O PAPEL DA MÍDIA NOS PROJETOS SOCIAIS

August 15, 2017 | Autor: Deisy Boroviec | Categoria: Media Studies, New Media, Mídia, Projetos voluntários
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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CENTRAL DE CURSOS DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CURSO DE MBA EM GESTÃO DE PROJETOS E PROGRAMAS SOCIAIS

Deisy Boroviec

O PAPEL DA MÍDIA NOS PROJETOS SOCIAIS

Mato Grosso 2014

DEISY BOROVIEC

O PAPEL DA MÍDIA NOS PROJETOS SOCIAIS

Trabalho de Conclusão de curso apresentado como requisito para aprovação no curso de pósgraduação Lato Sensu, do Curso de MBA em Gestão de Projetos e Programas Sociais, da Universidade Estácio de Sá, sob orientação da professora Mirlene Simões Severo.

CUIABÁ – MT 2014 Gestão de Projetos e Programas Sociais

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Deisy Boroviec O papel da mídia nos projetos sociais Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Gestão de Projetos e Programas Sociais.

Aprovada em, 16 de agosto de 2014.

Examinadora _____________________________________________ Professora Mirlene Simões Severo

NOTA FINAL:

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RESUMO O trabalho começa levantando situações sociais que ao longo do desenvolvimento deste artigo vão sendo destrinchadas. A formação e a informação da sociedade que cresce com poucas fontes, formando uma massa que acredita nos formadores de opinião, sem que haja reflexão sobre a cidadania ou a falta de políticas públicas que atendam a mesma. A opinião pública elaborada pela mídia e a responsabilidade individual do jornalista na cobertura dos movimentos sociais que resultam em políticas públicas, e esta segunda sendo relatada pela mídia de acordo com os interesses dos donos de veículos de comunicação, que representa a classe dominante. Este artigo é o retrato do desenrolar dos tempos chegados ao ano de 2014. Daqui pra frente, muita coisa vai mudar porque onde há vida, o movimento do pensamento é constante. Palavras-chave: movimentos sociais, projetos sociais, inclusão, políticas públicas e opinião pública.

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ABSTRACT Work begins raising social situations that throughout the development of this article will be destrinchadas. The training and information that grows with few supplies company, forming a mass that believes in trendsetters, without reflection on citizenship or lack of public policies that address the same. Public opinion drawn up by the media and the individual responsibility of the journalist in the coverage of social movements that result in public policies, and the second being reported by the media in accordance with the interests of the owners of the media, which is the ruling class. This article is the picture of the progress of time entrants to the year 2014. Going forward, much will change because where there is life, the movement of thought is constant. Keywords: social movements, social projects, inclusion, public policy and public opinion.

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Sumário Introdução……pg 01 Desenvolvimento……pg 03 Conclusão……pg 13 Referências Bibliográficas e Anexos……pg 14

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Agradeço aos meus pais, em primeiro lugar, Antônio Boroviec e Elizabeth Macuglia que sempre acreditaram no meu esforço pessoal. Agradeço ao meu filho, Pedro Boroviec Carvalho Pinto, e ao meu marido, Luiz Otávio Carvalho Pinto, por ceder meu tempo precioso, que deixei de dispensar a eles, e estive mergulhada em estudos para conquistar mais um (de)grau na minha vida profissional. Agradeço aos jornalistas Najla Passos, Luzimar Collares e Anselmo Pinto pela confiança e colaboração, bem como ao produtor de projetos culturais Clovis Matos. Também agradeço aos professores da Educação à Distância e à Universidade que me proporcionaram esta oportunidade, bem como à minha orientadora, a professora Mirlene Simões Severo.

