O panorama do Investimento em Portugal // The Investment Picture of Portugal - 1995-2015

May 29, 2017 | Autor: M. Mattos Chaves ... | Categoria: Finance, European Studies, Economics, Development Economics, International Economics, Public Finance, Financial Economics, International Relations, Political Economy, International Relations Theory, European integration, International Studies, International Business, International Development, International Trade, Economic Growth, International Political Economy, Financial management, Public Budgeting and Finance, Financial Risk Management, European Politics, European Union, Economic Development, Financial Markets, International Finance, European Union Politics, Internet Marketing, MBA finance, Financial Analysis, European Union external relations, Economy, Economia, Economía, Europe, University, Direito da União Europeia, União Europeia, Universidad, Finance and banking, Finanças, Universitas, Relações Internacionais - União Européia, Finanças públicas, Finanças Empresariais, Financial Ratio Analysis, Economic, Pme em portugal e na União Europeia, Public Finance, Financial Economics, International Relations, Political Economy, International Relations Theory, European integration, International Studies, International Business, International Development, International Trade, Economic Growth, International Political Economy, Financial management, Public Budgeting and Finance, Financial Risk Management, European Politics, European Union, Economic Development, Financial Markets, International Finance, European Union Politics, Internet Marketing, MBA finance, Financial Analysis, European Union external relations, Economy, Economia, Economía, Europe, University, Direito da União Europeia, União Europeia, Universidad, Finance and banking, Finanças, Universitas, Relações Internacionais - União Européia, Finanças públicas, Finanças Empresariais, Financial Ratio Analysis, Economic, Pme em portugal e na União Europeia
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Análise
Em todos os Governos os resultados de investimento do 1º ano foram mais altos do que os do último ano do seu mandato

O panorama do Investimento em Portugal

Miguel Mattos Chaves

Nenhum dos partidos governamentais se pode gabar de ter impulsionado o investimento em Portugal de forma consistente e duradoura.
Todos deixaram os números do investimento piores do que os encontraram quando tomaram posse.

Muito se discute se este ou aquele Governo teve melhores, ou piores, indicadores de investimento e de criação de riqueza em Portugal.
Em primeiro lugar, há que separar o investimento público do investimento privado. São duas coisas diferentes, como se sabe, embora a sua soma produza os tais indicadores que são discutidos na "praça pública", a maior parte das vezes com pouca ou nenhuma racionalidade.

O investimento público depende dos Governos e é o único de decisão directa do Executivo. Mas também é sabido que influencia directa ou indirectamente os privados. Cabe assim a cada Governo, desejavelmente, estabelecer os Planos de Investimento público e pô-los em execução.

Na minha opinião, o investimento público devia ser exclusivamente dirigido para campos onde os privados não têm interesse em investir. Quer por se tratar de sectores que muito dificilmente são rentáveis, mas necessários à vida das populações, quer por se tratar de sectores em que o volume de dinheiro necessário é demasiado para interessar os investidores privados, atenta a sua rentabilidade normal.

Neste capítulo, temos assistido em Portugal a que os Governos, ao mesmo tempo que têm feito investimentos úteis à sociedade (infra-estruturas de abastecimento de água, gás, electricidade, comunicações, estradas, caminhos de ferro, etc.), têm também, por motivos apenas de "caça ao voto", desperdiçado dinheiro, pois têm gasto boa parte do mesmo em obras supérfluas, inúteis, que apenas vão sobrecarregar a dívida de todos nós.
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Temos inúmeros exemplos disto, por todo o País: rotundas, fontanários, estátuas em grandes quantidades, obras faraónicas como o CCB e outras bem conhecidas de todos, pavilhões gimnodesportivos em aldeias de 600 habitantes, piscinas aquecidas a esmo (para cujo funcionamento depois não há dinheiro), auto-estradas em excesso, onde ninguém passa por serem caras a quem utiliza ou por não haver mesmo trânsito que as tivesse justificado, escolas onde não há jovens, PPPs, etc., etc.!

