O Jornalismo Cultural na Pauta dos Meios de Comunicação de Santarém

May 26, 2017 | Autor: Paulo Henrique Lima | Categoria: Jornalismo, Jornalismo Cultural, Teorias Do Jornalismo
Share Embed


Descrição do Produto

INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR - IESPES CURSO BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

SUZANE DA COSTA LIMA

O JORNALISMO CULTURAL NA PAUTA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE SANTARÉM

Santarém – PA Novembro/2016

SUZANE DA COSTA LIMA

O JORNALISMO CULTURAL NA PAUTA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE SANTARÉM

Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES como requisito para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Orientador:

Paulo Lima

Santarém – PA Novembro/2016

SUZANE DA COSTA LIMA

O JORNALISMO CULTURAL NA PAUTA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE SANTARÉM

Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES como requisito para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Orientador:

Paulo Lima

Aprovado em

de

de

Comissão Examinadora

Paulo Lima Presidente/Orientador Nome/Instituição – 2º Membro _______________________________________ Nome/Instituição – 3º Membro

À minha mãe Solenil, por ser meu sol e estrelas, minha guerreira.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente minha mãe Solenil Assunção, por ser a pessoa que mais me apoia em minhas escolhas, me incentiva e não mediu esforços para que eu chegasse nessa etapa da minha vida. Aos meus irmãos, por toda a força, torcida e paciência, aos meus sobrinhos por me ensinarem diariamente todas as formas de amar, vocês são minha fonte de inspiração. As minhas amigas, que estão comigo em todos os momentos e me dão muito carinho e apoio. Ao professor e orientador Paulo Lima, por seu apoio e sugestões para que eu seguisse os melhores caminhos e me levaram a execução e conclusão desta pesquisa. À professora Rosa Rodrigues, pela ajuda, ensinamentos e contribuições profissionais durante todo o curso e na conclusão deste trabalho. A todos os meus professores durante esses quatro anos que foram tão importantes na minha vida acadêmica, aos colegas de turma que dividiram comigo o amadurecimento de parte da minha vida. E finalmente agradeço a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.

Uma das maiores burlas dos nossos tempos terá sido o prestígio da imprensa. Atrás do jornal, não vemos os escritores, compondo a sós o seu artigo. Vemos as massas que o vão ler e que, por compartilhar dessa ilusão, o repetirão como se fosse o seu próprio oráculo. Joaquim Nabuco

RESUMO

Este trabalho monográfico estuda o jornalismo cultural na pauta dos meios de comunicação de Santarém e tem como intuito analisar e identificar as formas de apuração, a frequência de divulgação de notícias de cunho cultural, os temas e gêneros culturais mais abordados no município de Santarém. Para a coleta de dados da pesquisa foi utilizado o Google Doc’s e foram entrevistados 12 editores e produtores culturais dos veículos de Santarém, vale enfatizar que nem todos são formados em jornalismo. Para se alcançar o objetivo proposto aplicou-se análise de conteúdo qualitativa com aspectos quantitativos. Os resultados desse estudo permitem afirmar que, por mais que as notícias culturais atualmente estejam mais presentes nos veículos locais, ainda faltam qualificações para os profissionais. Constatou-se também que o público contribui significantemente com o envio de pautas culturais para as redações. Por meio das entrevistas foi possível analisar como cada veículo trabalha o jornalismo cultural, e a visão deles sobre o assunto.

Palavras-chaves: Meios de comunicação, Veículos, Cultura, Jornalismo cultural.

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Se o veiculo divulga a pauta cultural

38

Gráfico 02: Formas que chegam pautas de cunho cultural à redação

39

Gráfico 03: Frequência que é produzido material cultural na redação

40

Gráfico 04: Quantidade de pautas que chegam por semana na redação 41 Gráfico 05: Objetivo do jornalismo cultural

42

Gráfico 06: Notícias culturais que atraem mais a atenção do público

43

Gráfico 07: Temas culturais mais abordados

44

Gráfico 08: Critérios para a apuração das pautas que chegam à redação 45 Gráfico 09: Gênero do jornalismo cultural mais comum no veículo

46

Gráfico 10: Gênero do jornalismo cultural mais importante no veiculo

47

Gráfico 11: Opinião sobre a pratica da publicação de releases enviados 48 Gráfico 12: O veículo recebe convites para divulgar pautas culturais

49

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

10

2 CONCEITOS E ABORDAGENS DE CULTURA

12

2.1 A cultura na visão antropológica

14

2.2 A cultura na visão histórica

15

2.3 A cultura santarena

17

2.4 Abordagens de comunicação e cultura

18

3 A CULTURA COMO MERCADORIA NA INDÚSTRIA CULTURAL 21 4 ESTUDOS CULTURAIS

23

5 JORNALISMO CULTURAL

25

6 PAUTA: BREVE ABORDAGEM

28

7 METODOLOGIA DA PESQUISA

29

7.1 Tipos de Estudo ..................................................................................29 7.2 Ambiente de estudo............................................................................30 7.3 Fontes de Informação

31

7.4 Técnicas de coletas de análise de dados

31

7.5 Ferramentas de coleta de dados

31

7.6 Aspectos Éticos

32

8 O JORNALISMO CULTURAL EM SANTARÉM .....................................33 9 RESULTADO DA PESQUISA .................................................................35 9.1 Análise das entrevistas ......................................................................36 9.2 Análise dos Questionários

37

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................50 REFERÊNCIAS ..........................................................................................52 APÊNDICES ...............................................................................................56 APÊNDICE A – Questionário editores e produtores de rádio, TV, online, impresso 57

10

1 INTRODUÇÃO

A Cultura evoluiu durante os últimos séculos, ela está relacionada às artes plásticas, dança, música, eventos, cinema, crenças, teatro, moda, lançamentos de diversos trabalhos e produtos de relevância para a sociedade, entre outros. É basicamente um conjunto de características presentes no comportamento da sociedade ou um grupo social. Neste contexto, percebe-se em Santarém, que fica cada vez mais corrente o uso dos meios de comunicação para divulgação dos produtos e eventos culturais de forma simples e os espaços reservados a cultura tem sido mais uma exposição do produto e/ou evento em pauta. Deste modo, a presente pesquisa se propõe em seu objetivo geral pesquisar as formas de pauta, apuração e frequência que são divulgadas as notícias de cunho cultural, abordando os conceitos de cultura, suas diversidades e visão histórica. A pesquisa ainda percorre pela cultura santarena e suas tradições, além de apontar o que são os produtos culturais e qual domínio que a indústria cultural exerce sobre a sociedade e sua influência, abordando ainda o jornalismo cultural e suas características. Em Santarém, o jornalismo cultural é frequentemente tido apenas como um tema de menor importância, de futilidade ou entretenimento, na cidade essa especialização não recebe a devida credibilidade. Será que a dança, a música, as pinturas e cerâmicas indígenas, as pinturas nas cuias, as comidas típicas, os prédios históricos e as festividades estão tendo destaque na mídia? Partindo destes questionamentos, e da opinião de alguns profissionais, de que o jornalismo cultural é visto somente como uma agenda, onde é divulgado apenas um evento com dia, hora e local, surgiu o desejo de se averiguar como se realiza o jornalismo cultural na cidade de Santarém, mas precisamente, o que se faz, quando o assunto é pauta e divulgação da cultura na cidade, tendo como base, o conceito de que o mesmo trata-se de opinião e agenda. Ao final, o capítulo consiste na análise de conteúdo dos dados levantados a partir da comparação de material. A forma de abordagem deste trabalho foi qualitativa, e de acordo com Duarte e Barros (2005), esta técnica tem com objetivo explorar um assunto a partir da busca de informações, percepções e experiências de informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada, a pesquisa

11

também traz aspecto quantitativo, onde se optou por utilizar a entrevista fechada, realizada a partir de questionários estruturados. Para a realização do presente trabalho, foram consultados livros, artigos, internet, entrevistas e findou-se com a análise descritiva dos resultados, com base na identificação do espaço reservado para assuntos culturais, a importância e estilo de divulgação, para assim, apresentar as considerações finais. A pesquisa visa confirmar e descrever se há a prática de jornalismo cultural na cidade de Santarém e como é a apuração das pautas culturais, será que os editores e produtores têm conhecimentos sobre o assunto? As análises serão feitas a partir das leituras relacionadas ao tema e com os resultados dos questionários.

12

2 CONCEITOS E ABORDAGENS DE CULTURA

Cultura tem origem no latim e deriva da palavra latina culturam, referindo-se ao ato de cultivar o solo ou à técnica empregada nessa atividade. O termo passou a ser utilizado para se referir à produção do espírito humano (GOMES, 2009, p.04). Tylor (1832-1917) resumiu o termo cultura no vocábulo inglês Culture, abrangendo sua possibilidade "tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade" (TYLOR, apud LARAIA, 2009, p. 25). Santos, J., (2003) sustenta que a cultura está muito associada a diversas manifestações, seja na arte ou crença: Por vezes se fala de cultura para se refletir unicamente às manifestações artísticas, como teatro, a música, a pintura, a escultura. Outras vezes, ao se falar na cultura da nossa época ela é quase que identificada com os meios de comunicação de massa, tais como rádio, o cinema, a televisão. Ou então a cultura diz respeito às festas e cerimônias tradicionais, as lendas e crenças de um povo, ou a seu modo de se vestir, à sua comida, seu idioma (SANTOS, J., 2003, p. 22).

A diversidade cultural é uma das maiores riquezas, cada país tem a sua própria cultura que é influenciada por vários fatores. Santos J., (2003, p.8) discorre que “cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos”. No Brasil ela é marcada pela boa disposição, cumplicidade e alegria, e isso se reflete também na música, no caso do samba, que também faz parte da cultura brasileira. A cultura não tem uma estabilidade e muda ou se renova conforme as mudanças sociais. Para Santaella (2003, p. 45): As condições de diversidade e dinamicidade tornam qualquer cultura um fenômeno sempre complexo. É por isso que nunca podemos identificar uma cultura no sentido de continuidade de uma mesma tradição amplamente comum. Ao contrário, falamos sempre de padrões não muito bem definidos e consistentes com variações internas múltiplas.