“No Brasil, é notória a hostilidade contra programas públicos de combate à pobreza por parte da mídia e da chamada opinião pública, que, na realidade, expressa a posição da classe média-alta, numericamente minoritária, mas poderosa como grupo social.” (Walquiria Leão Rego)

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Introdução Tenho perguntado nas redes sociais quem é a Elite Branca? Quem é a classe média brasileira? Quem são os oprimidos? A quem os defensores da atual presidente Dilma Roussef, e até mesmo do partido dela, o Partido dos Trabalhadores (PT), tem levantado bandeiras? Quanto mais leio, principalmente as redes sociais, mais desconexo é o meu entendimento porque há desrespeito interpessoal, independente do credo religioso, político ou mesmo situação socioeconômica. Parece-me que há uma grande guerra armada a quem tenha opinião contrária, seja lá qual for. Dentro de um cenário novo que é a internet interligando “pensadores” do mundo todo, há muita gente assustada achando que estamos em tempos apocalípticos. Isso minha avó já temia com o advento da televisão, quando lá do outro lado do planeta havia acontecido uma catástrofe, ou mesmo dentro do Brasil. Agora vivemos na “Era da Informação” errada, enganosa, séria, perfeita, seja como for, ela chega até nós por um click: qualquer cidadão pode ser o autor de um texto que corre todos os continentes em diferentes idiomas, bem como pode ser receptor da mensagem. “A internet revolucionou a comunicação global” (MAGNO, Arthur. TDEx/Goiânia 2010)

A miséria humana foi desnudada pela informação grátis, ou pelo menos pensamos que é de graça. Mas como os profissionais da Comunicação tem acompanhado os movimentos sociais? Porque são eles que mudaram o mundo anunciando as boas novas e divulgando a desgraça alheia. No Brasil, início do século XX, os europeus chegaram com muita disposição para o trabalho, numa terra nova e cheia de oportunidades. As pressões populares, que chegaram com a força do outro lado do Atlântico, levaram Getúlio Vargas a instituir o voto feminino, o salário mínimo, a Justiça do Trabalho. Mas isso foi divulgado naquela época como ato heroico de um presidente. “As mobilizações dos movimentos sociais atuais tornaram-se uma forma de acompanhamento das políticas e representam uma mudança em relação ao passado quando as ações coletivas nasciam em face da exclusão e não responsabilização do Estado” (GOHN, Maria da Glória e Breno M. Bringel (orgs). 2014, pg 31)

Lembro-me até dos meus livros escolares sobre o assunto. Os movimentos sociais eram vistos do ângulo do poder dominante, o que mudou pouco. E foi assim, que inclusive nós jornalistas da década de 1990, que estudamos em escolas públicas aprendemos a ver a força do trabalho e o quanto a desobediência é algo ruim, e isso se aprende em casa. Quando veiculamos uma informação, ela é carregada do que conhecemos sobre o mundo. A imparcialidade básica é ouvir os dois lados sempre! Mas a condução de uma história depende muito do autor. Este artigo não pretende julgar gerações de profissionais ou mesmo mostrar a verdade de quem o escreve, até mesmo porque ainda me pergunto sobre qual é a verdade? Mas o texto pretende mostrar que a agenda setting é feita de acordo com a experiência de cada pessoa. O gatekeeper da informação é um ser humano e não espere dele a perfeição porque quem está aqui (neste mundo), está para aprender alguma coisa, o que muitas vezes acontece pouco. E o que percebo é que existem boas pessoas que tentam

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acertar com paciência enquanto há outras que vão pela truculência. Na minha visão: Ghandi e Stalin quiseram acertar, cada um do seu jeito. Eu acho mais inteligente o jeito do primeiro.

