O Duplo e a Encenacao da Identidade do Homem Vitoriano em The Master of Ballantrae de R L Stevenson

June 8, 2017 | Autor: Davi Tomm | Categoria: English Literature, Literary Theory, Colonial Discourse, Robert Louis Stevenson, Imaginary
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“And what shall I be then?” O Duplo e a Encenação da Identidade do Homem Vitoriano em The Master of Ballantrae de R. L. Stevenson1 Davi Alexandre Tomm2 RESUMO: O presente texto procura analisar o livro The Master of Ballantrae, de R. L. Stevenson, buscando os elementos constitutivos do duplo como tema representativo do arquétipo do homem dividido, que está fortemente presente no imaginário britânico, bem como na literatura do período Vitoriano. Contrapondo essa visão imagética, o trabalho encontra nos conceitos de “encenação de identidade” e “angústia da colonização reversa”, os elementos culturais que complexificam a problemática da identidade no contexto colonialista. PALAVRAS-CHAVE: Duplo. Imaginário. Vitorianismo. Identidade. Culturalismo. ABSTRACT: The present text analyzes the book The Master of Ballantrae, from R. L. Stevenson, looking for the constitutive elements of double as a representative subject of archetype of the divided man that is present on Britain imaginary, as well as in the literature of the Victorian period. Opposing this imagery vision, this work founds in the concepts of “performance of identity” and “Anxiety of Reverse Colonization” the cultural elements which intricate the identity problematic in the colonialist context. KEY-WORDS: Double. Imaginary. Victorianism. Identity. Cultureless.

“I shall be left in such a situation as no man of sense and honour could endure. I shall be neither fish nor flesh!” (Stevenson, The Master of Ballantrae, p. 4)

O tema do duplo sempre foi de muito interesse para a literatura. O homem como um ser duplicado, dividido entre alma e corpo, razão e sentimento, bem e mau, é um dos mais correntes assuntos em qualquer manifestação artística em qualquer tempo e lugar. Entretanto, na Grã-Bretanha Vitoriana encontramos um cenário em que o duplo talvez tenha atingido um momento de sublime manifestação na literatura. Os motivos relacionados ao contexto social, religioso, político e econômico da ilha na época, talvez sejam tantos que daria matéria para outro trabalho falando somente disso, mas pode-se destacar que a efervescência religiosa do período fez nascer um espírito de indagação filosófica nas grandes mentes vitorianas, os quais buscavam constantemente compreender o homem em sua moral e espiritualidade. Ora, bem como acertam H. V. D. Dyson e John Butt, em um livro sobre a filosofia e literatura inglesa entre o período Augustino e Romântico, a filosofia britânica sempre tendeu ao empirismo, pois a veia especulativa desse povo coube mais à poesia. Assim, não é de se Texto elaborado através de pesquisa desenvolvida no grupo O Imaginário das Ilhas Britânicas, sob orientação da Profª Dra. Sandra Sirangelo Maggio, e apresentado no XXI Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 2 Aluno de graduação do curso de Letras da UFRGS, bolsista BIC/UFRGS do grupo de pesquisa O Imaginário das Ilhas Britânicas. 1

espantar que os homens das artes do século XIX tivessem tanta preocupação quanto à moralidade e o comportamento humano. Eram pensadores profundos, mas confusos em seus esforços para reconciliar doutrinas tão opostas, segundo Miyoshi. Nasce uma crise de identidade marcadamente disruptiva nos personagens das grandes obras do período, como se pode atestar nos dois exemplos clássicos de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde e O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson. Contudo, outro ponto marcante do século XIX para esse povo é o seu império colonialista. O período Vitoriano é considerado o momento áureo do império britânico, mas tudo que chega ao topo tende a começar a cair, e os mesmos homens que viram o auge daquele império começaram a ver também o início de seu declínio. O imperialismo britânico foi marcado mais do que nenhum outro pela força das tradições do povo dominador. Cada britânico levava para as colônias um pouco da sua terra natal, tanto fisicamente quanto mentalmente, marcando assim o discurso estereotipado que caracterizava a noção divisória do mundo entre ocidente e oriente, assunto bem esclarecido por Said. Nesse contexto, o encontro do homem vitoriano com o estrangeiro, com o estranho, o diferente tornase mais um problema na sua identidade dissociada, e mais ainda com o advento de um temor de que aqueles povos colonizados estivessem agora, com o declínio do império, começando uma “reverse colonization” (ARATA, 2000). Como fica esse homem dividido quando sai das fronteiras do seu país, para encontrar esse outro mundo, o “outro” estranho e diferente? Mais do que isso, o que acontece com o homem vitoriano ao voltar desse “world of travel” (BHABHA, 1994, p. 9), de onde sempre se volta diferente? O presente trabalho pretende analisar a obra The Master of Ballantrae (1889), do escocês Robert Louis Stevenson, através de um diálogo estabelecido entre os Estudos do Imaginário e os Estudos Culturais, para apontar elementos representativos dessa problemática da identidade do homem vitoriano e de como fica mais intricado quando esse homem sai de suas fronteiras para embarcar nesse “mundo da viagem”, entrando em contato com o “outro” estranho e diferente e sofrendo as influências dessa chamada “colonização reversa”. O homem é o mesmo em qualquer lugar do mundo. Porém, ao longo de seu desenvolvimento, tornou-se culturalmente diferente. É bom desfazer esse nó de início para não deixar nenhuma dúvida quanto ao que se pretende desenvolver no presente artigo, já que se trabalha aqui com duas teorias que muitos entenderiam como incompatíveis: os Estudos do Imaginário e os Estudos Culturais. Como juntar Jung e Bhabha, por exemplo, se enquanto um fala de “inconsciente coletivo” o outro fala de identidades abertas de um homem pós-moderno? Ora, devemos lembrar que mesmo Jung reconhece que o homem é tanto um ser coletivo quanto individual. No início do capítulo em que desenvolve o conceito de “inconsciente coletivo” (JUNG, 2000, p. 53), o próprio psicanalista coloca que este inconsciente existe, apesar do inconsciente pessoal. Assim, podemos postular um homem dividido

