

 

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2 O   processo   de   privatização:   o   retorno   do   setor   privado   às   telecomunicações   Depois de um esgotamento do modelo de expansão das telecomunicações, no final dos anos 90, tem início o processo de privatização do grupo Telebrás. Cada uma das empresas que compunham o grupo, ou seja, EMBRATEL e todas as empresas prestadoras de serviço (“OPERADORAS”) estaduais tiveram seus ativos e toda a estrutura das companhias colocadas a leilão, com participação de diversos grupos estrangeiros. O processo de privatização não foi nada simples. Além das questões ideológicas que naturalmente separam o pensamento liberal daquele intervencionista que, definitivamente, seriam confrontados no cenário de saída do controle estatal do setor, ainda existiam algumas barreiras a serem superadas, conforme indicado por (NOVAES): 12 a) a preparação de uma nova lei, que revisse o papel do Estado no setor; b) o estabelecimento de uma agência reguladora independente; c) a criação de um ambiente para depois da privatização; d) o rebalanceamento das tarifas e a redução dos subsídios cruzados; e) o estabelecimento de um modelo capaz de suportar a passagem de uma empresa monopolista estatal para o setor privado, protegendo os interesses, por vezes conflitantes, entre o governo e os acionistas minoritários da Telebrás; e f) a preparação das empresas da Telebrás para a privatização.13 Em relação à revisão do papel do estado no setor, parte-se da constituição de 1988, que sacramentou as definições iniciadas antes ainda do século XX, as quais davam um papel central do Estado na prestação dos serviços de Telecomunicações. Nesse evento de 1988, foi confirmada a Lei 4.117, de 29 de agosto de 1962, onde foi instituído o Código Brasileiro de Telecomunicações e ainda, o Decreto 52.026, de 20 de maio de 1963, que aprovava o regulamento em questão. Dessa forma, o governo de Fernando Henrique Cardoso (19951998) articulou duas ações preliminares: a) a Emenda constitucional 8, que colocava fim ao                                                                                                                  (NOVAES),  pág.  147.    No  presente  documento,  serão  abordados  apenas  os  itens  a),  b)  e  c),  indicados  por  (NOVAES).  Para  os  demais  itens,  é  importante   pesquisar  a  obra  da  autora.   12 13

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       monopólio estatal na operação de serviços de Telecomunicações14; b) um novo Código Brasileiro de Telecomunicações, que deveria ser aprovado pelo congresso nacional. Dado o grande debate sobre o segundo ponto, naturalmente pelo teor político das longas discussões que viriam, Sérgio Motta, então ministro das Comunicações, lançou mão de um artifício: em 1996, propôs a Lei Mínima (Lei n. 9.295), que dispunha sobre um novo modelo de concessão dos serviços de comunicação móvel que permitiria a entrada de empresas de capital estrangeiro e privado nessas operações, dando fôlego para que não fosse necessário entrar, imediatamente nas discussões árduas que viriam sobre a privatização do sistema Telebrás. Sobre o estabelecimento de uma agência reguladora, em 1997, foi aprovada a Lei Geral das Telecomunicações (Lei 9.472, de 16 de Julho de 1997), que fundamentava ainda mais as bases para a privatização através dos seguintes pontos: a) o papel do poder público seria alterado, como assim definido no artigo 6, que define: “Os serviços de telecomunicações serão organizados com base no princípio da livre, ampla e justa competição entre todas as prestadoras, devendo o Poder Público atuar para propiciá-la, bem como para corrigir os efeitos da competição imperfeita e reprimir as infrações da ordem econômica”15; b) era definida a criação de uma agência reguladora, assim chamada Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), cujo objetivo era, essencialmente, formalizar as bases e critérios do plano de privatização, através do Plano Geral de Outorgas (PGO, aprovado em 12 de fevereiro de 1998) e do Plano Geral de Universalização do Serviço de Telecomunicações (Decreto 2.592, de 15 de maio de 1998), além de ser o representante do estado no setor, após a privatização.16 Em relação à criação de um ambiente pós-privatização, além das garantias de não intervencionismo definidas na LGT (Lei Geral das Telecomunicações)15, como já mencionado anteriormente, foram definidas também metas que deveriam ser atingidas pelos diversos participantes do leilão, metas essas definidas pelo Plano Geral de Universalização dos serviços de Telecomunicações (PGMU) , que, segundo (TATSCH, 2003), pode ser compreendido como:

                                                                                                                 (NOVAES,  pp.  151,152)    Lei  Geral  das  Telecomunicações  –  Lei  9472/97  |  Lei  no  9472  de  16  de  julho  de  1997  -­‐   http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103340/lei-­‐geral-­‐de-­‐telecomunicacoes-­‐lei-­‐9472-­‐97#art-­‐6   16  (NOVAES,  p.  160),  (TATSCH,  2003,  p.  58)   14 15

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       “a obrigação de cada concessionária de telefonia fixa oferecer, em sua área de operação, acesso a qualquer pessoa aos seus serviços, com qualidade, quantidade e diversidade adequadas e a preços justos, independentemente de sua localização geográfica ou condição econômica, na zona rural ou em pequenas localidades e áreas de urbanização precária”.17 Ainda, juntamente com o PGMU, também foi definido o Plano Geral de Metas de Qualidade (PGMQ, aprovado em 29 de junho de 1998), que visava garantir, no momento pósprivatização, os parâmetros mínimos de qualidade a serem observados na prestação dos serviços de telecomunicações visando garantir que a abrangência definida pelo PGMU fosse amparada por um nível de serviço adequado à população. Para a presente análise, o mais importante de todas as referências em questão é o PGO (Plano Geral de Outorgas), seguido também das concessões dos serviços de Telefonia Móvel, no que diz respeito à venda da Banda B de Telefonia Celular. Quanto ao PGO da telefonia fixa (também conhecido como Serviço de Telefonia Fixa Comutada, STFC), o país foi dividido em quatro regiões, onde cada uma delas foi associada a uma empresa, ainda sob o controle estatal: Tabela  1  -­‐  Agrupamento  das  Empresas  do  Grupo  Telebrás  -­‐  Preparação  PGO   Empresa Tele Norte/Nordeste/Leste (T1) Tele Centro/Sul (T2), Telesp (T3), Embratel

Estados da Federação RJ, ES, MG, BA, SE, AL, PE, PB, RN, CE, PI, MA, PA, AP, AM, RR RS, SC, PR, MT, MS, TO, RO, AC SP Interligação entre todos os estados (LD)

Apenas como referência, conforme destacado por (TATSCH, 2003), as empresas foram estruturadas de modo a balancear os mercados potenciais em cada uma das regiões, considerando as desigualdades socioeconômicas brasileiras, e sua extensão geográfica. A tabela abaixo, indicada por (TATSCH, 2003) 18 , traz a referência dos valores e sua distribuição:                                                                                                                   17 18

 

 (TATSCH,  2003,  p.  59)    (TATSCH,  2003,  p.  71)  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração                   Figura  1  -­‐  Perfil  Operacional  e  Econômico  das  Teles  Regionais  -­‐  1997  -­‐  Fonte:  (TATSCH,  2003)  