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Desenvolvimento “O jornalismo, enquanto instituição central das democracias, possui uma responsabilidade diferenciada nos esforços para a proteção, promoção e garantia dos direitos humanos – e, logo, é peça chave no complexo quebracabeças que vincula distintos caminhos rumo a patamares mais consistentes de desenvolvimento humano, inclusivo e sustentável” (CANELA, Guilherme (org). 2008)

A compilação de textos sobre as políticas Públicas Sociais e os desafios para o Jornalismo concentrada no livro, acima citado, mostra a crítica de profissionais da Comunicação em relação à cobertura jornalística dos projetos sociais, com foco na Infância. Mas é um dos poucos livros, encontrados na literatura brasileira, que tem uma reflexão sobre o assunto. Aqui coloco minha visão sobre o tema abordado, que como já havia dito, é controverso por natureza por se tratar de questões humanas. E principalmente porque os veículos de Comunicação são empresas, que em sua maioria vive de verbas publicitárias do Poder Público ou dos amigos deste. O jornalista diz o que é de interesse do “patrão” com certa autonomia, desde que corrobore com o Editorial do veículo em que trabalha, isso é um relato de minha experiência empírica de 20 anos na profissão. Mas voltemos à questão da cobertura sobre os projetos sociais que tem a responsabilidade e o poder de mudar gerações: “Estamos sustentando a ideia de que a mídia noticiosa tradicional pode e deve desempenhar um papel central nos processos de desenvolvimento das nações” (CANELA, Guilherme (org). 2008)

No ano de 2013 me deparei com uma pesquisa, que se tornou livro, intitulado “Vozes do bolsa família”. Até então, tudo que eu sabia sobre o assunto era de textos oficiais e oficiosos pelas redes sociais, o segundo carregado de muito preconceito. Não tive dúvida e comprei o livro porque o título me chamou muita atenção. A pesquisa relembra as migrações rurais para as cidades e a pobreza concentrada nas periferias e favelas das grandes cidades. Fala da falta de conhecimento da vida cotidiana dos desempregados, e dos marginalizados pela sociedade, bem como dos seus sofrimentos específicos e das suas visões de mundo. O trabalho é de dois pesquisadores, a primeira brasileira e o segundo italiano, que mora no Brasil. Eles mostram a preocupação em cair na armadilha da crença absoluta na verdade de tais resultados. Mas conseguem fazer um texto que pode ser lido e compreendido por qualquer pessoa que não tenha conhecimentos específicos em Ciências Sociais. Isso é bom. Com a pesquisa podemos perceber o quanto a falta de informação gera preconceitos incoerentes sobre o projeto, já que, principalmente nas redes sociais, os que são beneficiários do programa são tratados como pessoas que não tem vontade de trabalhar, querem receber do governo para ficar em casa sem ter responsabilidade alguma com a comunidade e com a própria família. “Sua estereotipagem como vagabundos configurou talvez um dos fenômenos mais brutais da sociedade brasileira, tão nefasto e cruel como aquele criado

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durante a escravatura, pelo qual o negro escravo era estigmatizado como preguiçoso, leniente, lascivo e que portanto só trabalharia sob a coerção mais absoluta, ou seja, sob a violência física mais brutal, despedaçando-se sob a ferocidade do látego capataz” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013)

Ao conhecer a pesquisa reconhecemos que vivemos num país periférico e que só acredita na força de trabalho e igualdade sociais, sem perceber que os diferentes têm que ser tratados de forma diferente. Aliás, sem perceber o sofrimento alheio. “É como se a chamada opinião pública, articulada na mídia e coincidente de modo geral com a classe média, não vivesse no mesmo país que nossos pobres, ainda que vivam frequentemente lado a lado” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 157)

Fiz a conexão com trabalhadores rurais do sul do país que vieram à Mato Grosso no início da década de 1970 para “integrar para não entregar”. São sulistas, na sua maioria de sangue proletário italiano, que veio com vontade de vencer na vida e muitos conseguiram. Mesmo os que não conseguiram pensam que o Bolsa Família (BF) é uma esmola do governo pra quem não quer trabalhar. Então perguntei a uma imigrante, que como a maioria é de origem pobre e com muitos irmãos que fugiu da fome do sul do Brasil para desbravar a Amazônia: Se sua mãe tivesse o bolsa família, ao invés de ter passado anos catando raiz será que você não poderia ser uma advogada, uma engenheira, uma médica etc? Ainda coloquei: meus pais que aqui chegaram também no mesmo período, se a mãe deles tivesse tido oportunidade de dar escola e comida aos filhos, será que eles não teriam chegado à Universidade e seriam hoje profissionais liberais ou até ficariam para cultivar a terra no Sul?! “Os marginalizados eram indivíduos errantes, sem escolaridade” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 14)