(nada mais apropriado a um trabalho que falará sobre o duplo) entre uma camada psíquica mais profunda, coletiva e universal, a qual o torna igual da Europa à Ásia, da África à América; e uma camada superior de identidades culturais adquiridas e construídas que diferenciaria um do outro, tornando-o esse ser de identidade aberta. Durand, para resolver uma situação análoga a essa, na introdução do seu As Estruturas Antropológicas do Imaginário, se liberta da querela entre psicólogos e culturalistas escolhendo o caminho da antropologia, em que “o símbolo é sempre o produto dos imperativos biopsíquicos pelas intimações do meio” (DURAND, 2002, p. 41), e é ilustrativo notar como a semântica das imagens e símbolos torna-se variada pela conjunção de fatores psíquicos e culturais. Postulemos, dessa forma, o homem como esse ser primordialmente universal, mas que através do seu desenvolvimento diferenciou-se culturalmente e socialmente, fragmentando uma identidade já antes dividida. Tal idéia pode ajudar, inclusive, a ver que os teóricos do culturalismo enxergaram a mesma coisa que Jung já havia notado: que o homem social se afasta cada vez mais do homem primitivo. Cada vez mais as identidades culturais e sociais se sobrepõem e sufocam a identidade primitiva do homem natural, ligada a esse “inconsciente coletivo”. O que é mais diretamente o problema do “divided-self” (MYIOSHI, 1969) e do duplo dentro da perspectiva a ser abordada nesse trabalho. Para Jung, é justamente o sufocamento desse inconsciente primordial pela racionalidade que faz o homem tornar-se um ser dividido através de uma “dissociação” da sua consciência (JUNG, 2008, p. 60). Ou seja, o duplo poderia ser visto como um tema ou uma representação desse homem dividido, sendo este um arquétipo encontrado em qualquer lugar e tempo, também relacionado aos gêmeos ou andrógenos. O duplo se constitui em um tema que possui certas dificuldades de se definir. Podemos postular que há duas bases com as quais devemos lidar ao falar do duplo – bases essas que se misturam com o passar dos anos, mas que nascem separadas – primeiramente a mítica e depois a psicanalítica, vindo nessa ordem por uma questão cronológica e não de importância. Ralph Tymms no seu estudo sobre o duplo na literatura aponta que o tema é capaz de infinitas variações exatamente por conta de sua origem variada. Uma das origens estaria na questão da semelhança familiar e física, ligado talvez aos gêmeos, que traz consigo um problema para o inconsciente moderno: justamente a unidade na representação do sujeito, ou duas pessoas iguais, mas ao mesmo tempo diferentes (PERROT, 2005, p. 391). A outra origem estaria ligada aos questionamentos que o homem primitivo fazia sobre a natureza da alma. Para Tymms, quando esse homem passou a sonhar consigo mesmo – sonhos advindos provavelmente da experiência real de ver a sua sombra ou de se enxergar no reflexo da água – movimentando-se a sua frente independentemente, isso abalou sua crença de que a sombra ou o reflexo seriam seu duplo-espiritual: uma extensão do seu corpo. Qualquer mal feito a esse duplo seria sentido pelo homem, e a separação dos dois causaria a morte, como no exemplo que

