“O Museu na Colônia, a Colônia no Museu”.

October 6, 2017 | Autor: Ticiane Pinto Garcia | Categoria: Museum Education, História, Imigração
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Bolsista de PROBEC de extensão no Museu Etnográfico da Colônia Maciel
Laboratório de Antropologia e Arqueologia da Ufpel.
"O Museu na Colônia, a Colônia no Museu".
Ticiane Pinto Garcia.
Universidade Federal de Pelotas.
[email protected]

Resumo: O presente trabalho baseia-se na construção metodológica do projeto de educação patrimonial aplicado no Museu etnográfico da Colônia Maciel. O projeto de Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia Maciel foi elaborado visando atender alunos da própria comunidade da Vila Maciel. A escolha deste público se deve ao fato de fazer com que os alunos sintam-se pertencentes ao museu. A escolha deste grupo para participação na programação deste ano veio da percepção da própria equipe do museu junto à comunidade de que o museu sendo um anseio dos próprios moradores vinha sendo "esquecido" pelas novas gerações. Necessitando assim de uma motivação para resignificação de seu próprio patrimônio, que em tal lugar é salvaguardado.
As atividades propostas pelo projeto serão desenvolvidas ao longo de quatro encontros, nos quais serão trabalhados os pressupostos básicos da Educação Patrimonial, observação, registro, exploração e apropriação, tendo uma carga horária de 8h/aula, divididos em quatro encontros, sendo encontros semanais.
O investimento em educação voltada ao reconhecimento do patrimônio cultural de uma comunidade constrói um conjunto de significados para o estudante, que proporciona um entendimento pessoal do espaço onde vive (e mesmo do mundo), de caráter concreto e ordenador de seu pensamento e comportamento. Além de ser uma ferramenta para a construção de sua própria cidadania, ressaltando que a cidadania não deve ser apenas construída dentro dos espaços escolares, mas sim no dia-a-dia e na própria comunidade.



Palavras chave: História, Museu,Escola, Colônia Maciel.


"The Museum in Cologne, Cologne at the Museum".

Abstract: This work is based on the methodological construction of patrimonial education project implemented in the ethnographic museum of Cologne Maciel. The Heritage Education Project Ethnographic Museum Cologne Maciel was prepared to meet students of the community of Vila Maciel. The choice of this public is because to make the students feel like they belong to the museum. The choice of this group to participate in this year's program came from the perception of the museum's own staff next to the museum is a longing of the residents themselves had been "forgotten" by the new generations community. And need a motivation to reframe their own property, that in such a place is safeguarded.
The activities proposed by the project will be developed over four sessions, which will be worked out the basic assumptions of heritage education, observation, recording, exploitation and empowerment, a workload of 8 hours / class, divided in four and weekly meetings.
Investment in education focused on the recognition of the cultural heritage of a community builds a set of meanings for the student who provides a personal understanding of the space where they live (and even the world), concrete character and originator of their thinking and behavior. Besides being a tool for the construction of their own citizenship, noting that citizenship should not only be built within the school premises, but in day-to-day and in the community.

Keywords: History, Museum, School, Cologne Maciel.


"El museo en Colonia, Colonia en el Museo".

Resumen: Este artículo se basa en la construcción metodológica del proyecto de educación herencia implementado en el museo etnográfico de Colonia Maciel. La educación del patrimonio Proyecto Museo Etnográfico Colonia Maciel estaba preparado para conocer a estudiantes de la comunidad de Vila Maciel. La elección de este público se debe a que los estudiantes sientan que pertenecen al museo. La elección de este grupo para participar en el programa de este año vino de la percepción del propio personal del museo al lado del museo es un anhelo de los propios residentes habían sido "olvidados" por la nueva comunidad generaciones. Y necesita una motivación para replantear su propiedad, que en tal lugar está salvaguardada.
Las actividades propuestas por el proyecto se desarrollará en cuatro sesiones, que se resolverán los supuestos básicos de la educación del patrimonio, la observación, la grabación, la explotación y el empoderamiento, una carga de trabajo de 8 horas / clase, dividido en cuatro encuentros, y reuniones semanales.
La inversión en la educación centrada en el reconocimiento del patrimonio cultural de una comunidad construye un conjunto de significados para el estudiante que proporciona una comprensión personal del espacio donde vive (e incluso del mundo), el carácter concreto y creador de su pensamiento y comportamiento. Además de ser una herramienta para la construcción de su propia ciudadanía, y señaló que la ciudadanía no sólo debe ser construido dentro de las instalaciones de la escuela, pero en el día a día y en la comunidad.