É uma questão que levantei, claro sem nenhuma certeza da resposta, mas a pesquisa de Walquíria Rego e de Alessandro Pinzani me deu uma pista para a resposta da minha indagação, pois, a mulheres entrevistas, que recebem o BF são obrigadas a manterem seus filhos na escola, mas o melhor: todas fazem questão dos filhos terem a oportunidade de estudar, o que elas não tiveram. Eu acredito que quem tem informação tem poder! Sim, poder de escolha. Pois, olhar por um único ângulo não lhe dá alternativa ou mesmo discernimento sobre o assunto. Principalmente no caso das mulheres. “Uma mulher pode se tornar uma neurocirurgiã, mas permanecer sofrendo maus tratos na vida privada” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013)

O BF libertou a mulher da “ditadura da miséria” e do controle masculino porque é ela que decide o destino do recurso financeiro que chega em seu nome. E a pesquisa mostra que as mulheres investem no conforto da moradia, no cuidado com os filhos, e principalmente, reiterando, na Educação que elas não puderam ter. No que diz respeito à formação da força de trabalho, a qual elas estão distantes, por mal saberem falar a língua pátria e até mesmo por ter pleno entendimento, ainda que não consigam expressar, de que estão fora do Mercado de

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Trabalho; elas se esforçam para ver outra “imagem” dos filhos, diferente do forma como se veem. “O indivíduo forma uma imagem de si por meio da interiorização da imagem dele elaborada por outras pessoas significativas” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 68)

A pesquisa relê a tradição intelectual de não tratar os desorganizados e destituídos de voz: os invisíveis. É uma investigação sobre os efeitos políticos e morais nada secundários, como dizem os próprios pesquisadores, sobre os usuários do Bolsa Família. Foram cinco anos de viagens e interpretações da realidade encontrada com entrevistas abertas e fundamentalmente qualitativas, para conhecer as mudanças ocorridas na vida das pessoas abordadas pela pesquisa. O resultado observado do BF é o empoderamento das mulheres que puderam tomar decisões de ordem moral, como separações conjugais e a aquisição de mais respeitabilidade na vida local. Outra percepção, óbvia ululante, é de que os pobres da zona rural têm problemas diferentes dos que moram na zona urbana, até porque quem mora longe das cidades, tem menos acesso, ou nem o tem, aos serviços públicos. E ainda completo: há diferenças socioculturais nos diferentes pontos cardeais do Brasil. A pesquisa também debate as funções sociais reservadas ao dinheiro, observando o poder de decisão que este tem na vida em sociedade, ou seja, o dinheiro como importante instrumento de autonomia individual. “...passaram a ser sujeitos de relativo empoderamento realizado por meio desse dispositivo de transferência direta de renda” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 19)

Para entender o assunto, basta se colocar no lugar desempregados: o que seria da sua vida sem uma renda mensal garantida?!

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“Distribuir renda monetária aos indivíduos visa precisamente emancipa-los não somente da miséria ou da pobreza, mas também de um ambiente social que pode ser causa ulterior de sofrimento” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 71)

E o que mais me chamou atenção no desenvolvimento deste artigo é como aqueles que vieram de famílias pobres e sofridas não conseguem se enxergar no sofrimento alheio. Tomo como base os eleitos pelo povo mato-grossense nas últimas quatro campanhas. Não só na capital, bem como no interior do Estado. Não citarei nomes, basta verificar as notícias veiculadas na mídia nos últimos três meses, todos os dias e que mostram as investigações e prisões por desvio do dinheiro público, que deveria ser destinado a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos como um todo e só melhorou a vida dos eleitos pelo povo. Nem vou comentar a esfera Federal, que não se mostra diferente. Aqueles que conquistaram o eleitor justamente por deixar claro o quanto conheciam o sofrimento de estar longe de políticas públicas, que deveriam dar melhores condições de vida aos cidadãos, foram os que mais se esqueceram disso durante o mandato, que deveria ser voltado à comunidade. Tudo porque também são frutos de uma sociedade que acredita, ou é levada a acreditar, que todos os brasileiros têm oportunidades iguais e não conseguem elaborar uma reflexão

