O Guarda Ricardo como o novo Zé Povinho

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O Guarda Ricardo como o novo Zé Povinho









Joana Simão 7053
História de Arte Portuguesa II

FBAUL 2014/2015
Índice
"Introdução "2 "
"O cartoon no contexto político-social "3 "
"Sam, Portugal e o Estado Novo "5 "
"O Guarda Ricardo e o Zé Povinho "7 "
"Conclusão "10 "
"Bibliografia "11 "
"Anexos "12 "

Introdução

"Após meio século de governo policial, em que o mito fundamental da
sociedade era a ordem vigilante, castradora, omnipotente e omnipresente,
que reduzia fatalmente cada responsável à qualidade de agente da polícia,
sem a qual não poderia governar – como representar um
comentador senão na esperta ingenuidade alfacinha dum ?"[1]
O Guarda Ricardo nasce das mãos do artista plástico e cartoonista Sam,
nos anos 70, pouco antes da revolução de 25 de Abril, o que faz deste
personagem contemporâneo a uma ditadura e, mais tarde, à chamada
.
Aclamado por muitos, o Guarda Ricardo resulta como uma paródia e crítica,
não só política, mas também social, e também chegado a ser considerado com
um novo Zé Povinho, ou 'Guarda Zé', sendo o personagem uma representação
satírica da personalidade humilde mas orgulhosa do português da altura (e
de agora?), e não deixando também de ser um novo ícone do povo.


Apesar de já ter mais de 40 anos, Ricardo continua a estar bastante
actual e a ter um enorme valor, não só artístico como patrimonial para
Portugal.
Neste trabalho vou também comparar a obra e o carácter do Guarda Ricardo
com o Zé Povinho de Bordalo Pinheiro, salientando as suas parecenças e
paralelismos, assim como as suas diferenças e tentando demonstrar de que
forma O Guarda Ricardo poderá ser considerado um novo Zé Povinho da era
moderna.

Desenvolvimento

1. O cartoon no contexto político-social
Portugal tem na sua História uma vasta lista de cartoonistas e artistas
que se dedicaram à Ilustração e/ou Banda Desenhada. Apesar de tudo, o
cartoon e a Ilustração acaba por ser bastante menosprezado, ainda tendo em
consideração a sua importância não só político-social, mas também
artística.
O termo 'caricatura' vêm do italiano 'caricare', que se refere ao realçar
das características de alguém num retracto, geralmente com um intuito
cómico. No entanto, 'cartoon' parte dum termo anglo-saxónico e está mais
relacionado com a tira cómica e com a sátira. Enquanto nos Estados Unidos
'cartoon' define a banda desenhada em geral, em Portugal está directamente
ligado à sátira e ao humor político-social, às tiras cómicas de jornal e à
caricatura.
Em Portugal, a caricatura recua até ao século XIX, partindo de Bordalo
Pinheiro e mantendo sempre um papel activo na divulgação de opinião e
crítica pública, nomeadamente através do jornal e da revista e também da
publicidade. "O cartoon pode ser definido como um texto humorístico ou
satírico publicado normalmente em revistas ou jornais. Nas palavras de
Mendonça (2002), o cartoon tem por objectivo expressar ideias e opiniões
sejam elas políticas, religiosas, desportivas ou sociais através de uma
imagem ou sequência de imagens, dentro de quadrinhos ou não, podendo ter
balões ou legendas, podendo ser atemporal ou envelhecer junto com as
notícias jornalísticas."[2]


Portugal no início dos Anos 70 ainda vivia sob a ditadura e todas as
formas de expressão criativa eram censuradas. Qualquer pessoa que quisesse
dedicar-se às artes plásticas sabia que era um campo minado a percorrer,
pois os artistas facilmente desafiavam os limites e isso levava-os a graves
consequências.
No entanto, a opressão não impediu que a cultura e a arte sobrevivessem.
As artes gráficas acabaram por se tornar uma forma de escape: "Se Portugal
fosse, então, um país livre, sem Estado Novo e sem Salazar, talvez me
tivesse dedicado à pintura e à arquitectura durante esse período, em vez de
realizar trabalho gráfico"[3], confessa Abel Manta, actual artista
plástico, que em tempos de regime teve que se limitar às artes gráficas.
Apesar de não contestar o seu trabalho gráfico no ramo da caricatura, Manta
afirma que os trabalhos que publicava na imprensa nas décadas de 60 e 70
não eram de cariz artístico, mas eram então uma forma de "intervenção
social e política"2. À medida que o cartoon ia ganhando força e
popularidade, a mensagem foi também ganhando protagonismo face à
ilustração; as prioridades quase que inverteram, e para muitos
cartoonistas, tendo eles uma base profissional ligada ao jornalismo, a
mensagem e o conceito acaba por ser o mais importante, enquanto o desenho é
uma forma de suporte, o veículo mais apelativo e indicado para conseguir
transmitir as ideias pretendidas.
A banda desenhada e o cartoon jornalístico ganharam assim uma enorme
força e importância na transmissão da opinião e na liberdade de expressão.


