O Encanto das Trovas Tomo VIII - Trovas Sem Fronteiras - Vol.2

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O Encanto das Trovas . . . Tomo VIII vol. 2 – Trovas Sem Fronteiras......... Página | 1

SUMÁRIO Elen de Novais Felix (Niterói/RJ) ............................................. 3 Eliana Ruiz Jimenez (Balneário Camboriú/SC) ....................... 7 Sarah Mariani Kanter (São Paulo/SP) .....................................12 Sonia Maria Ditzel Martelo (Ponta Grossa/PR) .......................16 J. G. Araújo Jorge (Rio de Janeiro/RJ) ...................................20

Obs: As cidades mencionadas são as que os trovadores se radicaram, ou a UBT que pertencem, não sendo propriamente a sua cidade natal. O Encanto das Trovas . . . Tomo VIII vol. 2 – Trovas Sem Fronteiras......... Página | 2

Elen de Novais Felix

1 A bengala da ousadia que um cego leva na mão, é a luz que Deus irradia em seus olhos sem visão.

2 A ganância desmedida leva ao fracasso que dói... Feliz quem sabe que a vida é um prêmio que se constrói. 3 Amizade…A segurança que invade o meu coração, ao ver a mão da esperança segurando a minha mão! 4 Anoitece…a lua espia A varanda em soledade, E banha a rede vazia Em seu clarão de saudade. 5 As espadas da descrença não ferem meu coração, nem há presságio que vença o poder de uma oração.

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6 A vida é um barco divino tendo ao leme, a mocidade… Porém, no ocaso, o destino me leva ao cais da saudade! 7 Brincando, o vento travesso pelas areias se espraia, enquanto muda o endereço das brancas dunas da praia! 8 Desse bilhete velhinho o passado não se apaga; onde falta um pedacinho, a saudade cobre a vaga... 9 Envelhecido e tristonho, tão longe da mocidade, bebo na taça do sonho o conhaque da saudade.

10 Mesmo numa noite triste quando meu mar se encapela, minha canoa resiste: é que Deus vai dentro dela. 11 Na festa plena de encanto um brinde, um beijo, um anel... E em vez de sal, no meu pranto impera o gosto do mel! 12 Na incerteza da jornada que a vida me faz seguir, nem mesmo de madrugada vejo a saudade dormir! 13 Na mesma rua onde os nobres desfilam pompa e capricho, se encontram crianças pobres entre montanhas de lixo.

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14 Não chorei na despedida... Sempre fui ousado e forte; se a morte é maior que a vida, o amor é maior que a morte. 15 Nem mesmo o sol nos desperta do feitiço sem pudor, que nos envolve e acoberta nas madrugadas de amor! 16 No morro, quanta criança vive feliz, sem cautela; Deus também planta esperança na miséria da favela. 17 No sertão pobre e carente chuva é a mão que Deus descerra e apaga a fogueira ardente que queima a face da terra.

18 Numa lágrima salgada eis a vida resumida; nas emoções da chegada e nas dores da partida! 19 O mar num longo suspiro inveja a serenidade da brisa que faz seu giro pelas dunas da saudade. 20 Pela potência de um grito ninguém conquista a bonança... Maior que um protesto aflito é o silêncio da esperança. 21 Quando a miséria se expressa em mão tímida que implora, qualquer pão se faz promessa que enxuga um olhar que chora...

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22 Quando cessa a tempestade, resta a estrofe derradeira da seresta da saudade no compasso da goteira. 23 Quando uma estrela se apaga no céu de róseo porvir, um novo sonho me afaga e o dia acorda a sorrir! 24 Quanta miséria contida no olhar tímido e tristonho de uma criança perdida entre farrapos de sonho... 25 Se a mão da treva se estende em meu caminho e me alcança, na chama que Deus me acende conquisto nova esperança.

26 Sem teu amor que me exalta o sol nem mesmo reluz!… e eu percebo em tua falta que falta faz tua luz ! 27 Toda noite, espero, aflito que ela volte…E na ansiedade, vejo, mirando o infinito, o infinito da saudade. 28 Um pão nas horas de fome e um teto nas noites frias, para as crianças sem nome são apenas utopias.

