O IMPACTO DA LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL, DO CONSUMO FINAL E DA MUDANÇA TECNOLÓGICA SOBRE O EMPREGO SETORIAL NO BRASIL, 1985-2001

June 29, 2017 | Autor: Ricardo Kureski | Categoria: Technological change, Input Output
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XLV CONGRESSO DA SOBER

"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

O IMPACTO DA LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL, DO CONSUMO FINAL E DA MUDANÇA TECNOLÓGICA SOBRE O EMPREGO SETORIAL NO BRASIL, 1985-2001 KATY MAIA (1) ; RICARDO KURESKI (2) ; ROSSANA LOTT RODRIGUES (3) . 1,3.UEL, LONDRINA, PR, BRASIL; 2.PUC-PR, CURITIBA, PR, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL MERCADO DE TRABALHO AGRÍCOLA

O impacto da liberalização comercial, do consumo final e da mudança tecnológica sobre o emprego setorial no Brasil, 1985-2001 Grupo de Pesquisa: 8. Emprego Rural Resumo Este artigo examina o impacto da liberalização comercial, do consumo final e da mudança tecnológica na estrutura de emprego do Brasil, por nível de qualificação, considerando trinta e um setores, com destaque para o agropecuário, entre 1985 a 2001. Para decompor a mudança no emprego, foram utilizados dados de matrizes de insumo-produto e da PNAD dos respectivos anos. Os resultados mostraram relativa mudança na estrutura de emprego do país, em favor dos trabalhadores qualificados, causada pela liberalização comercial e mudança tecnológica. O setor agropecuário revelou-se dinâmico e eficiente em sua estrutura de emprego, beneficiando mais o trabalho qualificado com elevada produtividade do trabalho.

Palavras-chave: liberalização comercial; setor agropecuário, qualificação da mãode-obra; mudança tecnológica; produtividade do trabalho. Abstract This article examines the impact of trade liberalization, of final consumption and of technological change on employment structure, in Brazil, by skill level, considering thirty one sectors, with emphasis on the agro cattle raising, between 1985 and 2001. To decompose the employment change, were used input-output and PNAD data of respect years. The results showed relative change on the employment structure in favor of the 1

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" skilled workers, caused by trade liberalization and technological change. The agro cattle raising sector revealed dynamic and efficient in its employment structure, benefiting more the skill labor with raised labor productivity.

Key words: trade liberalization; agro cattle raising sector; skilled workers; technological change; labor productivity 1. Introdução Nas últimas décadas, a literatura econômica sobre o mercado de trabalho vem demonstrando grande interesse pela questão da qualificação da mão-de-obra. O mundo atual tem acompanhado, a partir dos anos setenta, consideráveis alterações no âmbito tecnológico. A maior integração entre as nações e a formação de blocos econômicos tem estreitado ainda mais o comércio internacional. Esses fenômenos abrangem também países em desenvolvimento, embora os atinjam com intensidade diferente e com certa defasagem no tempo. Nesse sentido, é compreensível encontrarmos na literatura econômica atual estudos empíricos voltados mais para países industrializados. Há, portanto, um leque bastante amplo a ser explorado no que tange às pesquisas empíricas sobre países em desenvolvimento. Existe um consenso nessa literatura de que tem havido, nos últimos anos, queda da demanda por mão-de-obra menos qualificada em conseqüência do comércio internacional e da mudança tecnológica1. No entanto, há controvérsia entre os pesquisadores quanto à intensidade dessas causas. Para muitos, a queda da demanda por mão-de-obra de baixa qualificação é causada, primordialmente, pela mudança tecnológica, havendo pouca influência da abertura comercial2. Outros pesquisadores destacam a relevância do comércio internacional frente à mudança tecnológica3. O debate sobre essa questão está longe de acabar, pois ainda há vários estudos aprofundando-se no tema. Algumas razões levam-nos a investigar o caso do Brasil, especificamente seu setor agropecuário, visto que o país passou, no início dos anos 90, por um rápido processo de liberalização comercial, o que tornou sua economia mais exposta à concorrência internacional e sujeita a inúmeras mudanças, inclusive no mercado de trabalho. Alguns analistas têm investigado a influência da abertura no emprego, por exemplo, Moreira e Najberg (1997), Arbache e Corseuil (2000) e Machado e Moreira (2000)4. Em segundo lugar, porque grande parcela da mão-de-obra brasileira é composta por trabalhadores de baixa qualificação (muitos do setor agropecuário), supostamente os mais afetados pela mudança tecnológica e pela abertura comercial. Por último, porque o Brasil tornou-se uma proeminente economia que vem se destacando entre as economias da América Latina com projeção mundial. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi inspirada no estudo de Greenhalgh, Gregory e Zissimos (1998). O período examinado limita-se entre 1985 e 2001, dois anos bastante distintos em termos de abertura comercial e progresso tecnológico. Com base nos dados das matrizes de insumo-produto e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aplicamos a metodologia adaptada ao caso brasileiro, e, decompusemos os impactos da liberalização 1

Katz e Murphy (1992), Bermam, Bound e Griliches (1994), Machin (1996), Nickell e Bell (1995). Greenhalgh, Gregory e Zissimos (1998), Berman, Bound e Machin (1998), e Desjonqueres, Machin e Van Reenen (1999). 3 Wood (1994), Sachs e Shatz (1994) e Haskel e Slaughter (1999). 4 As três obras citadas mostraram, em síntese, que o aumento dos fluxos comerciais causou mudanças expressivas na participação do emprego, embora tenham adotado metodologias distintas à do presente artigo. 2

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" comercial, da mudança tecnológica e do consumo final na estrutura de emprego por nível de qualificação; inicialmente para a economia brasileira como um todo, e em seguida, setorialmente, destacando o setor agropecuário, objeto deste estudo. O texto está dividido em três seções, além desta introdução. Na segunda seção, apresentamos a metodologia adaptada para aplicação dos dados brasileiros. Na terceira, são analisados os principais resultados e na última seção estão as conclusões do trabalho. 2. Metodologia A metodologia utilizada no presente trabalho foi inspirada no estudo de Greenhalgh et al. (1998) que investiga a mudança na estrutura da demanda de mão-de-obra do Reino Unido. Os autores usaram dados de produção, conforme as matrizes de insumo-produto de 1979 e 1990, combinados aos de emprego por ocupação e setor desses anos, como proxy para a qualificação da mão-de-obra. No cálculo da produção brasileira mostrado a seguir, foi utilizada a classificação do IBGE que engloba quarenta e dois setores da matriz de insumo-produto de 1985. Destacamos que a matriz de insumo-produto de 2001 foi estimada por Kureski (2004), visto que o IBGE, a partir de 1997, não mais calculou as matrizes de insumo-produto. Para tanto, ele utilizou dados das Contas Nacionais daquele ano. Os valores correntes da matriz de insumo-produto de 1985 foram atualizados para os de 2001, tendo como base os índices de preços por produto (nível 80) elaborados pelo IBGE. Assim, foi possível calcular a variação da produção no período em preços constantes de 2001. Posteriormente, a fim de adaptarmos tais resultados da produção aos dados de emprego, agregamos os quarenta e dois setores de atividade em trinta e um. Esse procedimento foi necessário para se evitarem repetições dos códigos a três dígitos na compatibilização com os códigos a dois dígitos5. Os dados de emprego por grau de escolaridade, os quais serviram como proxy para a qualificação da mão-de-obra, foram obtidos a partir da PNAD (IBGE, 1987a e 2003) e das matrizes de insumo-produto de 1985 (IBGE, 1987) e de 2001 (Kureski, 2004). Primeiramente, calculamos as proporções dos trabalhadores por grau de escolaridade com os microdados da PNAD6; em seguida, aplicamos essas proporções no total de mão-deobra da matriz de insumo-produto. Dessa forma, estabelecemos a mão-de-obra de acordo com sua qualificação7. O grau de escolaridade foi classificado em cinco níveis, de acordo com os anos completos de estudo do trabalhador8. Os quatro primeiros níveis considerados como mãode-obra menos qualificada, abrangem trabalhadores com até onze anos de estudo; no último nível, que corresponde a trabalhadores com curso superior incompleto ou mais, está representada a mão-de-obra qualificada. Para cada um dos anos estudados, 1985 e 2001, foi formada uma matriz, N, que contém dados sobre emprego, de acordo com os cinco níveis de escolaridade e os trinta e um setores de atividade. Essas matrizes foram utilizadas com o objetivo de se considerar a 5

