O Design Thinking para concepção de Arquiteturas Pedagógicas centradas no ser humano e apoiadas em tecnologia

July 18, 2017 | Autor: C. Costa Cavalcanti | Categoria: Educational Technology, Higher Education, Design thinking, Arquitetura Pedagógica
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O DESIGN THINKING PARA CONCEPÇÃO DE ARQUITETURAS PEDAGÓGICAS CENTRADAS NO HUMANO E APOIADAS EM TECNOLOGIA

Carolina Magalhães Costa Cavalcanti Universidade de São Paulo (USP) [email protected] João Paulo Bittencourt Universidade de São Paulo (USP) [email protected]

Modalidade: Pôster Eixo Temático: 6. Novas Tecnologias na Educação Palavras-chave: Design Thinking; Arquitetura Pedagógica; Tecnologia. Keywords: Design Thinking; Pedagogical Architecture; Technology.

O ensino superior brasileiro vive um momento de transformações e expansão. A valorização da criatividade, inovação e trabalho colaborativo no mercado profissional, nas relações sociais e culturais tem estimulado mudanças no campo da educação (SAWYER, 2006). A cultura da aprendizagem tem ganhado espaço e, em muitos contextos, tem substituído a tradicional cultura do ensino transmissivo. Ferramentas pedagógicas e comunicacionais embasadas nas tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) e disponíveis em diversas linguagens (como texto, vídeo,

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imagem) podem, segundo Araújo (2011), apoiar, acolher e mediar práticas pedagógicas

centradas na produção de novos conhecimentos. O artigo tem por objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa qualitativa sobre a adoção de uma Arquitetura Pedagógica (AP) embasada no Design Thinking (DT) em uma disciplina de pós-graduação stricto sensu ofertada pela Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP). Além disso, descreve as contribuições do DT para concepção, por parte de grupos de estudantes da disciplina, de Arquiteturas Pedagógicas inovadoras embasadas no uso das TDIC a fim de resolver problemas educacionais complexos identificados pelos próprios grupos em diversos contextos educacionais. Os dados foram coletados a partir da observação participante dos pesquisadores durante a oferta da disciplina. O DT é uma metodologia usada para solução de problemas complexos e que coloca o ser humano no centro do processo. É constituído por um processo, que usualmente é cíclico e iterativo, assim como um mindset, que representa as ‘regras do jogo’ a serem seguidas pelos participantes do projeto e que estão relacionadas à mentalidade e ao ambiente a ser criado para a aplicação do DT (IDEO, 2009; LOCKWOOD, 2010; D.SCHOOL, 2011). Existem diversas abordagens de DT, mas neste trabalho adotamos uma visão articulada, do ponto de vista processual, das propostas do Hasso Plattner Institute of Design at Stanford (d.school) e a proposta da IDEO. A d.school de Stanford propõe que o Design Thinking é composto por seis etapas: entender, observar, definir, idealizar, prototipar e testar. Do ponto de vista processual, a IDEO propõe três etapas para o DT, são elas: ouvir, criar e implementar. Segundo as duas abordagens, o processo de DT é composto por etapas dinâmicas e podem ser revisitadas constantemente, pois o processo é sistêmico, iterativo e não linear. A imagem abaixo representa o processo de DT segundo abordagem adotada neste trabalho:

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Figura 1: Visão integradora do processo de Design Thinking - IDEO e d.School Fonte: Desenvolvido pelos autores

Para falar do DT como base para uma Arquitetura Pedagógica (AP) inovadora, é preciso clarificar o conceito de modelo pedagógico que acolhe e molda uma AP. Behar (2011) conceitua modelo pedagógico como “um sistema de premissas teóricas que representa, explica e orienta a forma como se aborda o currículo e que se concretiza nas práticas pedagógicas e nas interações professor-aluno-objeto de estudo” (p. 24). A autora afirma que o modelo pedagógico pode ser visto, portanto, como um recorte multidimensional composto por dois elementos: 1) Arquitetura Pedagógica (AP) constituída por aspectos organizacionais, conteúdo, aspectos metodológicos e aspectos tecnológicos e, 2) estratégias de aplicação da AP. O DT pode embasar uma AP inovadora por estimular a aprendizagem colaborativa que ocorre na busca por soluções concebidas a partir do entendimento das necessidades e desejos do ser humano (IDEO, 2009; WELSH; DEHLER, 2012). A adoção do DT para embasar uma AP foi consolidada no modelo pedagógico da disciplina Novas Arquiteturas Pedagógicas (NAP) ofertada pela pós-graduação stricto sensu da FEUSP no segundo semestre de 2013. A disciplina com carga-horária de 120 horas foi ofertada em 12 semanas para 37 alunos advindos de diversas unidades