Por tudo isto, os impostos, taxas, coimas (algumas delas são impostos disfarçados) são cada vez maiores, o que traz como consequência que os portugueses são (dos países ocidentais) os que têm menos dinheiro para gastar consigo próprios, animando a economia (vide artigo, quantificado e comparativo, que publiquei em anterior edição do nosso semanário).

O investimento privado é, por outro lado, e como é do conhecimento geral, aquele que provém de indivíduos ou empresas privadas, e tem como objectivo saudável o lucro. Este tipo de investimento propicia, para além do desejável lucro, a criação de empregos para as pessoas, o bem-estar psicológico para quem tem emprego, a "construção" de famílias, o bem-estar material das famílias e dos indivíduos, o surgimento de novos negócios para outras empresas (existentes ou a existir), receitas para o Estado e outros benefícios que todos conhecem.

Tal quadro devia ser a preocupação principal da qualquer Governo, de qualquer Partido, de qualquer dirigente eleito, e traduzida em actos concretos.

A população saberia com certeza reconhecer os méritos dos Partidos e dos seus dirigentes se, em nome do interesse dos portugueses, desenvolvessem acções conjuntas nesta matéria. Como assim não tem acontecido, a não ser nos discursos, os Partidos e os seus dirigentes passaram a ter mau nome e má fama junto da maioria dos cidadãos. E com razão, digo eu.

Mas voltemos à discussão existente nos últimos dias, à análise sobre o que temos ouvido, no dia-a-dia das televisões e jornais, e que se poderá traduzir na linguagem comum pela frase – "o meu Governo teve melhores resultados em investimento do que o teu!".

Vamos em seguida verificar se esta asserção é verdadeira ou se tem algum conteúdo.
Comecemos então por comparar o investimento e variações anuais, durante a vigência dos últimos três Governos de Portugal:
- PSD/CDS, o XV e XVI Governos Constitucionais, de Abril de 2002 a Março de 2005, chefiados respectivamente pelo Dr. Durão Barroso e pelo Dr. Pedro Santana Lopes;

- PS, o XVII e XVIII Governos Constitucionais, de Março de 2005 a Junho de 2011, chefiados pelo Engº José Sócrates;

- PSD/CDS, o XIX Governo Constitucional, de Junho de 2011 a 30 de Outubro de 2015, chefiado pelo Dr. Pedro Passos Coelho.

Nota prévia: os anos de sobreposição dos Governos (2002-2005-2011) foram atribuídos igualmente às performances do Governo cessante e do Governo que tomou posse, para a simplificação dos raciocínios e das análises. Dado que o critério foi uniforme e igual para todos, as comparações e análises são válidas, pois estamos a tratar de séries longas.

Se quiserem ir mais fundo, terão que analisar mês a mês de cada Governo.
Os anos de 2002 até 2013 apresentam já os números finais de investimento.

Os números referentes aos anos de 2014 e 2015 são ainda estimados, ou seja, provisórios. A fonte primária, utilizada para a recolha dos dados necessários para este trabalho, foi o INE.
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Vejamos então os resultados:

Governos do PSD/CDS (XV e XVI, de Abril 2002 a Março 2005)
ANO
INVESTIMENTO (MILHÕES DE EUROS)
VARIAÇÃO ANUAL
2002
42.500,4
-3,38%
2003
39.391,3
-7,32%
2004
39.448,1
0,14%
2005
39.485,1
0,09%

Comentário: como se pode verificar, a média de investimento anual, neste período, foi de 40.206,22 milhões de euros.

Estes Governos tiveram performances negativas fortes em 2002 e 2003 (decréscimos acima dos 3% anuais) e um crescimento quase nulo em 2004 e 2005 (abaixo de 1%). Se compararmos o 1º ano (2002) com o último ano em que governaram (2005), temos um decréscimo de -7,09% no investimento.
A média de investimento anual, comparando com a média anual dos quatro anos anteriores (1998-2001), decresceu, cifrando-se em -2.014,62 milhões de €/ano, ou seja um decréscimo de -4,77% no investimento anual.

Este Governo deixou os números do investimento piores do que os encontrou, quando tomou posse.