Palabras clave: Historia, Museo, Escuela, Colonia Maciel.


Introdução

O Museu Etnográfico da Colônia Maciel – tendo como temática as memórias dos descendentes dos imigrantes de fala italiana que colonizaram aquela porção rural do município de Pelotas – foi implantado em 2006, com o apoio da equipe técnica, vinculada ao Instituto de Ciências Humanas da UFPEL, constituída pela Profa. Esp. Andréa Molina Barbosa, historiadora especializada em Memória, e pelos estudantes de graduação de História, Daniel Peter Victoria, Catherine Henrique Mendes, Graciela Fonseca da Silveira, Cristiano Gehrke, Marco Antônio Collares, assim como pelos estudantes do curso de Geografia, Marcelo Panis e Jóice Konrad. A coordenação do projeto esteve sob a incumbência dos historiadores e arqueólogos Dr. Fábio Vergara Cerqueira e Esp. Luciana Peixoto.
O museu é fruto de um projeto de pesquisa, desenvolvido no período de abril de 2000 a maio de 2002. O Laboratório de Antropologia e Arqueologia (LEPAARQ/UFPEL) realizou o projeto de pesquisa denominado "Recuperação e Preservação da Memória Histórica da Comunidade Italiana Pelotense". O projeto desenvolveu-se como um termo aditivo ao convênio de Integração e Cooperação celebrado entre a Universidade Federal de Pelotas e a Sociedade Italiana Pelotense, sob orientação do Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira e colaboração do Sr. Tomas Lucia, presidente da referida sociedade. O objetivo do projeto foi rememorar, estimular a memória histórica da formação e da trajetória da comunidade italiana pelotense, brm como estimular a identidade dos atuais moradores da Vila Maciel como pertencentes a tal descendência étnica.
O projeto, na época, contou com atividades de pesquisa bibliográfica, história oral, pesquisa documental, organização e ampliação de acervo documental, identificação de cultura material, bem como produção de acervo fotográfico. Como resultados deste projeto foram elaborados três catálogos documentais: de fontes orais, de fontes iconográficas (majoritariamente fotográficas) e de cultura material. A elaboração desses catálogos permitiu a identificação de um grande acervo documental sob a guarda da comunidade, composto de objetos, fotos e impressos antigos, além de valiosos documentos, tais como passaportes; somam-se a estes os depoimentos orais coletados durante a pesquisa realizada pelo LEPAARQ.
A Vila Maciel está localizada no 8o distrito de Pelotas (Rincão da Cruz), a aproximadamente quarenta quilômetros do centro urbano, com acesso pela BR 392 em direção ao município de Canguçu. Segundo dados do IBGE, do censo de 1996 (os relatórios do censo de 2000 e 2010 não foram utilizados, pois não continham informações específicas sobre a Vila Maciel), a colônia italiana contava com uma população de 869 habitantes, divididos entre a área urbana e rural. O número de residências era de 287 e o de imóveis comerciais era de 20. Na área urbana da Vila Maciel, estavam localizados, na época em que iniciamos a pesquisa, a sub-prefeitura do distrito, um posto de saúde, uma escola municipal e um posto da Brigada Militar. Passados alguns anos, este cenário está um pouco modificado: onde estava a Brigada Militar, hoje está o posto do correio e a reserva técnica do museu; onde estava a sub-prefeitura, após um curto período de utilização pela escola, encontra-se o prédio reformado para instalação do museu. A colônia conta ainda com uma rádio comunitária, sob a coordenação do Padre Luiz Armindo Capone, vinculada à Paróquia de Sant'Anna..
A escolha desta colônia como núcleo central de desenvolvimento da pesquisa baseou-se em dois critérios:
a) foi identificada como a mais representativa da presença italiana na região de Pelotas (ANJOS, 1995);
b) apesar de ter sido implantada oficialmente pelo Governo Imperial em 1885, jamais foi reconhecida como tal pela historiografia, causando, assim, um descontentamento para a comunidade italiana, organizada na Sociedade Italiana Pelotense (SIP), que deseja o reconhecimento histórico da Colônia Maciel como a 5ª Colônia Italiana do RS.
Na historiografia do Rio Grande do Sul, a região sul do estado é caracterizada como um grande núcleo étnico "luso-afro-brasileiro", em contraposição à região serrana do nordeste do estado e à região central do planalto, caracterizadas como grandes núcleos étnicos "ítalo-germânicos". Essa acepção geral não corresponde à realidade, uma vez que existe uma grande concentração de descendentes de imigrantes europeus na zona rural localizada entre os municípios de Pelotas, São Lourenço e Canguçu. Estas imigrações para a Zona Sul do Estado encontram ainda certa invisibilidade na historiografia oficial sobre o assunto. Este fato prejudica a auto-estima destas comunidades.
Na região colonial de Pelotas, existe a particularidade da presença de uma variedade de etnias: italiana, alemã, pomerana e francesa. Nessa medida, o museu se justifica pela necessidade de apresentar a importância da imigração italiana na zona rural de Pelotas. Outros museus se fariam necessários, como centros de preservação da memória dos outros grupos étnicos, inclusive procurando abordar a memória das etnias que ocuparam aquela região precedentemente à chegada dos imigrantes europeus, nomeadamente os indígenas e os negros aquilombados na Serra dos Tapes.
A comunidade da Colônia Maciel alimentava, desde os inícios da década de 1990, o desejo de organizar um museu étnico com a intenção de preservar a memória de seus ancestrais. Em virtude disso, encontramos na comunidade um espírito de colaboração com nosso projeto museológico, de modo que as famílias se dispuseram a doar o acervo sob sua guarda para o futuro museu da Colônia.
No ano de 2003, o projeto de criação do Museu Etnográfico da Colônia Maciel foi apresentado à Consulta Popular, realizada na Assembléia do Conselho Regional de Desenvolvimento da Zona Sul (COREDE-SUL), no mês de julho, obtendo significativa votação que o elencou entre as prioridades da área cultural para os investimentos do Governo do Estado na região sul. A orientação geral do projeto seguia as diretrizes abaixo:
Preservar a memória histórica da comunidade italiana pelotense.
Instaurar um museu com finalidades culturais e educativas.
Colaborar com o desenvolvimento econômico, ao estimular o turismo cultural.
Desenvolver projetos de educação patrimonial e ambiental.