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da USP (como Comunicação, Física, Letras, Psicologia, Medicina) e de outras universidades públicas de São Paulo. Os docentes responsáveis eram: Ulisses F. de Araújo, Valéria Arantes e Silvia Colello. A proposta da disciplina consistiu em discutir a necessidade de reinvenção da educação e dos processos pedagógicos inerentes às relações de ensino e de aprendizagem, em todos os níveis e modalidades a partir da adoção e concepção de APs centradas na aprendizagem e colaboração além do uso das tecnologias para apoiar este processo. Para abordar a temática, os professores responsáveis adotaram o DT como AP na própria disciplina e organizaram os estudantes em grupos para que, usando o processo e ferramentas do DT, pudessem conceber e prototipar uma nova AP para resolver um problema educacional complexo selecionado pelo grupo. Assim, a disciplina foi estruturada a partir das etapas do DT, indo do entendimento dos conceitos e perspectivas teóricas até a criação de protótipos que atendiam a necessidades educacionais reais. Para apoiar a dinâmica da disciplina, estudantes e professores acessaram, ao longo do semestre, a plataforma digital Podio (www.podio.com), onde puderam disponibilizar e encontrar materiais e conteúdos das aulas além de interagir para o desenvolvimento dos projetos colaborativos embasadas no DT. Dos 7 grupos de alunos participantes da disciplina, 6 conceberam e prototiparam soluções para problemas educacionais, encontrados em diferentes contextos como escolas públicas e particulares do ensino básico, educação coorporativa, ensino superior, a partir do uso de TDIC. Exemplos: a) Pátio Digital – plataforma digital para Escola estadual de São Paulo onde professores e alunos compartilham recursos educacionais; b) Projeto escolha – Uso das TDIC para orientação profissional de alunos de uma escola municipal de São Caetano; c) Plataforma Aprender – elaboração de um portal de aprendizagem para colaboradores da Universidade de São Paulo, seja professor ou colaborador técnico, com o intento de instigar o compartilhamento de conhecimento e fornecer a opção do uso de trilhas de aprendizagem. As soluções foram variadas em termos de público, necessidades atendidas e objetivos, mas tinham em comum o fato de serem centradas no ser humano e em solucionar problemas identificados nos ambientes estudados a partir do uso de TDIC. O

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uso do Design Thinking permitiu que os grupos testassem seus protótipos com os seus públicos e os ajustassem antes da apresentação final. O processo foi completo com apresentações finais, testes e feedback dos envolvidos.

REFERÊNCIAS ARAÚJO, U. F. A quarta revolução educacional: a mudança de tempos, espaços e relações na escola a partir do uso de tecnologias e da inclusão social. Educação Temática Digital, Campinas, v.12, n. esp., p. 31-48, mar. 2011. BEHAR, P. (Orgs.). Modelos pedagógicos em educação a distância. Porto Alegre: Artmed, 2009. D. SCHOOL. Bootcamp Bootleg. Hasso Plattner, Institute of Design at Stanford, pp. 01-44, 2011. Disponível em: . Acesso em: 03 jan. 2014. IDEO. HCD - Human Centered Design: Kit de ferramentas. EUA: Ideo, 2009. 102 p. Disponível em: . Acesso em: 23 jul. de 2014. LOCKWOOD, T. (Ed.). Design thinking. New York: Allworth Press, 2010 SAWYER, R. K. Educating for innovation. Thinking, Skills and Creativity. vol. 1, 2006. p. 41-48. WELSH, M. Ann; DEHLER, Gordon E. Combining Critical Reflection and Design Thinking to Develop Integrative Learners. Journal of Management Education, v. 37 n. 6, p. 771–802, 2012.

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