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própria, que não seja a da opinião pública formada por canais de comunicação que têm como donos a classe dominante. Aquela que chegou em 1500 ao Brasil para levar a melhor parte da riqueza do país. Os pobres não precisam de oportunidades já que os eleitos vieram da pobreza, assim como jogadores de futebol e outros grandes empresários que venceram o sistema velado de castas no Brasil. É assim que demonstram que pensam quem de deveria criar as políticas públicas e os donos da imprensa, formadora da opinião pública, que comandam o país. “No Brasil, é notória a hostilidade contra programas públicos de combate à pobreza por parte da mídia e da chamada opinião pública, que, na realidade, expressa a posição da classe média-alta, numericamente minoritária, mas poderosa como grupo social.” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 148)

A geração que está à frente do Legislativo e do Executivo é a mesma que cresceu na escola pública da Ditatura Militar. Os eleitos pelo povo não precisaram estudar tanto para conhecer as Ciências Sociais, quanto para conquistar a simpatia popular ou até mesmo conhecer as Leis que regem o país, mesmo que estejam à frente de cria-las. Assim como os evangélicos brasileiros conhecem somente a verdade que o pastor criou pra eles dentro daquela igreja específica, sem lhes dar o direito de conhecer como foi construída a igreja Católica, por uma junção oportuna dos Romanos que uniram no mesmo livro sagrado a história do povo Judeu à história do povo Cristão, e muito menos ouviram falar de Martinho Lutero o verdadeiro protestante que “abriu os olhos” do mundo; nossos governantes chegam ao Poder muitas vezes sem conhecer o Dever do cargo que ocupará: é o voto direto. Isso porque eles vêm da massa, assim como os jornalistas, salvo raras exceções que dão continuidade aos estudos para entender melhor seu papel na sociedade, porque a Escola atual pouco dá a noção de Cidadania. Mas este é um assunto para outro artigo, voltemos aos projetos sociais. Falei sobre o pensamento em massa construído por formadores de opinião para mostrar o quanto é difícil refletir sem informações necessárias, sem formação e informação adequadas. Por isso na introdução eu pergunto quem é a classe média brasileira e quem é a Elite, pois, no andar da carruagem as abóboras se encaixaram. Quem veio da pobreza não consegue mais enxerga-la, ou não quer, com o conhecimento empírico. E até mesmo quem está nela não consegue sair do Sistema porque é tudo que conhece na vida ou mesmo a forma como se ganha a mesma. Direitos e Deveres se misturam, os movimentos sociais ficam desconexos pois é necessário a adesão da massa que fontes de informação e formação limitadas. Nesse contexto, há um desrespeito entre as pessoas que convivem no mesmo espaço, sem que consigam seguir um caminho linear, apesar da linearidade dos grandes veículos de comunicação. O assunto é humano e controverso. “Bahá‟u‟lláh considera que a pobreza é uma das principais causas de injustiça, no mundo, e que é uma das principais causas de conflitos e de guerra, e que deveria haver uma eliminação, através de métodos não violentos, dos extremos de riqueza e pobreza” (BEUST, Luís Henrique. 2013)

Voltamos ao assunto da introdução: quem somos?! Nós decidimos nossas ações e em que “saco” estamos? Os jornalistas são Elite ou classe média? Eles

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conseguem driblar o poder dominante que os emprega e cobrir melhor os movimentos sociais? De tudo que li sobre o assunto e das conversas informais, nos últimos seis meses, relato que a formação do jornalista é importante, mas a história de vida dele é mais ainda. É no pico da pirâmide está o bom caráter do ser humano que escolhe a profissão. “Os homens não aprenderam ainda a tratar o homem como gostariam de ser tratados” (BEUST, Luis Henrique. 2013)