Jung dá de certas tribos que acreditam na “alma do mato”, um espécie de ligação espiritual do homem com algum animal ou árvore que criaria laços de proteção mútua (JUNG, 2008, p. 23). Entende-se, então, porque nas crenças primitivas ver seu duplo era o prenúncio da morte, pois que era ver sua própria alma fora de seu corpo. Da mesma forma os egípcios acreditavam no Ka, uma “manifestação das forças vitais”, que ultrapassa a vida; passar para o Ka é morrer, mas este sobrevive à morte (FERNANDEZ-BRAVO, 2005, p. 262). Contudo, Tymms aponta que, conforme a magia da alma deu lugar à magia da personalidade com seu substrato dissociado da consciência, tais crenças evoluíram para uma vertente psicanalítica, principalmente com o desenvolvimento das teorias de Mesmer e dos psico-patologistas alemães que postulavam um dualismo de consciência em que esta, no estado acordado estaria em um nível diferente do estado sonolento. Conforme o autor (1949, p. 22): “Thus dualism of consciouness makes possible the postulated dualism of identity within the personality of the same man.” Ele também explica como o duplo tornou-se um tema forte no romantismo alemão por causa da busca ávida deles por elementos fantásticos e alegóricos relacionados às partes obscuras da mente. Assim, o uso do termo Doppelgänger, criado no romantismo alemão, refere-se normalmente aos casos de uma ligação espiritual entre pares fisicamente parecidos. Na Inglaterra, o tema pode ser rastreado até Shakespeare, onde é usado de forma bem esquemática e ainda muito rasa, apenas com a intenção de criar confusão na trama, como em Noite de Reis ou na Comédia dos Erros, sem nenhum tipo de análise mais profunda. É com o advento da literatura Gótica, no período em que o sentimentalismo começa a querer se libertar das correias da razão, que o dualismo começa a tornar-se mais sério e tratado com mais profundidade. O Vilão Gótico é, por excelência, um personagem bem preparado para explorar o mal e a irracionalidade do homem, assim como possui um afiado senso de guerra interior, segundo Miyoshi. Enquanto que, na passagem para o romantismo, o herói Byroniano – para o autor um herdeiro direto do Vilão Gótico – torna-se o novo personagem a manter o duplo na imaginação de escritores e leitores. Porém, os românticos ainda não conseguem lidar muito bem com esse ser duplicado que é o homem, deixando que a literatura, principalmente seus poemas, trate do tema com certo receio de se aprofundar e “curar” essa divisão. Por isso, é no Vitorianismo que o tema encontrará terreno fértil. Miyoshi vai dividir esse período em quatro épocas: 1830, 1850 e 1870 seriam as três primeiras. Um momento complexo, cuja unidade estaria no fato de que seus escritores herdaram o medo romântico em curar a dualidade ou divisão desse homem, deixando, assim, para os escritores da última década daquele século tal árdua tarefa. Ora, é exatamente nessa última parte que se insere nosso escritor, Robert Louis Stevenson. Reconhecidamente um dos grandes escritores que trataram do tema do duplo, sendo sua novela, O Médico e o Monstro (1886), um dos maiores clássicos do gênero. Entretanto, talvez poucos leitores

saibam que ele já havia tratado do tema dois anos antes, em um conto chamado Markheim, o qual trata do duplo de uma forma muito mais esquemática e maniqueísta, e que mais tarde essa temática iria aparecer em The Master of Ballantrae, texto esse que será trabalhado aqui. O livro em questão apresenta dois irmãos que podem ser considerados a representação do homem vitoriano, mesmo em uma história que se passa quase um século antes. James, o irmão mais velho, o “Master” do título, é um jovem de talentos, que sabe cantar, falar bem, lutar, tem tanto os talentos da corte quanto do campo de batalha. Porém, é também irresponsável, gosta de beber, jogar e de se meter em confusões, e mesmo assim é bem quisto pela população local, pois “great things were looked for in his future, when he should have gained more gravity.” (STEVENSON, 1956, p. 2) Essa vida desregrada levada por James coloca seu irmão mais novo, Henry, na obrigação de ajudar, desde cedo, na administração da propriedade. Henry é mais calado, mais introspectivo, gosta de pescar e é um bom veterinário, mas não tem nenhum dos talentos do irmão: “Mr. Henry (my late Lord Durrisdeer), who was neither very bad nor yet very able, but an honest, solid sort of lad like many of his neighbours.” (STEVENSON, 1956, p. 2). O fato de Henry não ter o charme do irmão contribui para que ele seja mau visto na região, e mais ainda ao tomar o posto de administrador, que lhe trouxe uma fama de tirano, devido a situação econômica da família. Esta inversão dos papéis dos dois irmãos já é muito importante na dinâmica do duplo que eles representam. Basta lembrar que na Grã-Bretanha, desde a Idade Média, a lei Sálica define que toda propriedade que não pode ser dividida deve ficar com o filho homem mais velho, tendo o mais novo de escolher entre fazer um bom casamento, ou entrar para alguma ordem religiosa. O que cria uma forte influencia no imaginário britânico, onde este filho mais velho, quando novo, é um jovem inconseqüente, alegre e talentoso para que, quando for o Senhor, possa ser ríspido, mas de bom coração e inteligente. Se James representa bem essa imagem do jovem herdeiro, Henry por outro lado torna-se uma figura indesejável como administrador, e mais ainda quando ele for o Senhor da propriedade pela ocasião da suposta morte do irmão. Mas onde exatamente esses dois personagens representariam um duplo? Recorreremos primeiro a uma definição direta e sucinta que Nicole Fernandez-Bravo faz no seu texto sobre o duplo no Dicionário de Mitos Literários: “a proximidade estranha assinalada pelo „eu‟ que levanta a questão da identidade” (FERNADEZ-BRAVO, 2005, p. 261). James vai representar tudo o que Henry queria ser, mas não pode. A vida de aventuras que o irmão mais velho leva é aquela que o mais moço gostaria de viver, mas não pode porque tem de assumir justamente a posição que deveria ser do outro. No início da história, os dois discutem para ver quem irá juntar-se ao exército do

