O debate político na academia brasileira

O debate político na academia brasileira
Caro leitor (especialmente quem estuda ciência política, história ou economia), você por acaso já ouviu falar de autores como Edmund Burke, Alexis de Tocqueville, Eric Voegelin, Roger Scruton ou Russell Kirk? Se já ouviu, o que exatamente ouviu?
Existe na academia brasileira um grande desconhecimento das obras destes autores. Eu diria que talvez nem tanto com Burke ou Tocqueville (embora muitos espantalhos sejam propagados por professores a respeito de tais autores), porém em relação a Voegelin, Kirk e Scruton, eu jamais ouvi qualquer menção a eles em salas de aula. O que é um absurdo tendo em vista obras como a série de livros "Ordem e História", de Voegelin.
Ninguém que realmente conheça a obra de Burke, Kirk, Voegelin ou Scruton (e outros autores com pensamento liberal ou conservador) negligencia (ou pelo menos não deveria negligenciar) os autores clássicos ou os que possuem outras visões de mundo. Muito pelo contrário. Para criticar é preciso conhecer.
Lamentavelmente, professores e estudantes que não conhecem a fundo as obras dos autores acima citados geralmente seguem dois caminhos. Ou falam sobre o autor, porém de uma forma demasiadamente parcial, superficial e cheia de erros e inconsistências, ou negligenciam completamente sua existência da face da terra.
Isso me parece como uma espécie de medo de ter que debater com argumentos que ele pode não ter condições de refutar. Em resumo, pessoas que fazem tais coisas não querem debater com pensadores divergentes mas ao mesmo tempo querem dizer que esses autores são inferiores e que "defendem o status quo".
Sendo que status quo é uma coisa que varia de um país para o outro. Por exemplo, temos países que são mais liberais em relação às drogas, enquanto outros tem uma legislação onde se aplica pena de morte contra traficantes (como ocorreu recentemente com o brasileiro na Indonèsia). Temos países que são mais liberais em relação à economia, enquanto outros são mais fechados.
Será que defender o status quo na Austrália é a mesma coisa que defender o status quo na Coréia do Norte? Eu sinceramente acho que não.