O conjunto é formado pelos membros da sociedade. A decisão é individual. Reitero: o agenda Setting é editado pelo Gatekeeper. O entendimento comum é claro: há muita diferença socioeconômica e insatisfação de como os serviços públicos funcionam no Brasil. O Produto Interno Bruto (PIB) é não é dos piores, mas a distribuição dele é duvidosa. “No contexto brasileiro, entre tais variáveis, se destacam a parcela assustadoramente grande de pobres entre a população e a imensa disponibilidade de recursos do país. No Brasil, é notória a hostilidade contra programas públicos de combate à pobreza por parte da mídia e da chamada opinião pública, que, na realidade, expressa a posição da classe média-alta, numericamente minoritária, mas poderosa como grupo social. Isso se junta ao fato de o Brasil exibir uma das maiores concentrações de renda do mundo.” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 148)

Para mostrar a importância de cada cidadão na formação de uma sociedade mais justa e organizada é necessário que a imprensa divulgue mais informações e seja até didática. “Há uma percepção, cada vez mais consolidada, de que a mesma imprensa é de primordial importância para também garantir os diferentes elementos que contribuem para o alcance de um Índice de Desenvolvimento Humano mais elevado” (CANELA, Guilherme (org). 2008 – pg 13)

Um fenômeno comunicacional que contribui consideravelmente com a formação da opinião pública brasileira se chama Novela. Não entrarei nesta seara, mas devo citá-la. A grandes matérias jornalísticas comparadas aos documentários são relevantes para orientar a população, que têm principalmente na televisão sua fonte de formação e informação. “Campanhas televisivas podem, por exemplo, contribuir para a melhoria dos índices de saúde, de educação etc” (CANELA, Guilherme (org). 2008 – pg 14)

O rádio também tem seu espaço na formação da opinião pública. Mas o espaço jornalístico é pequeno dentro da programação e quando há entrevistados, são autoridades sociais, ou seja, alguém com mandato eletivo. O que nos faz concluir que é uma visão unilateral. “Uma cobertura qualificada das políticas públicas sociais se apresenta como um elemento diferencial nas interfaces várias entre o exercício do jornalismo e a promoção do desenvolvimento” (CANELA, Guilherme (org). 2008 – pg 14)

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Para melhorar a cobertura dos movimentos sociais, o jornalista deve entender o que são as políticas públicas, como elas podem mudar a sociedade, e principalmente perceber as ideias impositivas do poder dominante. Durante um dos encontros da democratização da informação, chamados de Tedex, uma sigla norteamericana, onde nasceu o projeto de compartilhar informações entre profissionais de diferentes áreas, a comunicadora Sabrina Ritiely falou que a imprensa já foi dos jornalistas e agora é dos donos do poder, mas nunca foi do povo. Ela reconhece a importância do profissional da Comunicação em formar a opinião pública. “O jornalismo teve papel fundamental na formação de opinião, na mudança de postura, e na transformação do nosso povo” (RITIELY, Sabrina.2010)

O jornalista deve se lembrar que apesar de existir um dono da empresa, de haver uma agenda setting, que muitas vezes não é determinada por ele, ele é o gatekeeper da informação. É a insistência em acompanhar o que está dando certo nesta área, bem como esclarecer a importância da população comparecer em audiências públicas. É o também o discernimento de que a cobertura de movimentos sociais pode criar políticas públicas ou destruí-las. Para isso o entendimento inicial é o significado destas duas palavras: políticas públicas. “Uma política pública pode ser definida como qualquer ação dos poderes públicos que seja executada a fim de garantir os mais diferentes direitos de cidadãos e cidadãs, segundo o estabelecido no ordenamento jurídico de um dado país” (CANELA, Guilherme [organizador]. 2008 – pg 19)