príncipe Jacobita Charles Edward na tentativa de retomar o trono inglês à dinastia Stewart3. Alguns escoceses apóiam o príncipe, mas o velho Lord Durrisdeer, preocupado com a situação da família, decide mandar um filho unir-se ao príncipe, enquanto o outro fica em casa e mostra apoio ao rei inglês. Para qualquer um dos irmãos a possibilidade de juntar-se a Charles Edward configurar-se-ia em uma chance de angariar fama e riqueza, pois uma vitória dos Jacobitas traria cargos e recompensas para quem tivesse apoiado a eles. Ora, o espírito irrequieto de James não o deixa aceitar a opção de ficar em casa, e isso é absolutamente normal para sua personalidade. O que se mostra diferente é o fato de Henry brigar pela sua posição de irmão mais novo, o qual pela lógica deveria unir-se aos rebeldes, já que caberia ao herdeiro legítimo marcar sua posição junto à família e ao que seria seu no futuro. Qual seria o motivo para Henry – o irmão mais quieto e comportado – ter essa vontade por sair em busca de aventura? Nota-se, aqui, uma tendência de Henry a querer livrar-se daquela situação em que estava, e, portanto, uma insatisfação com sua vida. A decisão, por idéia de James, fica a cargo da sorte. Ele joga uma moeda e ganha o direito de ir. Nesse momento, estabelece-se a ruptura que marcar a divisão desse duplo. Masao Myioshi esclarece a diferença entre o duplo por divisão e o duplo por duplicação, em que este último seria um fenômeno que ocorre de fora para dentro, quando há uma identificação exterior de duas pessoas muito parecidas e que passam a confundir-se uma com a outra, gerando a questão identitária da qual fala Fernandez-Bravo; enquanto que no primeiro caso, a divisão, seria um fenômeno que ocorre de dentro para fora, quando há, primeiro, uma cisão interior do sujeito, que exterioriza essa cisão de alguma forma, como no exemplo de Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Ora, se em Jekyll a exteriorização seria a própria deformação do eu na figura de Hyde, e se em Dorian Gray ela estaria no retrato; aqui é no irmão mais velho que a cisão de Henry é exteriorizada, a partir do momento em que ele perde o direito de viver uma vida de aventuras. É notável como toda a história está marcada pela forte presença de James na vida do irmão, como uma “sombra” ou um “fantasma”, fazendo Henry declarar que nada do que ele possui é realmente dele e que não há substâncias nos seus direitos. Henry é marcado para sempre, desde a saída do irmão, pela sombra daquilo que ele queria ter sido, como podemos ver bem mais claramente quando ele, vendo os contrabandistas descarregando um navio na baia próxima, diz: “I was thinking I would be a happier man if I could ride and run the danger of my life, with these lawless companios.” (STEVENSON, 1956, p. 12). Essa vida que ele gostaria de levar é exatamente aquela que James passou a ter ao ganhar na moeda a chance de se juntar ao 3

