O DESIGN THINKING COMO FERRAMENTA DE CRIATIVIDADE NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL

June 6, 2017 | Autor: Bruna Haubert | Categoria: Creativity, Organization Studies, Design thinking
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O DESIGN THINKING COMO FERRAMENTA DE CRIATIVIDADE NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL Bruna Haubert 1 Dusan Schreiber 2

Palavras-chave: Criatividade. Design Thinking. Organização.

INTRODUÇÃO A sociedade pós-industrial prioriza e incentiva a criatividade muito mais do que a sociedade industrial. O processo criativo se relaciona à solução de problemas e as estratégias são advindas de experiências, onde trabalhadores criativos são vistos atualmente como solucionadores de problemas. Neste contexto, considerando que ferramentas de criatividade dão suporte aos processos de desenvolvimento de produtos e contribuem na solução de problemas, Brown (2010) CEO da IDEO apresenta o design thinking como uma metodologia criativa baseada na interdisciplinaridade da equipe. O tema desta pesquisa está inserido na área de conhecimento da Administração e subárea de Gestão e Inovação. Adota-se como problema de pesquisa a seguinte questão: Sob quais aspectos o design thinking se apresenta como ferramenta de criatividade? Visando responder ao problema de pesquisa proposto, esta pesquisa adota como objetivos: (i) elencar conceitos acerca de criatividade, (ii) expor o design thinking como ferramenta de criatividade. Para tanto, utilizou-se o método descritivo e interpretativo, numa pesquisa qualitativa. Com o objetivo de contribuir com o debate, realizou-se uma pesquisa teórica por meio de uma revisão bibliográfica (MARCONI; LAKATOS, 2013). A pesquisa justifica-se pelo interesse da pesquisadora em aprofundar o conhecimento acerca de ferramentas de criatividade para o processo de P&D de novos produtos, pesquisa em desenvolvimento na dissertação do mestrado.

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Mestranda em Indústria Criativa, na Universidade Feevale. Graduada em Administração de Empresas, pela Universidade Feevale. E-mail: [email protected]. 2 Doutor em Administração pela UFRGS. Pesquisador e Professor Adjunto na Universidade Feevale. Docente no Curso de Administração e no Mestrado em Indústria Criativa na Universidade Feevale. E-mail: [email protected].

REFERENCIAL TEÓRICO Os novos modelos de gestão são pautados pela liberdade, flexibilidade, inovação, mas ainda insipiente no âmbito da criatividade, apenas 2% (MORAES; LIMA in ALENCAR; BRUNO-FARIA; FLEITH, 2010). Apesar de estarmos em uma era que valoriza a criatividade, por entender que se trata de um atributo essencial para a concepção de soluções, ainda é pouco explorada ou permitida no domínio organizacional. Nesta perspectiva, os grandes avanços acontecem quando os gestores abrem espaço para aquilo que não conhecem, permitindo que seus colaboradores contribuam com sua criatividade na busca do novo. Catmull e Wallace (2014) relatam que todos têm potencial para serem criativos e incentivar o desenvolvimento da criatividade é um ato nobre. Corroborando a afirmação dos autores, Predebon (2005) relata que a espécie humana tem a capacidade de raciocinar construtivamente e esta habilidade pode ser chamada de criatividade. Csikszentmihalyi (2009) relata que problemas são resolvidos quando dedicamos atenção e agimos de forma criativa. A criatividade, no entanto, surge da interação entre pensamentos

e

um

contexto

sociocultural,

não

é

um

fenômeno

individual

(CSIKSZENTMIHALYI, 2009). Puccio e Cabra (in KAUFMAN; STERNBERG, 2010) citam que a criatividade vem sendo estudada no cenário organizacional e um dos motivos que explica tal fato é a necessidade das empresas se adaptarem às mudanças sociais e de mercado. Para isso, a criatividade surge como um resultado da interação entre pessoas, processos que elas se engajam e o ambiente que elas atuam (PUCCIO; CABRA in KAUFMAN; STERNBERG, 2010, CSIKSZENTMIHALYI, 2009), que contribui com a adaptação das organizações ao mercado. Nesta análise dos conceitos da criatividade que evoluem do indivíduo para o contexto social e empresarial, Howkins (2013) expõe o fato de que muitas pessoas tem o potencial criativo, mas dependem de fatores ambientais e de recursos para produzir efetivamente um produto criativo. O pensamento criativo pode ser estimulado por ferramentas ou técnicas, as quais eliminam possíveis barreiras à criatividade. Além das ferramentas e técnicas, um ambiente seguro, aberto a novas ideias e apoiador destas é essencial. King e Schlicksupp (1999) também apontam o trabalho em equipe como um meio colaborador do processo criativo. A soma do conhecimento, habilidades e experiências de cada integrante do grupo influenciará o potencial do desempenho da equipe. King e Schlicksupp (1999) referem que as ferramentas de criatividade podem ser aplicadas individualmente, porém a eficácia é