A compatibilização dos setores de atividade da PNAD e do Sistema de Contas Nacionais (IBGE, 2003) foi definida de acordo com o IBGE. 6 Selecionamos indivíduos ocupados, por atividade e por grau de escolaridade. 7 O critério de ocupação da PNAD de 2001 é mais abrangente do que da PNAD de 1985, devido à mudança de metodologia adotada pelo IBGE, a qual amplia o pessoal ocupado, principalmente nos setores da agricultura e construção civil. Para eliminar essa distorção, aplicamos o conceito de pessoal ocupado da matriz de 1985 na matriz de 2001. 8 Sem escolaridade, 1 a 4 anos de estudo, 5 a 8 anos de estudo, 9 a 11 anos de estudo, e mais de 11 anos de estudo. 3

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" mudança na estrutura de qualificação do emprego decorrente dos efeitos da mudança no consumo final, da liberalização comercial e da mudança tecnológica. Da matriz N, derivamos as matrizes de coeficientes técnicos do emprego direto, n, para cada ano pesquisado, matrizes essas que representam o insumo de cada tipo de qualificação requerido para se produzir uma unidade de produto em cada setor de atividade. Agregamos a matriz N entre setores de atividade, visando produzir um vetor de emprego por grau de escolaridade N, assim: N = nX (1) onde X é o vetor com o valor bruto da produção total por setor de atividade, e n é a matriz de insumo de trabalho por tipo de qualificação, conforme o grau de escolaridade necessário à produção de uma unidade de produto por setor de atividade. Na análise da matriz de insumo-produto, a identidade padrão do produto bruto corresponde a: X = Ad X + S(Cd + Fd + E)

(2)

onde Ad é a matriz de coeficientes técnicos intersetoriais domésticos, ou seja, o produto da matriz de Market Share e a matriz de coeficientes técnicos de insumos nacionais. S, considerada constante, é a matriz de Market Share. Cd é o vetor do fluxo de bens domésticos para o consumo final por setor, isto é, a soma dos vetores do consumo doméstico das famílias e do consumo doméstico da administração pública. Fd é o vetor do fluxo de bens de capital por setor, ou seja, a soma dos vetores da formação bruta de capital fixo doméstico e da variação de estoque doméstico. Finalmente, E corresponde ao vetor de exportação por setor. Consideramos a penetração das importações na produção de bens intermediários e finais. Dessa forma, o produto bruto passa a ser expresso como: X = (h ∗ A) X + c ∗ SC + f ∗ SF + SE (3) onde A é a matriz dos coeficientes técnicos intersetoriais totais, ou seja, o produto da matriz de Market Share e a matriz de coeficientes técnicos de insumos totais; h é a matriz das proporções da demanda doméstica por bens intermediários sobre a demanda total por bens intermediários. Assim, h ∗ A é o produto de elemento por elemento das matrizes h e A, ou seja, é a demanda de bens intermediários nacionais. O vetor c representa as proporções do consumo final doméstico sobre o consumo final total, e SC é o vetor do consumo final. Logo, c ∗ SC é o produto de elemento por elemento dos vetores c e SC. Da mesma forma, f ∗ SF é o produto de elemento por elemento do vetor f das proporções da demanda doméstica de bens de capital sobre a demanda de bens de capital total e do vetor SF da demanda de bens de capital. Finalmente, o último termo SE corresponde ao vetor da exportação. A extensão da solução da matriz de insumo-produto básica para o produto por setor é: X = (I - h ∗ A)-1 ( c ∗ SC + f ∗ SF + SE)

(4)

Ao substituir a equação (4) na equação (1), pode-se determinar o emprego total conforme a qualificação da mão-de-obra, ou seja, o seu grau de escolaridade e conforme o produto segundo sua composição, demanda final e intermediária: N = nX = n (I - h ∗ A)-1 (c ∗ SC + f ∗ SF + SE)

(5)

4

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Como as expressões (1) e (5) ocorrem em qualquer período, podem ser diferenciadas com vistas a fornecer as mudanças ao longo do tempo. Tomando a diferença da equação (1), tem-se: ∆N = nt Xt - n0 X0

(6)

onde o índice 0 representa o período inicial, e t, o período final. Essa mudança no emprego por grau de escolaridade pode ser vista em termos de mudança no produto e de mudança nos requerimentos de emprego por unidade do produto, o que resulta em: ∆N = n ∆ X + ∆ n X onde: n = (n0 + nt) / 2

(7)

e X = (X0 + Xt) / 2

Para decompormos a mudança no produto conforme suas origens, tomamos a diferença da expressão (4): ∆X = Xt - X0 = (I - ht ∗ At)-1(ct ∗ StCt + ft ∗ StFt + StEt) - (I - h0 ∗ A0)-1(c0 ∗ S0C0 + f0 ∗ S0F0 + S0E0) = R (c ∗ ∆ SC) + R (∆ SE) +R (∆ c ∗ SC) + R (∆ h ∗ A) X + R (∆ f ∗ SF) + R (h ∗ ∆ A) X + R (f ∗ ∆ SF)

(8)

onde: R = (I - h ∗ A)-1 = [(I - ht ∗ At)-1 + (I - h0 ∗ A0)-1] / 2 Substituindo-se a equação (8) na equação (7) referente à mudança no emprego, e reordenando-se os efeitos do consumo final, do comércio e da mudança tecnológica, obtém-se: ∆ N = n [R (c ∗ ∆ SC)] + n [R (∆ SE) + R (∆ c ∗ SC) + R (∆ h ∗ A)X + R ∆ f ∗ SF)] + n [R (h ∗ ∆ A) X + R (f ∗ ∆ SF)] + ∆ n X

(9)

O primeiro termo do lado direito da equação acima fornece as mudanças no emprego atribuídas ao crescimento do consumo final. Na segunda linha indicam-se os efeitos do comércio sobre o emprego, com base no crescimento das exportações e na penetração das importações no consumo final, na demanda de bens intermediários e na de bens de capital. A terceira linha mostra os efeitos da mudança tecnológica; o primeiro termo indica o efeito da mudança na matriz A sobre o emprego, ou seja, a mudança nas compras de bens intermediários por setor de atividade em termos de trabalho utilizado para produzi-los; o segundo indica a mudança nas compras de bens de capital por setor de atividade; e o terceiro, mostra a mudança na produtividade do trabalho direto. A presente metodologia permite que se obtenha o impacto no emprego, de acordo com as três origens de mudança, por setor e grau de escolaridade, simultaneamente. Nesse caso, é necessário que se transformem os vetores de cada termo da equação (9) em uma matriz diagonal. Por exemplo, o termo [R (c ∗ ∆ SC)] é a matriz diagonal formada com o vetor do impacto da variação do consumo final sobre a demanda total, que será multiplicada pela matriz dos coeficientes médios do emprego direto, n. Dessa forma, obtemos a matriz da mudança no emprego resultante da mudança no consumo final. De maneira análoga, encontramos os efeitos das mudanças no comércio internacional e na tecnologia sobre o emprego: 5

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∆ N = n [R (c ∗ ∆ SC)] + n [R (∆ SE) + R (∆ c ∗ SC) + R (∆ h ∗ A)X + R ∆ f ∗ SF)] + n [R (h ∗ ∆ A) X + R (f ∗ ∆ SF)] + ∆ n X

(10)