Dinastia que perde o trono na Revolução Gloriosa, em 1688, quando o rei Jaime II (Jaime VII da Escócia) é deposto e exilado, por ser católico, para dar lugar a sua filha, Mary II, que era casada com um protestante, William of Orange. Cria-se um partido em torno dele, denominado Jacobita porque Jacob é seu nome em latim, que recebe apoio da França e do Papa. Algumas tentativas de retornar ao trono são feitas, mas nenhuma delas consegue sequer chegar à Inglaterra. Na última investida, em 1745, Charles Edward chega a invadir a ilha, mas é derrotado em 1746 na batalha de Culloden.

príncipe. Torna-se ainda mais belo esse momento da cisão pela construção estilística de Stevenson, ao fazer uma personagem feminina apaixonada por James jogar a moeda através de uma janela, quebrando o brasão da família que ali estava pintado. A moeda, facilmente vista como imagem do duplo, quebra o brasão da família, completando, dessa forma, o vaticínio de Henry ao perder no cara e coroa: “We shall live to repent of this” (STEVENSON, 1956, p. 4). A ruptura destruiria aquela família de uma maneira trágica, pois se efetuava ali uma cisão bem ao tipo que o Vitorianismo tanto viu. Jung fala como a psique humana é facilmente fragmentada ao assalto de fortes emoções, e Henry torna-se, assim, fragmentado, sendo James, o seu irmão, a outra parte da sua psique que, podendo viver o que ele nunca poderia, passa a ser indesejável. Os irmãos seriam, então, dois pólos opostos de uma mesma personalidade, o que caracterizaria o “divided self” da qual fala Miyoshi. Se para os povos primitivos o homem já era um ser dividido, essa divisão era de complementação harmoniosa, pois o “homem primitivo era muito mais governado pelos seus instintos” (JUNG, 2008, p. 59), e seu inconsciente e consciente estavam mais próximos um do outro, o que, para Jung, seria um estado psíquico ideal. Porém, conforme o andar dos anos, esse homem tornou-se mais racional e aprendeu a “controlar-se”, levando a um afastamento entre esse consciente mais racional e o inconsciente mais instintivo. A sociedade Vitoriana buscava justamente esse controle altamente moralista e regrado, que obrigava as pessoas a abafarem seus instintos e paixões, criando, assim, um homem “divided against himself” (MIYOSHI, 1969, p. 9). Henry vive essa vida regrada e presa pela razão consciente, notável nas falas moralistas do narrador e seu fiel servo Mackellar. Enquanto James representaria essa vida de paixões e liberdade que o homem vitoriano precisava esconder. As duas supostas mortes desse personagem, inclusive, são emblemáticas quanto ao duplo que precisa constantemente ser morto, mas nunca morre realmente, pois por mais que se tente esconder os impulsos inconscientes, ele sempre permanecerá vivo. James, podendo viver o que Henry não pode, torna-se uma espécie de “compartimento”. Para Jung (2008, p. 104): “O homem moderno, para não ver essa cisão do seu ser, protege-se com um sistema de „compartimentos‟. Certos aspectos da sua vida exterior e do seu comportamento são conservados em gavetas separadas e nunca confrontados uns com os outros.”

James, enquanto está fora, pode ser esse compartimento que Henry não vê, mas, ao voltar, sua presença, além de ser a presença física da sombra do verdadeiro herdeiro e dono de tudo que Henry possui, passa a ser a lembrança constante daquelas paixões as quais Henry conseguiu relegar a um compartimento do seu inconsciente, e que precisava manter longe da visão. Ver James, assim, é ver novamente aqueles pensamentos que fizera questão de esquecer. É notável, inclusive, o modo como Henry teima em mandar dinheiro para o irmão no exterior na primeira vez em que sabe que este