relativamente maior quando aplicada em equipe. Quanto mais sinergia entre os membros, melhores serão as contribuições em função das diversas visões acerca de um problema (KING; SCHLICKSUPP, 1999). Considerando a ideia de um conjunto de ferramentas no apoio do processo criativo, Brown (2010) CEO da IDEO apresenta o design thinking como uma metodologia criativa para desenvolver produtos inovadores. Os princípios do design thinking são aplicáveis em diversas empresas e situações, pois conforme sugere Tim Brown, os thinkers, assim chamados, se apropriam de seu conhecimento e em uma equipe interdisciplinar e são capazes de solucionar uma variedade de desafios. O design thinking propõe que os design thinkers possam ser arquitetos com experiência em psicologia ou artistas com diploma de MBA, o que importa realmente é que estejam dispostos a colaborar em diferentes contextos, representando o que Brown (2010) denomina de equipe interdisciplinar. Nesta interdisciplinaridade, todos se sentem donos das ideias e contribuem com elas, por meio de seu conhecimento e experiência pessoal. Esta metodologia não foi criada para ser utilizada como um molde fixo para inovar, mas sim como uma arte de impulsionar a inovação por meio de flexibilidade e promover um ambiente motivador para isso, com pessoas engajadas e motivadas. Espaços padronizados estão predispostos a gerar ideias padronizadas, é preciso de flexibilidade para o sucesso do design thinking (BROWN, 2010). Neste sentido, ao compreender que o foco da atividade econômica mundial migrou da intensiva produção industrial para a produção de conhecimento, a criatividade se apresenta como uma valiosa ferramenta na estratégia de sobrevivência das organizações. A criatividade é uma aliada ao processo de inovação e pode ser empregada de diversas formas, através de diversas técnicas e metodologias criativas, inclusive pelo design thinking.

METODOLOGIA Para delinear o conjunto de procedimentos ao qual esta pesquisa será submetida apresenta-se algumas classificações relevantes para a compreensão do estudo da pesquisadora. Quanto ao objetivo proposto, esta pesquisa caracteriza-se como descritiva e será realizada uma revisão bibliográfica sobre os conceitos de criatividade e o design thinking como ferramenta criativa no âmbito organizacional. A pesquisa terá uma abordagem qualitativa, visando interpretar os conceitos e atribuir significados por modo de análise indutiva, pela pesquisadora e não por métodos estatísticos (PRODANOV; FREITAS, 2013).

RESULTADOS PARCIAIS Cabe ressaltar que a pesquisa encontra-se ainda em fase inicial de desenvolvimento, pertencente ao projeto de pesquisa de dissertação da autora, no entanto, os resultados ainda são parciais. Os conceitos apresentados acerca de criatividade abarcam a ideia apresentada por Catmull e Wallace (2014) de que todos podem ser criativos, em geral a premissa das técnicas de criatividade é envolver as pessoas para que desenvolvam ideias a partir de seu conhecimento e experiência pessoal, conforme abordado no design thinking. Csikszentmihalyi (2009), King e Schlicksupp (1999), Puccio e Cabra (in KAUFMAN; STERNBERG, 2010) apresentam uma convergência de pensamento sobre a importância da interação entre o ser criativo e o contexto sociocultural na produção de ideias criativas que contribuem com as organizações para se manterem competitivas no mercado. Para Howkins (2010) a criatividade deve ser estimulada, neste caso, as técnicas e ferramentas dão o suporte necessário, servindo de base preliminar para a efervescência da criatividade no meio empresarial. Na mesma linha de pensamento, King e Schicksupp (1999) referem-se às ferramentas de criatividade como meio de estimular o pensamento criativo. Neste contexto de ferramentas de criatividade, observa-se que o design thinking é uma metodologia que pode ser empregada como ferramenta de criatividade em organizações para gerar soluções criativas, baseado na flexibilidade de aplicação e na interdisciplinaridade da equipe.

CONCLUSÃO A partir dos resultados parciais obtidos, considera-se que a criatividade não é algo novo, tampouco é característica só de determinados indivíduos. A criatividade é um atributo inerente a todo ser humano desde sempre e continuamente foi associado à solução de problemas do cotidiano, das organizações e da civilização. O uso das ferramentas de criatividade nas organizações pressupõe a integração de equipes interdisciplinares, valorizando o saber de cada indivíduo que a integra. Esta ação promove o indivíduo como um ator principal no processo de mudanças da organização. As ferramentas de criatividade são meios de reunir conhecimentos diversos em busca de um objetivo comum, seja ele a solução de um problema ou mesmo a definição de um problema que não está claro. Associar diferentes experiências e conhecimentos é o ponto central desta nova era em que vivemos, a era do conhecimento. Cabe ressaltar que existem diversas ferramentas de criatividade disponíveis na literatura, para esta discussão foi empregado somente o design thinking, o estudo terá

sequência analisando outro modelo de P&D de produtos, assim como será realizado um estudo de caso para aplicação prática dos resultados que emergirão da pesquisa.

REFERENCIAL BROWN, Tim. Design Thinking: Uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 – 11ª reimpressão. CATMULL, Ed; WALLACE, Amy. Criatividade S.A: Superando as forças invisíveis que ficam no caminho da verdadeira inspiração. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. – 1ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Creativity: Flow and the Psychology of Discovery and invention. Harper Collins e-books: New York, 2009. HOWKINS, John. Economia Criativa: Como ganhar dinheiro com ideias criativas. São Paulo: M. Books, 2013. KING, Bob; SCHLICKSUPP, Helmut. Criatividade: uma vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 7ª ed. 7ª reimpr. São Paulo: Atlas, 2013. MORAES; Melissa Machado de; LIMA, Suzana Maria Valle. Estratégias para criar no trabalho. In ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de; BRUNO-FARIA, Maria de Fátima; FLEITH, Denise de S. (cols.). Medidas de Criatividade: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2010. PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente: um caminho para o exercício prático dessa potencialidade, esquecida ou reprimida quando deixamos de ser crianças. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho Científico [recurso eletrônico]: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2ª edição. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. PUCCIO, Gerard J.; CABRA, John F. Organizational Creativity: A systems approach. In KAUFMAN, James C.; STERNBERG, Robert J. The Cambridge Handbook of Creativity. New York: Cambridge University Press, 2010.

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