3. Análise dos Resultados Com base nos dados de produção e de emprego das matrizes de insumo-produto e da PNAD de 1985 e 2001, aplicamos a metodologia descrita anteriormente, para decompor a mudança na estrutura do emprego por categoria de qualificação do Brasil conforme os efeitos do consumo final, do comércio e da mudança tecnológica. A Tabela 1 mostra a mudança total no emprego por nível de qualificação e por origem, em números de trabalhadores empregados, no período analisado, de acordo com a equação (9). O painel superior está dividido entre estas três grandes categorias, ou seja, o crescimento do consumo final doméstico, a exportação líquida e a mudança tecnológica. Os elementos da segunda coluna desse painel expressam a mudança total no emprego. No painel central, apresenta-se a mudança na mão-de-obra decorrente da exportação líquida e no inferior, o efeito decorrente da mudança tecnológica. Inicialmente, observando-se o painel superior, verifica-se que cerca de 10,64 milhões de postos de trabalho foram gerados devido ao efeito positivo do crescimento do consumo final e do comércio exterior, em contrapartida aos efeitos negativos da mudança tecnológica. O consumo final e o comércio exterior geraram mais de 16,67 milhões de novos postos de trabalho e 1,16 milhão de novos postos de trabalho, respectivamente, ao passo que a mudança tecnológica eliminou aproximadamente 7,20 milhões de postos de trabalho. Esses resultados não devem surpreender, visto que as novas tecnologias tendem a reduzir os requisitos de mão-de-obra por unidade de produto de forma intensa. A variação no emprego induzida pelo crescimento do consumo final doméstico teve impacto fortemente positivo, tendo sido criado cerca de 15,1 milhões de postos de trabalho menos qualificados, e, em torno de 1,6 milhão de postos qualificados. Assim sendo, o padrão de crescimento do consumo final doméstico contribuiu significativamente para a geração de emprego. Tal desempenho pode ser interpretado como sendo o reflexo da capacidade da economia em absorver as recentes alterações no âmbito tecnológico e do comércio exterior. Resultados similares foram observados nas pesquisas de Greenhalgh et al. (1998), para o Reino Unido, e de Moreira e Najberg (1997), para o Brasil. Tabela 1 – Mudança no emprego por nível de qualificação e origem da mudança, em número de trabalhadores empregados, 1985 - 2001 Origens da mudança no emprego Nível de Qualificação

Mudança total no emprego ∆ N

Consumo n R (c ∗ ∆ SC)

Exportação líquida

Menos Qualificados

7 386 840

15 087 480

1 154 075

-8 854 715

Qualificados

3 256 582

1 587 304

10 565

1 658 713

10 643 422

16 674 784

1 164 640

-7 196 002

Mudança absoluta

Mudança tecnológica

Origens da mudança no emprego devido ao comércio Nível de

Exportação líquida

Exportação total

Importação para

Importação de bens

Importação de bens

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Qualificação

Menos Qualificados Qualificados Mudança absoluta

Consumo

intermediários

de capital

n R (∆ SE)

nR (∆ c ∗ SC)

nR (∆ h ∗ A)X

1 154 075

4 112 683

-1 296 608

-1 513 951

-148 049

10 565

365 805

-137 003

-205 354

-12 883

1 164 640

4 478 488

-1 433 611

-1 719 305

-160 932

nR (∆ f

∗ SF)

Origens da mudança no emprego devido à mudança tecnológica Nível de Qualificação

Mudança tecnológica

Bens intermediários n R (h ∗ ∆ A) X

Menos Qualificados

-8 854 715

Qualificados

1 658 713

Mudança absoluta

-7 196 002

Bens de capital n R (f

∗ ∆ F)

Produtividade do trabalho direto ∆nX

6 297 433

2 146 864

-17 299 012

831 606

122 637

704 470

7 129 038

2 269 501

-16 594 542

Fonte: Elaboração própria a partir de IBGE (1987a e 2003a).

O impacto da exportação líquida, embora pequeno, foi sistematicamente positivo, visto ter atingido ambos os níveis de qualificação. Vale destacar que o efeito do comércio exterior sobre o emprego pode ser tanto positivo quanto negativo, o que dependerá do nível de penetração das importações e das exportações da economia em questão. Em curtos períodos, próximos a situação de abertura ou de elevado fluxo comercial, isto é, no curto prazo, a tendência será o comércio reduzir o nível de emprego. Essa condição tende a ser revertida, na medida em que a economia se torna mais competitiva no mercado internacional, como mostra a economia brasileira com esse resultado alcançado para o ano de 2001. Em pesquisa anterior, com dados de 1985 a 1995, Maia (2003) constatou o impacto negativo do comércio exterior. Como se pode observar, o efeito da mudança tecnológica foi a destruição de elevada quantidade de postos de trabalho de baixa qualificação, aproximadamente 8,85 milhões; por outro lado, houve geração de cerca de 1,66 milhão de postos qualificados. Esse desempenho é explicado pelo fato de as novas tecnologias se caracterizarem como poupadoras de mão-de-obra menos qualificada, de um lado, e absorvedoras de mão-deobra qualificada, de outro, característica essa, que toma maior dimensão em ambiente pósabertura comercial. Observando-se o painel central da Tabela 1, referente à decomposição do impacto do comércio exterior sobre o emprego, verificamos que o efeito da exportação total, embora pouco expressivo, foi positivo em ambos os níveis de qualificação. Já o impacto das importações para o consumo final, de bens intermediários e de bens de capital sobre o emprego foram todos negativos, tendo atingido maior número de postos de trabalho de baixa qualificação. O impacto negativo da mudança tecnológica confirma a tendência de reduzir os requisitos de mão-de-obra por unidade de produto, o que implica na destruição de postos de trabalho menos qualificados. O painel inferior da Tabela 1 mostra a decomposição do impacto da mudança tecnológica sobre o emprego. Pode-se observar que, tanto as compras de bens intermediários, em ambos os níveis de qualificação, como as compras de bens de capital, beneficiaram o emprego, havendo geração de postos de trabalho em ambos os níveis de qualificação, principalmente no que se refere aos menos qualificados, visto que esses abrangem o maior contingente de mão-de-obra do país. Já o impacto da produtividade do trabalho direto sobre o emprego reduziu substancialmente o número de postos de trabalho 7

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" menos qualificados, concomitantemente à criação de postos qualificados, embora em número bem menor. Sob esse aspecto, vale ressaltar outros fatores que podem ter contribuído com a incorporação de novas tecnologias, como a entrada de investimentos estrangeiros e os efeitos externos positivos advindos da abertura (Sarquis e Arbache, 2001). Ressaltamos, ainda, que Moreira e Najberg (1997) encontraram em sua pesquisa impacto positivo da produtividade sobre o emprego, o que sugere ter havido baixa eficiência, no período pós-abertura. Os nossos resultados, ao contrário, mostram, claramente, que o impacto da produtividade do trabalho sobre o emprego foi negativo, o que indica ganhos de eficiência, nesse período. Ressaltamos, contudo, que tais ganhos ocorreram no trabalho menos qualificado. A constatação da mudança do emprego decorrente do impacto dos três fatores em questão, em números de trabalhadores, é muito interessante. O mais importante, todavia, é analisar a mudança percentual do emprego por nível de qualificação e por origem, tendo-se como base o ano de 1985. Usando uma estrutura similar à da tabela anterior, a Tabela 2 mostra a mudança relativa, no período examinado. No painel superior, verifica-se que a mudança no emprego foi de 19,8%, em virtude do efeito positivo do consumo final e do comércio exterior vis-à-vis os efeitos negativos da mudança tecnológica. O consumo final beneficiou o emprego em 31% e o comércio exterior em 2,2%, enquanto que a mudança tecnológica reduziu-o em 13,4%.

Tabela 2 - Mudança no emprego por nível de qualificação e origem da mudança, em percentual com base em 1985, entre 1985 e 2001 Origens da mudança no emprego Nível de Qualificação

Mudança total no emprego ∆ N

Consumo n R (c ∗ ∆ SC)

Exportação líquida

Mudança tecnológica

Menos Qualificados

14,8

30,2

2,3

-17,7

Qualificados

86,2

42,0

0,3

43,9

Mudança relativa

19,8

31,0

2,2

-13,4

16 674 784

1 164 640

Mudança absoluta

10 643 422

-7 196 002

Origens da mudança no emprego devido ao comércio Nível de Qualificação Exportação líquida

Exportação total

Importação para Consumo N R (∆ SE) nR (∆ c ∗ SC)

Importação de bens intermediários nR (∆ h ∗ A)X

Menos Qualificados

2,3

8,2

-2,6

Qualificados

0,3

9,6

-3,6

-5,4

-0,3

Mudança relativa

2,1

8,3

-2,7

-3,2

-0,3

Mudança absoluta

1 164 640

4 478 488

-3,0

Importação de bens de capital nR (∆ f ∗ SF)

-1 433 611

-1 719 305

-0,3

-160 932

Origens da mudança no emprego devido à mudança tecnológica Nível de Qualificação Mudança tecnológica

Bens intermediários n R (h ∗ ∆ A) X

Bens de capital nR (f

∗ ∆ F)

Produtividade do trabalho direto ∆nX

Menos Qualificados

-17,7

12,6

4,3

-34,6

Qualificados

43,9

22,0

3,2

18,7

-13,4

13,3

4,2

-30,9

Mudança relativa Mudança absoluta

-7 196 002

7 129 038

2 269 501

-16 594 542

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Fonte: Elaboração própria a partir de IBGE (1987a e 2003a).