Ainda hoje em dia, por todo o mundo, em mais países que outros, os
cartoonistas são censurados, apreendidos e, em alguns casos, perseguidos
judicialmente, e apesar de em Portugal a situação não ser preocupante, na
altura da Ditadura e do Estado Novo, muitos cartoonistas e ilustradores
foram alvos de censura e muitos deles ameaçados, tal como Abel Mantas, José
Vilhena e Sam.
Grande parte da obra de cartoon de Sam foi apreendida e censurada e só
recentemente é que o seu espólio se tornou acessível a todos.

2. Sam, Portugal e o Estado Novo
Samuel Azavey Torres de Carvalho (1924-1993), mais conhecido por Sam,
criou O Guarda Ricardo no ano de 1971, em tempo de ditadura e pouco antes
da revolução de 25 de Abril de 1975.
Apesar do seu cariz de crítica política e social, O Guarda Ricardo
consegue ser mordaz de uma forma indirecta, sem deixar de ser subtil. É um
cartoon caracterizado pela sua leveza, não só esteticamente, pela rapidez e
economia do traço, mas também pela forma que aborda os temas. "Nasceu da
censura (...) da dificuldade que havia em falar abertamente"[4] explica
Sam, numa das suas entrevistas "A eterna briga com a censura no tempo do
salazarismo ensinou-me a ser subtil."[5] Como sabemos, o regime de ditadura
pouca liberdade dava aos artistas, muito menos sabendo como a comunicação
poderia ser delatora e ofensiva ao poder.
No cartoon, banda desenhada e tira cómica, há uma certa preocupação em
manter o equilíbrio entre a mensagem a ser passada e o grafismo a ser
utilizado. No caso de Sam, o seu estilo ficou bastante marcado pelo traço
rápido e assertivo, muito instintivo e esquematizado, como se de um esboço
se tratasse (fig.1). Não é preciso mais do que isso para que a mensagem
sobressaia, porque é na sua simplicidade que se reflecte o espírito e a
personalidade simples e humilde do Ricardo. São desenhos que condizem muito
bem com o tipo de universo que Sam quer evocar à volta do mundo do guarda
Ricardo e do seu superior. "O traço é sempre o mesmo e pessoalíssimo, na
sua caligrafia breve e expressiva"[6]

Fig. 1[7]


Paralelamente ao seu trabalho de escultura/instalação[8], Sam criou O
Guarda Ricardo em Maio de 1971 e a sua primeira aparição foi no jornal
Notícias da Amadora. Mais tarde, passou a integrar diáriamente no 'Jornal
Novo' e, após dois anos, no 'Diário de Notícias', tornando-se assim uma voz
essencial no 'quotidiano post-revolucionário nacional'.[9] Foi um
personagem que surgiu num século de governo militar e policial, e a ordem
era um agente limitador e castrador, reduzindo grande parte da população a
encargos de ordem pública e hierárquica. Assim, o guarda Ricardo é narrado
nas "hesitações do novo emprego", no qual "se interroga e observa través um
discurso social contraditório, cheio de embustes, e fragilíssimo de
urbanidade"[10]. Sendo um personagem que viveu toda a sua vida numa
ditadura, sente-se atordoado e baralhado, ao mesmo tempo que entusiasmado,
com o resultado da revolução e do novo regime democrático. Subitamente, ele
é posto à prova e são esperadas opiniões e novas perspectivas duma era
moderna, mas o resultado são as suas dúvidas, questões e confusões –
típicas duma população rural e iletrada que caracterizava Portugal no final
da década de 70.