  Ainda falando a respeito do PGO, e consequentemente, de empresas ligadas ao Grupo Telebrás, através da Lei Mínima (Lei n. 9.295), se estabeleceu que o serviço de telefonia móvel, utilizando-se da tecnologia conhecida como Banda A·, seria operado por novas empresas dentro do grupo Telebrás, empresas essas que operariam de forma independente das operações fixas (mesmo para aquelas que haviam sido criadas antes da lei, tal como a TELESP Celular). Dessa forma, a partir da regulamentação estabelecida, foram criadas as seguintes empresas dentro do grupo Telebrás, com as respectivas áreas de cobertura:

Tabela  2  -­‐  Telefonia  Móvel  -­‐  Telebrás   ID 1 2 3 4 5 6 7 8

Operadora Telesp Celular Tele Sudeste Celular Telemig Celular Tele Celular Sul Tele Nordeste Celular Tele Leste Celular Tele Centro Oeste Celular Tele Norte Celular

 

Figura  2  -­‐  Área  de  Atuação  -­‐  Telefonia   Móvel  –  Telebrás  

Fonte:  (FOLHA  ONLINE)   A Lei Mínima (Lei n. 9.295) também abriu espaço para que fossem feitas concessões ao setor privado para a exploração do serviço de telefonia móvel, através do que era conhecido como Banda B.19 Dessa forma, tendo o respaldo legal, o patrocínio político do governo de Fernando

                                                                                                                19

 

 Características:  845.01-­‐846.48  MHz,  abrangendo  os  canais  de  334  a  666  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       Henrique Cardoso (1995 – 1998) e o interesse do setor privado, foi possível a realização do leilão para concessão dos serviços em questão.20 O leilão da Banda B foi realizado em meados de 1997, cujo resultado é indicado abaixo:

  Figura  3  -­‐  Mapa  do  Resultado  do  Leilão  da  Banda  B  -­‐  Telefonia  Celular  –  Fonte:  (FOLHA  ONLINE)  

Como se pode observar, empresas de diferentes setores apostaram na expansão da telefonia móvel no Brasil. Dentre elas, destaque para grupos da indústria de telecomunicações, tais como Bell (BellSouth, Bell Canada), Telecom Italia e SK Telecom, mas também se podem observar grupos com interesses de diversificação de investimentos, tais como Banco Safra, Suzano, Construtora Queiroz Galvão, etc.. O leilão da Banda B da telefonia móvel foi um sucesso, sob a óptica de receitas para o governo. Foram arrecadados cerca de US$ 7.613 bi, o que representava um ágio de aproximadamente de 237% sobre o valor mínimo (TATSCH, 2003, p. 83). Dessa forma, todo o cenário para a privatização do sistema Telebrás estava montado: as operadoras de telefonia fixa já haviam sido agrupadas, conforme indicado na Tabela   1, as operadoras móveis do grupo Telebrás eram independentes das operadoras fixas, e a competição para o serviço de Telefonia móvel já estava estabelecido através do leilão da Banda B da Telefonia Móvel.

                                                                                                                20  Não  será  abordada,  no  presente  trabalho,  a  lógica  do  leilão  da  Telefonia  Móvel,  por  se  tratar  de  um  “start  up”  iniciado  a  partir  do   leilão.  O  objetivo  será  apenas  demonstrar  os  resultados  e  vencedores,  informações  essas  que  serão  utilizadas  na  análise  do  cenário   atual  das  telecomunicações  no  Brasil.  Maiores  detalhes  podem  ser  encontrados  em  (TATSCH,  2003,  p.  83)  

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

Assim, o leilão do grupo Telebrás, realizado em 29 de abril de 1998, apresentou os seguintes vencedores com os resultados abaixo indicados (TATSCH, 2003, p. 87): Tabela  3  -­‐  Resultados  da  Privatização  -­‐  Grupo  Telebrás  -­‐  Fonte:  (TATSCH,  2003)   Empresa

Serviço

Consórcio Vencedor

Telesp

Telefonia Fixa

Tele Norte-Leste

Telefonia Fixa

Telefónica España, Portugal Telecom, Iberdrola, RBS, BBV Andrade Gutierrez, La Fonte, Inepar, Macal, Companhias de Seguros Locais Telecom Italia, Algar, Opportunity, Splice Portugal Telecom

Tele Centro-Sul Telesp Celular Tele Sudeste Celular Telemig Celular Tele Sul Celular Tele Centro Celular Tele Nordeste Celular Tele Leste Celular Tele Norte Celular Embratel

Telefonia Fixa Telefonia Móvel Telefonia Móvel Telefonia Móvel Telefonia Móvel Telefonia Móvel Telefonia Móvel Telefonia Móvel Telefonia Móvel Longa Distancia

Preço Mínimo (milhões US$)

Preço obtido no Leilão (milhões US$)

Ágio (%)

3.028

4.974

64,3

2.924

2.954

1,0

1.677

1.780

6,2

946

3.086

226,2

490

1.179

138,6

198

650

228,7

198

602

204,3

198

378

91,3

194

568

193,3

108

348

224,0

77

162

108,9

1.548

2.279

47.2

11.586

18.952

63,3

Telefónica di España, Iberdrola, NTT, Itochu Telesystem, Fundos de Pensão Locais, Opportunity Telecom Italia, Globopar, Bradesco Splice Telecom Italia, Globopar, Bradesco Telefónia di España, Iberdrola Telesystems, fundos de pensão locais, Opportunity MCI

Total

Dos dados acima, podem-se observar alguns indícios de qual seria o comportamento do mercado ao longo dos anos subsequentes à privatização:



Diferença de ágio entre o preço pago pelas operações de serviço de telefonia fixa e as operações de serviços de telefonia móvel: o Os investidores certamente estavam em busca dos melhores retornos, quando comparados ao preço pago no leilão. As operações de telefonia móvel apresentam ágio superior a 90% (esse patamar é para uma região de baixa concentração populacional), chegando a níveis de 220% em regiões como os estados de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Minas Gerais (MG). A perspectiva de crescimento significativo dos serviços móveis é confirmada, dado o fato que no leilão da Banda B, o ágio já havia sido de 237%.

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       •

Perfil dos investidores que compunham os consórcios: o Mais uma vez, se confirma a participação de grandes companhias de telecomunicações estrangeiras, tais como Telefónica España, Telecom Italia (já presente na Banda B), Portugal Telecom, NTT e MCI, além de grupos financeiros também fortes (fundos de Pensão, Banco Opportunity, Banco Bradesco, RBS, BBV). Sobre as operadoras estrangeiras, destaca-se o processo de internacionalização pelas quais essas empresas passavam, adquirindo participações em toda a região LATAM (América Latina), Europa e Ásia. Dessa forma, aqui seria travada mais um capítulo da competição entre as operadoras e se definira um outro traço do mercado de telecomunicações no Brasil: a influência da performance do mercado doméstico das empresas estrangeiras sobre os resultados e estratégias a serem adotadas no Brasil.



Tamanho do Mercado, sob o ponte de vista financeiro o Assumindo que, além dos ativos existentes no grupo Telebrás, os investidores estavam visando os lucros futuros, seria possível inferir que o mercado de Telecom, no Brasil, era um mercado superior aos 19 bilhões de dólares (receita total dos leilões – Tabela 3).