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Eliana Ruiz Jimenez

1 A prudência é uma balança que equilibra a nossa vida ao dosar, com temperança, a tentação desmedida.

2 Cai de tapa a Januária no traste do maridão, ao saber que a funcionária ficou “gorda” de um serão. 3 Caminhar é minha sina, em campo ou desfiladeiro, nesta busca peregrina por um amor verdadeiro. 4 Chega ao fim nossa jornada em cruel bifurcação. Vou seguir em outra estrada, deixo aqui meu coração. 5 Desfazendo a natureza, vai o homem construtor desconstruindo a certeza de um futuro promissor.

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6 Em pintura impressionista a primavera desponta: flores a perder de vista, cores de perder-se a conta. 7 Enfrentando a tempestade, vou remando na ilusão de encontrar a claridade que desnude a escuridão. 8 Esta vida me sequestra numa espera de ilusão… - Só o amor tem chave-mestra para abrir meu coração. 9 Estrondo, coisa danada, será trem ou avião? - Barulho na madrugada é o ronco do maridão…

10 Hesitei, o trem passou, e, ao correr pelo seu trilho, só a poeira me restou e a lembrança do seu brilho. 11 Jaz latente enternecido nas vertentes do meu ser um amor adormecido esperando efervescer. 12 Lua cheia, céu em festa é um momento inspirador, nós na rede, uma seresta, embalando o nosso amor. 13 Na vida não busque atalhos; desvios são ilusão, nada mais do que atos falhos que atrapalham a missão.

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14 Noite quente, lua cheia, é receita milenar: - Paixão louca que incendeia os casais sob o luar. 15 Nos percalços dessa vida já deixei muita pegada como marca dolorida dos reveses da jornada. 16 Numa profusão de cores vem o outono, sedutor, inspirar os sonhadores num convite para o amor. 17 O mar de um azul profundo e as montanhas esverdeadas são belezas deste mundo, precisam ser preservadas.

18 O amor inspira a vontade de viver com alegria. Não importa a tempestade, cante e dance todo dia. 19 Paraíso, Liberdade, Morumbi, Consolação: - se for amor de verdade, tanto faz a direção. 20 Patrimônio bem cuidado não é só na aplicação; tem mais valor partilhado fazendo o bem ao irmão. 21 Pescador mais esportivo deixa seu peixe escapar, melhor solto que cativo, para assim o preservar.

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22 Pescadores não se enganam na sua avaliação: - Redes vazias emanam do descaso e poluição. 23 Poetas são pescadores de palavras e emoção: fisgam assim seus amores com os versos da paixão. 24 Quantas bênçãos recebidas quando se caminha aos pares: um ideal, duas vidas, dois corações similares. 25 Rede que volta vazia traz tristeza ao pescador que apesar da nostalgia leva adiante o seu labor.

26 Saudade é uma dor pousada nos ombros da solidão: felicidade passada, vedada a repetição. 27 Traz o arco-íris à lembrança que, ao criar tanta beleza, Deus nos fez, em confiança, tutores da natureza. 28 Triste destino bizarro de um país na contramão: alunos chegam de carro; professor, de lotação. 29 Trovadores, em verdade, são irmãos na inspiração, na partilha da amizade, no carinho e na emoção.

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30 Um amor que se alardeia não passa de sonho vão: é só castelo de areia escorrendo pela mão. 31 Uma vida sem amor é qual comida sem sal: em ambas falta sabor, por ausente o principal. 32 Um casal apaixonado faz da vida um carrossel de emoções, desgovernado, rodopiando rumo ao céu. 33 Urge o tempo, faz-se escasso, e, ao sofrer na despedida, o nosso amor, sem espaço, mostra a vida não vivida.

34 Valorando o sem valor, conjugando o verbo ter, esqueceu-se quanto amor num ranchinho pode haver. 35 Vejo no espaço infinito e em cada constelação nosso amor nos céus inscrito como obra da criação. 36 Vivo sempre a divagar, no silêncio em que me abrigo: - Ah que bom poder voltar, a estar outra vez contigo! 37 Voa, passarinho, voa, que gaiola é só maldade. Livre, lá nos céus entoa o cantar da liberdade.

