O desenvolvimento de competências profissionais no 1º e 2º ciclo de Psicologia através da participação num projecto comunitário
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O desenvolvimento de competências profissionais no 1º e 2º ciclo de Psicologia através da participação num projecto comunitário Glória Jólluskin Isabel Silva CECLICO; Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (Portugal)
O novo sistema de ensino universitário adaptado a Bolonha inclui a implementação de estratégias de aprendizagem adequadas ao desenvolvimento de competências práticas nos alunos desde uma óptica participativa. Neste sentido, com este trabalho, pretendemos debruçar-nos sobre um projecto com vista a desenvolver nos alunos de Psicologia um conjunto de estratégias que lhes permitam adaptar-se às novas demandas académicas e profissionais. Pretende-se, desta maneira, facilitar a aquisição de competências de forma transversal a diferentes unidades curriculares, sendo estas avaliadas formalmente a partir de um único trabalho desenvolvido através de actividades de extensão comunitária. Desde este ponto de partida, pretendemos, em primeiro lugar, promover nos nossos alunos o acesso a experiências práticas para facilitar o exercício de competências profissionais no terreno e do desenvolvimento de uma consciência social. Em segundo lugar, pretendemos que os alunos aprendam a integrar e aplicar conjuntamente os conteúdos programáticos leccionados em distintas unidades curriculares incluídas no plano de estudos. Incluímos neste projecto as seguintes unidades curriculares: Psicologia da Doença Crónica e Terminal; Psicologia Comunitária; Psicologia Positiva; Reinserção Social; Psicologia da Sobredotação e do Talento; Intervenção Psicológica em Contexto Forense; Questões Aprofundadas de Psicopatologia; Modelos e Métodos de Intervenção Psicológica I; Psicologia Clínica e da Saúde; Psicossociologia da Orientação Escolar e Profissional; Psicologia do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente; Ética e Deontologia em Psicologia; Psicologia do Desenvolvimento e Psicopatologia da Criança e do Adolescente; Educação Especial. Procurar-se-á promover o envolvimento dos alunos participantes em todas as fases de desenvolvimento da intervenção. Contudo, as diferentes sessões do projecto serão preparadas sob a orientação dos docentes responsáveis das unidades curriculares envolvidas. As sessões a implementar serão simuladas em contexto de aula, com o objectivo de corrigir ou modificar qualquer aspecto que possa comprometer a eficácia da intervenção, assim como facilitar o treino de competências práticas nos alunos de Psicologia. Os alunos deverão também planificar a avaliação do projecto, sob a orientação dos docentes encarregados de cada uma das unidades curriculares acima mencionadas. El nuevo sistema de enseñanza universitaria adaptado al espacio europeo incluye la implementación de estrategias de aprendizaje adecuadas al desarrollo de competencias prácticas en los alumnos desde una perspectiva participativa. Así, con este trabajo, pretendemos describir un proyecto comunitario que estamos a implementar, destinado a desarrollar en los alumnos de Psicología un conjunto de estrategias que les permitan adaptarse a las nuevas demandas académicas e profesionales. Pretendemos así facilitar la adquisición de competencias de forma transversal a diferentes unidades curriculares, siendo estas evaluadas formalmente a partir de un único trabajo realizado a través de actividades de extensión comunitaria. Con este punto de partida, pretendemos, en primer lugar, promover en nuestros alumnos el AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 4, out 2013
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acceso a experiencias prácticas para facilitar el ejercicio de competencias profesionales en el terreno. En segundo lugar, pretendemos que los alumnos aprendan a integrar y aplicar conjuntamente los contenidos programáticos relativos a distintas unidades curriculares incluidas en el plan de estudios. Incluimos en este proyecto las siguientes unidades curriculares: Psicología de la Enfermedad Crónica y Terminal; Psicología Comunitaria; Psicología Positiva; Reinserción Social; Psicología de la Superdotación y del Talento; Intervención Psicológica en Contexto Forense; Cuestiones Avanzadas de Psicopatología; Modelos y Métodos de Intervención Psicológica I; Psicología Clínica y de la Salud; Psicosociología de la Orientación Escolar y Profesional; Psicología Evolutiva en la Infancia y Adolescencia; Ética y Deontología en Psicología; Psicología Evolutiva y Psicopatología de la infancia y Adolescencia. Nuestro objetivo final será intentar que los alumnos se involucren en todas las fases de la intervención, bajo la orientación de los docentes responsables de las unidades curriculares incluidas. Las sesiones serán simuladas durante las clases prácticas, con el objetivo de corregir o modificar cualquier cuestión que pueda comprometer la eficacia de la intervención, así como para facilitar el entrenamiento de competencias prácticas en los alumnos de Psicología. Los alumnos deberán también planificar en conjunto con los docentes la evaluación del proyecto. Palavras-chave: competências profissionais, Psicologia, Palabras clave: competências profesionales, Psícologia.