Voltando ao tema do Plano de Outorga (PGO), além do processo de privatização, também se definia a entrada de empresas que serviriam como “espelho” das “incumbents21”, visando promover a competição nas diversas regiões e serviços a serem prestados. Ao final do processo de privatização e outorgas das empresas “espelho”, o mercado de telefonia Fixa ficou dividido da seguinte forma:

                                                                                                                21  “incumbent”:  termo  em  inglês  utilizado  no  mercado  para  se  referir  às  empresas  que  já  se  haviam  fixado  no  mercado/região,  e  já   possuíam  infraestrutura  de  serviços  disponível.  

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

  Figura   4   -­‐   Telefonia   Fixa   -­‐   Posicionamento   das   Empresas   após   o   leilão   da   Telebrás   e   Concessões   dos   “Espelhinhos"  -­‐  Fonte:  Atlas  Brasileiro  de  Telecomunicações  -­‐  Teletime  (2005)  

  Observa-se a presença da Vésper (que em 2005 já havia sido comprada pela Embratel) e GVT para fazer frente às “incumbents”. Além disso, também observa-se a presença da Telefônica, que fazia parte do consórcio que adquiriu a TELESP. No que diz respeito às operadoras de telefonia celular, é interessante notar como elas se distribuíram quanto às ofertas da BANDA A e BANDA B, como segue:

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       Tabela  4  -­‐  Mapeamento  de  Operadoras  de  Telefonia  Celular  ou  Móvel  -­‐  Bandas  A  e  B  –  Fonte:  (FOLHA  ONLINE)-­‐   http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/smp-­‐bandab.shtml   Região 1

Operadora Banda A Telefónica

(ex

Telesp

Celular) 2

Operadora Banda B BCP

(Consórcio

Bell

South) Tess

Notas Na Banda A, a operação no estado de São Paulo é

(Consórcio

Telia,

única,

enquanto

na

Banda B, ficou separada

Eriline)

entre capital e interior. 3

Telefónica

ATL

4

Telemig

TIM (Telecom Italia)

5

TIM (Telecom Italia)

Global Telecom

6

CRT

Telet

7

Tele Centro-Oeste

Americell

Na Banda A, o estado de

8

Tele Norte Celular

Splice

TO pertence a área 8, enquanto que na Banda B, à área 7.

9

Telefonica

TIM (Telecom Italia)

10

TIM

BCP

A combinação do posicionamento das empresas nos setores de telefonia fixa e móvel traria importantes consequências na evolução do mercado, nos anos posteriores. É interessante observar alguns fatos:



Posicionamento do grupo Telefónica España e Portugal Telecom, em São Paulo: o O estado de São Paulo é, sem dúvida alguma, um dos maiores mercados para telecomunicações no Brasil, tanto quando se pensa em clientes residenciais, como em clientes corporativos (como descrito na o o    

o Figura   1, o estado de São Paulo representava 36% do PIB brasileiro, e aproximadamente 33% das linhas telefônicas fixas do país). O consórcio que tinha entre seus componentes Telefónica e Portugal Telecom pagou 64% de ágio sobre o preço base para a operação fixa e a Portugal Telecom se dispôs a pagar um preço com ágio de 226,2% sobre a Telesp Celular). Essa colaboração, posteriormente seria de grande valia para ambas as companhias, e para as futuras convergências tecnológicas de operação;  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      



Posicionamento do grupo Telecom Italia: o O comportamento desse grupo pareceu difuso no que diz respeito ao posicionamento entre as operações fixo e móveis. Ao adquirir participação nas operações fixas da Tele Centro-Sul, bem como operações móveis nos estados de SC e PR, se posicionou de forma convergente em dois estados importantes da federação, com potencial crescimento urbano e populacional. Porém, é interessante observar que, através da combinação do uso das Bandas A e B da telefonia celular, a Telecom Italia, através de seu braço móvel, a TIM, se posicionou em toda região “costeira” do país, incluindo, além dos estados de PR e SC, os estados da BA, MG, ES, e todo o nordeste brasileiro.

Com essa visão geral a respeito dos principais participantes do setor de telecomunicações, podemos compreender os saltos sucessivos durante o intenso processo de fusões e aquisições, além da incrível evolução tecnológica proveniente das áreas de telefonia fixa, móvel e TV por assinatura, que se tornaram os habilitadores para a revolução da informação através da Internet.

3 Fusões   e   Aquisições:   o   amadurecimento   do   mercado   e   suas   consequências   A partir da privatização do setor de telecomunicações, o velho modelo já saturado deu espaço a uma aceleração significativa de investimentos e expansão de serviços, conforme mencionado pelos relatórios produzidos pelo Ipea, em sua publicação Desafios e Oportunidades para o Setor de Telecomunicações no Brasil22:

                                                                                                                22

 

 (IPEA,  2010)  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

  Figura  5-­‐  Evolução  dos  Investimentos  no  setor  de  Telecomunicações  até  2008  -­‐  Fonte:  (IPEA,  2010,  p.  6)  

Comparados com os níveis de investimentos em 1994, a partir do início das privatizações e concessões já mencionadas, os investimentos saltam da ordem R$ 3 bi/ano para algo em torno de R$ 12 bi/ano (com exceção dos anos de 2002 e 2003, cujos investimentos ficaram próximos de R$ 10 bi/ano). A consequência evidente foi a melhoria na capilaridade e cobertura de serviços, conforme se pode ver abaixo:

Evolução  dos  Serviços  -­‐  Telefonia  Fixa   70   60   50   40   30   20   10   0  

Acesso  Fixo  Instalado  (em  Milhões)   Densidade  Telefônica  Instalada  (Acesso  instalado  /  100  habitantes)  

  Figura  6  -­‐  Evolução  dos  Serviços  -­‐  Telefonia  Fixa  –  Fonte:  Anatel  –  Números  do  Setor  

 

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       Observa-se que a partir de 1998, o número de acessos de telefonia fixa praticamente duplica até 2001, mantendo um crescimento pequeno até 2007, quando um novo ciclo de investimentos é realizado. Ainda, se observa que o crescimento entre 1992 e 1998 é de apenas 10 milhões de acessos, aproximadamente, enquanto que entre 1998 e 2001, há um crescimento de 30 milhões de acessos. Por consequência, a densidade telefônica instalada (acessos instalados/100 habitantes) também cresce significativamente. O salto entre 1998 e 2001 pode ser relacionado ao inventivo de antecipação de metas do PGMU. Se as operadoras conseguissem antecipar as metas definidas pela ANATEL, teriam o direito de explorar novos serviços de telefonia em todo o país. No que diz respeito aos serviços móveis, também ocorre um salto significativo:

Evolução  dos  Serviços  -­‐  Telefonia   Móvel   300   250   200   150   100   50   0  

Acesso  Móvel  Celular  (Milhões)   Densidade  Acesso  Móvel  Pessoal  (Acesso/100  habitantes)  

  Figura  7  -­‐  Evolução  dos  Serviços  -­‐  Telefonia  Móvel  –  Fonte:  Anatel  –  Números  do  Setor  

  Da mesma forma como o observado na telefonia fixa, mesmo considerando que as operações de telefonia móvel tenham iniciado em meados da década de 90, o processo de privatização e concessões efetivamente fez com que houvesse um salto significativo no atendimento do mercado e na oferta de produtos e serviços aos usuários finais. Dessa forma, todas as empresas fizeram grandes investimentos, como já mencionado acima, sendo que algumas delas puderam manter seus níveis de operações adequados, enquanto