Entre suas metas, ressaltavam-se os seguintes objetivos:
Elaboração de projeto museológico, implementando sistema documental.
Implantação de procedimentos adequados de guarda do acervo, envolvendo conservação, consolidação e acondicionamento.
A restauração de objetos, salvo casos de urgência, não estava prevista para o primeiro ano de atividade do museu, muito embora a organização do acervo incluísse a identificação das condições de conservação e, portanto o apontamento das peças que demandem restauração.
Captação de recursos na comunidade e no empresariado para estabelecimento da sede definitiva.
Desenvolvimento de projetos educativos, com direta interação com a Escola Municipal Garibaldi, além do conjunto da rede de ensino pelotense.
Estimulo do turismo cultural na região, ao divulgar intensamente, entre as agências turísticas, a existência do Museu e ao integrar a visita do museu a roteiros turísticos ecológicos e culturais.
Produção de material gráfico, de duas ordens: material de divulgação do museu para fins de atração turística (para distribuição em secretarias e agências de turismo) e material explicativo para ser distribuído aos visitantes (mapas, catálogo do acervo, etc.).
O projeto tinha como meta a inauguração no segundo semestre de 2004, o que não se tornou viável, dado o atraso de mais de um ano para a liberação dos recursos previstos para o orçamento de 2004, os quais efetivamente foram disponibilizados ao projeto tão-somente em final de abril de 2005. Outro fator que atrasou a execução do projeto foi a dificuldade encontrada no ano de 2004, junto à Secretaria Municipal de Educação, para negociar a cedência do prédio, empecilho que alcançamos superar a partir da nova administração municipal instaurada em 2005, quando encontramos um Secretário Municipal de Educação sensível e perspicaz para compreender o alcance do nosso projeto museológico para a Vila Maciel. Foi fundamental e indispensável a colaboração do Sr. João Casarin, que cedeu uma espaçosa área de um prédio anexo à sua residência, onde os objetos doados eram guardados, enquanto o prédio do museu passava pela reforma, no ano de 2005.
Foi agendada, então, para o dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, a cerimônia de entrega do prédio à UFPEL, com o fim específico de albergar o Museu Etnográfico da Colônia Maciel. A cerimônia contou com a participação de várias autoridades locais, vinculadas à administração da UFPEL e à Prefeitura Municipal, estando presentes o Prefeito, Bernardo de Souza, o Vice-Prefeito, Adolfo Fetter Júnior, a Secretária Municipal de Cultura, Beatriz Araújo, o Secretário Municipal de Educação, Prof. João Manoel Peil, o Secretário de Desenvolvimento Rural, Lélio Robe, entre outras autoridades municipais, assim como o Vice-Reitor, Prof. Telmo Pagana Xavier, o Pró-Reitor de Extensão e Cultura, Prof. Vitor Hugo Manske, e o Diretor do Museu de Arte Leopoldo Gottuzzo, Prof. Wilson Miranda, coordenador da 7ª Região Museológica do Sistema Estadual de Museus. O Secretário Estadual de Cultura, Roque Jacoby, não podendo comparecer à cerimônia por incompatibilidade de agenda, foi à colônia poucas semanas depois, para visitar o prédio destinado ao museu, oportunidade em que, na rádio comunitária, dirigiu a palavra à comunidade ítalo-descendente da Maciel.
Na comunidade, foi estruturada uma importante rede de apoio ao nosso trabalho, credenciada pela confiança que nossa equipe construiu quanto à seriedade, idoneidade e regularidade de nosso trabalho. Toda a equipe foi sempre instruída pela coordenação quanto aos cuidados necessários para estabelecimento de uma relação positiva com a comunidade, o que passa sobretudo pelo respeito para com a mesma e responsabilidade e profissionalismo nos compromissos assumidos. Alguns indivíduos da comunidade exerceram um importante papel para legitimar nossa presença na colônia, garantindo a boa receptividade à equipe técnica nas visitas realizadas diretamente nas casas das famílias dos descendentes diretos dos imigrantes italianos estabelecidos na Colônia Maciel na década de 80 do século XIX. Podemos afirmar que esta relação com a comunidade é a condição necessária de possibilidade para o sucesso do projeto.