De acordo com a autora sempre haverá variedade, ela define a cultura como um conjunto de características humanas que não são inatas. Em consonância, Santos J., (2003, p. 12) reflete que:

13

Apesar da existência de tendências gerais constatáveis nas histórias das sociedades, não é possível estabelecer sequências fixas capazes de detalhar as fases por que passou cada realidade cultural. Cada cultura é o resultado de uma história particular, e isso inclui também suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes.

Para o autor a cultura se cria e se preserva por meio da comunicação e cooperação entre indivíduos na sociedade. Já Gomes (2003), explica a cultura nas visões antropológica e humanista: A antropologia vê na cultura uma natureza plural e relativista, no mundo existem diferentes culturas, todas igualmente importantes. Já os humanistas a associam a alguns produtos do espírito humano, apontados como culturais – ex: poesia, música, pintura -, o que faz com que considerem que algumas pessoas têm cultura e outras não. Na visão humanista, o cultivo das artes levaria o ser humano a um estado mental de perfeição. Resulta daí a distinção entre “cultura erudita”, praticada pela elite intelectual, e “cultura popular”, surgida entre o povo (GOMES, 2003,

p 4). A

cultura

tende

a

ser

padronizada.

Ela

envolve

a

repetição

de

comportamentos similares que são devidamente aprovadas por um grupo. Se os indivíduos ajustam seu comportamento através do tempo de acordo com o padrão aprovado, a cultura permanece estável. Barrio (2005, p.22) defende que “a linguagem é uma parte da cultura e pode esclarecer muitos aspectos da história da cultura e da mudança cultural”. Com o processo de mudanças sociais, a conservação das tradições culturais entra em crise, e consequentemente, alteradas, Ayala Marcos e Ayala Maria (2003, p. 40) defendem que “alguns aspectos da cultura popular podem desaparecer, enquanto outros podem ser reelaborados, passando a responder às novas condições enfrentadas.” Com o tempo a sociedade passa a conviver com essas mudanças e convivem com os “novos” padrões culturais dominantes. Sobre a cultura popular, Canclini (2011, p. 260) discorre que “não se preocupam em preservar o popular como cultura ou tradição, mais a formação da memória histórica, interessa à indústria cultural construir e renovar o contato simultâneo entre emissores e receptores, e que lhe incomoda a palavra “povo””. Todas as maneiras de existência humana podem ser consideradas cultura, Santaella (2003) compara a cultura com um organismo vivo, e que sua tendência é crescer, desenvolver-se e proliferar, para explicar melhor, a autora aponta quatro princípios que governam a vida:

14

Ela tende a se expandir como gás para ocupar todo o espaço disponível; ela se adapta às exigências do espaço que se tornou disponível; ela se desenvolve continuamente em níveis de maior complexidade; quanto mais complexo o nível de sua organização, mais rapidamente a vida cresce [...]. [...] também como a vida, quando encontra condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a cultura se alastra, floresce, aparece, faz-se ostensivamente presente (SANTAELLA, 2003, p.29).

Assim, ela sempre será algo a ser reinventada, não há como manter a cultura intacta, em algum momento irá desenvolver-se de acordo com que a sociedade demanda, basta saber se estamos prontos para essas variações. Ao debater sobre tal assunto, Santos, J., (2003) propõe ter em mente a sociedade em toda a sua riqueza e multiplicidade, só assim pode-se chegar ao entendimento da cultura.

2.1 A cultura na visão antropológica

A antropologia cultural adotou diversas linhas de investigação. Uma delas, a simbolicidade da cultura, afirma que todos os elementos culturais – fala, objetos, ações – têm um significado próprio, o que os torna signos, permitindo a caracterização das culturas como sistemas de símbolos e a aplicação da semiótica para seu estudo (GOMES, 2009). Gomes (2009) relata que os antropólogos Alfred L. Kroeber e Clyde Kluckhohn em 1952 registraram a existência de 164 definições de cultura. No século XIII, o filósofo Johan Gottfried Von Herder definiu a cultura como Antropológica, onde ela é vista como modo de vida de uma sociedade em todos os aspectos. Tylor (1871, apud SANTAELLA, 2003, p.37) foi além e definiu a cultura como um “todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, lei, moral, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Afirma ainda que a cultura “é um conjunto de elementos próprios a todo grupo humano compreendendo tanto a religião quanto os costumes sexuais, o direito, as práticas culinárias, os hábitos estéticos, etc.”. Para Tyler todos os traços culturais de determinado grupo é o reflexo de sua identidade e os costumes são adquiridos conforme o convívio. Sobre as diferenças culturais Laraia (2009) discorre que os antropólogos estão convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Keesing (apud LARAIA, 2009, p. 17), explica que "não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição

15

dos comportamentos culturais, qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de "

aprendizado . Ou seja, se um bebê for criado de maneira diferente dos costumes de sua família de origem ele crescerá sem notar essas diferenças, ele viverá de acordo com sua criação.

2.2 A cultura na visão histórica A cultura histórica possui um amplo sentido, ela “é uma categoria de análise que permite compreender a produção e usos da história no espaço público na sociedade atual” (SCHMIDT, 2012, p.6). Pensar a cultura histórica é pensar nela historiograficamente,

“é

atravessar

os

vários

momentos

de

cristalização

historiográfica (...). É ser capaz de pairar sobre os vários momentos historiográficos sem se identificar com nenhum deles” (ARRUDA, 2007, p. 25). Já Silveira (2007, p. 7-8) levanta a cultura histórica na questão territorial, enfatizando que: A constelação conceitual de territorialidades aqui está proposta por conta da História Regional, e como nucleador das representações sociais. Na medida em que Região é um conceito que se remete ao de território, território é um conceito que se remete a poder e cultura, Poder e Cultura são conceitos que se remetem à História. Pois não há cultura histórica desterritorializada, seja o território compreendido como domínio seja como apropriação simbólica. Essa é a problemática desse debate: as relações entre cultura histórica e sociedade, o que significa dizer: os nexos da Cultura Histórica enquanto sociedade territorializada, configurando as territorialidades.

O estudo da cultura no aspecto da visão histórica é fundamental para um conhecimento mais aprofundado, pois seus elementos se originam por meio de inovações e se alastram. Ao escrever “Ensaio acerca do entendimento humano”, John Locke (1632-1704) procurou demonstrar que a mente humana não é mais do que uma caixa vazia por ocasião do conhecimento, por meio de um processo que hoje chamamos de endoculturação. (LARAIA, 2009). O termo “endoculturação” é usado para definir o processo permanente de aprendizagem de uma cultura que se inicia na infância e é permanente até a vida adulta. Para Santos, J., (2003, p.12) já se discutiu sobre as maneiras de ordenar essas culturas de tantas variações, e, a europeia ou a chinesa, são algumas que “ se podem traçar longas sequências históricas e localizar etapas, mostrando as

16

transformações nas relações da sociedade com a natureza e principalmente nas relações de seus membros entre si”. Ayala, Marcos e Ayala, Maria (2003) observam que as práticas culturais se modificam junto com o contexto social em que estão inseridas, mas isso não significa que é sua extinção: A proposta de estabelecer uma tradição nacional pode implicar ver as mudanças ocorridas como deturpações. Por outro lado, na medida em que se concebe essa tradição como resultado de diferenças frente às contribuições culturais de outras origens, admite-se o caráter histórico, como as consequentes transformações detectadas associam-se à noção de progresso. O problema de articular essas posições vai receber soluções diferentes dos estudiosos do folclore brasileiro (AYALA, MARCOS; AYALA, MARIA, 2003, p.12).

Sobre essa questão, o antropólogo americano Harris (1969, apud LARAIA, 2009, p.26) com base nos argumentos de Locke (2009), ressalta que “nenhuma ordem social é baseada em verdades inatas, uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento”. A respeito da cultura na história e seus princípios ou verdades inatas impressos por gerações na mente humana, Locke (apud LARAIA, 2009. p. 26) discorre que: Quem investigar cuidadosamente a história da humanidade, examinar por toda a parte as várias tribos de homens e com indiferença observar as suas ações, será capaz de convencer-se de que raramente há princípios de moralidade para serem designados, ou regra de virtude para ser considerado, que não seja, em alguma parte ou outra, menosprezado e condenado pela moda geral de todas as sociedades de homens, governadas por opiniões práticas e regras de condutas bem contrárias umas às outras.

Percebe-se que a cultura hereditária tem seu papel na sociedade, basta se observar para notá-la, Porém, os homens tendem a menosprezar tais atos, no entanto, a humanidade ainda é capaz de respeitar a moral e os bons costumes que são aplicados ainda na infância.

17

2.3 A cultura santarena

A falar da cultura santarena não se pode deixar de citar grandes nomes como o do maestro, compositor e escritor Wilson Dias Fonseca e do contemporâneo artista plástico Laurimar Leal, ambos nascidos em Santarém. Wilson Fonseca ou Maestro Isoca é um nome bem lembrado quando se fala da música santarena. Uma de suas contribuições deixadas para o enriquecimento cultural santareno é a coleção com 6 volumes do livro Meu Baú Mocorongo, uma longa pesquisa com recordações e reflexões sobre a vida histórica de Santarém e da Amazônia. Laurimar Leal é pintor, escultor e artesão é a maior expressão no campo da pintura e da escultura santarena. Dentre suas esculturas, podemos mencionar as reproduções em tamanho gigante de peças de cerâmica, que ornam a Praça Barão de Santarém, as estátuas de “São Pedro Pescador”, do “Escravo Liberto” e do “Padre Bettendorf”, colocadas em praças de nossa cidade, a estátua de “Santa Clara” e o conjunto “Nossa Senhora de Lourdes” e “Santa Bernadete” nos jardins do Colégio Santa, “São José Operário”, em São José e “São Sebastião” em praia do Carariacá (FONSECA, Wilde, 2015, p. 166).