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       outras absorvidas num ciclo de fusões e aquisições. Abaixo, um histórico dos principais eventos de consolidação do setor:  

Tabela  5  -­‐  Principais  Eventos  de  Fusões  &  Aquisições  -­‐  Fonte:  TELECO   (http://www.teleco.com.br/operadoras/grupos.asp)   Aquisição

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Embratel assume controle da Net Sky compra Acom Comunicações (MMDS) Telesp S. A. incorpora a Vivo Portugal Telecom entra na Oi Telefonica compra parte da Portugal Telecom na Vivo Tim compra a Intelig Vivendi compra a GVT Net compra a ESC 90 Oi compra Brasil Telecom Vivo compra a Telemig Celular Oi compra Amazônia celular Net compra a BIGTV Net compra a Vivax Oi compra Way TV Telefonica compra TVA* Fusão da Sky com a DirecTv Telmex adquiriu participação na Net incorporada em Set/05 na Embratel Telmex compra Embratel Embratel compra a Vesper Portugal Telecom e Telefonica unificam suas operações de celular no Brasil formando a Vivo Claro foi formada pela aquisição de várias operadoras de celular entre 2000 e 2005. *MMDS e participação na TV a Cabo

Jan/12 Mar/11 Jul/10 Jul/10 Mar/09 Nov/09 Set/08 Abr/08 Ago/07 Dez/07 Dez/07 Out/06 Jul/06 Out/06 Out/04 Jun/04

Aprovação Anatel Jan/12 Mar/11 Out/10 Set/10 Mai/10 Nov/09 Jun/09 Dez/08 Out/07 Mar/08 Dez/08 Mai/07 Out/07 Out/07 Nov/05 Mar/06

Mar/04 Ago/03 2002

Jun/04 Nov/03 -

-

-

Dessa forma, ao longo dos anos 2000, o mercado de Telecom se tornou polarizado por quatro grandes grupos empresariais, dos quais. A tabela abaixo relaciona as empresas e os serviços ofertados mercado nacional:   Tabela  6  –  Principais  grupos  empresariais  no  setor  de  Telecomunicações  -­‐  Fonte:  TELECO   (http://www.teleco.com.br/operadoras/grupos.asp)   Fixo

Celular

B Larga

TV por Assinatura Telefônica/Vivo Telesp Vivo Telesp TVA Oi Oi Oi Oi Oi Claro/Embratel/Net Embratel Claro Net eEmbratel Net eEmbratel Tim * Tim Vivendi GVT GVT Nextel ** Sky SKY * A TIM atua em longa distância na telefonia fixa e possui uma participação pequena na telefonia local. ** Nextel é uma operadora de SME (Trunking) e adquiriu uma licença de 3G em 2010.

Como se pode observar, a previsão de alguns analistas, ainda no ano 2001, não apenas se confirmou como se ampliou, quando, através do artigo “Para analistas, só quatro grupos  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       deverão

explorar

celular

no

país”

(02/02/2001)

-

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/smp-analise.shtml, foi prevista a permanência de apenas 4 grandes grupos empresariais, dos quais 3 teriam capital estrangeiro. Abaixo se destacam alguns dos principais pontos mencionados no artigo (FOLHA ONLINE, 2001): “Dos novos grupos, três deverão ser estrangeiros. Um será a Telecom Italia Mobiles (TIM). O outro virá da fusão da Telefónica Móbiles, subsidiária da Telefónica de España, com a Portugal Telecom. O terceiro poderá resultar de uma eventual associação entre a Telecom América formada pela Telmex, a americana SBC e a Bell Canada_ e a Bell South.” Ainda, “Os analistas acham que há ainda espaço para que a Telemar, que opera a telefonia fixa no Norte e no Nordeste do país, ou a Brasil Telecom, que explora os Estados do Centro-Sul, dispute também o mercado de telefonia celular. As duas empresas poderiam entrar juntas ou separadas”. Na prática, os quatro grupos não se fixaram apenas na telefonia móvel, quanto também nos serviços de telefonia fixa e TV por assinatura. Mais do que isso, Tabela 6 indiretamente reporta os seguintes movimentos:



Oi: o Após assumir a operação da Telemar, a Oi assumiu o controle das operações da Brasil Telecom (BRT), passando a ser denominada por “Super Tele”. Ao passar por dificuldades financeiras, e aproveitando o desejo da Telefonica de fundir suas operações fixas e móveis entre Vivo e Telefonica, a Portugal Telecom deixou o controle acionário da Vivo, assumindo participação na Oi. Assim, o único grupo, até então nacional, passou a ser controlado pela empresa Portugal Telecom.

•  

Vivo:

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       o Em 2013, Vivo e Telefónica definitivamente fundiram suas operações fixo, móvel e de TV por assinatura (ex TVA), através de sua unidade TDATA. Essa operação só se viabilizou pela saída da Portugal Telecom do capital social da Vivo. Dessa forma, a Vivo passou a ser uma companhia de controle da empresa Telefónica España. Uma nota importante: o grupo Telefónica tem operações em toda a américa latina (LATAM).



TIM o Sendo parte do grupo Telecom Italia (que tem ações detidas pela Telefónica España, através da Holding Telco), a TIM Brasil fez um processo de expansão através da consolidação de suas operações móveis, adquirindo novas licenças de frequência em cada estado da federação. Além disso, em 2010, a Tim Brasil adquiriu a Intelig, empresa criada no início do processo de privatização para ser espelho da Embratel (ligações de Longa Distância), e posteriormente, a AES Telecom, empresa do grupo AES que operava redes de fibra óptica e transmissão de dados nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro. Por inúmeras vezes, cogitou-se da hipótese que a TIM Brasil seria vendida, porém, o grupo Telecom Italia tem reforçado seguidamente o valor estratégico da operação brasileira no contexto internacional da corporação.



Claro o A Claro surgiu, incialmente, como uma fusão de diversas operações das operadoras de Banda B. A empresa foi capitalizada, essencialmente, pelo grupo Carso, de origem mexicana e de propriedade do multibilionário Carlos Slim. O grupo Carso adotou estratégia ainda mais agressiva, ao adquirir as operações da Embratel (após os escândalos de balanços envolvendo a MCI americana) e também a NET Serviços, empresa inicialmente controlada pela Globo Cabos, do grupo Globo. Assim, a Claro se posicionou, em 2013, com ofertas sinérgicas junto às empresas Embratel e NET

As operações da Nextel, tanto no Brasil, como no exterior, se deterioraram. Muitas razões podem ser abordadas para esse evento, mas esses não serão alvo do presente trabalho.

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       A GVT foi a única das empresas “espelho”, inicialmente criada para competir com a Brasil Telecom, que perdurou. Após abrir seu capital na bolsa de valores, a GVT fez aquisições no mercado local, adquirindo a Geodex (empresa que operava redes ópticas regionais no Brasil) e, posteriormente, recebeu investimentos do grupo Vivendi. No presente trabalho, a avaliação da indústria se focalizará nos seus principais representantes como operadores, sendo eles TIM, Oi, Vivo, Claro e GVT.