Justificativa para o projeto:

O acervo do Museu é formado por objetos, fotografias e depoimentos colhidos junto aos moradores da comunidade local, e está dividido em três grandes coleções. A partir da pesquisa realizada junto ao acervo, a expografia foi pensada de maneira a estabelecer um diálogo triangular entre estas coleções. Com base em eixos temáticos, como Chegada, Trabalho, Casa, Educação, Lazer e Religião, as diferentes fontes se comunicam, traduzindo a história de cada um dos objetos e ao mesmo tempo a história da comunidade.
As entrevistas realizadas com os moradores da região (fontes orais), as fotografias e documentos (fontes visuais) e os objetos de uso cotidiano, como louças, ferramentas, brinquedos, etc. (fontes materiais) que constituem o acervo do Museu, são fontes inesgotáveis para a pesquisa e para o desenvolvimento de ações educativas museais. Como exemplo de ação museal, citamos diversas exposições temporárias realizadas ao longo dos últimos anos, em especial nos três últimos as exposições "Em nome de Deus: Religiosidade na Colônia Maciel" (2012), "A memória pelos trilhos do trem: a construção da linha férrea Canguçu-Pelotas – 1940 - 1962" (2013) e "Dall Italia Noi Siamo Partiti: 130 anos da Colônia Italiana em Pelotas" (2014).
O Museu Etnográfico da Colônia Maciel está se tornando parte viva da comunidade local, na medida em que possibilita aos seus freqüentadores, membros da comunidade, a recuperação da sua identidade ítalo-brasileira e o fortalecimento de sua memória coletiva. Além disso, ele potencializa o turismo rural da região, pois além de divulgar a memória, divulga também a paisagem colonial, proporcionando, dessa forma, ganhos econômicos para os ítalo-descendentes que vivem da produção familiar. O museu faz parte do Circuito de Museus (Museu Etnográfico da Colônia Maciel, Museu Grupelli e Museu da Colônia Francesa), rota esta que tem como principal objetivo divulgar a história da região colonial de Pelotas, inserida na Serra dos Tapes.
A realização deste Projeto de Educação Patrimonial tem como principal justificativa a necessidade de ampliar as ações do Museu no campo da educação, fazendo com que ele deixe de ser apenas um espaço de memória, para tornar-se um instrumento de socialização, onde esta memória contribua para o conhecimento e para o entendimento da sociedade atual e das transformações históricas que a produziram.