Mas a preocupação de Sam não era simplesmente 'criticar'. O Guarda
Ricardo e o seu Chefe Imediato eram também uma tentativa de retracto e
caricatura da população portuguesa, e, de certa forma, uma maneira de
chegar ao público tentando que este se relacionasse com os personagens.
Ingénuo e bem sempre bem intencionado, Ricardo ao mesmo tempo que acata
as ordens do Chefe também tem alturas em que o questiona. Vive no seu
pequeno mundo e a sua profissão quase se tomou a sua vida, a sua
identidade. É um homem que vive dividido entre o certo e o errado, o que
está bem e o que está mal, o que se deve fazer e o que não se deve fazer, e
isso é algo que facilmente vemos em nós enquanto cidadãos e seres humanos.
"No fundo (...) O Guarda Ricardo é um pouco de cada um de nós, uma figura
ambígua, vivendo o conflito entre o que verdadeiramente é – um homem do
povo – e a farda que veste e lhe confere autoridade."[11], nas palavras de
Sam.



3. O Guarda Ricardo e o Zé Povinho
Há quem apelide o Guarda Ricardo de o Novo Zé Povinho e, apesar de terem
sido criados com quase 100 de intervalo, há muitas coisas que estes dois
heróis nacionais têm em comum, tal como em contrário. "O Rafael Bordalo
Pinheiro representa uma situação de crítica social e cultural muito ligada
à sua época, ao último quartel do século XIX. Com a evolução da sociedade
portuguesa, nomeadamente na segunda metade do século XX, o espaço de
caricatura política e social ficou muito reduzido e raro foram os artistas
que se puderam exprimir. Os dois principais são João Abel Manta e Sam. João
Abel Manta ainda se serviu da figura do Zé Povinho e Sam criou uma figura
de certo modo paralela que é o Guarda Ricardo."[12]
























Rafael Bordalo Pinheiro, pai e criador de Zé Povinho, foi um nome
marcante e essencial da caricatura e percursor do futuro cartoon português.
Ficou notado que através do seu desenho altamente detalhado e minuncioso, o
artista humorizava os podres da sociedade portuguesa do final do século
XIX, altura em que a banda desenhada e a ilustração emergiam: "a crítica
demolidora com que vai celebrando a vida nacional, sobretudo na
dramaticidade dos desempenhos políticos, usa o riso com catarse, abrindo,
com finos (des)acertos, um, não poucas vezes, comovente desejo de
redenção."[13]
Tanto como Zé Povinho como Guarda Ricardo, ambos foram criados num
Portugal que ultrapassava uma era controversa, e apesar do distanciamento
temporal, os dois personagens encontram-se em circunstâncias bastante
idênticas. Ao contrário de muitos símbolos nacionais, como John Bull ou
Urso Russo, tanto Zé Povinho como Guarda Ricardo eram uma personificação
não do país enquanto nação, mas do povo e da população, numa forma
independente e muito pessoal e, ao mesmo tempo, colectiva. Zé Povinho não
tem pretensão de esconder defeitos nem pontos fracos, até pelo contrário,
toma partido deles como características únicas e singulares que o define
enquanto homem do povo e, acima de tudo, Português. "Rafael criou um
símbolo do povo, entronizando-o ironicamente como soberano. É o
liberalismo, e republicanismo como utopia em que o estado deveria ser o
povo. Os outros criaram símbolos heróicos, enquanto nós fizemos triunfar um
anti-herói."[14]
Zé Povinho, tal como Ricardo, é um personagem do meio rural e tradicional
que se vê perdido e envolvido num meio urbano cada vez mais crescente que
não faz questão de esperar. Vivem entre o progresso e a regressão, a
política e a corrupção, não duma forma directamente activa de manifestante
furioso, mas como um simples homem típico português, dotado da famosa
esperteza saloia que tanto se orgulha.
Por outro lado, a forma de passar essa mensagem e de representar estes
anti-heróis é claramente distinta. Zé Povinho é caracterizado pelo traço
cuidado e pormenorizado, as linhas elegantes e orgânicamente bem
estruturadas, que lembram a obra de Honoré Daumier, um dos artistas
franceses com maior referência na Europa no campo do desenho. Rafael
Bordalo Pinheiro foi dos primeiros portugueses a ligar o desenho à vertente
jornalística, sendo o desenho o corpo principal com um suporte textual,
tipo legenda. Nessa época, a imprensa e o jornalismo emergiam em força,
juntamente com a revolução industrial; "Bordalo viveu entre a pulsão do
desenho, o desafio da crónica diarística e a imensa curiosidade pelos
instrumentos e sítios tecnológicos que, no jornalismo, mesclam estas
diversas componentes. Homem das Arts and Crafs, apaixonado pela revolução
industrial e pelo investimento criativo, fortemente individualizado, ele
foi patrão e operário de um pequeno capitalismo moderno, raríssimo em
Portugal."[15]
Por outro lado, o desenho de Sam já surgiu na segunda metade do século
XX, e o seu estilo tornou-se muito próprio e pessoal, caracterizado pela
sintetização do traço e estilização das figuras, sem deixarem de ser
altamente expressivas.
De qualquer maneira, nota-se que há um grande envolvimento entre Bordalo
Pinheiro e o Zé Povinho; há uma grande transparência do autor sobre o
personagem, quase como se um fosse o alter-ego do outro. No caso de Sam, há
um distanciamento; a relação já mais obra – criador, O Guarda Ricardo é
como um mensageiro, um porta voz para o cartoonista.
"A idea de Sam é, assim, tão importante quanto a de Rafael Bordalo –
tendo mais o humor que o velho boémio do Chiado não tinha, na sua bonomia e
nas suas cóleras de que Sam não é. Daí que Sam
mantenha para com o Ricardo uma distância de entemologista que arrefece
(...) a invenção dos seus dizeres, registados pontualmente na rábula dele e
do Chefe."[16] Enquanto na obra de Bordalo Pinheiro o humor de Zé Povinho é
mais directo e objectivo, Sam opta pelo sarcasmo e pela ironia. É um humor
subtil e indirecto e as piadas contam-se nas entrelinhas, não baixando de
maneira nenhuma a intensidade da crítica ou da opinião. "Há quem pense que
um cartoon, para resultar, tem de ser necessariamente provocatório, o que
não é verdade", esclareceu, exemplificando que o cartoonista Sam, falecido
em 1993, "era doce e, no entanto, muito eficiente".[17]
Seja como for, ao contrário de Zé Povinho, O guarda Ricardo não faz
questão de satirizar directamente os políticos nem qualquer outra
personalidade específica, não toma nenhuma conclusão nem dá nenhuma opinião
determinante; "apenas se interroga para , quer que os
lhe expliquem... seriamente, ou com humor>>."[18]