Leal também tem centenas de quadros que estão no exterior e vários já foram mostrados em exposições realizadas em outros estados do país. Fonseca e Leal também são nomes importantes na história da Catedral de Nossa Senhora da Conceição. A cidade de Santarém tem uma ampla manifestação cultural que é passada de geração em geração, renovando com o passar do tempo. Ainda nesta linha de renovação e evolução da cultura, Barrio (2005, p.30) destaca que “em algumas ocasiões, a evolução de normas ideais, provoca a mudança nos comportamentos culturais e outras vezes, são as próprias condutas reais que moldam a norma ideal”. Em Santarém, a diversidade cultural é grande, um dos destaques é a cultura artesanal, artesões trabalham com matérias-primas da região, a arte de preparar e pintar cuias também é muito antiga. Sobre esta atividade Amorim (1999, p. 247) aponta que “o processo de preparar e pintar cuias atravessou os séculos e continua sendo apreciado não apenas na região, mas também nos demais estados brasileiros, e, principalmente no exterior, onde as cuias são reconhecidas como verdadeiras obras de arte”. Sobre as pinturas nas cuias o pioneiro João Fona (2006 p. 593 apud FONSECA, Wilson, 2006) revela que “desde que se entende como gente neste

18

mundo, cultiva a arte de pintar fazendo dela seu ganha-pão diário. Nunca teve mestres. Tudo que sabe deve ao seu próprio esforço e espírito de curiosidade.” E conta como a arte de pintar cuia se iniciou em Santarém:

Mais ou menos no ano de 1920, tive a feliz ideia de pintar uma cuia com tinta óleo, com motivos da paisagem amazônica. Isto fiz por mero diletantismo. No entanto, a cuia pintada despertou a atenção de quantos a viram. Vendia por bom preço. Tal acontecimento levou-me a pintar em seguida um numero sem conta de cuias, cuja venda me proporcionava um bom lucro. Cuias pintadas por mim espalharam-se por todo o Brasil e pelo exterior (FONA, 2006, p. 593 apud FONSECA, Wilson, 2006).

Hoje a arte de pintar na cuia é cultivada por diversas pessoas, Porém, João Fona foi o pioneiro e repassou os trabalhos para muitos também. A cultura histórica de Santarém carrega tradições, destacando-se ainda as esculturas confeccionadas com barro, madeira e gesso. A dança do carimbó é o grande destaque entre as danças e as músicas, sendo o mais conhecido pelos cidadãos. Na religiosidade se tem as festas e movimentos de arraial, destacando a “Festa da Conceição” realizada no mês de dezembro, onde é celebrado a data da conclusão da Catedral, “a obra da construção da nova igreja Matriz da Paroquia de Nossa Senhora da Conceição (hoje Catedral), foi iniciada em 1761. Foi um trabalho difícil, que se arrastou por anos a fio, pois a mesma só foi dada por oficialmente concluída e dedicada em 08 de dezembro de 1819” (Canto, 2007, p. 13).

2.4 Abordagens de comunicação e cultura

Os meios de comunicação, não têm por função apenas fornecer informações, Caune (2008) defende que a cultura e a comunicação formam uma estranha parceria e enfatiza que uma não se constitui nem se explica sem a outra. Para ele “os fenômenos não são nem perfeitamente ajustados (um contendo o outro) – a cultura apresentando-se como um conteúdo veiculado pela comunicação – nem situados em planos paralelos, em correspondência analógica”. Os termos comunicação e cultura se completam e ambos são muitos importantes um para o outro (CANTO, 2007, p. 13). Santos, E., (2004) diz que o poder da comunicação é indiscutível, e:

19

“embora haja cadeias de televisão que se dizem de culturas, programas de rádio que pretendem atingir uma camada erudita da população e jornais inteiros, ou então, algumas páginas deles dedicados à cultura, sendo o seu objetivo "informar, educa, cultivar", o certo é que há diferenças muito sensíveis entre elas (SANTOS, E., 2004, p. 959)

Os meios de comunicação podem contribuir para reforçar ou questionar os estereótipos de cultura. Pinto (2003, p. 22) enfatiza que: Apesar da inexistência de uma imprensa no Brasil colonial a circulação de livros e jornais estrangeiros se fazia clandestinamente, sobretudo no final do século XVIII, quando boa parte da elite era graduada na Europa, permitindo um íntimo contato com o Iluminismo Francês e também com os ideais das revoluções americana e francesa.

Desta forma, as culturas de outros povos, podiam ser manifestadas em qualquer lugar. Piza (2013) destaca que o jornalismo ajudou na ampliação do acesso a cultura, mas no momento está em crise, visto que não realiza mais essa função com clareza e eficácia, o resultado é que a cultura está cada vez mais nas mãos do poder econômico. Percebe-se que o que tiver maior relevância econômica tem prioridades, outro ponto é a dependência do cronograma dos eventos, e os produtos que são divulgados, somem rapidamente da mídia como se não tivessem nenhum significado. Pinto (2003, p. 5) salienta que a comunicação não é um fenômeno isolado nem contemporâneo como atividade humana, é necessário considerá-la integrada aos processos culturais, e, para estudar sua evolução, não é possível desvinculá-la da cultura. Santaela (2001, p. 23-24) por seu lado, afirma que: Na longa história da cultura humana, a preocupação com os fenômenos da comunicação é uma preocupação recente. Ela data de meados do século XX, tendo coincidido com a explosão dos meios de comunicação de massa e a consequente emergência da cultura de massas. Desde então, a comunicação e as questões que ela traz consigo foram se tornando cada vez mais sensivelmente presentes até sua inegável onipresença resultantes da recente proliferação das redes planetárias de telecomunicação.

Embora os fenômenos da comunicação certamente já existissem antes da cultura de massas, esses fenômenos não eram tão fartos nem tão diversificados como passaram a ser (SANTAELA, 2001). Sobre os meios de comunicação, vale destacar a contribuição de Santos, J., (2003, p. 6, 7) onde:

20

Cada novo meio de comunicação propicia o aparecimento de um correspondente ciclo cultural, pois as mídias são inseparáveis das formas de socialização e cultura que são capazes de criar. Mais importantes que os meios, são os conteúdos por eles veiculados. Ficou famosa a frase do canadense Marshall McLuhan: “O meio é a mensagem”. Os conteúdos veiculados é que propiciam as interações sociais. Em relação à produção cultural, os meios de comunicação desempenham um duplo papel: são produtores culturais e também divulgam a produção externa a eles, tanto a contemporânea quanto a anterior. A ideia de produção cultural vem da divisão estabelecida pelo alemão Walter Benjamin da dinâmica da cultura em quatro níveis interligados: a produção; a conservação do produto cultural (memória); a circulação e difusão (distribuição e comunicação); recepção. Mais do que interagirem entre si, os meios de comunicação também contribuem para modificar o ser humano que com eles toma contato. Ao se integrar numa estrutura simbólica complexa, o homem tende a sincronizar sua própria simbolização interna com essa estrutura. O fascínio exercido pela televisão, para o inglês Raymond Williams, vem do que ela proporciona de experiências culturalmente unificadoras, com raízes na necessidade de contato humano, manutenção de identidade e sensação de pertencimento a uma cultura compartilhada.

Esta integração, porém, se processava apenas em uma direção, não sendo capaz de produzir uma mudança no indivíduo como a operada pela cibercultura. A interação propiciada pelo ciberespaço é que torna uma rede de computadores radicalmente diferente de uma rede de televisão.

21

3 A CULTURA COMO MERCADORIA NA INDÚSTRIA CULTURAL

O termo "indústria cultural" foi empregado pela primeira vez em 1947, na publicação de Horkheimer e Adorno “Dialética do Iluminismo”. Em uma série de conferências radiofônicas, Adorno (1962) explicou que a expressão "indústria cultural" visa a substituir a cultura de massa, outro aspecto levantado pelo autor é que essa cultura faz com que os possuidores de veículos de comunicação de massa aceitem o imposto, “os defensores da expressão ‘cultura de massa’ querem dar a entender que se trata de algo surgindo espontaneamente das próprias massas” (ADORNO, p. 8, 1996). O alemão Walter Benjamin, pensador e um dos filósofos da chamada Escola de Frankfurt, descrevia que o jornalismo era um personagem importante dessa “era da reprodutividade”, e dividiu a produção cultural em uma dinâmica de quatro níveis que se interligavam, a produção; a conservação do produto cultural (memória); a circulação e difusão (distribuição e comunicação) e a recepção (GOMES, 2009). Horkheimer e Adorno (1947), de acordo com Piza (2013) também pertenceram a essa escola e para esses marxistas: [...] a indústria cultural – o complexo de produções e de entretenimento e lazer feitas para o consumo em larga escala - era fruto do sistema capitalista e como tal, porta-voz da ideologia burguesa, da ideologia que a serviço dos exploradores da mão de obra proletária, serviria como cortina de fumaça para a realidade social, para inculcar nos trabalhadores os valores da classe dominante, para conformá-los numa hierarquia de patões e assalariados que jamais deveria ser convulsionada ( Piza, 2013, p. 44).

Horkheimer e Adorno (1947), afirmam que sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica, e que seus dirigentes não estão mais interessados em ocultar isto, portanto o cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. Para os autores, esses veículos não passam de um negócio para produzir e legitimar suas ideias. Por outro lado, Santos, E., (2004, p. 68) defende que: Não há dúvida de que a indústria da cultura, centrada nesses meios de comunicação de massa, é um elemento muito importante dessas sociedades modernas. O ritmo acelerado de produção e consumo, principalmente nos períodos de expansão das economias desses países, anda acompanhada de uma comunicação rápida e generalizada. As mensagens e informações circulam com velocidade compatível com a dos produtos materiais dessas sociedades. Além do mais, a indústria cultural é ela mesma uma esfera de atividade econômica, com inversões de capital, recrutamento de mão-de-obra especializada, desenvolvimento de novas técnicas, produção de bens serviços.

