O conflito ético-religioso presente no contexto social do período pós-exílio e as revisões nas concepções sobre malfeitores e justos.

O conflito ético-religioso presente no contexto social do período pós-exílio e as revisões nas concepções sobre malfeitores e justos.

Introdução O problema da contraposição entre “malfeitores e justos”, denominados pelos termos hebraicos

[v'r'eqyDIc,;

que ocorrem com certa frequência nos textos bíblicos, deixam

marcas de um importante conflito ético-religioso presente no contexto social do pósexílio. O uso da terminologia

[v'r' para identificar o malfeitor, consiste na denúncia de

uma ideologia antissocial, marcada pela divisão de classes que se destacou no final do V século a.C., onde os pobres eram maltratados e espoliados de seus bens por parte de membros da aristocracia. Estes, por sua vez, destacados como cooperadores da administração persa, continuavam inabaláveis em sua condição econômica, mantendo prestígio e grande consideração na sociedade. A partir destes apontamentos, faz-se necessário indagar sobre a importância do

[v'r'na

sociedade israelita, e porque este termo surge com maior intensidade no período do pósexílio? 1. Abordagem conceitual As palavras: mal, malvado ou malfeitor, são termos bastante genéricos, que podem designar, entre outros, alguém que apresenta desvio de caráter, arrogante, perverso, tirano e sem piedade. Nos textos bíblicos, estes termos designam um modelo social, que se define por um conjunto de acontecimentos, representados por diversas palavras em seus respectivos contextos. Destes, nos interessa o termo [v'r' e seu conjunto semântico de palavras que determinam muito mais do que um simples significado. É antes, o conceito adotado para uma função social, muito presente na história da religião de Israel. Para a melhor compreensão da força empregada na palavra malfeitor, que caracteriza de forma pejorativa um inimigo social, torna-se necessário indagar sobre a formação conceitual do [v'r'. O termo é usado em paralelo com quase todas as palavras hebraicas

relacionadas ao pecado1, o mau2 e iniqüidade3, que reforçam o grau e a intensidade de seu aspecto degenerativo. Constatamos que suas variantes semânticas, das quais destacamos,

anEf'

aqueles que

odeiam o justo(Sl. 34.22);!w