O HIP HOP COMO FONTE DOCUMENTAL PARA A CONSTRUÇÃO DO

July 6, 2017 | Autor: Nhençu Sarayevo | Categoria: N/A
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O HIP HOP COMO FONTE DOCUMENTAL PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS. Sandra Mara Gomes (PDE/UNICENTRO), Fábio Pontarolo (Orientador), email: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor PDE Palavras-chave: Hip Hop, Conhecimento, História, Cultura, afro-brasileira. Resumo: Esta proposta investiga a utilização do Hip Hop como fonte documental para a construção do conhecimento da História e Cultura Afro-Brasileiras, de forma que esse movimento presente no contexto de educação não-formal 1 e/ ou informal contribua no processo de ensino/aprendizagem escolar, pautada em livros didáticos. Nessa perspectiva a construção do conhecimento ocorrerá a partir dos protagonistas – os afro-descendentes - contando a história do africano no Brasil como sujeito social, que foi escravizado, sofreu e sofre o preconceito, sem deixar de lado a resistência, a luta, a cultura e a valorização de suas ações. A cultura e/ou movimento Hip Hop surgiu do processo de evolução da música afro-americana, chegou ao Brasil na década de 1980 e ainda preserva em sua essência, a procura do conhecimento para a melhoria pessoal, o discurso de denúncia e de reivindicação de inclusão das populações discriminadas nos planos econômico, social e político. Portanto, representa um meio de construção da aprendizagem indispensável para o educando, visto que, impulsiona a interação entre culturas e/ou mestiçagem cultural, desmistifica estereótipos preconceituosos e racistas, como a visão europocentrista inculcada pela sociedade e projetada por meio da escola durante séculos. É interessante esclarecer que o Hip Hop como fonte documental, será tratada de forma criteriosa, filtrada a partir do contexto histórico, e conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de História, não como prova real, mas como indício que depende do questionamento e da problematização ressaltada pelo historiador. 1

A educação não-formal é definida por Gohn (1997) como um processo de quatro dimensões. A primeira dimensão envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos como cidadãos; a segunda, a capacitação dos indivíduos para o trabalho; a terceira é aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários; e a quarta é a aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal. A educação não-formal se caracteriza também por haver uma intencionalidade dos sujeitos para criar ou buscar certos objetivos por meio de ações e práticas coletivas organizadas em movimentos, organizações e associação sociais.

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Objetivos - Apresentar sucintamente a Cultura e ou Movimento Hip Hop. - Identificar e caracterizar os cinco elementos do Hip Hop e sua aproximação com a Cultura Afro-Brasileira. - Analisar o Hip Hop como fonte documental para construção do conhecimento da História e Cultura-Afro-brasileira. Conteúdos - A Cultura Hip Hop - Os cinco elementos constitutivos do Hip Hop − Aplicações do Hip Hop na construção do conhecimento A Cultura Hip Hop2 O Hip Hop é um movimento de cultura que surgiu nos Estados Unidos, nos últimos anos da década de 1960, unindo práticas culturais dos jovens negros e latino-americanos nos guetos e ruas dos grandes centros urbanos. O movimento é constituído pela linguagem artística da música (RAP-Rhythm and Poetry, pelos rappers e DJ´s), da dança (o break) e da arte plástica (o graffiti) (Rose, 1994).

O Hip Hop foi criado pelo DJ Áfrika Bambaataa, em 1968, para nomear os encontros de Break, Dj’s e dos Mc’s no Bronx, em Nova York, da fusão de vários ritmos africanos como: o blues, o spiritual, o Soul, o reggae e o funk. No Brasil surge no final dos anos de 1980, como uma manifestação ligada a grupos negros das periferias que expressavam suas visões de mundo e perspectivas de vida pela música, representando um meio fecundo para mobilização e conscientização. Os cinco elementos constitutivos da cultura Hip Hop O movimento Hip Hop é formado por cinco elementos, que são: 1º O Break dança de passos descompassados. O break conquistou as ruas, através de agrupamentos e bailes, contudo, nesse momento os adeptos do breakdance no Brasil, não tinham muita noção do que era o hip hop. 2º O grafite pintura feita com spray, aplicada em muros e em outros espaços da cidade; Chegou ao Brasil no ano de 1983. 3º DJ (disc-jóquei) que cria as bases musicais eletrônicas o Grandmaster Flash DJ jamaicano, foi quem criou o “scratch”, ou seja, a utilização da agulha do toca discos, arranhando o vinil em sentido antihorário, como instrumento musical. 2

O termo inglês Hip Hop significa, numa tradução literal, to hip, movimentar os quadris, e to hop, saltar.