ainda estava vivo. A atitude, que podemos interpretar como uma forma de provar a si mesmo e aos outros que ele não é o avarento que o irmão acusa de ser, pode, também, significar uma necessidade de manter James fora de sua vista. A aproximação entre os dois irmãos torna-se estranha, pois James traz um problema de identidade para o “eu” dividido de Henry. Por outro lado, as viagens de James constituem-se no momento chave para a análise daquilo que Bhabha vai chamar de “performance of identity” (BHABHA, 1994, p. 9). O termo “performance”, que pode muito bem ser traduzido como “encenação” (como na edição brasileira do livro de Bhabha), remete também a outros termos, tais como: operação, execução, realização, exercício, representação, atuação, produção (ROGET, 1974). Configura-se, assim, em um ato de criação da própria identidade através do contato com outras identidades. É a própria alteridade, em que encenamos e criamos a identidade do outro – pois nunca podemos vê-la na sua essência – para, assim, criarmos e recriarmos a nossa. Nesse sentido, o “mundo da viagem” é o contexto onde estamos sempre fazendo esse jogo, como bem esclarece Bhabha (1994, p.9): “And one last time, there is a return to the performance of identity as iteration, the re-criation of the self in the world of travel”. É no mundo da viagem que vamos encontrar o novo, o diferente, o estranho, um contexto em que estamos constantemente nos repetindo (“iteration”) e re-criando. Ora, James – após ser dado como morto pela primeira vez – embarca em diversas viagens por diferentes lugares, e como um homem branco escocês, ou mais do que isso, um britânico no contexto imperialista4, constitui-se em uma identidade de homem superior e dominante, ainda mais por ele vir de família nobre. Assim, é notável como ele faz exatamente o que Bhabha diz, não só se re-cria, como se repete, não só absorvendo elementos novos de outras culturas – como quando volta da França com hábitos, comportamentos e dizeres típicos daquele país – como também se repetindo, pois mantém sempre a postura de Senhor, de escocês e de britânico. Nesse sentido, um episódio esclarecedor é o breve relato de sua passagem pela Índia, quando James é visto pelo seu antigo companheiro de viagens, o Cavalheiro Burke, um irlandês que o conheceu nos exércitos do príncipe, quando ele era um dos poucos escoceses a tratar bem os irlandeses. Depois de passarem uma aventura juntos, envolvendo um navio pirata, os dois separam-se e reencontram-se na Índia, onde Burke vê James na varanda de uma bela casa, vestido e sentado como um indiano ao lado de Secundra Dass, o servo indiano que a ele se junta. Burke tenta falar com James para pedir ajuda, mas este se finge de desentendido e dirige-se em híndi ao seu servo que fala em inglês com Burke. Por mais que essa encenação não passe de uma vingança de James por um problema passado, é notável como ele consegue justamente “re-criar”-se ao mesmo tempo em que se É importante frisar que a história se passa ainda no século XVIII, entre 1745 e 1765, quando o contexto do império colonialista britânico ainda não era o mesmo do período Vitoriano. Porém, como o livro é escrito nesse último período, e como consideramos os dois personagens representativos do duplo vitoriano, devemos considerar também esse contexto imperialista, pois é exatamente onde o escritor se insere. 4

“repete”, pois por mais que ele use roupas e fale a língua nativa, Secundra se refere a ele apenas como “Sahib”, o termo híndi para “Senhor”, principalmente aqueles vindo de fora. James se recria constantemente no mundo da viagem, mas também não perde sua identidade de Senhor. Talvez uma forma interessante da “mímica” da qual fala Bhabha? Voltemos a essa questão mais adiante. O momento marcante na dinâmica desses dois irmãos é na parte final, quando ambos estão em Nova York. Henry vai fugido para lá, mas já prevendo a chegada do irmão, prepara um contexto favorável a si. Como em Ballantrae ele sofria com o fato de ser sempre visto pelos outros como o vilão que roubara o lugar do irmão, suas ações contra James eram tolhidas pelo medo de que as pessoas o condenassem como o verdadeiro traidor. Porém, ao ir para a América, ele reúne ao seu redor todos os grandes moradores da província, bem como seu governador e prepara aquela sociedade para a chegada do irmão, contando todos os malefícios que James causara. De certa forma, pode-se interpretar que Henry não consegue se adaptar, não consegue “encenar” sua identidade, que não tem a mesma capacidade de se re-criar como o irmão, apenas de se repetir, pois ela acaba criando uma pequena sociedade análoga a sua, onde a reputação é muito importante: “His reputation awaits him” (STEVENSON, 1956, p. 144). Não há como negar que, por mais que a história se passe em um período anterior, Henry acabe criando uma pequena sociedade Vitoriana, onde a fama das ações é o que importa. “At home, where you were so little known, it was still possible to keep appearances” (STEVENSON, 1956, p. 145), diz ele para o irmão, e note como é justamente em casa que a reputação do irmão é menos conhecida. Nesse capítulo, inclusive, em uma única página a palavra “public” é três vezes citada (STEVENSON, 1956, p. 147). Nessa nova casa, Henry já se encarregou de fazer a “fama” de James. Contudo, isso não representa a incapacidade de Henry em encenar a sua identidade, mas muito pelo contrário. Ele se re-cria e se repete ao fazer isso. Ele se une aos homens eminentes e poderosos daquele novo lugar, justamente para tornar-se ali o Senhor respeitável que pouco foi na sua terra natal. É ilustrativo disso a frase proferida por James, logo após o irmão avisarlhe de todas essas precauções por ele tomadas: “And so this is the advantage of a foreign land! These gentlemen are unacquainted with our story, I perceive.” (STEVENSON, 1956, p. 145), como que notando aquilo que ele mesmo experimentou: a possibilidade de se re-criar no mundo da viagem. Ora, até mesmo aqui James mostra essa sua capacidade, pois ao ficar em uma péssima situação, ele opta por alugar uma pequena casa em um quarteirão pobre da província, onde põe uma placa anunciando serviços de costura feitos por ele mesmo, mas sem perder a chance de anunciar sua posição, já que na placa está escrito: “James Durie, formerly Master of Ballantrae” (STEVENSON, 1956, p. 147). Essa nova mudança na relação dos dois, James passa de perseguidor a perseguido, está, também, ligada ao duplo. Henry percebe que, por mais que antes quisesse seu irmão longe, agora que ele está fora de suas terras, prefere James próximo de si, onde possa vigiar. Henry vê uma

