O FUTURO COMEÇA AGORA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O RETRATO DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

June 3, 2017 | Autor: G. Pessoa de Oliv... | Categoria: PyMEs, Micro E Pequenas Empresas, Empreendedorismo
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O FUTURO COMEÇA AGORA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O RETRATO DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL Giovanilza Maria Pessôa de Oliveira* [email protected]

RESUMO

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Vários estudos têm buscado identificar as características e condicionantes do empreendedorismo, ao redor do mundo. Esta discussão pode ser entendida como uma atualização de uma atualização ainda mais antiga, que teve início no final da década de 70, e que buscava identificar quais os elementos que levam alguns países a se desenvolverem e outros não. Assim, este texto objetiva apresentar uma breve revisão conceitual sobre estas características e habilidades empreendedoras; e, a partir dos dados apresentados pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) e Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil, identificar se uma possível distorção do tempo, no Planejamento Estratégico, caracterizada pelas diferenças de percepção nas variáveis envolvidas, pode ser entendida como um elemento explicador do atual estágio do empreendedorismo brasileiro.

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PALAVRAS-CHAVE

ABSTRACT

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Empreendedorismo. Micro e Pequenas Empresas. Planejamento Estratégico.

Several studies have searched to identify the characteristics and limitations of entrepreneurship around the world. This discussion can be understood as an update of an even older update, which began at the end of the 70’s, which searched to identify the factors that lead some countries to get developed and others do not. This text aims to present a brief conceptual review about these features and entrepreneurial skills, and from the data presented by the Global Entrepreneurship Monitor (GEM) and conditioning factors and survival rates and Brazil´s Micro and Small Enterprises mortality, to identify *

Doutoranda em Integração e Desenvolvimento Econômico pela Universidade Autônoma de Madri - UAM. Mestra em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Especialista em Gestão da Qualidade em Serviços pela Faculdade de Ciências Administrativas da Universidade de Pernambuco - FCAP/UPE. Bacharela em Comunicação Social e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Professora da FOCCA - Faculdade de Olinda.

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whether a possible distortion of the time, in Strategic Planning, characterized by differences of perception in the variables involved, can be understood as an explaining factor of the current state of Brazilian entrepreneurship. KEYWORDS Entrepreneurship. Micro and Small Enterprises. Strategic Planning. 1. INTRODUÇÃO

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O Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2007) estuda a atividade empreendedora ao redor do mundo, buscando identificar os elementos que expliquem as particularidades por localidade. Este artigo apresenta uma análise para o Brasil, do que o GEM denomina de “elementos limitadores e facilitadores da atividade empreendedora” e a capacidade do empreendedor de identificar cenários futuros. A distorção entre a percepção do empreendedor inicial e os especialistas, cujos negócios já podem ser considerados estabelecidos, é o tema deste artigo. Para tanto, são apresentados para os dois instantes, os indicadores referentes à abertura de mercado; ao acesso à infra-estrutura; ao apoio financeiro; à capacidade empreendedora; às normas culturais e sociais; ao clima econômico; à educação e capacitação e, por fim, às políticas governamentais, de incentivo. Efetivamente, pode-se identificar uma disparidade entre o momento inicial e um momento futuro planejado.

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2. CARACTERÍSTICAS E HABILIDADES DE UM EMPREENDEDOR Neste tópico será apresentado um breve referencial teórico sobre o que a literatura pertinente apresenta como sendo as características e habilidades próprias de um empreendedor. Antes mesmo do empreendedorismo alcançar a evidência que possui hoje, vários foram os autores que buscaram defini-lo. Para Schumpeter, o “empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente, pela introdução de novos produtos e serviços e pela criação de novas formas ou pela exploração de recursos e materiais” (1949 apud DORNELAS, 2001, p. 37). Sem dúvida, esta é uma visão que deixa o empreendedorismo em posição de elemento catalisador para as experiências de desenvolvimento local, hoje tão valorizadas. Kirzner, por sua vez, define o empreendedor como “aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente”

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(1973 apud DORNELAS, 2001, p. 37), uma pessoa que se destaca, antes de tudo, por uma postura assertiva e positiva, sem se deixar limitar pelas determinantes do meio. Não seria o mesmo destruidor da ordem econômica, de Schumpeter? Filion, porém, prefere evidenciar o caráter visionário do empreendedor, ao defini-lo como “uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1991). Mas para isso, ressalta alguns elementos destacados na Figura 1. Figura 1 – Elementos que dão suporte ao conceito visionário de Filion Fonte: Dolabella, 1999

Compreensão do setor

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Conceito do si

Energia

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Visão

Liderança

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Relações

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Observe-se que para Filion - 1991, ser um visionário é condição sine qua no para o empreendedorismo, tendo como suporte a capacidade do indivíduo de, em primeiro lugar, conhecer-se a si mesmo, em relação às suas características pessoais, à sua capacidade de liderança e à energia capaz de mobilizar e desprender em direção ao seu objetivo. Em segundo lugar, Filion destaca a necessidade do indivíduo conhecer o meio onde está inserido, através da compreensão do setor, da competência para estabelecer relações com os demais elementos que compõem o setor e da capacidade de alinhamento destes elementos a partir de sua percepção (visão) do entorno, tanto no presente, quanto na construção de cenários futuros, que se delineiam neste presente. Desta maneira, Filion (1991) insere a visão do agora como elemento recursivo, de feedback, dentro da Visão futura, construtora do Planejamento Estratégico. Possivelmente, encontra-se aqui o ponto central desta análise, apresentado como uma tentativa de se explicar a divergência existente entre alguns estudos explicativos do sobre o empreendedorismo, no Brasil: a distorção no entendimento quanto à abrangência do Planejamento Estratégico, em relação ao tempo. 59