Em relação à qualificação da mão-de-obra, o impacto positivo do crescimento do consumo final doméstico sobre o emprego foi maior entre os postos de trabalho qualificados; ao passo que o pequeno efeito positivo do comércio exterior foi mais intenso em postos de trabalho de baixa qualificação. Já o efeito negativo da mudança tecnológica refletiu-se na redução de 17,7% do emprego menos qualificado; por outro lado, o emprego qualificado foi favorecido em torno de 43,9%. Esses resultados mostram claramente que os trabalhadores qualificados foram muito mais beneficiados nesse período. Examinando-se o painel central da Tabela 2, referente à decomposição do impacto do comércio exterior sobre o emprego, verifica-se que o efeito positivo da exportação total foi mais intenso nos postos de trabalho qualificados. Esse resultado é o oposto do esperado pela teoria, se considerarmos a dotação relativa do país. Tal comportamento, no entanto, pode ser explicado pela hipótese skill-enhancing-trade de Robbins (1994, 1996), observada em recentes pesquisas para países em desenvolvimento, mais precisamente pela contribuição da tecnologia via bens de capital. No que se refere ao impacto negativo das importações para o consumo final, de bens intermediários e de bens de capital sobre o emprego, observe-se que ambos os níveis de qualificação foram afetados praticamente na mesma intensidade – com percentual menor da importação de bens de capital. O painel inferior da Tabela 2 mostra a decomposição do impacto da mudança tecnológica sobre o emprego. A intensidade do efeito positivo das compras de bens intermediários foi maior em relação ao emprego qualificado. Já a intensidade do efeito positivo das compras de bens de capital foi um pouco menor no emprego qualificado. Este comportamento pode ser explicado pela complementaridade existente entre tecnologia e capital humano, como foi observado por Menezes Filho e Rodrigues Júnior (2001), na pesquisa sobre abertura comercial, tecnologia e qualificação na manufatura brasileira. Quanto ao efeito da produtividade do trabalho direto sobre o emprego, a redução de postos menos qualificados atingiu cerca de 34,6%; no entanto, a criação de novos postos qualificados alcançou quase 18,7%, no período. Logo, a geração de emprego advinda da mudança tecnológica deve-se principalmente à produtividade do trabalho direto, o que vem corroborar a hipótese dos efeitos externos positivos da abertura sobre o capital humano, testada por Sarquis e Arbache (2001). Se considerarmos que a mudança tecnológica está diretamente associada à produtividade total dos fatores (PTF), como em Hay (1998) e Rossi Jr. e Ferreira (1999), podemos dizer então que os nossos resultados indicam desempenho semelhante aos observados por aqueles autores9. Em outras palavras, o impacto negativo da mudança tecnológica sugere que tenha ocorrido significativo crescimento da produtividade, após o processo de liberalização comercial. É importante ressaltar que o crescimento da produtividade da mão-de-obra está estreitamente ligado à reestruturação produtiva dos setores, a qual normalmente acompanha o processo de abertura comercial. Vale destacar que ante a ameaça de maior concorrência, no início do processo de liberalização, muitas firmas foram compelidas a buscar novas formas de produção. Como veremos a seguir na análise setorial, muitos setores foram beneficiados com acesso facilitado às importações de máquinas e equipamentos, bem como de insumos de melhor qualidade, o que contribuiu para a incorporação de novas tecnologias em seus processos produtivos. A reestruturação 9

Embora a metodologia aplicada não contemple a produtividade total dos fatores (PTF), mas tão somente da produtividade do trabalho direto, os resultados deste artigo sinalizam a mesma direção dos obtidos por autores que estudaram a PTF. 9

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" produtiva das empresas brasileiras incluiu, também, novas formas de gestão de trabalho, “importadas” de outros países, com o intuito de se reduzir custos e de se elevar o nível de competitividade para que a inserção do mercado brasileiro no mercado internacional fosse ampliada. Salientamos, ainda, que, ao se considerarem essas variações percentuais ocorridas no emprego, as quais indicam claramente benefícios maiores em favor do trabalho qualificado, devemos ter em mente que a proporção desse tipo de mão-de-obra no Brasil ainda é bastante baixa, representando, no período analisado, cerca de 10% do seu total. 3.1 Análise Setorial A partir da multiplicação da matriz de coeficientes médios do emprego direto e da matriz diagonal da mudança na produção – equação (10) da seção metodológica –, foi possível calcularmos a mudança no emprego por setor e por nível de qualificação, segundo as três origens de mudança: variação no consumo final, liberalização comercial e mudança tecnológica. Os resultados são apresentados nas Tabelas 3 e 4, em número de trabalhadores e em percentual, respectivamente. Vamos destacar alguns aspectos relevantes desses resultados, principalmente os referentes ao setor agropecuário, objeto de estudo deste trabalho. No que se refere à geração de emprego neste setor, podemos observar que o consumo teve um grande impacto no mercado de mão-de-obra, visto que gerou cerca de 5,38 milhões de postos de trabalho, o que representou um crescimento de 31,5%, no período analisado. Tal resultado indica que apesar da mecanização, das barreiras comerciais e das dificuldades conjunturais, ainda é um setor que absorve muita mão-de-obra, gerando o maior número de postos de trabalho de baixa qualificação comparativamente aos demais setores. Contudo, em termos relativos, o crescimento do trabalho qualificado (36,8%) superou o de menor qualificação (31,4%), o que se reflete o uso de novas técnicas e a maior eficiência produtiva do setor. Quanto ao comércio exterior, podemos inferir que o setor agropecuário apresentou um excelente desempenho, no que tange à criação de postos de trabalho. Haja vista que a exportação total gerou mais de 1,71 milhão de vagas, o que representou um crescimento de 10%. É importante destacar que, em relação à qualificação da mão-de-obra, o maior crescimento do emprego impulsionado pela exportação, foi para trabalhadores qualificados (11,7%). Já a importação, tanto de bens para consumo quanto de bens intermediários, do setor destruíram postos de trabalho, por volta de 232 mil e 394 mil, respectivamente, o que representa uma queda em termos relativos de 1,4% e 2,3%, atingindo ambos os níveis de qualificação de mão-de-obra. Por outro lado, a importação de bens de capital chegou a gerar milhares de vagas, em torno de 5.200. No entanto, a maioria delas foi de baixa qualificação, indicando, assim, que a mão-de-obra menos especializada adequou-se ao nível tecnológico desses equipamentos importados. No que se refere à mudança tecnológica, especificamente à aquisição de bens intermediários e de bens de capital, o setor agropecuário mostrou um desempenho bastante favorável em relação à geração de emprego. As compras de bens intermediários, em particular, criaram aproximadamente 1,6 milhão de postos de trabalho, sendo a grande maioria de não qualificados, o que representou um crescimento de 9,3%. Contudo, o maior crescimento foi de postos qualificados (10,9%). Já as compras de bens de capital geraram cerca de 650 mil vagas, o que representou um crescimento de 3,8%. A maioria dessas vagas foi de nível menos qualificado, mas em termos de crescimento os postos qualificados apresentaram melhor desempenho (4,4%). Esses resultados indicam que a mudança tecnológica proporcionou, no período analisado, novas oportunidades aos trabalhadores do 10

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" setor agropecuário, com destaque para a mão-de-obra mais qualificada, cujo crescimento foi nitidamente mais intenso. Em relação à produtividade direta do trabalho, o setor agropecuário eliminou, no período analisado, cerca de 13,8 milhões postos de trabalho, sendo que destes apenas 48,5 mil eram postos qualificados. Se analisarmos em termos relativos, houve uma redução de 80,7% no emprego devido a esse fator. Quanto à qualificação das vagas destruídas, 47,9% eram qualificadas e 80,9% menos qualificadas. Vale destacar que a agropecuária, um dos setores que mais empregam mão-de-obra, vem absorvendo de forma bastante intensa o avanço tecnológico e as novas técnicas de produção e gestão nos últimos anos, refletindo assim uma elevada produtividade do trabalho, que se confirma com os resultados obtidos. Observando o conjunto dos trinta e um setores, podemos verificar que o impacto do consumo no emprego da agropecuária e do setor de serviços prestados à família sobressaiu-se aos demais setores dado o número de postos de trabalho gerados, a grande maioria para mão-de-obra não qualificada. No entanto, o maior crescimento do emprego se deu nos setores de comunicações, serviços prestados às famílias, e farmacêutica e de perfumaria, em ambos os níveis de qualificação da mão-de-obra. O único setor que destruiu postos de trabalho devido ao efeito do consumo foi o setor de calçados, provavelmente devido à forte concorrência com a indústria de calçados chineses.