possibilidade de viver alguma aventura quando resolve seguir James na vastidão do norte. A vida que ele não pode ter antes está agora próxima de si, porém o desgaste dos anos e a forte presença do irmão levam-no a um desgaste psíquico muito grande. Henry quer dar liberdade às suas paixões inconscientes agora, mas não pode fazer isso se James continuar solto. Acontece que sua aventura só ocorrerá na perseguição ao outro. Ou seja, libertar seu inconsciente depois de tantos anos de dissociação, de compartimentação, é perigoso, e mais ainda depois que seu duplo volta do mundo da viagem também mudado, e trazendo outro medo mais emblemático ainda. É na segunda volta de James para a Escócia (antes desse reencontro nos EUA), quando ele traz consigo seu servo e amigo Secundra, que a questão se desenvolve. É o momento em que o estranhamento junto ao estrangeiro aparece pela primeira vez. Nessa volta, o medo que se instala na família está não só no fato de James, o grande “vilão” na concepção do narrador, estar de volta para ameaçar a estabilidade conseguida por Henry, mas também na presença estranha e misteriosa de Secundra Dass. O capítulo já se inicia com Mackellar dizendo ter acordado com um mau pressentimento, e quando ele chega à porta da sala, ouve duas vozes conversando em uma língua diferente: “Here was certainly a human voice, and that in my own master‟s house, and yet I knew it not; certainly human speech, and that in my native land; and yet, listen as I pleased, I could not catch one syllable.” (STEVENSON, 1956, p. 111/112)

Depois disso, Mackellar vai ressaltar o indiano como um homem de pele mais escura que qualquer europeu, testa muito alta e “a secret eye” (STEVENSON, 1956, p. 112). Mackellar reafirma muito dos estereótipos que marcavam a visão do homem ocidental sobre o oriental. A convivência torna-se mais complexa ainda pelo fato de Secundra ser uma figura fugidia e silenciosa que anda pela casa como alguém invisível; uma invisibilidade que cria algum receio no narrador, pois a qualquer momento pode encontrar-se com aquele ser misterioso. Mais notável ainda é o fato de que, como uma provável artimanha de James, Secundra fingiu não saber falar inglês, conversando com ele apenas em sua língua natal. Tal tática deu certo, pois ninguém na casa teve sequer uma desconfiança de que aquele estrangeiro pudesse saber a língua deles. Um tipo de estereótipo que marca muito bem as construções feitas dos homens orientais pelos seus pares ocidentais, pois seu conhecimento provavelmente se constituía daquele orientalismo crescente no século XVIII, e que Said explica. Para eles, os orientais eram quase sempre a mesma coisa. A atitude de Mackellar – representativa também de Henry, de quem o intendente já constituía uma espécie de representante da consciência – faz ver todo o jogo do estereótipo que Bhabha explica como análogo ao do fetiche, em que se reconhece uma diferença, mas nega uma identidade. O escocês reconhece a diferença de Secundra (“pele escura”, “olhar misterioso”, “língua estranha”), mas não lhe fornece uma identidade possível de emanar uma

dinâmica de reconhecimento (“invisibilidade”) capaz de suscitar a possibilidade de o indiano falar o inglês. Mais do que isso, entra aqui a questão da “mímica”. Secundra age como um mímico perfeito, bem como seu Senhor agiu na Índia. Em determinado momento, Mackellar comenta que o indiano usava um terno descente, mas que lhe caía de modo estranho. Ora, bem como diz Bhabha: “almost the same, but not quite.” (1994, p. 86). Se antes Secundra vestia-se como um indiano, enrolado em panos, agora usava roupa descente, mas ainda assim era um estranho. Ainda mais que a presença dele é fortemente marcada pela questão do olhar. Além da primeira impressão do “olhar misterioso”, em outra parte Mackellar mostra-se novamente preocupado com o olhar atento do indiano sobre uma conversa entre ele e James. Como afirma Bhabha (1994, p. 88): “the look of surveillance returns as the displacing gaze of the disciplined, where the observer becomes the observed and „partial‟ representation rearticulates the whole notion of identity and alienates it from essence.”