Governos do PS (XVII e XVIII, de Março 2005 a Junho 2011)
ANO
INVESTIMENTO (MILHÕES DE EUROS)
VARIAÇÃO ANUAL
2005
39.485,1
0,09%
2006
39.151,0
-0,85%
2007
40.365,4
3,10%
2008
40.514,4
0,37%
2009
37.447,3
-7,57%
2010
37.094,9
-0,94%
2011
32.451,8
-12,52%

Comentário: a média de investimento, no período considerado, foi de 38.072,85 milhões de euros por ano.
A tendência de queda manteve-se, embora no ano de 2007 e 2008 tenha havido algum crescimento (acima dos 3% em 2007), apenas face ao ano anterior. Se compararmos o 1º ano (2005) com o último em que governaram, a performance é igualmente negativa em -17,81%.

A média de investimento anual, comparando com a média anual dos anteriores Governos (2002-2005), decresceu, cifrando-se em -2.133,37 milhões de €/ano, ou seja menos 5,31% de investimento por ano.

Este Governo deixou os números do investimento piores do que os encontrou, quando tomou posse.

Governos do PS (XVII e XVIII, de Março 2005 a Junho 2011)
ANO
INVESTIMENTO (MILHÕES DE EUROS)
VARIAÇÃO ANUAL
2011
32.451,8
-12,52%
2012
27.057,7
-16,62%
2013
25.689,8
-5,06%
2014
26.413,7
2,82%
2015
27.504,7
4,13%
(Os valores de 2014 e 2015 são ainda provisórios)

Comentário: a média de investimento anual, no período considerado, foi de 27.823,54 milhões de euros por ano.
A tendência de queda, já verificada na vigência do Governo anterior, manteve-se, embora no ano de 2014 e 2015 (ainda por estimativa) tenha havido algum crescimento (em 2015 - se se confirmar - acima dos 3% - apenas face ao ano anterior).
Se compararmos o 1º ano (2011) com o último em que governaram, a performance é, no entanto, igualmente negativa em menos 15,24%.

A média de investimento anual, comparada com a média anual dos anteriores Governos (2005-2011), decresceu, cifrando-se em -10.249,31 milhões de euros/ano, ou seja, um decréscimo de -26,92% no investimento anual.

Este Governo deixou os números do investimento piores do que os encontrou, quando tomou posse.

Resumindo
Postos os factos, estes são os números que me levam a não perceber, de todo, os discursos a que assistimos no dia-a-dia sobre este capítulo das contas de Portugal, quer por parte do PSD/CDS quer por parte do PS.

Nenhum dos partidos/governos se pode gabar de ter feito o que devia neste campo, isto é, nenhum se pode gabar de ter impulsionado o investimento em Portugal de forma consistente e duradoura. Todos deixaram os números do investimento piores do que os encontraram, quando tomaram posse.

Em todos os Governos os resultados de investimento do 1º ano foram mais altos do que os resultados do investimento do último ano do seu mandato.
Se analisarmos a média de investimento anual, no período desta análise – 2002 a 2015 – este foi de 35.439,45 milhões de euros por ano.

Tendo o PIB médio/anual andado à roda dos 174,5 mil milhões de euros, o investimento teve, também em termos médios, um significado em torno dos 20% do PIB.

É pouco ou é muito? Essa discussão deixo-a para a "gritaria" do dia-a-dia.

Na minha opinião, é pouco para as necessidades de enriquecimento e bem-estar material dos portugueses, em particular, e de Portugal, em geral.

Antes e depois do Euro
Para terminar esta análise, falta ainda analisar o investimento em Portugal antes da entrada em circulação da Moeda Única, o que aconteceu no ano de 2002, como é do conhecimento público.
Vejamos então esses números:

Investimento - Antes da entrada em circulação do Euro em Portugal
ANO
INVESTIMENTO (MILHÕES DE EUROS)
VARIAÇÃO ANUAL
1995
29.406,1

1996
30.911,1
5,12%
1997
35.318,2
14,26%
1998
39.464,7
11,74%
1999
41.863,8
6,08%
2000
43.568,0
4,07%
2001
43.986,9
0,96%

Comentário: a média de investimento anual, no período considerado, foi de 37.788,40 milhões de euros por ano.