22

Um elemento importante na discussão a respeito da cultura na sociedade moderna é que cada vez mais os bens culturais são produzidos em máquinas e procedimentos técnicos, e menos de forma artesanal ou individual (CANCLINI, 2011). A sociedade industrial tem a facilidade de gerar informação e criar necessidades junto à sociedade de massa, controlando-a dessa forma para que reproduza e consuma o que é desenvolvido. Mariani (1986) ressalta que a grande indústria cultural e as mudanças culturais resultaram que o estabelecimento industrial e as cidades tornam-se eixos em torno dos quais gira a vida daqueles “fugitivos” do campo, ou do artesão deslocado pela indústria. Cada um deles reassume a nova realidade social, com destinos diferentes. As mensagens pregadas pela indústria cultural para homogeneizar e controlar a população pode ser dominante, mas não significa que é a cultura dessa sociedade. Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem jovialmente consumidos, mesmo em estado de distração. Mas cada um destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde o inicio mantém tudo sob pressão, tanto no trabalho quanto no lazer que lhe é semelhante. De cada transmissão radiofônica, pode-se deduzir aquilo que não se poderia atribuir como efeito de cada um em particular, mas só de todos em conjunto na sociedade. Infalivelmente, cada manifestação particular da indústria cultural reproduz os homens como aquilo que foi já produzido por toda a indústria cultural (HORKHEIMER E ADORNO, 2000, p. 176).

A indústria cultural tem um efeito de homogeneização da vida e da visão de mundo,

refletindo

diretamente

na

realidade

da

sociedade,

os meios

de

comunicações também acabam se adaptando aos interesses do mercado, assim, captando ângulos do cotidiano de uma sociedade e afetando a cultura, arte e consumo de um povo.

23

4 ESTUDOS CULTURAIS “Estudos” remetem a algo em constante transformação, a partir de estudos realizados pelo crítico de literatura britânico Raymond Williams, nascem os estudos culturais, Williams juntamente com E. P. Thompson são apontados como os criadores deste método de aborbagem. Outro destaque desse estudo, Fredric Jameson (1994, p. 11) elucida que “a melhor maneira de encarar o desejo chamado Estudos de Cultura (Cultural Studies) talvez seja abordá-lo política e socialmente”. Jameson (1994) vai além ao dizer que: “defini-los” significa retirar deles aquilo que não são, remover o barro estranho à escultura emergente, estabelecer uma fronteira por instinto e sentimento visceral, tentar identificar aquilo que não são de forma tão compreensiva que a tarefa se completaria mesmo que não se chegasse a uma "definição" positiva. (JAMESON, 1994, p. 12-13)

Entrando para a área interdisciplinar, os estudos culturais exploram as formas de produção de significados, seja na economia política, nas teorias da comunicação ou social, na crítica literária, no cinema, na filosofia, antropologia cultural ou na sociologia, nessa área é onde se estuda os fenômenos culturais nas diversas sociedades. Para Williams e Thompson (1958, apud ESCOSTEGUY, 1998, p. 2) a “cultura era uma rede vivida de práticas e relações que constituíam a vida cotidiana, dentro da qual o papel do indivíduo estava em primeiro plano”, os autores preferiam entendê-la como um enfrentamento entre modos de vida diferentes. Os estudos culturais também estão voltados para o campo de investigação de caráter nas sociedades atuais e das atividades de formações do cotidiano. Para Santos, J., (2003) os estudos das culturas e de suas transformações são fundamentais para “enfatizar a relatividade de critérios culturais serem uma questão estéril quando se depara com a história concreta, que faz com que essas realidades culturais se relacionem e se hierarquizem”. Na área antropológica, Hall (2003, p. 133) aponta várias diferenças importantes nas práticas sociais: Dir-se-ia, o paradigma dominante. Ele se opõe ao papel residual e de mero reflexo atribuído ao ‘cultural’. Em suas várias formas, ele conceitua a cultura como algo que se entrelaça a todas as praticas sociais; e essas práticas, por sua vez, como uma forma comum de atividade através da qual homens e mulheres fazem história. Tal paradigma se opõe ao esquema base-

24

superestrutura de formulação da relação entre as forças ideais e materiais, especialmente onde a base é definida como determinação pelo ‘econômico’, em um sentido simples. Essa linha de pensamento prefere a formulação mais ampla – dialética entre o ser e a consciência social: inseparáveis em seus polos distintos (em algumas formulações alternativas, a dialética entre ‘cultura’ e ‘não-cultura’). Ela define cultura ao mesmo tempo como os sentidos e valores que nascem entre as classes e grupos sociais diferentes, com base em suas relações e condições históricas, pelas quais eles lidam com suas condições de existência e respondem a estas; e também como as tradições e praticas vividas através das quais esses ‘entendimentos’ são expressos e nos quais estão incorporados.

Canclini (2011, p. 258), defende as diversas formas de abordagens dos estudos culturais, enfatizando que falar sobre tal assunto como algo concluído é errôneo, pois é um tema aberto e indeciso. Apenas deixamos registrado que nesse movimento enfrentamos ao mesmo tempo a dificuldade de incorporar aos estudos culturais; Novos processos de produção industrial, eletrônica e informática que reorganizam o que chamamos de culto e popular. Outros formatos, que aparecem às vezes como um novo tipo de bens (desde a fotografia e as histórias em quadrinhos até a televisão e o vídeo). Processos de circulação massiva e transnacional, que não correspondem apenas às inovações tecnológicas e de formato, pois são aplicáveis a qualquer bem simbólico, tradicional ou moderno. Novos tipos de recepção e apropriação, cuja variedade vai da concentração individual a que se é obrigado quando se está muitas horas diante da tela da televisão ou do computador, até os usos horizontais do vídeo por grupos de educação alternativa para fortalecer a comunicação e a integração crítica.

Nessa perspectiva, as criações de significados e dos discursos reguladores das práticas significantes da sociedade revelam o papel apresentado pelo poder massivo.

25

5 JORNALISMO CULTURAL

O jornalismo cultural surgiu por volta de 1665 nos jornais The Transactions of the Royal Society of London e News of Republic of Letters, esse jornais faziam cobertura das obras literárias e artísticas, e relatavam novidades sociais, porém, não se pode afirmar que estes foram realmente os primeiros, pois o contexto histórico do seu surgimento é bem extenso. Outro destaque é o jornal The Spectator de 1711 dos ingleses Richard Steele (1672-1729) e Joseph Addisson (1672-1719), onde o público alvo era o homem moderno que havia saído do campo para viver na cidade e se preocupado com as novidades (ALBUQUERQUE, 2012). O destaque para o inicio do jornalismo cultural no Brasil é para o “Correio Braziliense” (1808) e a revista “As Variedades” (1822), ambos editados em Londres por Hipólito José da Costa. Porém, o gênero só é consolidado com Machado de Assis (1839-1908) e José Veríssimo (1857-1916), este ultimo, nascido em Óbidos, Pará e foi escritor, educador, jornalista e historiador literário. O gênero também foi estabilizado com os grandes nomes da literatura, politica e filosofia como Oswald de Andrade e Mário de Andrade (ALBUQUERQUE, 2012). Grandes escritores brasileiros tiveram um papel fundamental no inicio do Jornalismo Cultural e até hoje são lembrados. Os folhetins no Brasil surgiram já na metade do século XIX, foi quando os jornais começaram a publicar obras literárias, o primeiro foi o ‘Correio Mercantil’, com a publicação das “Memórias de um sargento de milícias”, entre 27 de junho de 1852 e 32 de julho de 1853 de Manuel Antônio de Almeida, sob o pseudônimo de ‘Um brasileiro’. O correio ainda divulgou obras de José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Machado de Assis, Francisco Otaviano, João Simões Lopes Neto e Manuel Antônio de Almeida. Em 1922, com o objetivo de propor novas perspectivas na arte e no pensamento, escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos, apresentaram suas próprias identidades artísticas no estilo mais tradicional com intuído de renovar o ambiente artístico e cultural do país, o evento ficou conhecido como A Semana de Arte Moderna e foi realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Pinto (2003, p. 55) destaca alguns aspectos e artistas destaques da época:

26

Os artistas plásticos da Semana, como Di Cavalcante, Vicente do Rego Monteiro, Anita Malfatti, Vitor Brecheret etc., seguiram-se Cândido Portinari, Guignard, Ismael Nery, Cícero Dias, José Pancetti, Clóvis Graciano. Aldo Bonadei etc. Os nomes de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer já se projetavam com a arquitetura, respectivamente, do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, e da Igreja de São Francisco, na Pampulha, em Belo Horizonte, e Villa-Lobos tornava a música clássica brasileira conhecida internacionalmente. O nacionalismo, revestido do regionalismo, também se manifestou no romance, destacando-se nas obras de José Lins do Rego, José Amado, Érico Veríssimo, Graciano Ramos etc.

Na época em que o Brasil vivia na ditadura Vargas, nomes da literatura brasileira como Monteiro Lobato e Graciliano Ramos foram presos por discordarem da politica do governo, Ramos deixou o testemunho sobre os efeitos do autoritarismo estatal em Memórias do cárcere (PINTO, 2003). A partir da década de 1990, surge a cultura digital, ou cibercultura, onde a população começa a ter acesso à internet e computadores pessoais, tornando tudo mais convergente, que é o resultado da informação no meio digital (GOMES, 2009). Gomes (2009, p.6) ressalta que o “mais importante que os meios, são os conteúdos por eles veiculados. Ficou famosa a frase do canadense Marshall McLuhan: ‘O meio é a mensagem’. Os conteúdos veiculados é que propiciam as interações sociais”. Em relação à produção cultural, os meios de comunicação desempenham um duplo papel: são produtores culturais e também divulgam a produção externa a eles, tanto a contemporânea quanto a anterior. Sobre o assunto Piza (2004, apud ALBUQUERQUE, 2012) comenta que: Na década de 90 houve uma reconfiguração no cenário cultural, com a adesão da mídia, que deixou de investir em espaços consagrados a avaliação de conteúdos culturais, passando a privilegiar assuntos com mais força no mercado, como: design, moda, gastronomia em detrimento da chamada “sétima arte” (literatura, teatro, pintura, escultura, música, arquitetura e cinema).