Objetivos:

Aproximar a comunidade estudantil do Museu e qualificar estas visitas, fazendo com que os alunos compreendam o que é um museu, para que ele serve e por que preservar estes objetos.
Possibilitar que os alunos e seus pais conheçam um pouco da história da colônia de Pelotas, que tanto contribuiu para o desenvolvimento sócio econômico-cultural da região.
Promover a auto-estima da comunidade, bem como divulgar a memória social local e o Circuito de Museus.
Colaborar com o desenvolvimento sustentável da região colonial por meio do estímulo à preservação patrimonial (cultural e ambiental) e do fomento ao turismo cultural, de vertente rural.

Metodologia:

O projeto de Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia Maciel foi elaborado visando atender alunos da própria comunidade da Vila Maciel. A escolha deste público se deve ao fato de fazer com que os alunos se sintam pertencentes ao museu.
As atividades propostas pelo projeto serão desenvolvidas ao longo de quatro encontros, nos quais serão trabalhados os pressupostos básicos da Educação Patrimonial, observação, registro, exploração e apropriação, tendo uma carga horária de 8h/aula, divididos em quatro encontros, sendo encontros semanais.
A partir da aceitação da proposta pelas escolas, são agendados os encontros que se desenvolverão conforme descrito abaixo:

I Encontro:
O primeiro encontro será realizado nas dependências da escola, com as turmas que participarão do projeto. Este encontro deverá ser acompanhado pelo professor de História das turmas em questão. Havendo interesse outros professores, mesmo que de outras áreas, poderão participar do Projeto, visto que várias disciplinas podem inserir os conteúdos da Educação Patrimonial às suas atividades, além de engrandecer os resultados do projeto.
O primeiro encontro está dividido em cinco momentos:
1ª – a equipe do Museu se apresentará aos alunos e fará um breve relato sobre o Museu, sua localização, seu acervo e sobre o projeto do qual eles irão participar, explicando a metodologia de trabalho;
2ª – A equipe do Museu apresentará um Power Point, no qual estarão elencados os conceitos de patrimônio, cultura, identidade, patrimônio cultural e memória.
3º - após a apresentação os alunos deverão resolver a questão número 1 da folha, sobre os conceitos trabalhados anteriormente e em seguida apresentarão suas respostas.
4º - a equipe do Museu fará breves comentários sobre as respostas dadas e esclarecerá as dúvidas. Os alunos então deverão responder a questão nº 2 da folha que trata-se de os alunos reconhecerem os diferentes tipos de patrimônio.
5º - Por último, será entregue aos alunos um questionário, o que eles deverão responder em casa e, além do questionário, os alunos deverão entrevistar pessoas sobre algum dos seguintes temas: Chegada, Trabalho (Tecnologia), Casa (hábitos alimentares, estrutura arquitetônica, atividades domésticas) Lazer, Educação e Religião.
Carga Horária: 2h/aula

II Encontro:
O segundo encontro será realizado nas dependências da escola e está dividido da seguinte maneira:
1º - Recebimento dos questionários realizados pelos alunos. O questionário que será entregue pelos alunos é de extrema importância para que a equipe do museu possa continuar desenvolvendo as atividades, na qual será feita uma breve análise com os alunos sobre as informações colhidas.
2º - Os alunos deverão sentar em duplas, e farão um breve compartilhamento das informações contidas nas entrevistas realizadas e deverão elencar pontos comuns ou divergentes. Logo após, farão uma pequena redação que contenha essas informações.
3º - No último momento, os alunos serão divididos em 6 grupos para a próxima etapa do projeto.
Carga Horária: 2h/aula