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Tabela 3 – Impacto do consumo, abertura comercial e mudança tecnológica no emprego por setor e nível de qualificação da mão-de-obra, 1985 – 2001, em número de trabalhadores empregados. (continnua) consumo

consumo

consumo

exp. total

exp. total

exp. Total

Não Qualif. 5.345.656 27.897 9.604 46.151 148.555 71.121 86.023 137.698 80.882 105.931 20.899 31.438 11.551 61.163 28.145 61.140 327.267 -81.151 537.961 137.873 117.545 136.670 223.017 959.951 322.042 183.785 3.259.072 323.681 86.279 1.113.721 1.165.914

Qualif. 37.253 1.187 2.077 1.664 12.398 9.642 14.849 15.192 2.032 15.578 1.854 6.024 5.704 15.584 4.219 2.001 9.350 -2.640 26.970 9.743 35.228 4.939 16.624 38.880 105.035 105.233 443.773 140.538 18.899 463.669 23.803

total 5.382.909 29.084 11.681 47.815 160.953 80.763 100.872 152.890 82.914 121.509 22.753 37.462 17.256 76.747 32.364 63.141 336.618 -83.791 564.931 147.616 152.774 141.609 239.641 998.830 427.078 289.017 3.702.845 464.219 105.179 1.577.390 1.189.717

Não Qualif. 1.701.055 73.600 3.063 27.722 134.185 50.434 48.244 89.688 151.312 60.688 8.704 26.499 315 4.193 11.892 27.412 6.451 90.374 130.278 45.066 15.736 9.653 766.508 -102.028 20.658 39.090 335.994 288.956 1.847 45.094 0

Qualif. 11.854 3.131 662 1.000 11.199 6.838 8.328 9.895 3.801 8.925 772 5.077 155 1.068 1.783 897 184 2.940 6.531 3.185 4.716 349 57.136 -4.132 6.738 22.383 45.751 125.461 405 18.774 0

Total 1.712.909 76.732 3.725 28.722 145.384 57.272 56.571 99.583 155.112 69.613 9.476 31.577 470 5.261 13.674 28.309 6.635 93.314 136.809 48.251 20.452 10.002 823.644 -106.161 27.396 61.473 381.744 414.417 2.252 63.868 0

importação bens consumo Não Qualif. -230.568 -5.174 -1.715 -7.943 -31.064 -11.229 -55.557 -27.760 -20.242 -10.965 -3.047 -7.443 -2.030 -24.184 -6.485 -13.122 -30.193 -27.216 -31.384 -25.529 -8.444 -3.866 -218.774 -75.308 -8.355 -15.833 -348.958 -33.300 -489 -10.429 0

TOTAL 15.087.480 Fonte: Cálculos dos autores.

1.587.304

16.674.784

4.112.683

365.805

4.478.488

-1.296.608

Setores Agropecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e gás Minerais não-metálicos Siderurgia e metalurgia Má.uinas e tratores Mat. Elétrico e . eletrônicos Automóveis, caminhões, veic. Pç Madeira e mobiliário Papel e gráfica Indústria de borracha Elem. Quuímicos e quím, diversos Refino de petróleo Farmacêutica e de perfumaria Artigos de plástico Indústria têxtil Artigos do vestuário Fabricação de calçados Indústrias alimentícias Indústrias diversas Serviços ind. de utilidade pública Construção civil Comércio Transportes Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não-mercantis

importação importação importação importação bens importação bens bens bens consumo bens consumo intermediários intermediários intermediários Qualif. total Não Qualif. Qualif. total -1.607 -232.175 -390.986 -2.725 -393.710 -220 -5.394 -31.348 -1.334 -32.682 -371 -2.086 20.882 4.517 25.399 -286 -8.229 -25.198 -909 -26.106 -2.593 -33.657 -115.429 -9.634 -125.063 -1.522 -12.751 -63.223 -8.571 -71.794 -9.590 -65.147 -41.033 -7.083 -48.116 -3.063 -30.823 -49.283 -5.437 -54.720 -508 -20.750 -21.829 -548 -22.377 -1.612 -12.577 -33.376 -4.908 -38.284 -270 -3.318 -10.291 -913 -11.203 -1.426 -8.869 -31.165 -5.971 -37.136 -1.003 -3.033 -7.580 -3.743 -11.323 -6.162 -30.347 -3.970 -1.012 -4.981 -972 -7.457 -16.823 -2.522 -19.344 -429 -13.552 -42.987 -1.407 -44.394 -863 -31.056 -8.323 -238 -8.561 -885 -28.101 -4.936 -161 -5.097 -1.573 -32.958 -14.307 -717 -15.024 -1.804 -27.333 -52.280 -3.694 -55.974 -2.531 -10.974 -16.877 -5.058 -21.935 -140 -4.006 -4.178 -151 -4.329 -16.308 -235.082 -118.434 -8.828 -127.262 -3.050 -78.358 -8.800 -356 -9.157 -2.725 -11.080 -3.557 -1.160 -4.717 -9.066 -24.899 -16.606 -9.508 -26.115 -47.516 -396.474 -169.799 -23.121 -192.920 -14.459 -47.759 -202.657 -87.991 -290.648 -107 -596 -687 -151 -838 -4.342 -14.770 -28.871 -12.020 -40.891 0 0 0 0 0 -137.003

-1.433.611

-1.513.951

-205.354

-1.719.305

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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

XLV CONGRESSO DA SOBER

"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Tabela 3 - Impacto do consumo, abertura comercial e mudança tecnológica no emprego por setor e nível de qualificação da mão-de-obra, 1985 – 2001, em número de trabalhadores empregados. Setores Agropecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e gás Minerais não-metálicos Siderurgia e metalurgia Máuinas e tratores Mat. Elétrico e e eletrônicos Automóveis, caminhões, veic. pç Madeira e mobiliário Papel e gráfica Indústria de borracha Elem. Q.uímicos e quím, diversos Refino de petróleo Farmacêutica e de perfumaria Artigos de plástico Indústria têxtil Artigos do vestuário Fabricação de calçados Indústrias alimentícias Indústrias diversas Serviços ind. de utilidade pública Construção civil Comércio Transportes Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não-mercantis TOTAL

importação bens de capital

importação bens de capital

Não Qualif. 5.206 -1.285 20.766 -838 -12.691 -28.284 -31.340 -9.706 -6.972 -2.440 -1.139 -397 -103 -57 -1.116 -4.964 -2.588 -469 1.528 1.489 231 730 -64.995 -8.103 -1.033 1.443 -43 84 -107 -856 0 -148.048

Qualif. 36 -55 4.492 -30 -1.059 -3.835 -5.410 -1.071 -175 -359 -101 -76 -51 -15 -167 -162 -74 -15 77 105 69 26 -4.845 -328 -337 826 -6 36 -23 -356 0 -12.882

importação bens de capital

compras bens intermediários

Compras bens intermediários

compras bens intermediários

total 5.243 -1.339 25.258 -869 -13.751 -32.118 -36.749 -10.776 -7.147 -2.798 -1.240 -473 -154 -72 -1.283 -5.126 -2.662 -485 1.605 1.594 300 756 -69.840 -8.431 -1.370 2.268 -49 120 -130 -1.213 0 -160.931