Conforme Piza (2013) o papel do jornalismo cultural não é apenas o de anunciar e comentar as obras lançadas nas sete artes, mas também refletir sobre o comportamento e os novos hábitos sociais. O autor destaca ainda que os assuntos preferidos do público, os que dominam as tabelas de consumo cultural são “o cinema americano, a TV brasileira e a música pop”. O jornalismo cultural é uma prática antiga que deve ser reinventada conforme as novas ferramentas ofertadas. Gomes (2003) descreve o jornalismo cultural como o ramo do jornalismo que tem a missão de informar e opinar sobre a produção e circulação de bens culturais na sociedade e traz a missão de transmitir ao público

27

aquela informação de maneira mais clara. O autor ainda destaca gêneros do jornalismo cultural, como o informativo, que se trata de divulgar uma notícia que a sociedade ainda não conhece e o opinativo onde o jornalista apresenta ao leitor sua opinião sobre determinado evento cultural ou obra. Para Piza (2013) o jornalismo cultural já não é o mesmo. Nomes como Robert Hughes hoje são mais escassos, assim como, revistas culturais ou intelectuais já não têm a mesma influência que tinham antes, críticos parecem definir cada vez menos o sucesso ou fracasso de uma obra ou evento, não há mais a emoção de antes. O autor ainda afirma que as notícias culturais estão assíduas em divulgar notícias sobre um provável sucesso, o maior interesse é o “IBOPE”. É fato que a palavra “cultura” é continuamente associada à erudição, como algo inatingível. Nesse sentido, Piza (2013) elucida que em uma pesquisa minera sobre cultura, ficou claro que as pessoas associam a palavra cultura exclusivamente a quem ler muitos livros e acumulam muitas informações, para os entrevistados, assistir um filme de Spielberg não se caracteriza em cultura. Entre os gêneros opinativos do jornalismo, a crítica é um nobre gênero do jornalismo cultural, pois “faz uma análise ampla e fundamentada de produto ou evento cultural”, nesse gênero o jornalista pode expressar a opinião sobre o objeto de análise (GOMES, 2009, p. 9).

28

6 PAUTA: BREVE ABORDAGEM

A pauta serve de orientação para os repórteres. Ela é um guia, nela é descrito que tipo de reportagem terá que ser feita, ela não é necessariamente escrita e muito menos premeditada, pois os chamados factuais ocorrem sem previsão. No entanto, ela não deve ser apenas “um guia”. O Manual de Redação e estilo de O Estado de S. Paulo define a pauta da seguinte forma: Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está cobrindo para determinada edição do jornal como a série de indicações transmitidas ao repórter, não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, principalmente, para orientá-lo sobre os ângulos a explorar na notícia. A pauta constitui um roteiro mínimo fornecido ao repórter. A pauta não deve ser só uma agenda. Precisa se preocupar em levantar enfoques diferenciados sobre os temas, buscar ângulos novos de abordagem, mostrar agilidade na identificação de novas tendências. ( Estado de S. Paulo, p. 20, apud MIRANDA, 2016, p. 2).

As sugestões de pauta acontecem a partir de observações do cotidiano, hoje, nas redações não existe um pauteiro, este pode vim a ser o editor ou produtor dos veículos. Na pauta deve-se conter a retranca, que são palavras que identifica o assunto de que deverá tratar a reportagem. Jorge (2008, p. 41) discorre que: [...] a pauta é conceito (guia para a edição); documento (orientação para os repórteres); seleção de assuntos e agenda (lista de temas e efemérides) Quando se faz uma reunião de pauta, todos têm em mente a pauta como conceito, sua importância para o planejamento e a sequencia de atos até a edição final.

Para Miranda (2016, p. 11) “a pauta jornalística concentra informações e pontua aspectos que devem ser abordados no desenvolvimento da matéria”. Em uma pauta tem que conter uma breve apresentação, introdução sobre o assunto, indicações de perguntas, um enfoque, indicando o que o veiculo quer com a pauta, telefones, endereços e fontes (JORGE, 2008). As pautas podem ser divididas em quentes e frias, uma pauta sobre eventos do dia é chamada "pauta quente". As pautas frias são as de datas comemorativas. Se por algum motivo a pauta não se concretizar, utiliza-se a expressão “a matéria caiu”, ela não se realiza caso o assunto não se confirme, entrevistado cancele, ou não encontre o endereço (JORGE, 2008).

29

7 METODOLOGIA DA PESQUISA

7.1 Tipos de estudo

O presente trabalho foi desenvolvido inicialmente a partir do estudo bibliográfico onde se buscou compreender mais sobre a cultura e suas diversidades. Sobre esse estudo Stumpf (2005, p. 51) enfatiza que: Num sentido restrito, é um conjunto de procedimentos que visa identificar informações bibliográficas, selecionar os documentos pertinentes ao tema estudado e proceder à respectiva anotação ou fichamento das referências e dos dados dos documentos para que sejam posteriormente utilizados na redação de um trabalho acadêmico.

Ao referir-se sobre o assunto, Lakatos e Marconi (2010, p 166) enfatizam que: O estudo bibliográfico ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada publica em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação oral: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto (...).

Por meio deste estudo, foi possível compreender os acontecimentos da cultura atual e histórica em suas diversas conceituações, além da história e o surgimento do jornalismo cultural. A pesquisa traz a abordagem qualitativa e também é utilizado aspectos da abordagem quantitativa, para que assim se possa analisar o processo que se dá na escolha de pautas para produções culturais. Ao decorrer da elaboração deste trabalho foram necessárias várias etapas metodológicas, para que desta forma o objetivo da pesquisa fosse alcançado. Uma das técnicas utilizadas foi a entrevista, que se baseia em coletar informações sobre o assunto pesquisado, com este método o pesquisador buscou compreender o que o pesquisado pensa, sabe e faz (SEVERINO, 2007). Sobre esta técnica, Lakatos e Marconi (2010, p. 179) explanam que, “a entrevista é importante instrumento de trabalho nos vários campos das ciências sociais ou de outros setores de atividades (...)”. Optou por utilizar a entrevista fechada, realizada a partir de questionários estruturados que é:

30

prático para grande número de respondentes e pode ser auto-aplicável.Com ele, é possível fazer análises rapidamente, replicar com facilidade, limitar as possibilidades de interpretação e de erro do entrevistado e comparar com outras possibilidades de interpretação e de erro do entrevistado e comparar com outras entrevistas similares. (DUARTE, 2005, p.67).

E ainda foi utilizada entrevista aberta. Duarte (2005, p. 65) explica no quadro 1 abaixo que é possível reunir diversos tipos de entrevistas. Quadro 1 – MODELO DE TIPOLOGIA EM ENTREVISTA Pesquisa

Qualitativa

Quantitativa

Questões

Entrevista

Modelo

Nãoestruturadas

Aberta

Questão Central

Semiestruturadas

SemiAberta

Roteiro

Estruturadas

Fechada

Questionário

Abordagem

Respostas

Em profundidade

Indeterminadas

Linear

Previstas

FONTE: DUARTE, 2005, p.65

Ou seja, esse recurso metodológico, visa confirmar e descrever se há a prática de jornalismo cultural na cidade de Santarém e como é a apuração das pautas culturais.

7.2. Ambiente de estudo

A pesquisa foi realizada nas dependências da Biblioteca do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES), na biblioteca Municipal Paulo Rodrigues dos Santos localizado na Avenida Borges Leal, 1296, Aparecida e no Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTap), o instituto funciona na biblioteca da Casa da Memória, localizada na Avenida Adriano Pimentel, 80, ao lado da escadaria do Mirante e em frente à praça Manoel Moraes (Mascotinho). Nesses lugares o pesquisador colheu materiais para construir o embasamento teórico. Já os questionários foram hospedados no Google Docs e encaminhados por email.

31

7.3 Fontes de Informação

Utilizou-se nesta pesquisa a combinação de técnicas qualitativas e quantitativas, para que se tivessem melhores resultados sobre o tema. Para o embasamento teórico foram utilizados livros, textos acadêmicos, sites de pesquisas científicas, livros digitais e revistas. Além dos 12 produtores e editores dos veículos de comunicação que responderam o questionário, que serviram como fontes de informações, pois, com os questionários puderam-se descrever as respostas por meio da tabulação de dados.

7.4 Técnicas de coletas de análise de dados

A coleta dos dados foi feita a partir de pesquisa bibliográfica, as informações foram de livros, revistas e internet, onde foi possível ter o embasamento teórico. Foram aplicados 12 questionários aos produtores e editores dos veículos de comunicação de Santarém, com 15 perguntas, sendo 12 fechadas de múltipla escolha e 3 abertas.

7.5 Ferramentas de coleta de dados

Para a coleta de dados da pesquisa foi utilizado o Google Docs. O Google Docs é um serviço oferecido pelo Google onde o usuário pode editar e compartilhar documentos online seja textos, planilhas eletrônicas, editar apresentação de slides e criação de formulários (enquetes). Optou-se por usar a ferramenta da chamada web 2.0, pois ela facilita a criação do questionário, além de ser gratuita e não requerer licenciamento de uso. Antônio (2010) explica que: o Google Docs permite a criação de formulários online que podem ser usados para diferentes finalidades e gera automaticamente diversas estatísticas com os resultados coletados nesses formulários. Essa ferramenta é ideal para questionários de pesquisas .

Um dos muitos benefícios da ferramenta é a coleta de respostas rapidamente, pois “os formulários online do Google Docs estão associados à planilhas e

32

constituem um meio simples e rápido de coletar informações, gerar apresentações gráficas e análises estatísticas de dados” (ANTÔNIO, 2010). No entanto, de acordo com Fleishman (2010, apud. HERINGER et al. 2014. p. 77): O Google Docs ainda é muito limitado se comparado ao Word, Excel e Power Point, a velocidade também é limitada, pois ele vai gravando na medida em que vai sendo usado. Caso a conexão com a internet cair, não é possível utilizar a ferramenta.

Contudo, os aplicativos do Google ajudam as pessoas a se comunicarem e a trabalharem em conjunto mais facilmente, simplificando o compartilhamento de informações e a obtenção de resultados, seja com o Gmail, o Google Agenda e/ou Google Docs.

7.6 Aspectos Éticos Todos os entrevistados deram plena autorização para serem participantes da pesquisa, sendo garantido o sigilo da identidade apenas se solicitado, no entanto, todos os participantes consentiram a assinatura em suas respectivas entrevistas, principalmente porque todos exercem atividade de caráter jornalístico.