III Encontro
O terceiro encontro será realizado nas dependências do museu, e está divido em:
1º - Logo que os alunos chegarem ao museu, a equipe fará uma breve apresentação dos diversos tipos de acervo pertencentes ao Museu.
2º - Cada grupo, através dos temas eixos - Chegada, Trabalho, Casa, Educação, Lazer e Religião – deverá remontar a exposição do Museu, levando em conta os dados colhidos nas entrevistas.
3º - Após, os alunos deverão fazer registros de como ficou a expografia do museu seja através do uso de fotografias ou de blocos de anotações.
4º - Por último, os alunos apresentarão os motivos que levaram a escolher os objetos e montar de tal maneira a expografia.
Carga Horária: 2h/aula

IV Encontro
O quarto encontro será realizado na escola e contará com os seguintes momentos:
1º - Os alunos deverão confeccionar cartazes sobre a atividade realizada no III Encontro, mostrando como o museu ficou após a intervenção dos alunos.
2º - Após a confecção dos cartazes, os alunos deverão fixar no hall de entrada da escola, para que os demais membros da comunidade escolar possam ver os resultados do projeto.
3º Em um segundo momento deste encontro, os alunos e professores deverão fazer uma avaliação (parecer descritivo) sobre o projeto de Educação Patrimonial.
Carga Horária: 2h/aula
Resultados Esperados:

O investimento em educação voltada ao reconhecimento do patrimônio cultural de uma comunidade constrói um conjunto de significados para o estudante, que proporciona um entendimento pessoal do espaço onde vive (e mesmo do mundo), de caráter concreto e ordenador de seu pensamento e comportamento. Além de ser uma ferramenta para a construção de sua própria cidadania, ressaltando que a cidadania não deve ser apenas construída dentro dos espaços escolares, mas sim no dia-a-dia e na própria comunidade.
Desta forma, a educação patrimonial pode subsidiar novas interpretações em relação ao futuro da comunidade, em que o patrimônio acumulado ao longo de muitas gerações pode ser requalificado, e capaz de ser repassado às gerações futuras. A Educação Patrimonial é entendida aqui, de acordo com Evelina Grunberg (2000), como um trabalho permanente de envolvimento de variados segmentos que compõem a comunidade, visando à preservação dos marcos e manifestações culturais e, principalmente, ao fortalecimento da auto-estima das comunidades pelo reconhecimento e valorização de sua cultura e seus produtos, objetivando a promoção de uma mudança positiva de percepção da realidade cotidiana.
A educação patrimonial se utiliza dos lugares e suportes da memória (museus, monumentos, arquivos, bibliotecas, conjuntos históricos, vestígios arqueológicos, etc.), no processo ensino-aprendizagem, a fim de desenvolver a sensibilidade e a percepção dos educandos e dos cidadãos, para a importância da preservação desses bens culturais, que fazem parte da memória coletiva e da paisagem cultural. O conhecimento adquirido e a apropriação dos bens culturais por parte da comunidade constituem fatores indispensáveis no processo de conservação integral, e/ou preservação sustentável do patrimônio local (SOUZA FILHO, 1999).
A valorização do patrimônio local faz com que se formem cidadãos mais conscientes de seu papel, e os estimule a transformar a sua realidade, aumentando a sua auto-estima, no sentido individual, e consequentemente do lugar onde vivem no sentido coletivo. Portanto, em última instância, estaria a serviço do bem-estar (ZORZI, 2010).
O Projeto de Educação Patrimonial do Museu Etnográfico da Colônia Maciel, de caráter inclusivo, buscará estimular a valorização de bens patrimoniais, memórias e identidades culturais. Espera-se que Projeto contribua para a construção progressiva de um processo contínuo e sustentável de Educação Patrimonial, na medida em que procurará difundir a prática da cidadania cultural através da escola.
O Projeto busca ampliar a inserção do tema preservação patrimonial na prática pedagógica dos educadores, e no cotidiano escolar das redes municipal, estadual e privada da cidade de Pelotas. Considera-se que a Educação Patrimonial é importante para que as pessoas compreendam o próprio universo sociocultural, enquanto possuidores de uma historicidade, elevando a auto-estima, exaltando saberes e fazeres, e fortalecendo a identidade cultural local.
A educação patrimonial, ao mesmo tempo em que deve estimular o conhecimento e valorização dos testemunhos culturais e identitários das comunidades locais, deve também encetar nelas o sentimento de tolerância para a diversidade cultural, a sensibilidade para admirar a cultura dos outros povos, de outras regiões e outras épocas, cujos registros culturais expressam a riqueza da cultura humana (CERQUEIRA, 2008).
Há que se considerar ainda que a educação patrimonial pode exercer um importante papel no desenvolvimento regional, tanto do ponto de vista social – pois valoriza as identidades dos diferentes grupos que compõem a sociedade, estimulando sua auto-estima social – quanto econômico – revertendo-se em importante impacto sobre o desenvolvimento de turismo com enfoque no patrimônio. Um programa pode vir a alimentar assim o turismo, que emerge como possibilidade para a sustentabilidade, de forma integrada, da preservação das diferentes manifestações do patrimônio cultural e ambiental (ZORZI, 2010).