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O PROCESSO DE BOLONHA NO ENSINO SUPERIOR E OS NOVOS ESPAÇOS
DE
DESENVOLVIMENTO
APRENDIZAGEM: DE
A
PROJECTOS
IMPORTÂNCIA DE
DO
INTERVENÇÃO
COMUNITÁRIA. A adaptação do sistema de Ensino Superior às exigências do processo de Bolonha incluiu a utilização de estratégias de aprendizagem diferentes às que se vinham implementando. Desta forma, o ensino universitário teve de flexibilizar os seus percursos de formação, assim como começar a utilizar diferentes tipos de aprendizagem, sejam estes formais ou não formais. Por outras palavras, este novo sistema tenta promover que os objectivos de aprendizagem sejam atingidos através de diferentes vias. As estratégias a utilizar centram-se, muito resumidamente, no desenvolvimento de competências práticas nos alunos, de forma a aumentar a participação dos formandos na aprendizagem ao longo da vida; promover a aprendizagem activa e autónoma; desenvolver resultados de aprendizagem centrados no aluno e promover a igualdade, coesão social e cidadania activa. Por outro lado, e perante a redução do tempo de formação dos futuros profissionais, a adaptação a este sistema deve passar também por mudanças a nível qualitativo. Assim, deve privilegiar-se metodologias de aprendizagem activas, cooperativas e participativas, ficando delegado o ensino magistral a um segundo plano. Mas esta adaptação supõe certo esforço por parte de professores e alunos. Em 2002, o Conselho Nacional de Educação, em sua reunião plenária de 31 de Janeiro, afirmava: “É altamente duvidoso que o sistema de ensino superior em Portugal e os docentes do ensino superior estejam desde já preparados para este tipo de mudanças, envolvendo uma outra maneira de pensar o ensino e a aprendizagem”. Desde a implementação efectiva do sistema de Bolonha, no curso académico 2006-2007, devemos reconhecer que nos deparamos com dificuldades na aplicação deste sistema. No entanto, como docentes universitários, somos conscientes da necessidade de nos adaptar a estas novas exigências, tentando ano a ano avançar neste sentido, assim como de melhorar a nossa capacidade
para
implementar
as
estratégias
de
aprendizagem
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mencionadas. Assim, tentamos criar novos espaços de aprendizagem onde os nossos alunos possam adquirir competências práticas e profissionalizantes, e onde aplicar os pressupostos do processo de Bolonha de forma activa. Neste contexto nasceu o Projecto “Aprender a Crescer em Paranhos”, promovido pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa, com o objectivo desenvolver, no contexto escolar, actividades de formação e sensibilização nas áreas da (1) prevenção da violência; (2) educação para a cidadania; (3) educação afectiva; e (4) consumos nocivos, consideradas como prioritárias pela Direcção Geral da Saúde. Paralelamente às sessões nas escolas, desenvolvemos também uma sessão de sensibilização, aberta à comunidade educativa (pais, encarregados de educação, professores e outros funcionários das escolas envolvidas, etc.), com vista a abordar, de forma proactiva, os seguintes temas: 1) a importância do contexto familiar e escolar na prevenção e controlo dos problemas de comportamento; 2) o impacto da separação e divórcio nas crianças; 3) educação para o consumo de álcool e influência da escola e o ambiente familiar; 4) violência entre pares na escola. Criamos, assim, um Projecto com uma duração de um ano lectivo (2010-2011) destinado a três populações: as crianças que frequentam o Ensino Básico, os alunos universitários, que implementarão as actividades do Projecto, sob a orientação de docentes, e a comunidade geral, representada fundamentalmente, embora não em exclusiva, por pais e professores. Por outro lado, o Projecto “Aprender a Crescer em Paranhos” pretende, também, integrar os alunos do 1º e 2º Ciclos de Estudos em Psicologia, Psicologia Jurídica e Serviço Social no desenvolvimento de intervenções na comunidade, favorecendo, por um lado, a aquisição e aperfeiçoamento das competências previstas em distintas unidades curriculares e, por outro, fomentando o desenvolvimento dum sentido de responsabilidade social, enquanto profissionais e cidadãos, assim como promovendo o conhecimento e o respeito por diferentes realidades, contextos e populações. A Universidade Fernando Pessoa pretende, assim, contribuir para a promoção da saúde, estimulando a aquisição de competências pessoais e sociais, indissociáveis da educação AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 4, out 2013
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para a saúde e da criação de ambientes facilitadores de escolhas saudáveis, assim como de uma consciência social, através do desenvolvimento de projectos de investigação e de extensão comunitária.