Conclusão


Através do seu estilo inconfundível, Sam deu voz ao Guarda Ricardo, o
homem simples do povo Português que veio herdar cinismo naive do Zé
Povinho. A relacção entre estes dois personagens é uma prova de como a
História se repete; ambos homens típicos do ambiente rural predominante do
Portugal da sua era, são postos à prova na nova era "moderna" e através das
suas desventuras e observações, acompanhamos um retracto fidedigno do
pensamento e da esperteza saloia do Português.
Citando José Augusto França, "Sam criou assim uma imagem actualizada do
Zé de outrora, o guarda Zé também, Ricardo de Registo Civil. Do povinho
ficou-lhe a humildade canina, desconfiada e timorata de quem nunca
entenderá o andamento da cidade nem o sítio melhor para levantar a perna, a
voz ou o casse-téte..."[19]
Bibliografia


FRANÇA, José-Augusto 100 Quadros Portugueses Célebres do Século XX
FRANÇA, José-Augusto Sam : o Guarda Ricardo no Diário de Notícias;
Junho 1977 a Junho de 1982
FRANÇA, José-Augusto O Museu de Sam Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa 1982
OLIVEIRA, Silas de. História do Polícia que libertou Sam. O Jornal,
Lisboa, 27 de Janeiro de 1989, pág. 32
SAM, O Guarda Ricardo, Livraria Bertrand, Lisboa 1975
SOUSA, Osvaldo de, Do Humor Da Caricatura, Edição do Salão Nacional de
Caricatura, Lisboa 1988
SOUSA, Osvaldo de A Caricatura Política em Portuga, Edição Salão
Nacional de Caricatura, Lisboa 1991
VIANA, Nildo Quadrinhos e Política Nildo Viana, Universidade Federal
de Goiás
O Guarda Ricardo, VEJA, Brasília, Editorial Abril N. 377, 26 de
Novembro de 1977