4 Uma   nota   sobre   as   transformações   tecnológicas   e   o   comportamento  do  consumidor   Muitas coisas aconteceram, do ponto de vista dos avanços tecnológicos, após o início do processo de privatização e ao longo do ciclo de amadurecimento do mercado (no que diz respeito às fusões e aquisições). Abaixo serão indicados alguns dos principais elementos que mudaram a forma do consumidor interagir com as tecnologias das comunicações, que deixara de ser somente uma comunicação por voz, passando a ser um “set” completo de facilidades de comunicação:



Barateamento dos custos de tecnologias ópticas: o Um vídeo, um e-mail, uma foto, ou mesmo uma ligação telefônica, no mundo das comunicações digitais, nada mais são do que codificações binárias 23 , organizadas serialmente e enviadas entre dois pontos. As fibras ópticas maximizaram a capacidade de se enviar bits24, em longas distâncias e em grandes volumes, de modo a habilitar a criação das grandes redes de comunicação de dados que compõe a Internet.



Barateamento das tecnologias de processamento de imagens: o Quanto mais definidas as imagens transmitidas através dos sites de internet, melhor a experiência do usuário final. Assim, com a possibilidade em que câmeras digitais, de alta definição, passassem a estar a bordo de aparelhos celulares ou tablets, a produção de conteúdo “personalizado” em qualidade de

                                                                                                                23  Binário:  codificações  digitais  indicadas  como  “0”  e  “1”,  que,  quando  decodificadas,  reportam  uma  informação.  Quando  maior  o   “tamanho”  do  código  (número  de  bits),  melhor  a  acuracidade  da  informação  decodificada.   24  Bit:  unidade  digital  de  uma  codificação  binária  

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       alta definição cresceu exponencialmente, e, associada aos meios de compartilhamento digitais (redes sociais), aceleraram a demanda por serviços de mais alta capacidade de transmissão e por ferramentas “online” na Internet.



Mobilidade em Alta Velocidade: o No início da telefonia celular, apenas o serviço de telefonia fazia parte do pacote. Alguns saltos foram realizados, até chegar às atuais ofertas de serviços de terceira geração (3G) ou quarta geração (LTE – 4G), com capacidade de fornecer, ao usuário final, velocidades que atinjam níveis de até 7.2Mbps (para 3G) e 100Mbps (para 4G). Esse fato muda completamente a forma como o usuário interage com os conteúdos por ele acessados, já que, para assistir a um vídeo online, não é mais necessário estar em casa. É possível que o cliente esteja no ônibus, metrô ou qualquer local, em mobilidade, acessando os conteúdos desejados.



Serviços “Over-the-Top”: o Essa nomenclatura, bastante tendenciosa e criada pelos representantes da indústria de Telecom, classificam assim aqueles serviços oferecidos na Internet, através de estruturas de tecnologia de informação, que permitem que “operadoras de serviços de comunicação virtuais” surjam na Internet, possibilitando que usuários possam se falar em chamadas de telefonia, vídeo comunicação, transmissão de vídeo e notícias, etc.. Exemplos a esse respeito são os serviços Skype, YouTube, Globo.com, etc..



Massificação de serviços e aplicações baseadas no protocolo de comunicação de dados denominado Internet Protocol (IP) o A troca de informações e a interconexão entre “clientes” e “servidores” de informações passaram a usar um único protocolo comum, altamente difundido e de fácil utilização chamado Internet Protocol (atualmente nas versões v4 e v6). Dessa forma, a massificação de desenvolvedores, fabricantes e fornecedores que se adaptaram a esse padrão tecnológico, permitiu que um volume inigualável de informações e conteúdos estivesse disponível na Internet pra serem consumidos por usuários em qualquer terminal (PC, tablete, celular, etc..)

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

Assim, o grande desafio do mercado de Telecom não se encontra apenas na manutenção da base de usuários, expansão de redes e modelos tarifários, mas, principalmente, como se adaptar a um modelo onde os consumidores ganharam força através da massificação de serviços que transitam pelas redes dos operadores, mas que não os remuneram por isso.

5 O   cenário   atual   das   telecomunicações   no   Brasil:   Participantes   e   sua  relevância   Conforme indicado anteriormente, o presente trabalho considerará como operadores de telecomunicações do mercado brasileiro, as empresas Vivo, Oi, TIM, Claro/Embratel/NET e GVT. As demais, não farão parte da presente análise. Do ponto de vista de relevância para o mercado, a Figura 8 reforça o posicionamento dos principais grupos quanto à receita líquida gerada (referência: Ano Calendário 2012).

%  Receita  Liquida  Agregada     (Fixo  +  Móvel  +  B.Larga  +  TV)   Outros   GVT   Sky   1,8%   Nextel   5,3%   3,3%   4,3%  

Telefônica/Vivo   26,0%  

Tim   14,4%  

Oi   21,5%   Claro/Embratel/ Net   23,5%  

 

Figura  8  -­‐  %  Receita  Liquida  Agregada  Serviços  Telefonia  (Fixo  +  Móvel  +  B.Larga  +  TV)  –  Referência  CY2012-­‐   Fonte:  TELECO  

  Observa-se que há um significativo predomínio dos grupos Vivo/Telefônica, Oi e Claro/Embratel/Net. A TIM segue como o quarto grupo de maior relevância, evidentemente atrás das demais em função da ausência de ofertas complementares no mercado de serviços fixos. Todas as operadoras competem nas principais regiões de atividade econômica no Brasil, hora em serviços fixos, hora em serviços móveis, hora em serviços de valor agregado.  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

Do ponto de vista de serviços fixos, destaca-se a presença da Oi, conforme se verifica na Figura 9. É evidente que a aquisição da Brasil Telecom trouxe um posicionamento de proeminência à companhia, já que, considerando-se as regiões do PGO (Plano de Outorga), a empresa pode operar em todos os estados da federação, com exceção do estado de São Paulo (SP). Mais uma vez destaca-se a força da Telefonia/Vivo na região de São Paulo e observa-se o fato que o grupo Claro/NET/Embratel, impulsionados pelos serviços combinados da oferta de TV por Assinatura e telefonia, dá ao grupo um percentual de 23,5% dos acessos. Nota-se que a TIM Brasil tem um ponto de fraqueza, no contexto da indústria, como se observará posteriormente no presente trabalho.

%  Acessos  Fixos  -­‐  Ano:  2012   Nextel   Tim   0,0%   1,4%  

GVT   8,4%  

Sky   Outros   0,0%  2,7%  

Telefônica/Vivo   23,5%  

Claro/Embratel/Net   22,3%  

Oi   41,7%  

Figura  9  -­‐  Participação  nos  serviços  Fixos  -­‐  %  de  Acessos  Fixos  –  Referência  CY2012  -­‐  Fonte:  TELECO

Quando olhamos mais detalhadamente o mercado de telefonia móvel, a competição em termos de percentual de acessos móveis é bastante acirrada. Conforme se observa na Figura 10, há um nítido equilíbrio entre as companhias nesse segmento, quanto ao quesito em questão:

%  Acessos  Móveis  

Nextel   0,0%   GVT   0,0%   Tim   27,0%  

Outros   0,4%  

Sky   0,0%   Telefônica/Vivo   28,8%  

Claro/Embratel/ Oi   Net   18,7%   25,1%   Figura  10  -­‐  Participação  nos  serviços  móveis  -­‐  %  de  Acessos  Móveis  –  Referência  CY2012  -­‐  Fonte:  TELECO  

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração      

Avaliar o mercado de telefonia móvel apenas pelo número de acessos pode trazer uma perspectiva parcial dessa importante fatia do setor. Isso porque, além de existirem dois perfis bem diferentes de usuários em termos de receita para as operadoras (os clientes tipo pré-pago e pós-pago), a telefonia móvel evoluiu significativamente com serviços de valor agregado (SVAs) que potencializam a rentabilidade dos negócios nesse mercado. A Figura 10 apresenta a distribuição da receita líquida entre as principais operadoras. Considerando-se que Vivo, Oi e Claro apresentam uma distribuição em termos de número de acesso muito similar (em torno de 25%), observa-se que Vivo e TIM apresentam recursos suficientes para acumular uma receita significativa do mercado (tamanho total do mercado em 2012: R$ 62,8 bi).