OBJECTIVOS O projecto “Aprender a Crescer em Paranhos” tem objectivos diferentes em função da população à qual se dirige. Atendendo aos alunos que frequentam o 1º Ciclo do Ensino Básico das escolas envolvidas no projecto podemos destacar os objectivos seguintes: • Criar um clima de escola amigável; • Desenvolver competências pessoais e sociais nos alunos; • Promover a igualdade entre os alunos; • Promover uma convivência saudável; • Promover atitudes assertivas; • Sensibilizar para os riscos do consumo de substâncias (álcool, tabaco, drogas); • Desenvolver conhecimentos no âmbito da prevenção da violência, educação para a cidadania, educação afectiva e prevenção de consumos nocivos; • Reforçar os factores de protecção relacionados com estilos de vida saudáveis • Promover uma boa articulação com a comunidade extra-escolar. Os objectivos anteriormente mencionados vão ao encontro das definidas pelo Plano Nacional de Saúde Escolar. Por outro lado, nos alunos universitários pretende-se desenvolver as seguintes competências profissionalizantes, através da criação de oportunidades de aprendizagem em contexto real, permitindo tanto o contacto com a comunidade, quanto com os obstáculos resultantes da posta em prática da experiência de aprendizagem. Mais concretamente, os objectivos perseguidos referem-se às seguintes estratégias: • Planear programas comunitários eficazes • Desenvolver competências académicas de recolha e organização de informação.
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• Desenvolver um sentido critico, sabendo adequar as dinâmicas, actividades e estratégias encontradas na literatura às especificidades da população alvo da intervenção e à natureza e características das várias instituições envolvidas; • Aprender a implementar esses programas • Integrar os conhecimentos adquiridos nas diversas disciplinas leccionadas no curso, especialmente nas unidades curriculares envolvidas. • Desenvolver um sentido de responsabilidade social. Finalmente, a sessão aberta à comunidade, destinada principalmente a pais e professores, teve os seguintes objectivos: • Proporcionar informação aos assistentes sobre o desenvolvimento evolutivo, cuidado e problemas associados às crianças, tentando assim incrementar as suas habilidades para fazer face às problemáticas tratadas. • Promover um major interesse dos pais no desenvolvimento educativo dos filhos, fomentando a responsabilidade dos mesmos na resolução dos seus problemas. • Dotar a pais e professores de estratégias para lidar com formas problemáticas de comportamento. • Proporcionar um espaço de reflexão, onde os assistentes possam expressar as suas preocupações e experiências pessoais relativas ao cuidado das crianças.
PARTICIPANTES Participarão neste projecto 185 alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico, cuja caracterização sócio-demográfica encontra-se descrita no Quadro 1. Porém, este número poderia vir a aumentar, uma vez que no momento da apresentação deste trabalho, faltava ainda por confirmar a participação de mais duas turmas de alunos.