Não Qualif. 1.587.585 -54.434 17.199 -56.245 -11.538 -19.293 -7.474 -18.660 -137.233 78.591 2.453 76.644 34.460 28 5.958 -58.786 311.381 -48.321 46.082 -3.529 146.166 -262.132 3.511.095 223.175 212.173 267.570 -206.230 497.556 18.719 144.472 0 6.297.433

Qualif. 11.064 -2.316 3.720 -2.028 -963 -2.616 -1.290 -2.059 -3.447 11.557 218 14.686 17.017 7 893 -1.924 8.897 -1.572 2.310 -249 43.806 -9.472 261.720 9.039 69.201 153.207 -28.081 216.033 4.100 60.147 0 831.606

Total 1.598.649 -56.750 20.919 -58.274 -12.501 -21.909 -8.764 -20.719 -140.680 90.149 2.671 91.330 51.478 35 6.851 -60.709 320.277 -49.893 48.392 -3.779 189.972 -271.604 3.772.815 232.214 281.374 420.776 -234.311 713.589 22.819 204.620 0 7.129.038

compras bens de capital

Não Qualif. 643.695 17.966 -18.609 66.019 122.227 157.664 69.841 27.039 44.384 4.153 3.387 2.810 1.935 1.045 10.868 -2.150 -28.764 -375 3.374 37.503 6.686 787.500 81.372 23.279 8.218 11.207 31.100 25.634 583 7.274 0 2.146.864

compras bens de capital

Qualif. 4.486 764 -4.025 2.380 10.201 21.375 12.056 2.983 1.115 611 300 538 956 266 1.629 -70 -822 -12 169 2.650 2.004 28.456 6.066 943 2.680 6.417 4.235 11.130 128 3.028 0 122.637

compras bens de capital

total 648.180 18.730 -22.634 68.400 132.428 179.040 81.897 30.022 45.499 4.763 3.688 3.349 2.891 1.311 12.498 -2.221 -29.586 -387 3.543 40.154 8.690 815.956 87.437 24.222 10.898 17.623 35.335 36.764 710 10.302 0 2.269.501

produtividade trabalho

Não Qualif. -13.763.539 -151.426 -38.525 -61.706 -219.341 -185.856 -145.483 -229.281 -6.047 -189.812 -36.415 -142.234 -67.413 -43.824 9.237 -118.857 -417.749 73.167 -437.310 -101.069 -326.436 -328.682 -325.564 -139.361 -528.971 -850.031 1.558.587 348.299 -102.632 -1.376.733 1.045.997 -17.299.012

produtividade trabalho

Qualif. -48.513 -747 -1.888 -549 -27.433 -8.730 -6.126 -3.199 5.937 -13.380 -5.581 -29.031 -35.528 1.407 12.540 133 22.929 6.949 -10.515 3.568 -98.101 15.408 229.000 8.080 -156.474 -218.077 683.367 285.552 4.591 50.075 38.805 704.470

Produtividade trabalho

Total -13.812.052 -152.172 -40.413 -62.256 -246.774 -194.586 -151.609 -232.480 -110 -203.192 -41.997 -171.265 -102.941 -42.417 21.777 -118.724 -394.821 80.115 -447.825 -97.501 -424.536 -313.274 -96.564 -131.282 -685.445 -1.068.108 2.241.954 633.852 -98.040 -1.326.657 1.084.802 -16.594.542

Fonte: Cálculos dos autores.

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Tabela 4 - Impacto do consumo, abertura comercial e mudança tecnológica no emprego por setor e nível de qualificação da mão-de-obra, 1985 – 2001, em percentual. (contin.) Setores Agropecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e gás Minerais não-metálicos Siderurgia e metalurgia Máquinas e tratores Mat. Elétrico e eletrônicos Automóveis, caminh., veic. pç Madeira e mobiliário Papel e gráfica Indústria de borracha Elem. Químicos e quím, divers. Refino de petróleo Farmacêutica e de perfumaria Artigos de plástico Indústria têxtil Artigos do vestuário Fabricação de calçados Indústrias alimentícias Indústrias diversas Serviços ind. de utilidade públi. Construção civil Comércio Transportes Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não-mercant.

importação bens consumo

importação bens consumo

importação importação bens bens intermediários intermediários

consumo

consumo

consumo

exp. total

exp. total

exp. total

importação bens consumo

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

31,4 9,1 28,2 10,3 19,2 15,3 32,9 40,7 10,0 30,5 31,3 14,5 19,2 62,8 19,5 15,9 22,2 -21,4 46,2 58,7 49,5 4,0 4,0 58,5 188,8 24,8 73,1 43,6 46,4 28,0 30,3

36,8 11,4 36,0 10,9 18,1 17,1 40,0 52,6 11,6 34,0 26,9 14,3 18,7 78,7 37,5 19,0 33,5 -26,7 49,8 76,7 49,5 4,4 5,1 63,5 196,3 31,4 104,1 50,4 61,2 33,1 33,5

31,5 9,2 29,3 10,4 19,1 15,5 33,8 41,7 10,1 30,9 30,9 14,5 19,0 65,5 20,8 16,0 22,5 -21,6 46,4 59,6 49,5 4,0 4,1 58,7 190,6 26,9 75,8 45,4 48,5 29,3 30,4

10,0 24,0 9,0 6,2 17,3 10,8 18,5 26,5 18,7 17,5 13,0 12,3 0,5 4,3 8,3 7,1 0,4 23,9 11,2 19,2 6,6 0,3 13,8 -6,2 12,1 5,3 7,5 38,9 1,0 1,1 0,0

11,7 30,2 11,5 6,5 16,3 12,1 22,5 34,2 21,8 19,5 11,2 12,1 0,5 5,4 15,8 8,5 0,7 29,8 12,1 25,1 6,6 0,3 17,6 -6,7 12,6 6,7 10,7 45,0 1,3 1,3 0,0

10,0 24,2 9,3 6,2 17,2 11,0 19,0 27,1 18,8 17,7 12,9 12,2 0,5 4,5 8,8 7,2 0,4 24,0 11,2 19,5 6,6 0,3 14,0 -6,2 12,2 5,7 7,8 40,6 1,0 1,2 0,0

-1,4 -1,7 -5,0 -1,8 -4,0 -2,4 -21,3 -8,2 -2,5 -3,2 -4,6 -3,4 -3,4 -24,8 -4,5 -3,4 -2,1 -7,2 -2,7 -10,9 -3,6 -0,1 -3,9 -4,6 -4,9 -2,1 -7,8 -4,5 -0,3 -0,3 0,0

-1,6 -2,1 -6,4 -1,9 -3,8 -2,7 -25,9 -10,6 -2,9 -3,5 -3,9 -3,4 -3,3 -31,1 -8,6 -4,1 -3,1 -9,0 -2,9 -14,2 -3,6 -0,1 -5,0 -5,0 -5,1 -2,7 -11,1 -5,2 -0,3 -0,3 0,0

-1,4 -1,7 -5,2 -1,8 -4,0 -2,4 -21,8 -8,4 -2,5 -3,2 -4,5 -3,4 -3,3 -25,9 -4,8 -3,4 -2,1 -7,2 -2,7 -11,0 -3,6 -0,1 -4,0 -4,6 -4,9 -2,3 -8,1 -4,7 -0,3 -0,3 0,0

-2,3 -10,2 61,3 -5,6 -14,9 -13,6 -15,7 -14,6 -2,7 -9,6 -15,4 -14,4 -12,6 -4,1 -11,7 -11,2 -0,6 -1,3 -1,2 -22,3 -7,1 -0,1 -2,1 -0,5 -2,1 -2,2 -3,8 -27,3 -0,4 -0,7 0,0

-2,7 -12,8 78,2 -5,9 -14,0 -15,2 -19,1 -18,8 -3,1 -10,7 -13,3 -14,2 -12,3 -5,1 -22,4 -13,4 -0,9 -1,6 -1,3 -29,1 -7,1 -0,1 -2,7 -0,6 -2,2 -2,8 -5,4 -31,6 -0,5 -0,9 0,0

-2,3 -10,3 63,7 -5,7 -14,8 -13,8 -16,1 -14,9 -2,7 -9,7 -15,2 -14,4 -12,5 -4,3 -12,5 -11,2 -0,6 -1,3 -1,2 -22,6 -7,1 -0,1 -2,2 -0,5 -2,1 -2,4 -4,0 -28,4 -0,4 -0,8 0,0

42,0

31,0

8,2

9,7

8,3

-2,6

-3,6

-2,7

-3,0

-5,4

-3,2

TOTAL 30,2 Fonte: Cálculos dos autores.

importação bens intermediários

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Tabela 4 - Impacto do consumo, abertura comercial e mudança tecnológica no emprego por setor e nível de qualificação da mão-de-obra, 1985 – 2001, em percentual. importação bens de capital

importação bens de capital

importação bens de capital

compras bens intermediários

compras bens intermediários

compras bens intermediários

compras bens de capital

compras bens de capital

compras bens de capital

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

% Não Qualif.