Neste período, observou-se uma tendência de crescimento anual, embora a partir do ano de 2000 tenha diminuído drasticamente esse crescimento (para menos de 1% em 2001).

Se compararmos o 1º ano considerado (1995) com o último desta análise (2001), a performance é positiva: + 49,58% de investimento. Ou seja, antes da entrada em vigor da circulação do Euro (1 de Janeiro de 2002), o investimento crescia a taxas superiores a 3% ao ano.

Se este crescimento do investimento era mais à base do investimento público ou se era mais à base do investimento privado, isso seria uma análise interessante, não só para este período, como para todos os subsequentes. De todas as formas, não foi esse o objecto deste trabalho, nem interessa para as conclusões do mesmo.

É evidente que vários factores exógenos contribuíram para este panorama desolador, da pós-entrada em circulação da Moeda Única.

Mas o que é um facto é que pouco ou nada se fez para mudar e inverter esta situação. De forma sustentada, ao longo destes últimos 21 anos nada se fez de profundo, coerente e sustentado de forma a facilitar e a atrair novos investimentos, sobretudo da esfera privada.

Portugal, os dirigentes políticos e os portugueses já deviam saber que, para atrair investimento, pouco ou nada interessam as siglas de cada partido, ou qual é o partido que está no poder. Interessam sim as condições para o atrair.
Como o demonstram vários estudos de sensibilidade, a empresários de todo o mundo, os factores verdadeiramente decisivos de atracção de investimentos, repito, são:

Factores Principais de Atracção do Investimento

1).- A existência de um quadro Fiscal claro, simples e duradouro. Não digo impostos e taxas baixos ou altos sobre as empresas. Claro que isso também ajuda. Digo duradouro, isto é, o quadro fiscal tem que ser imutável por longos anos, e estabelecido de forma clara, transparente e conhecida de quem quer investir.

2).- Uma segunda condição de atracção do investimento é existirem Leis estáveis, claras e duráveis. E, ainda neste campo, que exista uma Justiça organizada e célere, que resolva os conflitos legais no mais curto espaço de tempo.

3).- A terceira condição é, também ela, muito simples: para atrair investidores é necessário que exista um processo de autorização do estabelecimento de empresas muito rápido, simples e muito claro; e que dentro deste factor existam prazos máximos para as entidades públicas se pronunciarem, findo os quais o investimento é automática e irrevogavelmente autorizado a funcionar.

Ainda directamente ligado ao ponto anterior, existe a necessidade absoluta de o processo ser desburocratizado ao máximo, com apenas uma ou duas entidades a intervirem no sentido de facilitarem (e não de complicarem) o processo de investimento e abertura de novas empresas, sejam elas escritórios de serviços, sejam elas fábricas, hotéis, ou outras unidades produtivas e geradoras de emprego.

Nota: Como instrumento facilitador, volto a falar do Banco de Fomento sobre o qual já escrevi por diversas vezes, mas que, por conivência e cumplicidades existentes entre o Poder Político e o Poder Financeiro, ainda não foi restaurado.
É pena.

Em vários países desenvolvidos, como a Alemanha, este banco de apoio a novos investimentos é essencial para a facilitação do aparecimento dos mesmos, e para a sua concretização.
Em Portugal já existiu. Mas foi destruído.
Porquê?


Até quando, Senhores Governantes e Senhores Dirigentes dos Partidos da Oposição?

Por fim, uma pergunta ainda mais directa: querem fazer parte da solução para o País, ou querem continuar a fazer parte do problema?

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Director do semanário "O Diabo"
Gestor de Empresas
Doutorado em Estudos Europeus
Auditor de Defesa Nacional

E-Mail: [email protected]
Blogue: http://mattoschaves.blogspot.com/
Linkedin: https://pt.linkedin.com/in/miguelmattoschaves
Academia: https://independent.academia.edu/MiguelMattosChaves
Site: https://sites.google.com/site/miguelmattoschaves/







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