%  Receita  Líquida  -­‐  Telefonia  Celular   Claro   21,0%  

Vivo   35,3%  

Oi   14,4%  

TIM   29,3%   Figura  11  -­‐  Distribuição  de  %  Receita  Líquida  %  -­‐  Telefonia   Celular  –  Referência:  2012  -­‐  Fonte:  TELECO

A Vivo mantém a liderança, como se pode observar na  

Figura   12   -­‐   %   de   clientes   pré-­‐pago   por   operadora  -­‐  Fonte:  TELECO  

Figura 11, seguida pela TIM Brasil. É interessante notar que a Vivo, segundo mostra a Figura 12, tem em sua

base de clientes o menor percentual de clientes pré-pago (76,8%). Ainda, a estratégia da Vivo, refletida pela remuneração por cliente, tem sido acertada quando se pensa nos serviços de valor agregado, qualidade de rede e clientes de maior potencial (Pós-Pago), e não apenas na quantidade de minutos consumidos. Quando se observa o ARPU (Average Revenue per User /  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       Média de Receita por Usuário – tradução Livre), a Vivo tem levado vantagem sobre a concorrência, fato esse que se pode observar através da Figura 13.

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       A TIM segue na segunda posição no que diz respeito à participação em receita líquida no mercado (referência em 2012). Apesar de possuir uma base de clientes essencialmente pré-paga, a operadora vem explorando fortemente

os

serviços

de

valor

agregado

e

impulsionando o uso de minutos por usuário, através Figura   13   -­‐   ARPU   Médio   em   2012   -­‐   Fonte:  TELECO  

  das tarifas fixas por chamada, elevando assim o consumo (Error! Reference source not found.).

Nota-se, dentro do contexto, que o mercado de telefonia móvel vem evidentemente passando por uma transformação, cujos “drivers” passam pela alteração no consumo dos clientes. Isso porque, no mercado de telefonia fixa, o consumo de minutos sempre foi o principal elemento gerador de receita. O mercado de telefonia móvel vem abandonando esse modelo, oferecendo tarifas fixas por chamadas, e explorando os serviços relacionados à Internet. Essa transformação se faz necessária devido aos seguintes fatores:



Equilíbrio em termos de penetração no mercado consumidor: o Todas as quatro grandes operadoras, como identificado na Figura 10, apresentam um % de penetração do mercado muito equilibrado.



O crescimento da base de clientes começa a perder força: o Durante os anos 2000, observa-se um crescimento Ano contra Ano médio de cerca de 30%. Porém, entre o ano de 2011 e 2012, se pode observar um crescimento de apenas 8%. Esse fenômeno nos leva a observar que as fontes de receita não estarão mais no simples crescimento de contratos na base de clientes, mas a diferenciação de serviços (e não apenas de tarifas) deverá ser fator fundamental para a sobrevivência das companhias.

 

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  Figura  14  -­‐  Crescimento  %  da  base  de  Clientes  Móveis  -­‐  Ano  Contra  Ano  -­‐  1995  a  2012  (Fonte:  TELECO)  

    •

Possível saturação no número de terminais por elemento da população entre 20 e 70 anos. o Assumindo como hipótese que o perfil de idade dos clientes pagantes das operadoras móveis estivesse entre 20 e 70 anos, com base no censo IBGE2010, se encontra a referência que o número de terminais por cidadãos entre 20 e 70 anos chegou a 2,14. Considerando-se que o crescimento populacional vem desacelerando-se nas últimas décadas, a perspectiva é que não haja um crescimento significativo no número de terminais móveis.

Tabela  7  -­‐  Hipótese  de  Saturação  da  Base  de  Clientes  Pagantes  -­‐  Telefonia  Móvel  (FONTE:  IBGE;  TELECO)   Referências Demográficas Base de Clientes Total – Operadoras Celular População acima de 10 a 90 anos - Celulares por Cidadão de 10 a 90 anos População economicamente ativa (20 - 70 anos) - Celulares por Cidadão de 20 a 70 anos



2010

2012

202.944.033

261.775.433

161.541.137 1,26

1,62

122.333.062 1,66

2,14

Demanda por Serviços Online e por terminais inteligentes (Smart Phones) o Atualmente, apenas 30% da base de clientes das operadoras de telefonia móvel possuem terminais inteligentes (Smart Phones), utilizados para comunicações digitais, tanto em termos de telefonia e navegação na internet, como no uso de serviços do tipo OTT. Dada a transformação no hábito de consumo, os clientes

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       tendem a adotar os terminais inteligentes e aumentar o consumo de serviços de dados. Por último, ainda falando da relevância das empresas presentes no mercado, é interessante observar a oferta de serviços de banda larga fixa, sendo essa fator fundamental para a sobrevivência dos operadores fixos (dado que as receitas de voz são decrescentes ano a ano).

%  Acessos  Banda  Larga   GVT   11,3%   Nextel   0,0%  

Outros   9,7%  

Sky   0,0%  

Telefônica/Vivo   19,0%  

Tim   0,3%  

Oi   29,7%   Claro/Embratel/Net   30,0%   Figura  15  -­‐  Market  Share  em  Termos  de  %  de  Acessos  Banda  Larga  (2012)  -­‐  Fonte:  TELECO

 

Mais uma vez, o olhar especial será dado aos quatro grandes grupos internacionais (Vivo, Oi, Claro/Net/Embratel e TIM), além da GVT. Observa-se que mais uma vez, a Vivo se posiciona favoravelmente, em função da sua presença no estado de São Paulo, com a oferta de serviços Banda Larga. Oi se apresenta relevante devido a alta penetração de banda larga na região sul e sudeste,

áreas

provenientes

dos

grupos

Telemar

e

Brasil

Telecom,

enquanto

Net/Embratel/Claro desfrutam da alta penetração dos serviços de TV por Assinatura, associados à banda larga, oferecidos pela NET. O destaque negativo se faz à TIM Brasil, que, mais recentemente fez o lançamento de seu serviço de Banda Larga fixa. Porém, como será observado posteriormente, o serviço tem tido um crescimento ainda não significativo, dificultando o posicionamento da companhia no mercado.

 

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       Dada a relevância das ofertas combinadas, como será observado posteriormente, também se deve observar o mercado de TV por Assinatura, fator motivador de ofertas combinadas no mercado.