33

8 O JORNALISMO CULTURAL EM SANTARÉM

Em Santarém, a divulgação da cultura vem se destacando nos meios de comunicação. Neste capítulo, serão apresentadas opiniões de jornalistas de alguns veículos online, impresso, rádio e televisão de Santarém. Há jornalistas que afirmam que o jornalismo cultural hoje em Santarém está tendo mais destaque como discorre o jornalista Pablo Vasconcelos: Eu tenho pouco tempo de jornalismo, mas, no que eu pude notar, a cultura hoje está mais presente no jornalismo local, em alguns casos tem espaço reservado. A cultura hoje tem uma facilidade muito grande de estar (se quiser) diariamente "aparecendo" nos noticiários aqui em Santarém (VASCONCELOS, 2016).

A jornalista Monique de Melo concorda que o jornalismo cultural está mais em evidência, porém, acredita que ainda seja muito limitado e afirma que “a região é recheada de eventos culturais, mas, só são lembrados nas épocas de seus acontecimentos” (MELO, 2016). Para a jornalista, os veículos ainda deixam morrer a essência cultural e deixa que renasça a ideia de divulgar esses eventos somente no ano seguinte. O jornalista Marcos Santos, enfatiza que o jornalismo cultural não está se desenvolvendo na região. Nesse sentido, Santos, M., (2016) constata que: Apesar de Santarém ser um município com grandes nomes no cenário cultural, a maioria dos meios de comunicação atuais apenas reproduzem releases e não trabalham pautas próprias, com senso crítico, material opinativo ou reportagens com conteúdo inédito.

A respeito da crítica cultural, para a jornalista Karla Lima, esta característica pouco se vê na cidade. No meu ponto de vista, no geral no meio jornalístico em Santarém, não é comum críticas culturais nos jornais locais. O jornalismo cultural em Santarém mais parece um anúncio de eventos, são raras as notícias que realmente tem a intenção de criticar algo na área cultural, o que poderíamos melhorar claro, mas é difícil quando não se tem a divisão nas redações por editorias. A realidade local cultural nas redações é diferente de grandes centros que possuem repórteres e críticos específicos para o jornalismo cultural (LIMA, 2016).

A opinião se estende entre os jornalistas, Vasconcelos (2014) observa que “é pouco comum ver criticas culturais nos jornais (rádio, TV, impresso), (...) o máximo que podemos encontrar é na internet e isso não é uma coisa boa” para ele a cultura não é valorizada no seu máximo.

34

É fato que os meios de comunicação são de suma importância para propagação da cultura, ele eleva e expande as notícias para que chegue a seu público alvo. É fato também que nos jornais impressos não se ver um “caderno cultural”, na TV divulga-se apenas uma “agenda cultural”, que normalmente é semanal. Em entrevista para esta pesquisa a jornalista Monique de Melo comenta sobre a divulgação das notícias em Santarém. Os jornais locais valorizam a prática da cultura, Porém,, em muitos casos acabam dando ênfase coisas que não são tão relevantes e desvalorizam as que são. Existem trabalhos espetaculares que não são mostrados e acaba limitando o conhecimento da população (MELO 2016).

O jornalista Gustavo Campos (2016), diz que quanto ao desenvolvimento, “o jornalismo cultural de Santarém ainda está muito aquém do potencial da cidade, apesar do crescimento na quantidade de opções e manifestações culturais”.

35

9 RESULTADOS DA PESQUISA

Este capítulo apresenta e descreve os resultados dos estudos realizados com o objetivo de pesquisar as formas de pauta, apuração e divulgação das notícias de cunho cultural nos meios de comunicação. Para melhor entendimento, foram apresentados conceitos de cultura e de jornalismo cultural do ponto de vista de alguns autores. Foi levado em consideração que nas redações de Santarém não se tem especialistas no assunto, embora existam amantes do jornalismo cultural. Necessitase de um crítico que saiba argumentar em defesa de suas escolhas, não basta apenas dizer “gostei” ou “não gostei” (PIZA, 2013). No trabalho foi abordado o desenvolvimento, a frequência que se produz material cultural, o espaço reservado para a divulgação, os gêneros e temas mais abordados, a importância do jornalismo cultural e os meios de comunicação para a valorização e propagação da cultura. Um dos problemas detectados está na falta de critica quanto aos assuntos culturais, apenas um dos entrevistados afirmou que pode se ver a critica de maneira positiva. O que se pôde observar também é que o público é receptivo quanto à divulgação da cultura, nota-se pelo fato de que, segundo os entrevistados, na semana chegam mais de quatro pautas de cunho cultural nas redações. Mesmo que os entrevistados concordem que o Jornalismo Cultural vem crescendo na região e que sua importância é fundamental para divulgação da cultura e a informação é o objetivo do Jornalismo cultural, a crítica cultural ainda não é realizada pelos veículos. Piza (2013) enfatiza que o jornalismo amplia o acesso aos produtos culturais, dando espaço para as divulgações e que: Por outro lado, como a função jornalística é selecionar aquilo que reporta (editar, hierarquizar, comentar e analisar), influir sobre os critérios de escolha de leitores, fornecer elementos e argumentos para sua opinião, a imprensa cultural e das tendências que o mercado valoriza por seus interesses, é dever de olhar para as induções simbólicas e morais que o cidadão recebe. (PIZA, 2013, p. 45).

Com os resultados da pesquisa verificou-se que a maioria dos entrevistados aprova a publicação dos releases que são enviados para as redações, pois acreditam ser mais prático.

36

9.1 Análises das entrevistas

Neste tópico, serão apresentadas as entrevistas que foram realizadas com editores e produtores junto com os questionários via Google Docs. As respostas serão analisadas de forma qualitativa a partir do referencial teórico apresentado neste trabalho. Foi constatado, que enquanto alguns editores e produtores acreditam que houve desenvolvimento do jornalismo cultural na cidade, outros ainda creem que este não apresenta mudanças. Para a jornalista Karla Lima o desenvolvimento está no fator de abrir mais espaço nos veículos, o que é de suma importância: No que pude observar, houve uma melhora na abertura de espaço para notícias culturais. Já tive a oportunidade de atuar na cultura, especificamente em uma companhia de teatro e lembro o quanto era difícil conseguir divulgar os eventos. Quando ingressei na área, dei uma boa movimentada na divulgação dos eventos do grupo que participava e até auxiliei outros. Acho que juntos conseguimos mostrar que existia qualidade no teatro local e os meios de comunicação foram abrindo espaço e apostando nas "novas pautas". Acredito sim que houve melhora, mas ainda é necessário muito (LIMA, 2016).

O jornalista Jeferson Miranda acredita que a internet e redes sociais, são grandes bases para estes desenvolvimentos “a qualidade das publicações culturais são mais rápidas e você fica sabendo do que vai acontecer e o que aconteceu em tempo real” (MIRANDA, 2016). Quanto à crítica cultural pôde-se notar que este é um gênero que não tem espaço nos veículos locais. “Na verdade, em Santarém não existem críticos. Os veículos apenas divulgam. Não têm um especialista para orientar” (SANTOS, M., 2016). Esta foi opinião unânime. A jornalista Monique de Melo (2016) acredita que os meios valorizam coisas que não são tão relevantes e dão menos importância ao que de fato tem e isto limita o conhecimento da população. Quanto à importância dos meios de comunicação na divulgação da cultura, Lima (2016) destaca que: Os meios de comunicação são importantíssimos para vários segmentos, mas para a cultura é uma forma de incentivar e fortalecer ainda mais as artes, manifestações, costumes e crenças de um povo. Os meios de comunicação são capazes de democratizar a informação e fazer a cultura chegar a vários locais. Possibilita que a sociedade tenha contato, mesmo que de forma indireta com vários tipos de costumes fazendo refletir e formar opinião sobre diversos assuntos.

37

Melo (2016) concorda que os meios são fundamentais, principalmente na expansão cultural, pois é através desses meios que as informações são repassadas, e, cabe ao receptor absorver ou não a ideia.

9.2 Análises dos Questionários

Este tópico apresenta e descreve analiticamente os resultados dos questionários aplicados no mês de outubro de 2016. Os dados a seguir respondem às questões que deram origem a pesquisa. Inicialmente ressalta-se que os veículos em que os entrevistados trabalham divulgam notícias de cunho cultural, para que assim pudesse prosseguir para as próximas questões. Seguem 12 gráficos com suas referentes descrições quanto à produção e quantidade de material de cunho cultural, frequência que se é produzido, a preferência do público, a importância do jornalismo cultural, os gêneros e temas culturais mais abordados e os critérios para apuração. Foram ao todo aplicados 12 questionários, com produtores editores de rádio, TV, online e jornal impresso. Para aplicar o questionário foi utilizada a ferramenta do Google o Google Docs, onde não houve dificuldades significativas para aplicar o questionário.

38

Gráfico 01 – Divulgação de pautas culturais nos veículos de comunicação de Santarém 0%

Sim Não 100%

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

De acordo com o gráfico 01 acima, todos os editores e produtores dos veículos entrevistado responderam que sim, eles divulgam pautas culturais em seus veículos totalizando 100% das respostas, esta pergunta foi fundamental para o inicio da pesquisa.

39

Gráfico 02 – Formas que chegam as pautas de cunho cultural à redação

17% Por email 8% 0%

Por telefone

75%

Mensagens (SMS ou Whatsapp) Outros

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

De acordo com o gráfico 02 acima, quando questionados sobre as formas que as pautas culturais chegam aos veículos, a maioria, totalizando 75%, afirmaram que as pautas chegam via email, 8% dos entrevistaram responderam que normalmente chegam por meio de Mensagens como SMS e Whatsapp, nenhum dos entrevistados respondeu que as pautas chegam através de ligação telefônica. 17% disseram que as pautas chegam de outras formas, como pessoalmente, por meio de amigos.