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4º Rap – junção do DJ com o MC (mestre de cerimônias), que canta as letras. É uma espécie de repente eletrônico. Os repentistas “são chamados de rappers ou Mc’s, isto é masters of cerimony”. É um estilo musical em que a fala é ritmada e rimada originado do canto falado da África ocidental, adaptado à música jamaicana da década de 1950 e influenciado pela cultura negra dos guetos americanos no período pós-guerra. Quer dizer ritmo e poesia (tradução do inglês rythym and poetry) 5º Conhecimento Educação das pessoas através da história da cultura negra e suas raízes históricas e dos elementos fundamentais da cultura verdadeira do Hip Hop. A Consciência. Com o passar dos anos, a consciência de movimento social foi se formando, neste contexto surge o MH2O-SP (Movimento Hip Hop Organizado), considerado marcador de águas entre a velha escola e a nova escola do hip hop, e que originou o quinto elemento, a conscientização. O Hip Hop na construção do conhecimento O processo educativo não-formal e informal no Hip Hop gira em torno da criação de novos espaços e modos de existir do devir negro na sociedade brasileira, auxiliando na construção de uma nova visão do afro-descendente, como protagonista de ações propositivas que contribuam para soluções dos problemas de nossa sociedade ou para transformação da ordem social. O Hip Hop como fonte documental para a construção do conhecimento deverá levar em conta os três níveis de indagação: • a existência em si do documento: o que vem a ser o documento? O que é capaz de dizer? Como podemos recuperar o sentido de seu dizer? Por que tal documento existe? Quem fez, em que circunstâncias e para que finalidade foi feito? • o significado do documento como objeto: o que significa o documento como simples objeto? Como e por quem foi produzido? Qual é a relação do documento, como objeto singular, no universo da produção? Qual a finalidade e o caráter necessário que comanda sua existência? •o significado do documento como sujeito: por quem fala tal documento? De que história particular participou? Que ação de pensamento está contida em seu significado? Em que consiste seu ato de poder? Estas indagações devem ser utilizadas em todos os documentos analisados, bem como material impresso de apoio para a construção/desconstrução e reconstrução do conhecimento. Considerações Finais Finalizando proponho uma reflexão sobre a utilização do Hip Hop como fonte documental para a construção do conhecimento da História e Cultura Afro-Brasileira? Até que ponto posso creditar veracidade nesse tipo de fonte? Visto que o Hip Hop principalmente no elemento Rap salienta a

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trajetória dos africanos considerados escravos, e seus descendentes no Brasil, evidencia que este povo não surgiu do nada, e nem de nenhum lugar, mas possui história, além de uma trajetória de luta por liberdade, no passado, e contra o preconceito no presente. E que muitos griots que constroem as letras das músicas viajam para África e outros continentes para conseguirem embasamento teórico para construção de suas músicas. REFERÊNCIAS ADÃO. Sandra Regina. Movimento Hip Hop: A visibilidade do adolescente negro no espaço escolar. Disponível em:http://www.tede.ufsc.br/teses/PEED0558.pdf ANDRADE, Elaine Nunes. (org) Rap e Educação Rap é Educação. São Paulo:Summus, 1999. ARDOINO, J. Abordagem multirreferencial (plural) das situações educativas e formativas. In: Barbosa, J.G. (Org.) Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: edufscar, 1998. GUSTSACK. Felipe. Hip-Hop: Educabilidades E Traços Culturais Em Movimento http://btd.unisc.br/Teses/FelipeGustsack.pdf SILVA, J.C.G. Arte e educação: experiência do movimento hip hop paulistano. In: Andrade, E. (Org.). Rap e educação, rap é educação. São Paulo: Summus, 1999. TELLA, Marco A. P. Rap, memória e identidade. In: ANDRADE, Elaine Nunes de(org) Rap e educação, rap é educação. São Paulo: Summus, 1999.

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