%  Acessos  -­‐  TV  Assinatura   Sky   31,2%  

Outros   5,3%  

Telefônica/Vivo   3,3%  

Oi   5,0%  

GVT   2,9%   Tim   0,0%  

Nextel   0,0%  

Claro/Embratel/ Net   52,3%  

Figura  16  -­‐  Market  Share  -­‐  TV  por  Assinatura  (Fonte:  TELECO)

 

  A Figura 16 mostra como o posicionamento da NET é fundamental para a manutenção das ofertas combinadas, e vencedoras, do grupo Claro/Embratel/NET no que diz respeito aos serviços fixos (broadband e telefonia). A Sky atualmente não oferece serviços combinados de acesso à internet ou telefonia, e é a segunda principal em TV por Assinatura, o que deixa a NET em posição de conforto evidente. A participação da Vivo se deve à base de assinantes da antiga TVA, adquirida pela Telefónica, e à oferta de serviços de TV via Internet, recentemente iniciada pela operadora. GVT, por se posicionar nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, áreas aonde a companhia vem desenvolvendo extensa infraestrutura de acesso à internet Banda Larga (tecnologia base para o serviço de TV por assinatura). Concluindo o tema da relevância, se observam que as operadoras vêm passando por um processo de fusão e convergência de serviços, que deixa em situação favorável àquelas que possuem um portfolio mais completo em termos de ferramentas de comunicação e entretenimento, puxados pelo hábito dos consumidores. Além disso, estratégias de posicionamento focadas em clientes de maior rentabilidade, como é o caso da Vivo, aumentam significativamente as oportunidades de expansão no mercado.

 

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6 Competição  e  Posicionamento:  combinação  de  serviços   A oferta de serviços, em função de todo o processo de fusão e aquisição e convergência tecnológica, têm levado a um comportamento de competição muito mais focado na combinação de serviços, do que na oferta exclusiva de produtos únicos (telefonia fixa, telefonia móvel, TV por assinatura, conexão à Internet). A Figura 17 apresenta um resumo com as atuais ofertas de serviços dos cinco grupos empresariais mais fortes no mercado de telecomunicações:

  Figura  17  -­‐  Mapa  de  Ofertas  de  Produtos  -­‐  Operadores

Refletindo o tema da relevância em relação ao percentual de receita líquida do mercado, absorvido por cada operadora (Figura 8), pode-se observar que os grupos de maior relevância, sob esse critério, apresentam uma cobertura de serviços completa: banda larga fixa e móvel, telefonia fixa e móvel, além de TV por assinatura (observar os grupos Vivo, Net/Claro/Embratel, Oi). O quarto grande grupo, a TIM brasil, vem sofrendo com a ausência de importantes produtos que possam complementar sua oferta e permitir um crescimento significativo. Ao realizar um estudo sobre a relação entre Oferta, Tecnologia e Mercado (ABELL & HAMMOND, 1979), observa-se que o grupo TIM tem um ponto de fraqueza significativo ao ter uma oferta de serviços parcial, e incompleta. É bem provável que, para alguns nichos, seus produtos sejam os mais desejados, mas dada a amplitude do mercado, a empresa perde relevância no cenário atual. A Figura 18 apresenta a origem da prestação de serviços fixos (telefonia e banda larga), representando o início das operações de empresas como Vivo, Oi e GVT.

 

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  Figura  18  -­‐  Dimensões  de  Mercado  (Abell  &  Hammond,  1979)  –  Oferta  Fixa  tradicional  para  Oi,  GVT  e  Vivo  

  Evoluindo-se a oferta, com o objetivo de observar o modelo de oferta da NET, se observa na Figura 19 que ela seria a primeira a poder combinar os serviços de TV por Assinatura, Banda Larga e acesso à Internet e Telefonia Fixa, permitindo uma abrangência de mercado ainda maior que as ofertas iniciais de Oi, GVT e Vivo. Observa-se que a TIM Brasil não encontrava presente nesses cenários de ofertas.    

  Figura   19   -­‐   Dimensões   de   Mercado   (Abell   &   Hammond,   1979)   -­‐   Serviços   Fixos   para   grupo   Claro/NET/Embratel

Enfim, através da Figura 20, observa-se o estado atual das ofertas, no que tange os serviços fixos. Vivo, Oi, GVT utilizam tecnologias existentes pra oferecer o portfolio completo de  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       serviços fixos (telefonia fixa, TV por Assinatura, banda larga fixa). A NET, como parte do grupo Claro/NET/Embratel, utilizando uma tecnologia diferente das suas concorrentes Vivo, Oi e GVT25, também mantém sua oferta completa de serviços fixos.

  Figura  20  -­‐  Dimensões  de  Mercado  (Abell  &  Hammond,  1979)  -­‐  Serviços  Fixos  para  grupo   Claro/NET/Embratel

Observa-se aqui, como panorama do mercado, que a TIM Brasil tem a situação mais delicada sob o ponto de vista da formatação de sua oferta de serviços. Pelo fato de, atualmente, sua oferta não conter serviços de TV por Assinatura, nem tão pouco telefonia fixa, ainda que seu serviço de dados tenha a melhor relação “Velocidade x Preço” (ver Figura 15 e Figura 21), o crescimento de seu produto no mercado ainda é muito pequeno (ver Figura 22)

                                                                                                                25  A  NET  utiliza  uma  tecnologia  denominada  HFC  (Hybrid  Fiber-­‐Coax),  enquanto  GVT  e  Oi  utilizam,  exclusivamente,  tecnologias   baseadas  sobre  “par  metálico”  (xDSL).  Vivo  utiliza  tanto  a  tecnologia  xDSL/par  metálico,  como  fibras  ópticas.  

 

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  Figura  21  -­‐  Posição  Competitiva  -­‐  Velocidade  vs.  Preço  -­‐  Banda  Larga  Fixa  -­‐  Ref.  Julho/2013  -­‐  (D'Aveni,   Nov/2007)

%  Market  Share  

%  Mkt.  Share  em  Numero  de   Acessos  -­‐  Banda  Larga  Fixa   35,00%  

Oi  

30,00%   25,00%  

Net  

20,00%  

Telefônica/Vivo  

15,00%  

GVT  

10,00%  

CTBC  

5,00%   0,00%   1T12   2T12   3T12   4T12   1T13  

Embratel  

 

Figura  22  -­‐  Market  Shares  em  Número  de  Acessos  -­‐  Banda  Larga  Fixa  -­‐  2012  e  1T2013

Olhando-se o cenário atual, e assumindo que todos os grandes grupos em questão (Vivo, Oi, TIM e Claro) observa-se que:



Os serviços de banda larga fixa que mais crescem, conforme Figura 22, são dos operadores NET e GVT;



Segundo a Figura 21, as duas companhias em questão são aquelas que apresentam o preço mais próximo do “valor justo” praticado pelo mercado. Isso não significa dizer que sejam o preço mais baixo, que evidentemente fica associado à TIM.



A TIM, ainda segundo a Figura 21, possui o menor preço para as velocidades de acesso praticadas, porém, com um crescimento baixíssimo, segundo a Figura 22.

 

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Dessa forma, pode-se entender que a competição não está ocorrendo no âmbito da combinação de parâmetros exclusivos de somente um produto, mas em toda a oferta que cada grupo pode oferecer. Por isso, o caminho que os grupos Vivo, Claro/Embratel/NET e Oi estão seguindo parece ser aquele que vai efetivamente ditar o mercado, onde uma única companhia oferece serviços completos de comunicação e entretenimento digital para o mercado consumidor.