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Quadro 1. Caracterização sócio-demográfica dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico envolvidos no projecto “Aprender a Crescer em Paranhos” Agrupamento
Escolas
Ano de
Nº de alunos
participantes
Escolaridade
Rapazes
Raparigas
Total
Agrupamento
E.B1 dos Miosótis
4º
13
10
23
de Escolas do
E.B1 do Ensino
3º
22
19
41
Amial
Básico de S. Tomé E.B1 da Azenha
3º
13
6
19
E.B1 da Agra do
2º
10
9
19
1º
16
20
36
1º
16
31
47
Total
90
95
185
Amial Agrupamento
E.B1 de Augusto
de Escolas
Lessa
Eugénio de Andrade
E.B1 do Covelo
Participarão, também, durante o primeiro semestre do ano 20010-2011, 72 alunos da Universidade Fernando Pessoa, dos quais 52 são mulheres, inscritos nos cursos e unidades curriculares incluídas no Quadro 2. Não nos é pissível ainda proporcional dados relativos ao segundo semestre, uma vez que a participação dos alunos no projecto só se produz após o seu consentimento, assim como para ser avaliado formalmente através deste sistema de avaliação.
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Quadro 2. Descrição dos alunos do 1º e 2º Ciclos em Psicologia envolvidos no projecto “Aprender a Crescer em Paranhos” Curso Psicologia Serviço Social Psicologia Jurídica
Ciclo 1º 1º 1º 2º
Disciplina Modelos e Métodos de Intervenção Psicológica I Psicologia Positiva Psicologia do Desenvolvimento Intervenção Psicológica em Contexto Forense Total
Nº de alunos Homens
Mulheres
Total
8
20
28
5 3
13 14
18 17
3
5
8
19
52
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Assistiram à sessão de sensibilização para pais e professores 20 pessoas, das quais 16 eram mulheres. A maioria delas eram Pais (65%), sendo 5 delas Pais e Professores (25%) e 2 (10%) únicamente Professores.
PROCEDIMENTO Antes de iniciar a planificação do Projecto, foi estabelecido um primeiro contacto com a Junta de Freguesia de Paranhos no sentido de realizar a proposta de intervenção e apresentar as condições nas quais esta se iria desenvolver. Após uma resposta positiva, foi acordado que o projecto poderia ser implementado em escolas E.B.1 integradas na Junta de Freguesia de Paranhos (Agrupamento de Escolas do Amial e Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade). Posteriormente, foi realizada uma reunião com os representantes das escolas que aceitaram participar no projecto. Nesta reunião, informamos os participantes dos objectivos do projecto, da metodologia a utilizar, assim como do número de sessões e os conteúdos programáticos a incluir nas mesmas. Posteriormente, solicitamos aos representantes que seleccionassem aquelas turmas nas quais seria realizada a intervenção, assim como que realizassem um levantamento das
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necessidades detectadas entre a população, com o objectivo de ir ao encontro de ditas necessidades. Paralelamente, foi apresentada a proposta aos alunos da Universidade Fernando Pessoa, informando-os das condições nas quais se produziria a sua participação, assim como que a mesma constituiria um elemento de avaliação de diferentes cadeiras. As sessões a desenvolver nas escolas com os alunos de 1º Ciclo serão planificadas entre os docentes envolvidos no projecto, que seleccionarão as actividades a desenvolver em cada módulo de aprendizagem. A preparação das sessões terá em consideração a importância de implementar estratégias lúdicas e interactivas de aprendizagem que permitam o desenvolvimento de comportamentos assertivos nos alunos das escolas e que facilitem a reflexão e partilha de experiências e a convivência com os colegas. Posteriormente, será treinado com os alunos universitários o conteúdo de cada sessão em sala de aula, através de sessões de role-playing, sendo realizada uma avaliação dos alunos universitários. Por outro lado, a sessão de sensibilização destinada a pais a professores foi desenvolvida de forma pontual, dadas as características próprias do 3º semestre do 2º Ciclo do Curso de Psicologia Jurídica que afecta o desenvolvimento das actividades no contexto da disciplina Intervenção em Contexto Forense. Este semestre apresenta a peculiaridade seguinte: a duração deste semestre é de sete semanas de forma a permitir a realização do estágio académico, terminando na última semana de Outubro. Assim, esta sessão foi planificada desde o mês de Setembro e implementada no dia 28 de Outubro de 2010 às 21:00 horas. A sessão teve uma duração de 120 minutos, sendo avaliada através de um questionário desenvolvido pelos próprios alunos, constituindo também este um elemento de avaliação académica.
