O Mosteiro da Serra do Pilar no Renascimento: encruzilhada de saberes e sinal de mudança / The Monastery of Serra do Pilar in the Renaissance: crossroads of knowledge and sign of change

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL RENEU: NEW RENAISSANCE IN EUROPE 24 MARÇO, 2015, CASA DAS ARTES, PORTO

O Mosteiro da Serra do Pilar no Renascimento: encruzilhada de saberes e sinal de mudança / The Monastery of Serra do Pilar in the Renaissance: crossroads of knowledge and sign of change Susana Abreu O Mosteiro da Serra do Pilar foi fundado num período de profunda reflexão de Portugal sobre o seu panorama político interno, a sua dimensão religiosa e cultural na Europa, e a sua missão no mundo. A sua arquitectura invulgar é reflexo de todas estas tensões: nasce de um programa político e económico complexo traçado para o reino pelo seu patrono D. João III; alça-se como estandarte de mudança no panorama religioso e espiritual da pré-Reforma da Igreja pelo seu fundador Fr. Brás de Barros; afirma-se como símbolo de uma mundividência que aspira a ser verdadeiramente universal – dir-se-ia até mesmo cosmológica – por mão dos seus arquitectos. Nestas múltiplas vertentes, o Mosteiro da Serra do Pilar manifesta-se como verdadeira encruzilhada de saberes que, ao tempo do Renascimento, coabitam na Europa em vários dos seus lugares: os programas políticos ibéricos; a espiritualidade norte-europeia; a arquitectura all’antica experimental da península italiana. A todo este legado se foi buscar inspiração para as formas construídas portuguesas, assim o tornando património comum: à prática da arquitectura “falante” espanhola, cheia de impressiva retórica; à mística norte-europeia de Hendrik Herp e ao movimento da Devotio Moderna; aos tratados de arquitectura, sobretudo do arquitecto e ingenaio toscano Francesco di Giorgio Martini, entre outros. Ao falar-se do Mosteiro da Serra do Pilar como encruzilhada de saberes e sinal de mudança pretende-se assim dar conta do papel pioneiro desta obra em Portugal, mas também, e sobretudo, da sua expressão arquitectónica singular no âmbito da coabitação e inter-penetração de ideias no seio da Europa do Renascimento.