%Qualif.

%total

0,0 -0,4 61,0 -0,2 -1,6 -6,1 -12,0 -2,9 -0,9 -0,7 -1,7 -0,2 -0,2 -0,1 -0,8 -1,3 -0,2 -0,1 0,1 0,6 0,1 0,0 -1,2 -0,5 -0,6 0,2 0,0 0,0 -0,1 0,0 0,0

0,0 -0,5 77,8 -0,2 -1,5 -6,8 -14,6 -3,7 -1,0 -0,8 -1,5 -0,2 -0,2 -0,1 -1,5 -1,5 -0,3 -0,2 0,1 0,8 0,1 0,0 -1,5 -0,5 -0,6 0,2 0,0 0,0 -0,1 0,0 0,0

0,0 -0,4 63,4 -0,2 -1,6 -6,2 -12,3 -2,9 -0,9 -0,7 -1,7 -0,2 -0,2 -0,1 -0,8 -1,3 -0,2 -0,1 0,1 0,6 0,1 0,0 -1,2 -0,5 -0,6 0,2 0,0 0,0 -0,1 0,0 0,0

9,3 -17,8 50,5 -12,6 -1,5 -4,1 -2,9 -5,5 -17,0 22,6 3,7 35,4 57,2 0,0 4,1 -15,3 21,2 -12,8 4,0 -1,5 61,6 -7,7 63,1 13,6 124,4 36,2 -4,6 67,0 10,1 3,6 0,0

10,9 -22,3 64,4 -13,2 -1,4 -4,6 -3,5 -7,1 -19,8 25,2 3,2 34,9 55,8 0,0 7,9 -18,3 31,8 -15,9 4,3 -2,0 61,5 -8,5 80,8 14,8 129,4 45,7 -6,6 77,5 13,3 4,3 0,0

9,34 -17,9 52,5 -12,6 -1,5 -4,2 -2,9 -5,6 -17,1 22,9 3,6 35,4 56,8 0,0 4,4 -15,4 21,4 -12,8 4,0 -1,5 61,5 -7,7 64,1 13,6 125,5 39,1 -4,8 69,8 10,5 3,8 0,0

3,8 5,9 -54,6 14,8 15,8 33,9 26,8 8,0 5,5 1,2 5,1 1,3 3,2 1,1 7,5 -0,6 -2,0 -0,1 0,3 16,0 2,8 23,0 1,5 1,4 4,8 1,5 0,7 3,5 0,3 0,2 0,0

4,4 7,4 -69,7 15,5 14,9 37,9 32,5 10,3 6,4 1,3 4,4 1,3 3,1 1,3 14,5 -0,7 -2,9 -0,1 0,3 20,9 2,8 25,6 1,9 1,5 5,0 1,9 1,0 4,0 0,4 0,2 0,0

3,8 5,9 -56,8 14,8 15,7 34,3 27,5 8,2 5,5 1,2 5,0 1,3 3,2 1,1 8,1 -0,6 -2,0 -0,1 0,3 16,2 2,8 23,1 1,5 1,4 4,9 1,6 0,7 3,6 0,3 0,2 0,0

-80,9 -49,5 -113,1 -13,8 -28,3 -39,9 -55,7 -67,8 -0,7 -54,7 -54,6 -65,8 -111,9 -45,0 6,4 -30,9 -28,4 19,3 -37,6 -43,0 -137,5 -9,6 -5,8 -8,5 -310,0 -114,9 35,0 46,9 -55,2 -34,6 27,2

-47,9 -7,2 -32,7 -3,6 -40,0 -15,5 -16,5 -11,1 34,0 -29,2 -81,1 -68,9 -116,6 7,1 111,5 1,3 82,1 70,4 -19,4 28,1 -137,7 13,8 70,7 13,2 -292,5 -65,0 160,3 102,4 14,9 3,6 54,7

-80,7 -48,1 -101,4 -13,5 -29,2 -37,3 -50,8 -63,3 0,0 -51,7 -57,1 -66,3 -113,5 -36,2 14,0 -30,1 -26,3 20,6 -36,8 -39,4 -137,5 -8,9 -1,6 -7,7 -305,8 -99,3 45,9 62,0 -45,2 -24,6 27,7

TOTAL -0,3 Fonte: Cálculos dos autores.

-0,3

-0,3

12,6

22,0

13,3

4,3

3,2

4,2

-34,6

18,7

-30,9

Setores Agropecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e gás Minerais não-metálicos Siderurgia e metalurgia Máquinas e tratores Mat. Elétrico e eletrônicos Automóveis, caminh., veic. pç Madeira e mobiliário Papel e gráfica Indústria de borracha Elem. Químicos e quuím, diversos Refino de petróleo Farmacêutica e de perfumaria Artigos de plástico Indústria têxtil Artigos do vestuário Fabricação de calçados Indústrias alimentícias Indústrias diversas Serviços ind. de utilidade pública Construção civil Comércio Transportes Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não-mercantis

produtividade produtividade trabalho trabalho

Produtividade trabalho

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" O impacto positivo da exportação total foi maior nos setores de serviços prestados às empresas, automobilístico, de extração mineral e de calçados. Tal comportamento deve-se, em parte, à liberalização comercial, o que possibilitou maior acesso às novas máquinas e equipamentos, proporcionando aumento da produtividade, principalmente no que se refere ao trabalho qualificado; e, em parte, à qualidade dos produtos brasileiros, o que os tornou mais competitivos no mercado internacional. Já as exportações do setor de transportes reduziram o emprego, o que sugere baixa competitividade. A penetração das importações para consumo destruiu, relativamente mais postos de trabalho qualificados nos setores farmacêutico e de perfumaria, de material elétrico e eletrônicos e de indústrias diversas, o que não nos surpreende, visto que se trata de indústrias mais oligopolizadas e tecnologicamente mais avançadas. os setores que se destacaram pela redução do emprego devido à penetração das importações de bens intermediários foram: serviços prestados às empresas, indústrias diversas, de material elétrico e equipamentos eletrônicos, de borracha, automobilístico, siderurgia e metalurgia, de elementos químicos e químicos diversos, o que sugere baixa competitividade em relação ao mercado mundial. O setor de extração de petróleo e gás, o único setor que gerou emprego – principalmente qualificado – mostrou-se o mais competitivo. Já a importação de bens de capital destruiu postos de trabalho, principalmente nos setores de material elétrico e eletrônicos e máquinas e tratores, o que indicou baixa competitividade de seus produtos. Novamente o setor de extração de petróleo e gás foi o único a gerar emprego devido a esse fator. A penetração das importações mostra, claramente, que o processo de liberalização incentivou o consumo, principalmente o de bens intermediários. Isso indica que a economia brasileira necessitaria de um tempo maior para adaptar-se ao novo panorama econômico e reestruturar seus processos produtivos a fim de ganhar espaço no mercado mundial. Quanto ao efeito da mudança tecnológica sobre o emprego, no que se refere às compras nacionais de bens intermediários. Os setores de comunicações, de serviços prestados às empresas, de comércio, serviços industriais de utilidade pública, refino de petróleo e extração de petróleo e gás geraram relativamente mais postos de trabalho nesse período. Já os setores de extração mineral e madeira e mobiliário eliminaram postos de trabalho. Quanto às compras de bens de capital, constatamos que a maioria dos setores afetou positivamente o emprego. Os que mais contribuíram para a criação de postos de trabalho foram os de máquinas e tratores, de material elétrico e equipamentos eletrônicos e o de construção civil, o que reflete maior complementaridade entre capital humano e tecnologia. Por outro lado, o setor de extração de petróleo e gás foi o que mais eliminou postos de trabalho com as compras nacionais de bens de capital, sugerindo, assim, ganhos de produtividade. As indústrias têxtil, de calçados e de vestuário também eliminaram postos de trabalho, em ambos os níveis de qualificação, o que indica que, ao adquirirem máquinas e equipamentos mais modernos – automatizados e/ou robotizados –, essas indústrias, consideradas tradicionais, dispensaram mão-de-obra. Finalmente, a produtividade do trabalho direto reduziu o emprego, no período analisado. Os setores que eliminaram relativamente mais postos de trabalho, em ambos os níveis de qualificação, foram: comunicações, serviços industriais de utilidade pública, refino de petróleo, extração de petróleo e gás, instituições financeiras e a agropecuária. Uma característica comum da maioria desses setores, que explica tal desempenho, é o alto nível de informatização e automação incorporado no processo produtivo, nesses últimos anos. Considerando que o crescimento da produtividade tende a eliminar postos de trabalho, podemos identificar esses setores como os que obtiveram melhor desempenho em 16