CRONOGRAMA As actividades incluídas no Projecto “Aprender a Crescer em Paranhos” estão a ser planificadas e desenvolvidas desde o mês de Junho de 2010. Assim, durante o mês de Setembro e Outubro foram distribuídas as turmas entre às docentes envolvidas no AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 4, out 2013
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projecto, ficando assim responsáveis pela implementação do projecto em cada escola. Igualmente, cada docente formou os grupos de intervenção, distribuindo os alunos em equipas de trabalho equivalentes. Foi planificada a primeira sessão, sendo delineadas as linhas de actuação das seguintes sessões, que serão preparadas durante os próximos meses Pela sua parte, as sessões decorrerão entre o mês de Outubro de 2010 e Maio de 2011, obedecendo ao seguinte plano de trabalho: 28 de Outubro de 2010, às 21h00 – Sessão aberta à comunidade educativa da Junta de Freguesia de Paranhos, a realizar no Auditório Horácio Marçal, Junta de Freguesia de Paranhos. 29 de Outubro de 2010 – Apresentação. Sessão dedicada à Educação para a Cidadania. Avaliação dos conhecimentos transmitidos. 26 de Novembro de 2010 – Sessão dedicada à Educação Afectiva. Avaliação dos conhecimentos transmitidos. 10 de Dezembro de 2010 – Sessão dedicada à Prevenção da Violência. Avaliação dos conhecimentos transmitidos. 25 Março de 2011 - Sessão dedicada à Prevenção da Violência. Avaliação dos conhecimentos transmitidos. 13 de Maio de 2011 – Sessão dedicada à Prevenção dos Consumos Nocivos. Avaliação dos conhecimentos transmitidos. 27 de Maio de 2011 - Sessão dedicada à Prevenção dos Consumos Nocivos. Avaliação dos conhecimentos transmitidos. Conclusão do Projecto.
AVALIAÇÃO A avaliação do programa será realizada utilizando três fontes de recolha de dados. Por um lado, avaliaremos os conhecimentos adquiridos e a satisfação das crianças durante as sessões através de um questionário, realizado pelos docentes. Por outro lado, será também avaliado o rendimento académico e o acolhimento que a participação no AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 4, out 2013
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projecto teve entre os alunos universitários, assim como será realizada uma avaliação do processo de implementação, sessão a sessão, pelos alunos, através de grelhas de automonitorização do trabalho realizado. Igualmente, a sessão destinada a pais, encarregados de educação e comunidade em geral será avaliada através de um questionário realizado pelos alunos participantes. Por outro lado, os alunos participantes do 2º Ciclo em Psicologia Jurídica, manifestaram que o facto de terem a oportunidade de aprender a desenvolver uma sessão para pais e encarregados de educação em contexto real, foi motivadora e interessante. Muito embora durante as primeiras semanas do curso, os alunos revelaram o seu temor e ansiedade perante o desafio proposto, muito cedo começaram a sentir-se mais seguros e confiantes nas suas capacidades e competências. Alguns alunos manifestaram que o facto de saber que estavam a ser orientados pela docente da disciplina, o facto de ter um colega com o qual partilhar as tarefas e as suas dúvidas, assim como o treino da sessão durante as últimas duas semanas do semestre, foram elementos essenciais para ultrapassar a falta de confiança sentida nos primeiros momentos. Igualmente mencionaram como factor que motivou para o desempenho dos trabalhos o facto de saberem que iria ter uma utilidade na prática. Tudo isto foi reflectido na avaliação formal da disciplina, mostrando os alunos maior capacidade para atingir os objectivos curriculares e um melhor rendimento académico. Por tudo isto, podemos concluir que a oportunidade de planificar a sessão em contexto de aula foi muito benéfica para os alunos inscritos na disciplina de Intervenção Psicológica em Contexto Forense. Na linha dos resultados anteriores, e ante os bons resultados encontrados no Projecto “Aprender para Educar”, desenvolvido durante o ano 2009-2010, esperamos igualmente um bom acolhimento do Projecto entre os restantes alunos de Psicologia, dado que terão a oportunidade de experimentar no terreno as diferentes fases de elaboração de uma intervenção social e de dinamização de grupos, assim como a tomada de contacto com realidades culturais diferentes. Também esperamos que mostrem a sua satisfação com a proposta de um sistema de avaliação integrador, que lhes permita perceber a ligação entre diferentes unidades curriculares.