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Sarah Mariani Kanter

1 A pandorga colorida, recriando encantamentos, toca a sonata da vida na partitura dos ventos.

2 A saudade é luz de vela iluminando o que eu sou: descolorida aquarela que uma renúncia pintou. 3 Cada vez o dia-a-dia faz os dias mais tristonhos, quando a gente silencia e sufoca os próprios sonhos… 4 Eu perdi meu coração entre fantasmas e medos, no exílio da solidão de uma infância sem brinquedos... 5 Foste um sonho em meu passado, e o meu erro mais tristonho foi deixar de ter lutado para arrancar-te do sonho…

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6 Há sempre um circo vazio e um vazio de esperança, no coração triste e frio de quem nunca foi criança… 7 Meu palhacinho de pano, quantas vezes te surrei! Hoje a vida e o desengano dão-me as surras que eu te dei! 8 Meus sonhos foram ingratos e sou, de tudo o que resta, Cinderela sem sapatos, sem fantasia, sem festa… 9 Na solidão do meu peito, velho jardim sem amor, a saudade tem um jeito de renúncia que deu flor…

10 Nos barquinhos de papel fui "marinheiro-esperança"; hoje, corsário infiel, roubo os barcos da lembrança… 11 Nossas ruas de criança a tão longe nos levavam, que nem o infinito alcança o infinito que alcançavam... 12 Numa estranha semelhança com a caixa de Pandora, vivo apenas de Esperança, porque o Sonho foi embora. 13 Olho o mundo... me envergonho e me tortura dizê-lo: - hoje a liberdade é um sonho transformado em pesadelo…

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14 O mensageiro fiel dos sonhos da meninada é um barquinho de papel correndo junto à calçada… 15 O meu amor sobrevive nesta saudade sentida: o "quase nada' que eu tive foi "quase tudo" na vida! 16 O que sobra do meu dia, mal cabe num prato raso: migalhas de fantasia que me alimentam no ocaso! 17 Papai Noel, não entendo o teu serviço postal: tantas cartas se perdendo!... Tantos pobres sem Natal!...

18 Pelos caminhos, cansada, minha esperança perdida, encontra a porta fechada no fim da Rua da Vida… 19 Por ser poeta acredito em dias menos sombrios... Meu sonho quase infinito cabe em meus bolsos vazios. 20 Por todo lado cercada de gente que nem me vê, eu sou a sombra do nada que me restou de você. 21 Quando a luz que enche os espaços espanta a noite do adeus, vejo a sombra dos meus passos seguindo a sombra dos teus…

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22 Quando às vezes abro a porta que a renúncia traz fechada, tua ausência se recorta na silhueta do nada... 23 Retratando o que hoje somos, vejo agora que restou do quase dois que nós fomos o quase nada que eu sou. 24 Saudade, circo às escuras, onde um palhaço, a ilusão, faz trejeitos e mesuras para o nada e a solidão… 25 Se a vida foi mal vivida, ao chegar ao fim da estrada quem foi um 'quase" na vida é, na morte, um "quase nada"!

26 Separadas as metades, a realidade provou que somos as “inverdades” que uma esperança inventou... 27 Sobre a mesa, a lamparina. No bercinho, uma criança. E a luz suave ilumina a mensagem de esperança! 28 Tão pertinho do infinito mas, prisioneira do morro, a favela é quase um grito, que pede ao mundo: - Socorro! 29 Vão desfilando os Farrapos ante o Pacificador; por fora, as roupas em trapos, por dentro, inteiro, o valor!

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Sonia Maria Ditzel Martelo

1 A chuva beijando o chão o ventre da terra alcança e é joia que no sertão reluz em tom de esperança!…

2 Ante os golpes do destino jamais curve sua fronte, olhe o pinheiro, menino, tão altivo no horizonte !... 3 Ao ouvir a canção da alma quando o silêncio se faz sinto invadir-me tal calma que encontro enfim minha Paz!... 4 As cordas de minha lira levam-me a um mundo risonho onde a saudade suspira no doce embalo do sonho!... 5 A Trova é tão pequenina mas quanta beleza encerra; feliz de quem tem a sina de espalhá-la pela Terra!...