40

Gráfico 03 - Frequência em que é produzido material cultural na redação

33%

42%

Diariamente Duas vezes por semana 8% 17%

Três vezes por semana Uma vez por semana

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

De acordo com o gráfico 03 acima que trata da frequência com que se é produzido material de cunho cultural nas redações, a maioria dos entrevistados responderam que é apenas uma vez por semana totalizando 42% das respostas, enquanto 33% responderam que todo dia se produz quanto a este resultado, cabe enfatizar que os editores de jornais impresso e de rádio que responderam a produzido apenas uma vez, 17% disseram que se produz ao menos três vezes por semana e 8% responderam que produzem apenas duas vezes na semana.

41

Gráfico 04 - Quantidade de pautas que chegam por semana na redação

17%

50%

Uma 25%

Duas Três Mais de quatro

8%

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

O gráfico 04 acima demonstra a quantidade de pautas que chegam para os veículos durante a semana, e ficou constatado que chegam mais de quatro informações para que sejam apuradas e divulgadas, as respostas correspondem a 50%. 25% alegaram que chegam apenas duas vezes por semana, 17% responderam que chega apenas uma pauta por semana, 8% afirmaram que chegam até três.

42

Gráfico 05 - Objetivo do jornalismo cultural

0% 0% 0% 8%

Informar Opinar Anunciar Vender 92%

Outros

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

O questionamento do gráfico 05 acima é fundamental para esta pesquisa, já que levanta a questão sobre o objetivo do jornalismo cultural e o que se pôde detectar é que a maioria dos entrevistados (92%) concordam com Gomes (2003, p. 8) que diz que o jornalismo cultural “é o ramo do jornalismo que tem por missão informar e opinar sobre a produção e a circulação de bens culturais na sociedade” deve-se transmitir uma informação claramente ao público. Ninguém respondeu que o objetivo era opinar, anunciar ou vender, enquanto 8% responderam que não era nenhuma das alternativas, mas sim promover o turismo e a economia local.

43

Gráfico 06 - Notícias culturais que atraem mais a atenção do público

0% 0% Pintura, escultura, fotografia

8% 17%

Dança (moderna e clássica), carnaval

75%

Música (de todos os gêneros),shows Teatro,cinema Visitas a museus e monumentos

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

De acordo com os resultados do gráfico 06, ao serem questionados sobre quais as notícias culturais atraía mais a atenção do público, 75% dos entrevistados declararam que as informações sobre músicas de todos os gêneros e shows são os assuntos que mais prendem o público, 17% responderam que o teatro e cinema são os que mais chamam atenção, o que ressalta o ponto de Piza que destaca que os assuntos preferidos do público, os que dominam as tabelas de consumo cultural são “o cinema americano, a TV brasileira e a música pop” (2013, p. 53). Enquanto 8% afirmaram que o seu público prefere assuntos relacionados a visitas a museus e monumentos. Segundo os entrevistados, assuntos sobre dança, moderna ou clássica, carnaval, pintura, escultura, fotografia não chamam atenção do seu público. Confirmando que o público se acostumou com as reproduções de informações sobre eventos locais que os meios divulgam.

44

Gráfico 07 - Temas culturais mais abordados

0% 25% 0%

Musica, shows Dança 75%

Teatro, cinema Outros

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

Com relação aos assuntos mais abordados nos veículos, o gráfico 07 acima demonstra que 75% dos entrevistados revelam que divulgam mais assuntos sobre músicas e shows, e 25% responderam que teatro e cinema são os mais pautados. Ninguém respondeu que dança é um dos assuntos que têm destaques nos meios de comunicação, ou que atraem a atenção do público.

45

Gráfico 08 - Critérios para a apuração das pautas que chegam à redação

0% 8%

0% 9%

Não existem critérios, as que chegam são aproveitadas Levamos em conta se ela é de interesse particular Levamos em conta se ela é de interesse publico

83%

As que são de entretenimento são as mais pautadas Outros

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

No gráfico 08 acima se observa os resultados do questionamento de maior importância desta pesquisa, já que aponta os critérios de apuração das pautas, como elas chegam e seus critérios de noticiabilidade, o que determina a importância de um acontecimento. Mais da metade dos entrevistados afirmaram que se é levado em consideração se a pauta é de interesse público totalizando 83% das respostas, 9% responderam que não existem critérios, e que as que chegam são aproveitadas, enquanto 8% revelaram que as de entretenimento são as mais pautadas, ninguém respondeu que as de interesse particular se encaixava nos critérios para apuração de divulgação das notícias culturais.

46

Gráfico 09: Gênero do jornalismo cultural mais comum no veículo 0% 0% 0% 0% 8%

17% Comentário

25%

Crítica Resenha Nota Reportagem 50%

notícia Entrevista Ensaio

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

No gráfico 09 acima é apresentado o espaço que cada editor e produtor reservam em seu veículo para a divulgação cultural. Metade respondeu que a reportagem é o mais comum, 25% responderam que a noticia é a que tem mais espaço, 17% disseram que a nota que é mais presente, enquanto que 8% responderam que a entrevista é a mais comum, nenhum entrevistado respondeu que a Critica tem espaço em seu veiculo, o que para Gomes (2009) a Crítica faz uma análise ampla e fundamentada de produto ou evento cultural. Resenha, Comentário e Ensaio também não obtiveram respostas.

47

Gráfico 10 - Gênero do jornalismo cultural mais importante no veiculo 0% 0% 0% 0% 0% 17% Comentário Crítica 50%

Resenha Nota

33%

Reportagem Notícia Entrevista Ensaio

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

O gráfico 10 acima afere a importância de cada gênero do jornalismo cultural, assim como no anterior (gráfico 09) para os editores e produtores a reportagem é o gênero mais importante, assim como o mais divulgado nos veículos de comunicação de Santarém. 33% apostam nas divulgações das notícias , pois acreditam que ela é a mais importante, 17% responderam que é entrevista. Ninguém respondeu que comentário, crítica, resenha, nota ou ensaio são os mais importantes nos veículos.

48

Gráfico 11 - Opinião sobre a pratica da publicação de releases enviados

25%

34% Comum Não faz diferença Aprovo. É mais prático

33%

8%

Não aprovo Outros

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

O gráfico 11 acima analisa a opinião dos editores e produtores quanto à publicação de releases enviados, e conforme pode ser visto no gráfico 34% dos entrevistados responderam que acham normal a prática dos jornalistas republicarem os releases que chegam à redação, 33% aprovam a prática de publicar, 25% não aprovam o ato de republicarem e 8% responderam que não faz diferença.

49

Gráfico 12: O veículo recebe convites para divulgar pautas culturais 0%

Sim Não

100%

FONTE: Elaboração da autora com base nos questionários, 2016.

Os dados do gráfico 12 acima como podem ser observados revelam que segundo os editores e produtores entrevistados, todos de alguma forma, recebem convites para que divulguem notícias culturais.

50

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho de conclusão de curso pretendeu-se identificar como o Jornalismo Cultural vem sendo pautado e divulgado, assim como os gêneros mais utilizados, os temas mais abordados e se houve desenvolvimento durante os anos na propagação nos meios de comunicação de Santarém, seja no impresso, online, televisão ou rádio. Para este trabalho utilizou-se técnicas de pesquisa como o levantamento material bibliográfico, entrevistas abertas e fechadas com editores e produtores dos veículos locais. A metodologia de estudo aplicada é a análise de conteúdo qualitativa com aspectos quantitativos. Durante o processo de levantamento do referencial teórico, compreendeu-se que entre os gêneros opinativos do jornalismo, a crítica é uma base importante para o jornalismo cultural, pois ela é um gênero que faz uma análise mais ampla e fundamentada de produto ou evento cultural. No entanto, observou-se que este importante gênero não tem espaço nos veículos de comunicação da cidade. Nota-se a superficialidade das notícias, as informações divulgadas sobre cultura são apenas pre-releases com informações básicas, nas redações não ousam analisar, nem fazer comentários sobre o conteúdo. Pôde-se observar que o público colabora com os meios de comunicação com mais de quatro pautas por semana, ou seja, os veículos têm motivação por parte da população, porém, observa-se que, muitas vezes as informações são divulgadas mesmo sem ter qualidade informativa, ou relevância, mas apenas por que o veículo recebeu o convite. Também notou-se que os rádios e impressos divulgam apenas uma noticia cultural por semana, mesmo que receba mais que isso, e que na maioria das redações só se é trabalhado com as pautas enviadas, ou seja, não há produção de conteúdo espontâneo no campo do jornalismo cultural nas redações. Outro ponto é que se pôde observar é que os meios de comunicação não estimulam o público a ter opinião e a explorar os assuntos culturais. O que costumase fazer é preencher o espaço destinado ao jornalismo cultural apenas com divulgação de baixa qualidade, que consiste em expor principalmente apresentações musicais e shows. Com isso, observa-se que a produção jornalística voltada para o jornalismo cultural em Santarém ainda tem muito que crescer, precisa que nas redações

51

busquem mais sobre jornalismo cultural e não fiquem apenas na zona de conforto reproduzindo releases. Vale ressaltar que de acordo com os resultados da aplicação dos questionários, alguns dos entrevistados responderam que focam em produzir informações de entretenimento e lazer, que são características da indústria cultural e o sistema capitalista, porém, a maioria respondeu que, o maior critério para apurar, é se as pautas são de interesse público. O resultado da pesquisa confirmou as impressões que já existiam antes da realização do trabalho. Como o fato que não buscam notícias culturais, se limitando às informações que chegam às redações. Percebe-se que assuntos sobre cultura são inexplorados, cabe ressaltar que a maioria dos entrevistados responderam que é normal a publicação de releases que chegam às redações, pois é mais prático. Deste modo, percebe-se que não ocorre a apuração das notícias dos releases, apenas se reproduz, e esse foi um dos questionamentos levantados que levaram a esta pesquisa. É fato que uma das grandes dificuldades de se reproduzir está na perda de qualidade das produções dos veículos de comunicação e estes estão fadados a mesmice de reprodução de conteúdos, assim, deixando o público apenas com as notícias preconcebidas. O Jornalismo Cultural vai além da divulgação dos produtos culturais, da literatura, pintura, escultura, teatro, cinema, música, arquitetura ele abrange o comportamento e cultura popular. É necessário que a cultura em Santarém seja discutida de maneira mais constante e crítica, e que o jornalismo cultural seja tratado com mais abrangência, para que assim, haja a compreensão da palavra cultura, sua dimensão antropológica e clássica, divulgar a cultura erudita, a cultura de massa e a cultura popular, precisa-se criar e produzir.