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Através das sessões de acompanhamento tutorial poderemos também comprovar de forma contínua a evolução do conhecimento e de competências práticas dos alunos relativamente ao planeamento, implementação e reflexão crítica sobre as actividades de promoção de saúde. Paralelamente, poderemos comprovar a aquisição destas competências através da elaboração de relatórios de reflexão sobre o trabalho realizado, relatórios que constituirão também momentos de avaliação formal nas unidades curriculares envolvidas neste projecto. Finalmente, no que diz respeito à sessão de sensibilização para pais e professores, apesar de lhes termos solicitado que realizassem uma avaliação da sessão através de um questionário desenvolvido para o efeito, infelizmente ainda não nos é possível apresentar os dados relativos à mesma, devido ao pouco tempo disponível entre a sessão e a apresentação deste trabalho. Contudo, devemos destacar tanto o bom acolhimento entre os assistentes e a Junta de Freguesia de Paranhos, quanto os comentários positivos recebidos sobre a apresentação realizada pelos alunos.
CONCLUSÕES Num trabalho anterior (Silva & Jólluskin, 2010) concluímos que era fundamental que os profissionais promotores da saúde realizassem durante a sua formação práticas no terreno, uma vez que esta era uma forma não só de aprender e compreender as dinâmicas próprias do grupo social no qual se realiza a intervenção, como também permite o desenvolvimento de competências práticas de planeamento e implementação de programas de intervenção psicossocial. Esperamos que o facto da intervenção ser implementada de forma efectiva seja, não só uma tomada de contacto com o mundo real, mas também um contributo para incrementar o rendimento académico por parte dos alunos. Devemos destacar neste sentido, a melhoria significativa na qualidade dos trabalhos realizados no contexto da disciplina Intervenção Psicológica em Contexto Forense, assim como o entusiasmo demonstrado pelos alunos no desenvolvimento de ditos trabalhos de avaliação. Além disso, os alunos no final do semestre demonstraram uma maturidade que anteriormente AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 4, out 2013
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não tinham, nomeadamente no que diz respeito às questões relativas à planificação e estratégias a utilizar na implementação da sessão. À semelhança do Projecto “Aprender para Educar”, desenvolvido no ano 2010, consideramos que este Projecto poderá ajudar aos nossos alunos a adquirirem competências profissionalizantes, sendo isto uma melhoria substancial relativamente à formação adquirida seguindo um método de aprendizagem tradicional. A isto deveríamos acrescentar a mais-valia de os alunos, futuros profissionais, estarem em contacto, e portanto, sensibilizados, com as necessidades de desenvolvimento da comunidade, o que lhes permitirá descobrir realidades muito diferentes da deles. Assim, esperámos que esta experiência seja um contributo, não só para a promoção do desenvolvimento pessoal e social das crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico, como também dos alunos universitários, permitindo-lhes evoluir profissional e pessoalmente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Declaração de Bolonha. Declaração conjunta dos ministros da educação europeus, assinada em Bolonha (19.Junho.1999). Disponível em http://www.mctes.pt/archive/doc/Bolonha.pdf Conselho Nacional de Educação (2002). Declaração de Bolonha e o Sistema de Graus no Ensino Superior. Disponível em http://www.cpihts.com/PDF/CNE.pdf Silva, I. & Jólluskin, G. (2010). Aprender para Educar: Uma experiência de treino em habilidades sociais em contexto educativo. In L. S. Almeida, B. D. Silva, & S. Caires, Actas do I Seminário Internacional “Contributos da Psicologia em Contextos Educativos”, pág. 1399-1410. Braga: CIEd- Centro de Investigação em Educação. Instituto de Educação. Universidade do Minho.
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