A identidade de James parece, nessa volta, atrelada a de Secundra. Assim, Mackellar sentese ameaçado também na essência da sua identidade, diante daquele ser estranho. O olhar que ele dirigia a Secundra, de vigilância, agora é devolvido, e ele parece ser vigiado. James traz consigo um elemento que causa um medo novo naquelas pessoas, como já dito anteriormente. Esse medo advindo da presença de Secundra, como um ser diferente, estranho, não facilmente definível, é exemplar de outra problemática, a qual será fundamental no final da história. Stephen Arata, no seu ensaio sobre o Drácula de Bram Stoker, fala de um problema que estava assolando os vitorianos da última década do século XIX, um medo de que o mundo que eles conheciam como “civilizado” estivesse agora prestes a ser colonizado pelas forças “primitivas”. Segundo Arata, eles perceberem os indícios de que seu império começava a declinar: perda de alguns mercados, aumento da inquietação nas colônias, declínio da influencia do império, crescimento político e econômico dos Estados Unidos e Alemanha e, dentro de casa, uma inconformidade com a moralidade do império. O que levou os britânicos a temer que uma nova colonização estivesse acontecendo, uma “colonização reversa”, onde os povos outrora colônias começavam a colonizar a antiga metrópole. Para o autor, esse medo da colonização reversa é particularmente prevalente na literatura britânica desde 1887. No livro de Stevenson, ela vai ser fundamental para o desenvolvimento final. Após uma perseguição neurótica de Henry a James, no norte do território americano, Secundra vai ser obrigado a ensinar ao seu Senhor uma técnica indiana de engolir a própria língua. James quer escapar da perseguição do irmão, e para isso não encontra outra possibilidade a não ser fingir a própria morte, e, para tal, exige que seu servo ensine essa técnica comum aos indianos. Porém, é justamente isso que causará a morte de James – e, conseqüentemente, por conta do estado de avançada loucura, a morte

de Henry ao ver o irmão morto – no norte dos Estados Unidos (na época da história ainda colônia britânica). A técnica não funciona, segundo Secundra, por conta do frio. Já é outono, a geada cobre o chão do território bem ao norte dos Estados Unidos, e James teria que ser enterrado e mantido quente, como se faz na Índia, porém Secundra não consegue manter o corpo de seu Sahib quente o suficiente e esse acaba morrendo. A morte de James por tentar assimilar uma técnica estrangeira, e mais do que isso uma técnica “primitiva” de um povo não “civilizado” na visão de qualquer britânico da época, é representativa desse medo de uma colonização reversa. James morre ao tentar dominar uma técnica estrangeira, que não pertence a sua cultura. Ao fazer isso, ele completa tragicamente o itinerário que Salman Rushdie belamente explica no seu Versos Satânicos (1998, p. 62): “Depois que você atravessou o espelho, a volta é por sua conta e risco. O espelho pode cortá-lo em tiras”. James entrou no mundo da viagem (espelho) e voltou, mas ao voltar ele não é mais o mesmo, e, mais do que isso, seu irmão também não é. O duplo vitoriano, cindido pelas dicotomias culturais de sua sociedade é estilhaçado ao sair de suas fronteiras e entrar em contato com outras culturas. As belas imagens criadas por Stevenson na morte desse duplo, enterrados juntos no norte do território americano, sob um chão já coberto por fina camada de neve, remetem ao imaginário da neve, que, para Durand, serve para apagar tudo o que é secundário e ressaltar apenas o que ali está acontecendo. Ora, o que está acontecendo ali é justamente a morte do duplo vitoriano, que ao encenar sua identidade, ao sair para o mundo da viagem, volta trazendo consigo o medo de que seu mundo tido como civilizado possa ser afetado pelas forças primitivas de povos tidos como não civilizados. Justamente esses instintos que na origem mantinham o homem em uma relação de harmonia com seu duplo; justamente as paixões que ele lutou para controlar em seu mundo racional criando a própria cisão, a dissociação da qual ele sofre, são exatamente essas forças que irão uni-lo novamente, mas, agora, na morte. BIBLIOGRAFIA: ARATA, Stephen D. “The Occidental Tourist: Dracula and the Anxiety of Reverse Colonization”, In GELDER, Ken (Ed.). The Horror Reader. London: Routledge, 2000. BHABHA, Homi. The Location of Culture. London: Routledge, 1994. FERNANDEZ-BRAVO, Nicole. “Duplo”. In BRUNEL, Pierre (Org.). Dicionário de Mitos Literários. Trad. Carlos Sussekind et alia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005. DURAND, Gilbert. Campos do Imaginário. Trad. Maria João Batalha Reis. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.

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