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" termos de produtividade do trabalho. Alguns setores reduziram emprego menos qualificado e, concomitantemente, geraram emprego qualificado. Entre eles, destacaram-se: vestuário, farmacêutica e de perfumaria, têxtil, indústrias diversas, comércio, construção civil e transportes. Por outro lado, alguns setores criaram postos de trabalho em ambos os níveis de qualificação, por exemplo: serviços prestados às famílias, artigos de plástico, serviços prestados às empresas e calçados. Nesse caso, podemos considerar que tais setores apresentaram baixa produtividade do trabalho. A partir dessa análise setorial, podemos inferir que, naqueles setores em que ocorreu maior impacto negativo no emprego de baixa qualificação, possivelmente já vinham sendo incorporados mais intensamente novos processos produtivos e de gestão do trabalho, o que provavelmente aumentou a eficiência desses setores. Assim, ao se tornarem mais expostos ao comércio internacional, em face do processo de liberalização comercial, estavam suficientemente preparados e obtiveram melhor desempenho e, como conseqüência, verificou-se o avanço do processo de reestruturação produtiva, com ganhos de produtividade do trabalho direto. O conjunto dos resultados obtidos sugere que, no período em questão, as empresas brasileiras tornaram-se mais eficientes em seus processos produtivos, indicando uma maior produtividade da mão-de-obra. Um dos fatores que contribuíram para tal desempenho foi o nível de educação mais elevado dos trabalhadores, embora, nesse período, a produtividade da mão-de-obra qualificada tenha sido menor que a da mão-de-obra menos qualificada. Vale apontar, ainda, em relação a esse desempenho, a maior quantidade de insumos importados usados na produção, o que pode ter aumentado o valor adicionado dos produtos; e a aceleração do processo de reestruturação produtiva da indústria nacional. 4. Considerações finais Neste artigo, examinamos o impacto da liberalização comercial, da mudança tecnológica e do consumo final na estrutura de emprego, por nível de qualificação da mãode-obra, do Brasil e do setor agropecuário em particular, entre 1985 e 2001. Para atingir os objetivos propostos, empregamos uma metodologia inspirada no estudo de Greenhalgh et al. (1998), utilizando dados das matrizes de insumo-produto e da PNAD, ambas do IBGE, de 1985 e 2001. A decomposição da mudança no emprego, conforme suas origens, mostrou com clareza que o trabalhador qualificado foi beneficiado, vis-à-vis o menos qualificado, nesse período, revelando fortes indícios de que o processo de liberalização comercial contribuiu para esta mudança na estrutura do emprego por nível de qualificação. Constatamos que o impacto da variação do consumo final sobre o emprego teve grande peso na geração de novos postos de trabalho, principalmente aqueles qualificados. Por outro lado, o efeito positivo da liberalização comercial sobre o emprego foi bastante ínfimo neste período, beneficiando relativamente mais a mão-de-obra de baixa qualificação. Já o impacto da mudança tecnológica no emprego foi negativo. Contudo, esta teve um impacto positivo sobre o emprego qualificado, o que não surpreende, visto que as inovações tecnológicas tendem a reduzir os requisitos de mão-de-obra por unidade de produto, eliminando, dessa forma, postos de trabalho menos qualificados vis-à-vis a geração, em menor proporção, de postos qualificados. O que chamou a atenção, no entanto, foi o grau com que a mudança tecnológica, em decorrência da produtividade do trabalho, afetou o emprego qualificado. As evidências indicam que o processo de liberalização comercial teve um papel preponderante neste caso, incentivando o mercado de trabalho a demandar relativamente mais mão-de-obra qualificada, em conseqüência da maior exposição da economia nacional no mercado 17

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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro" internacional, concomitante ao aprofundamento do processo de reestruturação produtiva que normalmente acompanha a abertura. Se associarmos a mudança tecnológica à produtividade total dos fatores, também constataremos crescimento significativo da produtividade ao longo do período examinado que abrange o processo de abertura. Por conseguinte, um fator primordial para os ganhos de produtividade foi a liberalização comercial. Ainda sobre a mudança tecnológica, deve ser destacado outro importante aspecto, o qual se refere, especificamente, à variação das compras de bens de capital. Tal variação revelou nítida complementaridade entre qualificação da mão-de-obra e tecnologia, refletindo, por conseguinte, maior produtividade do trabalho. Logo, devido à influência da liberalização comercial na aquisição de novas tecnologias, as quais, por sua vez, afetam diretamente o capital humano, admitimos quão difícil é a tarefa de tentar isolar as variáveis do comércio e da mudança tecnológica. Neste contexto, a metodologia empregada no presente ensaio merece o devido reconhecimento pelo pioneirismo, porque procura se aproximar, ao máximo, do mundo real, sem perder de vista suas limitações, já que não contempla as demais variáveis que podem afetar o mercado de trabalho, tais como a entrada de investimento estrangeiro, privatizações de empresas estatais, entre outras. O setor agropecuário, em particular, revelou-se bastante dinâmico e eficiente em relação à sua estrutura de emprego por nível de qualificação, no período examinado. Considerando o impacto do consumo final, constatou-se um crescimento maior de postos de trabalho qualificados, apesar do número bastante expressivo de postos menos qualificados gerados. O emprego da agropecuária também obteve um efeito positivo devido ao comércio exterior, embora em proporções bem menores ao do consumo final. Já o impacto da mudança tecnológica neste setor foi bastante profundo, eliminando milhões de postos de trabalho, devido à maior produtividade do trabalho direto, principalmente o menos qualificado. Contudo, as aquisições nacionais de bens intermediários e de capital compensaram parte dessa perda, gerando postos de trabalho mais qualificados. Portanto, podemos inferir que, entre os anos de 1985 e 2001, houve uma relativa mudança na estrutura de emprego, em favor do trabalho qualificado, motivada pela liberalização comercial e mudança tecnológica. REFERÊNCIAS Arbache, J. S.; C. H. L. Corseuil. 2000. Liberalização Comercial e Estrutura de Emprego e Salários. Anais do XXVIII Encontro Nacional de Economia. Anpec. Berman, E; J. Bound & Z.Griliches. 1994. Changes in the Demand for Skilled Labor within U. S. Manufacturing: Evidence from the Annual Survey of Manufactures. Quarterly Journal of Economics 109: 367-398. Berman, E.; J. Bound & S. Machin, 1998. Implications of Skill Biased Technological Change: International Evidence. Quarterly Journal of Economics 113: 1245-1279. Desjonqueres, T., S. Machin; J. Van Reenen. 1999. Another Nail in the Coffin? Or Can the Trade Based Explanation of Changing Skill Strutures be Resurrected? Scandinavian Journal of Economics 101: 533-554.

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