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6 Em sua onda cristalina que nos afasta o conflito, a Música nos fascina e tem sabor de infinito! 7 É qual folha solta ao vento o verso que diz minha alma: – nem sei se tenho talento, só sei que um verso me acalma!… 8 Esta magia da Trova um feitiço até parece, tem a luz que a alma renova, tem o encanto de uma prece ! 9 Estes campos verdejantes de minha terra querida são esmeraldas brilhantes a colorir minha Vida!...

10 Eu fui minha alma entregar todinha para a Poesia e assim achei meu lugar num mundo só de magia! 11 Já perdida na distância mas esquecida jamais: adeus… adeus, minha infância, adeus… até nunca mais!… 12 Maior conquista na vida não é fama nem riqueza, mas sim a vida vivida para o Bem, para a Beleza!… 13 Marque presença na vida pelas ações que pratica, lembre: na hora da partida, você vai… sua obra fica!

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14 Meu veleiro de ilusões singra os mares desta vida e vencendo os vagalhões talvez ache, enfim, guarida!… 15 Minha mais doce ilusão é pensar que sou feliz sem saber que o coração fez de mim o que bem quis !... 16 Música que nos acalma é sublime inspiração a tanger nas cordas d’alma pelas notas da emoção! 17 Não existe mais pureza, mais encanto e mais calor do que assistir a beleza do despertar de uma flor!

18 Nas coisas simples que faço tristeza não me pões véu: – procurando meu espaço, eu penso chegar ao céu!… 19 No gérmen que se faz planta a promessa é chama acesa dourando o trigo que encanta e que põe o pão na mesa !... 20 Nos mistérios deste outono, as folhas caindo ao chão, tecem colchas de abandono que envolvem minha ilusão! ... 21 Nossa vida é só ilusão e o tempo é quem nos conduz até o fim dessa missão rumo a um tempo só de luz!…

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22 Nos vendavais deste outono, as folhas caindo ao chão tecem colchas de abandono que envolvem minha ilusão. 23 Pobre floresta que chora sua alma triste, enlutada, e vê seu verde ir embora nas cinzas de uma queimada! 24 Quando a prata do luar cintila seu brilho infindo no imenso dorso do mar, não sei de nada mais lindo! 25 Quando tudo terminar, quando o sonho tiver fim, quando nada mais restar… brilha uma luz mesmo assim!…

26 Se tu quiseres ter paz, esquece a dor e a agonia: – o ontem já não volta mais, sempre haverá novo dia! 27 Uma cabana, um amor, um pedacinho de chão, um mundo com muita cor é sonho que sonho em vão!… 28 Um mundo melhor quisera onde houvesse amor e paz, mas bem sei que isto é quimera, – não passa de um sonho audaz! 29 Um resquício de saudade traz alento à nossa dor pois revive na verdade um velho sonho de amor!…

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José Guilherme de Araújo Jorge Vila de Tarauacá/AC (1914 – 1987) Rio de Janeiro/RJ)

1 Amor que sofro, que almejo, mata-me logo de vez! Longe que estejas, te vejo, Ao teu lado, nem me vês...

2 Ao ler uma bela trova depois que pronta ficou, - quem calcula a dura prova por que o poeta passou ? 3 A poesia que desejo tiro de mim como aquela cantiga do realejo se alguém roda a manivela… 4 A saudade é este vazio que a vida, ao partir, deixou; rio seco, que foi rio, porque a água já secou... 5 A saudade, intimamente, devagarzinho nos rói; é uma emoção diferente, como uma dor que não dói.

O Encanto das Trovas . . . Tomo VIII vol. 2 – Trovas Sem Fronteiras......... Página | 20

6 Assim tão só, como eu fico, tão sem ti, neste amargor, quem dirá que eu já fui rico, milionário de amor?! 7 A Vida - ansiosa escalada sobre a paisagem do mundo Tanto esforço para nada se há sempre abismo no fundo! 8 A vida passa e a saudade passa a ser a vida ausente, - é uma vaga claridade de um clarão de antigamente... 9 A vida - uma onda que avança e volta - vai-vem do mar... Quando vai, quanta esperança! Quanta amargura, ao voltar!