7 O  que  se  tornarão  as  empresa  de  telecomunicações?       Até o momento, o presente trabalho buscou uma abordagem focada na compreensão do posicionamento das operadoras de telecomunicações, suas ofertas, os fenômenos de preço e valor observados no cenário brasileiro bem como a visão de que a consolidação das companhias é fator chave de sucesso para sua sobrevivência. Porém, em todo esse contexto, um fator foi deixado de lado. Enquanto a discussão sobre produtos e preços nos operadores parece girar em torno de uma competição por “centavos” de cada cliente, existe um grupo de companhias como Apple, Inc, Google, Inc, Microsoft, Yahoo que vem investindo significativamente na criação de um ecossistema que usufrua das redes de telecomunicações, mas não as remunere. Conforme mencionado acima, esses são os chamados OTT.

 

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  Figura  23  -­‐  Ecossistema  ilustrativo  da  Indústria  de  Comunicação  e  Entretenimento

Os clientes, anteriormente acessados apenas pelas operadoras de telecomunicações, passaram a ser abordados por inúmeros entes diferentes que compõe o ecossistema e que tem poderes para influenciá-los. Os serviços de Internet vêm mudando o modo como as pessoas se comunicam, através da utilização de aplicativos gratuitos como Skype (atualmente, da Microsoft), WhatsUp (para envio de mensagens de textos gratuitas a partir de celulares móveis), YouTube (para divulgação de vídeos em alta definição, online, 24 horas por dia), etc.. Isso também sem considerar diretamente as redes sociais, como Facebook, que, além de atraírem a atenção dos seus usuários por compartilhar notícias e “feeds” sobre seus amigos, ainda propõe uma infinidade de aplicativos pagos para jogos, Porém, o maior fenômeno na verdade se encontra na quantidade de usuários atendidos por essas plataformas, e consequentemente, a sua capacidade de gerar fundos para a promoção de novas estruturas de acesso e serviços. A Figura 24 traz alguns números de Dezembro/2012:

 

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  Figura   24   -­‐   Base   de   Usuários   Ativos   (em   milhões)   -­‐   Redes   Sociais   -­‐   Dezembro   2012   -­‐   Fonte:   Forbes   (http://www.forbes.com/sites/anthonykosner/2013/01/26/watch-­‐out-­‐facebook-­‐with-­‐google-­‐at-­‐2-­‐and-­‐ youtube-­‐at-­‐3-­‐google-­‐inc-­‐could-­‐catch-­‐up/)  (Kosner,  2013)

Os números apresentados são evidentemente globais, e tratam dos acessos em todo o mundo. Porém, se observa que a plataforma Facebook, por exemplo, em Dezembro de 2012 tinha aproximadamente 700 milhões de usuários ativos, usuários esses que podem acessar o serviço a partir de qualquer rede, independente do operador. E essa é a “pedra de roseta”. Os serviços online são agnósticos em relação à operadora que os “comunica a longa distância” (no senso estrito da palavra telecomunicações) com os usuários. O que antes parecia ter valor, ou seja, a rede e os ativos das operadoras, cada vez mais se torna indiferente. O consumidor passou a ser agnóstico à qual “estrada” será utilizada para chegar até o seu portal de notícias favoritos, ou serviço de consumo, ou até mesmo, site de relacionamento. Esse fenômeno se pode observar, quando verificamos as transformações das redes ferroviárias americanas, no século XIX. Inicialmente, cada operador ferroviário, geralmente associado a uma família com negócios agrícolas, definia o que poderia ser transportado, como, quando e a quais tarifas. Tornando curta uma longa história, quando esse modelo se tornou ineficiente para interconectar um país de dimensões intercontinentais que demandava transporte de cargas entre todas as regiões, o que efetivamente tinha valor, as ferrovias foram integradas. Por isso, de forma livre e espontânea, sem a menor intenção de acertar tamanha previsão, o autor desse trabalho acredita que as operadoras, inevitavelmente, passarão a ser verdadeiras ferrovias: interligadas, padronizadas, e, até certo ponto, concessões estatais atribuídas a empresas privadas que as operam e desfrutam de seus lucros por um determinado tempo. A  

                                 Instituto  COPPEAD  de  Administração       Internet passou a ser o local onde pessoas vivem, e as redes, são apenas estradas pelas quais não se deseja pagar por elas, ou melhor, talvez apenas um pequeno pedágio. Porém, o valor certamente está no conteúdo. As operadoras devem, assim, o quanto antes associar-se a parceiros de serviços online que possam dividir as receitas provenientes do serviço, de modo que a rede seja um habilitador de serviços de qualidade, enquanto os OTTs sejam parceiros das operadoras no lançamento de facilidades e serviços para seus clientes.

 

                                           Instituto  COPPEAD  de  Administração    

38  

   

8 Bibliografia     D'Aveni,  R.  A.  (Nov/2007).  Qual  sua  posição  competitiva?  Harvard  Business  Review,  68  -­‐   78.     FOLHA  ONLINE.  (s.d.).  Acesso  em  04  de  09  de  2013,  disponível  em  DINHEIRO  ONLINE:   http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/smp-­‐bandab.shtml     FOLHA  ONLINE.  (02  de  02  de  2001).  Acesso  em  04  de  09  de  2013,  disponível  em   DINHEIRO  ONLINE:  Como  se  pode  observar,  a  previsão  de  alguns  analistas,  ainda   no  ano  2001,  não  apenas  se  confirmou  como  se  ampliou,  quando,  através  do   artigo  “Para  analistas,  só  quatro  grupos       IACHAN,  A.  C.  (s.d.).  UMA  HISTÓRIA  DA  TELEFONIA  NO  RIO  DE  JANEIRO  (1930  -­‐  1962),   pág.3.  RIO  DE  JANEIRO,  RJ,  BR:  HCTE/UFRJ.     IPEA.  (2010).  Desafios  e  Oportunidades  do  Setor  de  Telecomunicações  no  Brasil.   Comunicados  do  IPEA  -­‐  Série:  Eixos  do  Desenvolvimento  Brasileiro.     KESTELMAN,  H.  N.  (2002).  CONTEXTO  HISTÓRICO  DO  PROCESSO  DE   INSTITUCIONALIZAÇÃO  DAS  TELECOMUNICAÇÕES  NO  BRASIL  -­‐  VOLUME  II.  Rio   de  Janeiro,  RJ,  BR.     Kosner,  A.  W.  (26  de  01  de  2013).   http://www.forbes.com/sites/anthonykosner/2013/01/26/watch-­‐out-­‐facebook-­‐ with-­‐google-­‐at-­‐2-­‐and-­‐youtube-­‐at-­‐3-­‐google-­‐inc-­‐could-­‐catch-­‐up/.  Acesso  em  05  de   09  de  2013,  disponível  em  Forbes:   http://www.forbes.com/sites/anthonykosner/2013/01/26/watch-­‐out-­‐ facebook-­‐with-­‐google-­‐at-­‐2-­‐and-­‐youtube-­‐at-­‐3-­‐google-­‐inc-­‐could-­‐catch-­‐up/     NOVAES,  A.  (s.d.).  Privatização  do  setor  de  telecomunicações  no  Brasil.     TATSCH,  C.  R.  (2003).  PRIVATIZAÇÃO  DO  SETOR  DE  TELECOMUNICAÇÕES  NO  BRASIL.   Porto  Alegre,  RJ,  BR.        

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