52

REFERÊNCIAS ADORNO, Theodor W. Os Pensadores: Adorno. Textos escolhidos. Consultoria: Paulo Eduardo Arantes. disponível em: http://charlezine.com.br/wpcontent/uploads/2012/10/48-Adorno-Cole%C3%A7%C3%A3o-Os-Pensadores1996.pdf, Nova Cultural. São Paulo, p. 6- 12. 1996. Acesso em: 07 de agosto 2016. ALBUQUERQUE, Andréa K. Oficina Jornalismo Cultural. Disponível em: . Acesso em: 05 de abril de 2016. AMORIM, Antonia Terezinha dos Santos. A arte e a cultura santarena na atualidade. Santarém: uma síntese histórica. Canoas; Ed. Ulbra, 1999, p. 243250. Disponível em:. Acesso em: 29 maio 2016. ANTONIO, José Carlos. Uso pedagógico do GoogleDocs, Professor Digital, SBO, 08 fev. 2010. Disponível em: . Acesso em: 14 de outubro 2016. ARRUDA, José Jobson de Andrade Cultura histórica: territórios e temporalidades historiográficas. Revista Saeculum, João Pessoa, n. 16, jan/jun 2007, p. 2531.. Acesso em 05 de setembro de 2016. AYALA, Marcos. AYALA, Maria Ignez Novais. Cultura popular no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2003. BARRIO, Angel-B. Espina. Manual de Antropologia Cultural. Editora Massangana, 2005. . Acesso em: 11 de agosto 2016. CAMPOS, Gustavo. Entrevista cedida à pesquisadora sobre o jornalismo cultural nas pautas dos meios de comunicação em Santarém. Santarém-Pará, 15 de Outubro de 2016. CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas. 4ª ed. São Paulo: Edusp, p. 255-281. 2011. CANTO, Pe. Sidney Augusto. Nasce Uma Paróquia. Programa da Festa de Nossa Senhora da Conceição, Santarém; p. 12-13, Dez. 2007.

53

CAUNE, Jean. As relações entre cultura e comunicação: núcleo epistêmico e forma simbólica. Disponível em: . Acesso em 08 de agosto 2016. DUARTE, Rodrigo. Teoria Crítica da Indústria Cultural. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. . Acesso em 20 de agosto 2016. ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Os estudos culturais. 1998. Disponível em: . Acesso em: 10 junho 2016. FONSECA, Wilson. Meu Baú Mocorongo. Vol 5. Belém: Secult/Seduc, p.13111344. 2006. ______. Meu Baú Mocorongo. Vol 2. Belém: Secult/Seduc. p.491-498, 593. 2006. FONSECA, Wilde Dias da. Santarém: momentos históricos. Instituto Cultural Boanerges Sena. Santarém, 2015. GOMES, Fabio. Jornalismo Cultural. Brasileirinho Produções: 2009. Disponível em: . Acesso em: 06 abril 2016. HALL, Stuart. Da diáspora: identidades Horizonte:UFMG, p. 123-148. 2003.

e

mediações

culturais.

Belo

HERINGER, Benedita Hirene de França; COSTA, Claudimery; REIS, Érika Cristina de Paula. Google Docs: uma ferramenta estratégica para a Comunicação Organizacional. Revista de Administração da Fatea, v. 9, n. 9, p. 72-83, ago./dez., 2014. Disponível em: Acesso em: 14 de outubro 2016. HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W.. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. p. 57-79. 1947. Disponível em: . Acesso em: 10 agosto 2016. ______. Teoria da cultura de massa. 6ª ed. In Comentários e seleção de Luiz Costa Lima. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas. São Paulo: Paz e Terra, p. 169-214. 2000. JAMESON, Fredric. Sobre os "Estudos De Cultura". Disponível em: . Acesso em: 15 julho 2016. JORGE, Thaïs de Mendonça. Manual do Foca: guia de sobrevivência para jornalistas. São Paulo: Contexto, 2008.

54

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 24ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. LIMA, Karla. Entrevista cedida à pesquisadora sobre o jornalismo cultural nas pautas dos meios de comunicação em Santarém. Santarém-Pará, 15 de Outubro de 2016. MARIANI, Riccardo. A cidade moderna entre a história e a cultura. São Paulo: Nobel, p. 1-17.1986. MELO, Monique de. Entrevista cedida à pesquisadora sobre o jornalismo cultural nas pautas dos meios de comunicação em Santarém. Santarém-Pará, 15 de Outubro de 2016. MIRANDA, Mozarth Dias de Almeida. A Pauta Jornalística Se Adapta Aos Novos Tempos Da Televisão Brasileira. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. Disponível em: Acesso em 2 outubro 2016. PINTO, Virgílio Noya. Comunicação e cultura brasileira. 5ª ed. São Paulo: Ática, 2003. PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. 4º ed. São Paulo: Contexto, 2013. SANTAELLA, Lúcia. Culturas e Artes do Pós-Humano: Da cultura das mídias à cibercultura. disponível em: Acesso em: 10 maio 2016. ______. Comunicação e pesquisa. São Paulo: Hacker editores, 2001. SANTOS, Eugênio dos. Comunicação e Cultura: Uma abordagem. 2004, p. 957963. Disponível em: . Acesso em: 29 de agosto 2016. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 16ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2003. SANTOS, Marcos. Entrevista cedida à pesquisadora sobre o jornalismo cultural nas pautas dos meios de comunicação em Santarém. Santarém-Pará, 15 de Outubro de 2016. SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Cultura histórica e cultura escolar: diálogos a partir da educação histórica. Disponível em: . Acesso em 28 de setembro 2016.

55

SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. A cultura histórica em representações sobre territorialidades. Revista Saeculum, João Pessoa, n. 16, jan/jun 2007, p. 33-46. . Acesso em 05 de setembro 2016. STUMPF, Ida Regina C. Pesquisa bibliográfica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, p. 51-65. 2005. WEFFORT, Francisco; SOUZA, Márcio (orgs). Um olhar sobre a cultura brasileira. Rio de Janeiro: Associação de amigos da FUNARTE, 1998. VARGAS, Herom. Reflexão sobre o jornalismo cultural contemporâneo. Disponível em: Acesso em: 05 abril 2016. VASCONCELOS, Pablo. Entrevista cedida à pesquisadora sobre o jornalismo cultural nas pautas dos meios de comunicação em Santarém. Santarém-Pará, 15 de Outubro de 2016.

56

APÊNDICE

57

APÊNDICE A – Questionário - Editores e produtores de rádio, TV, online, impresso

Prezado senhor (a) O questionário a seguir é parte de pesquisa que está sendo desenvolvida pela aluna Suzane Lima, intitulada “O jornalismo cultural na pauta dos meios de comunicação de Santarém”, orientado pelo Prof. Paulo Lima. Esta pesquisa tem como objetivo pesquisar sobre as formas de pauta, apuração e divulgação das notícias de cunho cultural nos meios de comunicação de Santarém. O resultado servirá de base para a elaboração do Trabalho Acadêmico Orientado, requisito para a conclusão do Curso de Bacharel em Comunicação Social/ Jornalismo do Instituto Esperança de Ensino Superior – Iespes. Se solicitado, será garantido o seu anonimato e a participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou prejuízos de qualquer natureza. Sua colaboração é importante e, desde já, meus sinceros agradecimentos.

1. Seu veículo de comunicação divulga a pauta cultural? ( ) Sim. ( ) Não.

2. Como chegam pautas de cunho cultural à redação? ( ) Por email ( ) Por telefone. ( ) Mensagens (sms ou whatsapp). ( ) Outros.

3. Com que frequência é produzido material cultural na redação? ( ( ( (

) Diariamente. ) Duas vezes por semana. ) Três vezes na semana. ) Uma vez na semana.

4. Quantas pautas chegam por semana na redação? ( ) Uma.

58

( ) Duas. ( ) Três. ( ) Mais de quatro. 5. Pra você, qual o objetivo do jornalismo cultural? ( ( ( ( (

) Informar. ) Opinar. ) Anunciar. ) Vender. ) Outros.

6. Que notícias culturais atraem mais a atenção do seu público? ( ( ( ( (

) Pintura, escultura, fotografia. ) Dança (moderna e clássica), carnaval. ) Música (de todos os gêneros), shows. ) Teatro, cinema. ) Visitas a museus e monumentos.

7. No seu veículo, quais são os temas culturais mais abordados? ( ) Musica, shows. ( ) Dança. ( ) Teatro, cinema. ( ) Outros.

8. Existem critérios para a apuração das pautas que chegam à redação? ( ( ( ( (

) Não existem critérios, as que chegam são aproveitadas. ) Levamos em conta se ela é de interesse particular. ) Levamos em conta se ela é de interesse público. ) As que são de entretenimento são as mais pautadas. ) Outros.

9. ( ( ( ( ( ( ( (

Qual o gênero do jornalismo cultural abaixo é o mais comum em seu veículo? ) Comentário. ) Crítica. ) Resenha. ) Nota. ) Reportagem. ) Notícia. ) Entrevista. ) Ensaio.

59

10. Qual o gênero do jornalismo cultural abaixo é o mais importante em seu veiculo? ( ) Comentário. ( ) Crítica. ( ) Resenha. ( ) Nota. ( ) Reportagem. ( ) Notícia. ( ) Entrevista. ( ) Ensaio. 11. O que você acha sobre a pratica da publicação de releases enviados? ( ) Comum. ( ) Não faz diferença. ( ) Aprovo. É mais prático. ( ) Não aprovo. ( ) Outros.

12. O veículo para o qual você trabalha recebe convites para que sejam divulgadas pautas culturais? ( ) Não. ( ) Sim 13. Como você vê a crítica cultural nos jornais local?

14. Em sua opinião, qual a importância dos meios de comunicação para a cultura? 15. Qual a sua opinião sobre o desenvolvimento do jornalismo cultural em Santarém nos últimos anos, notou diferença de qualidade nas publicações?

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.