10 - "Crê na vida!" - eis o conselho da Esperança, ante a desgraça... A face fria do espelho, de calor ainda se embaça... 11 Delicados diademas Trabalhadas obras-primas... ...Tuas mãos sãos dois poemas Rimando em vermelhas rimas… 12 E como que por encanto Minha dor se vai embora Pois estas trovas que eu canto São feitas... como quem chora... 13 Este amor nunca se apaga: é chama que me incendeia, é espuma a florir na vaga, é vaga a brincar na areia.

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14 Eu faço versos assim Como quem respira ou canta, A poesia nasce em mim Como do chão nasce a planta... 15 Louco de amor, te busquei, e ao te encontrar, percebi que não fui eu que te achei; eu, sim, é que te perdi. 16 "Matar saudades", querida é uma expressão, simplesmente, pois, em verdade, na vida, saudade é que mata a gente 17 Minha maior alegria minha glória humilde e nua é ver a minha poesia fazer ciranda na rua...

18 Misto de pranto e alegria, sol e chuva, sonho e dor, a saudade é o sol num dia de chuva, no nosso amor... 19 Na despedida - com pressa escrever me prometeste. Esqueceste da promessa, ou apenas me esqueceste? 20 No peito dos marinheiros nasceu , cresceu, emigrou... Mas nos porões dos "negreiros" foi que a saudade... chorou! 21 O tal ditado é um conselho, não te mostres desolado: - "há sempre um chinelo velho para um pé doente e cansado..."

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22 Ó vento, que em ti resumes tudo quanto a vida tem: - tu, que trazes perfumes, levantas poeira também... 23 Perigoso, onipotente, verdadeiro ditador... o ciúme é um cego, doente, ou um doente, cego de amor? 24 Podes ter outro Senhor, até mais rico que um Rei, mas nunca mais outro amor há de te dar quando dei. 25 Por certo a pior solidão é aquela que a gente sente sem ninguém no coração... no meio de muita gente...

26 Quando estás longe, querida, na minha angústia sem fim, saudade é o nome da vida que morre dentro de mim... 27 "Quem canta os males espanta" Disto, afinal, tenho prova, pois meu sofrer hoje canta e se desfaz numa trova. 28 - "Quem espera desespera...." - "Quem espera, sempre alcança..." Ah, meu amor, quem me dera esperar tendo esperança! 29 Resta um consolo: pensar no amor que juntos colhemos... Nem Deus pode tirar os instantes que vivemos!

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30 Saudade é fidelidade, e eis como a imagem se explica: partem o amor, a amizade, todos partem... ela fica. 31 Sempre fiel, e verdadeira vigia da nossa dor, ó saudade, companheira dos solitários do amor... 32 Se a coisa dada, algum dia, de nós não fosse tirada, ainda assim, gente haveria que nunca daria nada. 33 Tudo é trova: a flor, a onda, a nuvem que passa ao léu e a lua, trova redonda que a noite canta no céu!

34 Tu tão moça, eu tão vivido. Tantos anos de permeio. Bem poderias ter sido o grande amor que não veio... 35 Velhos mastros, verticais como certos pensamentos, vossas bandeiras de paz são almas soltas aos ventos. 36 Vida amarga! E na amargura da vida, eu pensei, querida: - quem dera a tua doçura para adoçar minha vida! 37 Vi teu retrato, - revivo um velho amor que foi meu... A saudade é um negativo de foto que se perdeu...

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NOTA As trovas foram obtidas em livros, boletins de trovas, jornais, trovas enviadas pelos trovadores e em alguns sites, como www.falandodetrova.com, www.poesiasemtrovas.blogspot.com.br, www.singrandohorizontes.blogspot.com.br Biblioteca J. G. de Araújo Jorge, as Mensagens Poéticas enviadas pelo falecido trovador potiguar Ademar Macedo, etc. Montagem da Capa da Revista sobre imagem obtida na internet, não foi encontrada a autoria. Caso perceba uma trova errada, seja por razões várias, por favor, entre em contato com [email protected], para que possamos corrigir a tempo ou fazer uma errata no próximo número.

Esta revista não pode ser comercializada em hipótese alguma, sem autorização de seus autores ou representantes legais. Pode ser copiado, desde que se coloque o autor das trovas, caso contrário pode ser caracterizado como crime e ser enquadrado nas sanções legais. Respeite os direitos do autor. O download (gratuito) dos números em http://independent.academia.edu/JoseFeldman

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