Internet:
FRANÇA, José-Augusto. Cultura. Disponível em <
http://www.publico.pt/culturaipsilon/jornal/cultura-1800 >
FREITAS, Helena de Sousa. A rir se castigam os costumes. Disponível em
<
http://www.clubedejornalistas.pt/uploads/jj37/JJ37_6_Cartoonsdeimprensa
.pdf>
LEAL, Audria Albuquerque, A REPRESENTAÇÃO CONCEITUAL NO GÊNERO TEXTUAL
CARTOON, Disponível em <
http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Audria%20ALbuquer
que%20Leal%20(CLUNL-FCT).pdf>
SOUSA, Osvaldo de. O Zé Povinho e a Caricatura portuguesa. Disponível
em < http://humorgrafe.blogspot.pt/2009/05/o-ze-povinho-e-caricatura-
portuguesa_08.html >
SOUSA , Jorge Pedro Os Cartoons como Género Jornalístico. Disponível
em < http://bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-cartoons1.html>
SILVA, Raquel Henriques, O ZÉ POVINHO DE RAFAEL BORDALO PINHEIRO: Uma
iconologia de ambivalência. Disponível em <
http://run.unl.pt/bitstream/10362/12545/1/ART_12_SILVA.pdf >
Anexos

1. Samuel de Azavey Torres de Carvalho – Biografia Artística

Samuel Carvalho nasceu em Lisboa em 1924. Engenheiro de profissão, formou-
se em engenharia no I.S.T. e estou na faculdade de Arquitectura de
Lausanne. Só passou a dedicar-se intensamente ao cartoon a partir da década
de 60. Para além do Guarda Ricardo, Sam produziu outras obras no ramo da
caricatura, como "Heloísa", uma figura que foi também bastante divulgada na
imprensa diária.
A sua obra plástica espande-se até à Escultura/Instalação, através das suas
célebres construções absurdas com funis, cadeiras, enxadas, entre outros
objectos do quotidiano, em que lhes alterava a função e deslocava da forma
e perspectiva habitual, conferindo-lhes muitas vezes um rosto humano.
Mais tarde, Sam criou uma crónica semanal na Rádio onde explorou uma nova
forma de expressão, diferente da sua área artística habitual.
Juntamente com Mário Viegas, Sam chegou a realizar um conjunto de 41
"Filmezinhos" que vieram a passar na RTP em 1986.

2. Ad Ephemeram Gloriam
Ad Ephemeram Gloriam (1990)
Samuel Azavey Torres de Carvalho

"«Ad Ephemeram Gloriam» é uma cadeira-trono que também foi designada por «A
Cadeira do Poder» (...).
Este projeto foi concebido nos anos 80 e a obra foi implantada no topo da
Alameda D. Afonso Henriques, inaugurada em 1990, dez anos depois de ser
concebida(...).
Encontra-se um texto gravado em placa metálica fixado na face lateral do
monumento e uma legenda onde pode ler-se: «Ad Ephemeram Gloriam – A todos
os que passam e ousam deter-se».
Diria que se trata de uma cadeira quase intocável existindo como um objeto
estético moderno afastando-se da sua funcionalidade, onde entram sobretudo
as componentes ligadas ao insólito e ao absurdo para não falar do humor tão
caro ao seu autor, através do seu trabalho conhecido como cartoonista e
humorista.

Manuela Synek in Ad Ephemeram Gloriam, disponível em:


3. O Guarda Ricardo (excertos de)


Imagens retiradas de < http://homenagemasam.blogs.sapo.pt/>



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[1] FRANÇA, José-Augusto in O Guarda Ricardo no Diário de Notícias
[2] LEAL, Audria Albuquerque
[3] FREITAS, Helena de Sousa

[4] OLIVEIRA, Silas – O Jornal
[5] in Veja, nº 377, 26 Novembro 1975
[6] FRANÇA, José-Augusto in Colóquio 1977
[7] Fig 1. retirado de

[8] Ver anexos 1 e 2
[9] FRANÇA, José-Augusto in O Museu de Sam
[10] FRANÇA, José-Augusto in O Museu de Sam
[11] in Veja, 26 Novembro de 1975
[12] FRANÇA, José Augusto in Cultura
[13] SILVA, Raquel Henriques da
[14] SOUSA, Osvaldo de in O Zé Povinho e a Caricatura portuguesa
[15] SILVA, Raquel Henriques da
[16] FRANÇA, José-Augusto in O Museu de Sam
[17] BANDEIRA in A rir se castigam costumes
[18] SOUSA, Osvaldo de
[19] FRANÇA, José-Augusto in O Museu de Sam

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Fig. 4 - O Guarda Ricardo, Sam, 1973

Fig. 3 -Zé Povinho "O António Maria'',
Rafael Bordalo Pinherio, 1891
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