O jornalista deve conhecer, no mínimo, a Constituição Federal. Saber sobre os direitos em sanar as necessidades básicas. E principalmente reconhecer que a própria comunidade deve se organizar e participar da construção de políticas públicas, tendo discernimento para realizar movimentos sociais com caminhos planejados e participar ativamente da escolha de projetos sociais que atendam às necessidades de sua comunidade. Voltamos ao ponto: é uma decisão individual que depende da formação e informação de cada indivíduo que convive em sociedade. O respeito ao próximo, ou amor ao próximo como Jesus Cristo ensinou, deve levar o profissional a ouvir mais, falar menos, e prezar pela reflexão da importância do trabalho que irá atingir milhares de cidadãos. "O pobre é, em suma, considerado mero objeto de políticas públicas, não sujeito da política, sujeito político propriamente dito - e isso representa uma forma de perda de autonomia" (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 27)

Durante um projeto social em que cobri, uma das atividades era recuperar a casa de uma pessoa da comunidade. A pintura externa e interna foi uma das ações. Quando a pequena menina que morava na casa viu o quarto colorido, suspirou: não queria esta cor! Para minha surpresa, um dos colaboradores do projeto social replicou: dê graças à Deus que sua casa foi reformada! Ora, pensei, a tinta estava ali, foi doada, poderia ser qualquer cor, custava perguntar aos moradores da casa qual prefeririam. Ou pelo menos usar este momento como aprendizado e na próxima

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casa perguntar qual cor é da preferência do morador. Este fato é verídico e eu o presenciei. “O que nos interessa é antes a advertência de que os críticos sociais podem facilmente assumir uma posição paternalista e achar que conhecem melhor do que os envolvidos a situação que pretendem descrever” (REGO, Walquiria Leão e Alessandro Pinzani. 2013 – pg 28)

Ouvir os interessados nas políticas sociais bem como de quem vai divulga-las. Com o computadores é mais fácil o acesso à informação, verdadeira. A triagem nem sempre é fácil, mas facilmente divulgados de forma oficiosa.

é o papel de quem vai criá-las, advento da rede mundial de reiterando, seja ela enganosa ou os problemas sociais são mais

“O cidadão observa um problema, ele saca seu smartphone e bate uma foto, envia para o twiter ou para o facebook, ou qualquer rede social, ou até mesmo direto para a redação” (MAGNO, Arthur. 2010)

Para o cidadão começar um movimento social basta ganhar simpatizantes nas redes sociais da internet. Para isso vale a habilidade de se comunicar. A jornalista portuguesa, Laurinda Alves, fala do desenvolvimento das competências adquiridas e principalmente da habilidade em se comunicar. Esta, é bem desenvolvida nos países como Inglaterra, França e Alemanha ainda na primeira escola. Ela coloca que não há em Portugal este treinamento, o que deixa os portugueses em desvantagem competitiva no Mercado de Trabalho. Nós vivemos no século da Comunicação, é a Era da Informação, a capacidade de se comunicar é o primeiro passo para se desenvolver na vida. No Tedex português, Laurinda destaca a capacidade de pensar empreendedoramente e de se comunicar sobre o que faz. E isso é importante também para os cidadãos que querem ser atendidos, bem como dos jornalistas que têm o dever de entender e compartilhar a informação obtida, mesmo que com ruídos da falta desta competência adquirida pelo povo. “Há uma grande diferença entre dons, talentos, e competências adquiridas” (ALVES, Laurinda. 2012)

Mas o que dizer de um cidadão que não consegue nem mesmo suprir as necessidades básicas que são: Saúde, Educação e Segurança. O velho ditado é honesto: “saco vazio não para em pé”. “Comê quando, havia o quê” (Morte e Vida Severina - animação 2014)

E esta história escrita há 59 anos é tão atual em 2014. Leitura obrigatória aos responsáveis pela veiculação da informação oficial. “As „novidades‟ convivem com as „continuidades‟, motivo pelo qual os movimentos podem ser sociais que, assim como as identidades, estão em contínua reinvenção” (GOHN, Maria da Glória e Breno M. Bringel (orgs). 2014, pg12)