Sem dúvida, é senso comum que o Planejamento Estratégico abrange períodos de largo prazo. O detalhe consiste em que esta abrangência deve existir desde o momento inicial (t0) até o momento mais distante, definido para o planejamento (tn), normalmente estabelecido entre cinco e dez anos, com momentos de revisão, momentos estes tão mais curtos, quanto maior for a instabilidade do entorno onde está inserida a atividade empreendedora. Pois o futuro, faz-se presente um dia, necessitando ser desenhado em toda a sua existência. No próximo tópico serão apresentados dois estudos que retratam o empreendedorismo no Brasil, a partir dos quais se buscará, neste estudo, identificar se de fato a distorção do tempo, no Planejamento Estratégico, pode ser entendida como um elemento explicador do atual estágio do empreendedorismo brasileiro.

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3. RETRATOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

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O Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2007) é o maior estudo independente sobre a atividade empreendedora mundial, retratada através dos dados coletados periodicamente em mais de 50 países. Tem como principal objetivo aprofundar a compreensão do empreendedorismo, produzindo e mantendo dados, informações e indicadores que reflitam e elucidem a realidade empreendedora e os fatores intervenientes nessa dinâmica em cada país de forma comparativa. Para este trabalho, porém, se utilizará apenas os dados relativos ao Brasil, dos quais se destaca neste texto os elementos limitadores e facilitadores da atividade empreendedora, apresentados na Figura 2. Observe-se que há uma quase que absoluta divergência entre a percepção do empreendedor inicial (E.I.) e o especialista (E.E.), tanto que ambos só coincidem em dois aspectos, ainda assim com grande disparidade de mensuração, são eles: a política governamental como elemento limitador da atividade empreendedora, em 18,80% (E.I.) e 26,70% (E.E.); e a capacidade empreendedora/ normas culturais e sociais, em 39,90%1 (E.I.) e 12,50% (E.E.). Outro elemento a se destacar é que o Clima econômico, para os empreendedores iniciais é apontado como um fator limitador, em 29,20%, figura para os especialistas como um elemento facilitador, em 19,20%, em uma variação efetiva de quase 50%. O SEBRAE, por sua vez, realizou um estudo intitulado de Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil, com dados coletados entre 2003 e 2005. O estudo do SEBRAE considera o ambiente

1 Os empreendedores inicias apontaram as duas variáveis separadamente, onde a Capacidade empreendedora atingiu 22,90% e as Normas culturais e sociais atingiram 17,00%.

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econômico e a qualificação empresarial como os dois fatores principais e determinantes do aumento da taxa de sobrevivência das pequenas empresas brasileiras, em 27%, entre 2002 e 2005. Figura 2 – Elementos limitadores e facilitadores da atividade empreendedora no Brasil

Fatores limitadores e facilitadores do empreendedorismo

39,9 26,7 23,8

19,2

13,7

17,1

0 Apoio financeiro

Abertura de mercado

Clima econômico

0 Educação e capacitação

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Acesso à infraestrutura

Capacidade empreendedora e normas culturais e sociais

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0

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12,5

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-12,2

-29,2

Políticas governamentais

Especialistas Fonte: Elaboração própria, com base em GEM – 2006 1

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Empreendedores iniciais

-18,8

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Segundo o estudo, “no ambiente econômico ocorreram a redução e o controle da inflação, a gradativa diminuição das taxas de juros, o aumento do crédito para as pessoas físicas e o aumento do consumo, especialmente das classes C, D e E”, favorecendo o desenvolvimento dos pequenos negócios no Brasil. Já os empresários com curso superior completo, somam 79% do total, e aqueles com experiência anterior em empresa privada subiram de 34% para 51%. O que leva, segundo o SEBRAE, a um crescimento na identificação (visão) de oportunidade de negócio, de 15% para 43%. Uma outra interpretação ainda se pode tirar destas variáveis. A ampliação efetiva do desenvolvimento dos empreendedores, pode levá-los a não mais mencionar o elemento “Educação e capacitação”, na pesquisa do GEM - 2007, uma vez que este já não seria compreendido como um elemento diferenciador, mas qualificador (determinante) para a sua inserção/ permanência no mercado empreendedor.

1

Período de coleta de dados: Empreendedores iniciais, entre 2005 e 2006; e Especialistas em 2006.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sem dúvida, há uma disparidade entre a percepção inicial do empreendedor e aquele que já atua no mercado há mais de 42 meses, aqui chamado de especialista. O que sinaliza a necessidade de se ajustar futuros estudos para se identificar como se comporta este evento em empresas participantes de programas de incubação, onde se supõe que o empreendedor pode desenvolver uma maior competência, com relação ao planejamento estratégico do negócio, com especial atenção aos elementos de feedback.

5. REFERÊNCIAS

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DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.

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DORNELAS, J. A. Empreendedorismo, Transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001.

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FILION, L. J. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. ERA – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, jul/set 1991, p. 63-71.

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GEM, Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no Brasil – 2006 – Relatório Executivo. Curitiba, 2007.

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SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil 2003-2005. Brasília, 2007.

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