Conclusão
A intenção a cada nova visita é oportunizar que o imigrante venha a se aproximar de seu passado através dos objetos doados pelas próprias famílias, que têm como ascendentes comuns os fundadores do núcleo colonial. Os objetos assinalam e confirmam o compartilhamento de uma origem comum, de um passado comum, que dá sustentação à identidade de grupo estruturada na italianidade. Assim, ele, o visitante, adulto, jovem ou criança, se vê como parte de tal história, reforçando, e mesmo moldando, seus sentimentos de identidade.
Através da metodologia e das discussões feitas durante o levantamento de material para a elaboração deste trabalho é possível concluir que o Museu Etnográfico da Colônia Maciel, além de ser um local que "preserva e divulga" a cultura dos imigrantes italianos na zona rural de Pelotas, também exerce um papel na comunidade de fortalecimento da identidade dos moradores e de pertencimento a uma cultura.
Vemos como um dos maiores resultados deste projeto, a constituição de um local de preservação dos costumes e da memória dos imigrantes e seus descendentes. Um "lugar de memória", na feliz expressão de Pierra Nora (1984).

Referências Bibliográficas

CERQUEIRA, Fábio Vergara. Educação Patrimonial nas escolas: por que e como? In: Educação Patrimonial: perspectivas multidisciplinares. Fábio Vergara Cerqueira, et. al. Pelotas, RS: Instituto de Memória e Patrimônio e Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL, Pelotas: Editora da UFPEL, 2008, 100p.

GRUNBERG, Evelina. Manual de atividades praticas de educação patrimonial. Brasília, DF: IPHAN,2007

GRUNBERG, Evelina. Educação Patrimonial: Utilização dos bens culturais como recursos educacionais. In.: Cadernos do CEOM, Chapecó: Argos, n.12, p 159–180, 2000.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Grumberg, Evelina. MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999

SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e proteção jurídica. 2 ed., Porto Alegre: Unidade Editorial,1999

ZORZI, 2010. Relatório

PEIXOTO, Luciana da Silva. Memória da imigração italiana em Pelotas / RS.
Colônia Maciel: lembranças, imagens e coisas. Pelotas: Monografia de Conclusão do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Pelotas, 2003.

CERQUEIRA, F. V; PEIXOTO L.S. Museu e Identidade Ítalo-descendente na Serra dos dos Tapes, Pelotas/RS: o projeto do Museu Etnográfico da Colônia Maciel. Métis (UCS), v. 07, p. 115-137, 2008.

POLLAK, Michel. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, Vol. 5, n.10, 1992, p.200-212.

CURY, Marília Xavier. Os usos que o público faz do museu: a (re)significação da cultura material e do museu. Musas - Revista Brasileira de Museus e Museologia, Rio de Janeiro, vol. 1, n.1, p. 87-106, 2004.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A problemática da identidade cultural nos museus; de objetivo (de ação) a objeto (de conhecimento). Anais do Museu Paulista: história e cultura material, São Paulo. n.sér. n.1, p.207-222, 1993.

CANDAU, Joel. Memoria e Identidad. Buenos Aires: Ediciones Del Sol, 2008.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. In: Projeto História. São Paulo, nº 10, p. 7-28, dez. 1993.















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