Conhecer o passado para falar do futuro. É assim que deveria ser, mas é humanamente impossível um jovem ter o conhecimento de uma pessoa que já

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chegou aos quarenta anos de idade. Nas redações é comum estagiários serem os pauteiros (pescadores de informação de interesse público), ou seja, o primeiro passo do agenda setting da notícia. Sem referências empíricas e até mesmo muito novo para ter conhecido os diferentes pontos de uma verdade, o que depende também de sua origem socioeconômica. Com isso, o poder dominante mantém pensamentos simplistas de situações muito sérias que poderiam ser diferentes com a mudança na formação da opinião pública sobre o sofrimento alheio. “Por causa do acesso desigual aos canais de comunicação [...] sujeitos excluídos sofreriam ainda mais que hoje com a falta de meios para constituir campanhas e demonstrações efetivas” (GOHN, Maria da Glória e Breno M. Bringel (orgs). 2014, pg 170)

A frase acima é de Geoffrey Pleyers que colaborou na compilação de Maria da Glória e de Breno Bringel. O texto reflete o que pesquisei em Mato Grosso. Três iniciativas de pessoas que colaboram dentro da sua comunidade, nunca foram divulgadas pela grande imprensa mato-grossense, uma delas apenas uma vez. São movimentos sociais silenciosos organizados por uma minoria que atinge a maioria em sua volta, sem divulgação do trabalho pela mídia local. A primeira história é sobre o Papai Noel de Paranaíta. A cidade fica a 900 quilômetros da capital mato-grossense, tem 10.690 habitantes (fonte: IBGE/2010) e teve o início de sua colonização na década da 1970, como a maioria no Nortão do Estado. A notícia do Eldorado levou milhares de garimpeiros para a região, que neste ano vai ter o rio Teles Pires, o qual divide os estados de Mato Grosso e Pará, inundado pela usina hidrelétrica da Odebrecht. Uma empresa tão rica poderia significar melhorias pra região, assim como aconteceu quando houve a construção de Itaipu no Paraná. Mas só o tempo mostrará os acontecimentos. Por enquanto, há carências de estradas e uma disputa territorial entre os dois Estados. Neste contexto social, o motorista do ônibus escolar da Prefeitura, o qual tombou neste ano cheio de crianças por causa da precariedade das estradas, é o ator de um movimento social silencioso que faz questão de não usar o nome do projeto para política ou mesmo para o comércio local. Há nove anos, o Carlos Adalberto Macuglia criou o que ele chama de um sonho de criança: receber presente do Papai Noel. No vídeo institucional anexado a este trabalho há um depoimento dele sobre o assunto. Ele pede ajuda aos conhecidos para encher a casa de presentes e entrega-los para as crianças pobres no Natal. O assunto é desconhecido em Mato Grosso. “Nunca procurei a mídia.. (risos)...só pra você que pedi um vídeo”, disse Macuglia. Relato que já divulguei o projeto para colegas em Cuiabá. O segundo caso é uma comunidade religiosa, no qual, uma estudante de fisioterapia, que faz faxinas para sustentar os estudos e a família, dispensa seus domingos com crianças de seis aos nove anos, para dar noções de como cuidar do Meio Ambiente, Educação para o Trânsito, e também o ensino religioso. Joelma Elisandra Moreira De Moraes só teve uma matéria publicada sobre ela, a que eu, enquanto assessora de imprensa do Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), solicitei apoio à presidência, que doou Códigos de Trânsito. E para minha surpresa, um agente de trânsito se colocou como voluntário para palestrar no projeto intitulado Aventureiros do bairro CPA, em Cuiabá. “Queria pedir ajuda para fazer mais coisas, mas não sei por onde começar”, disse Joelma.

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A terceira história nasceu dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na capital. Clóvis Matos, produtor cultural, criou um espaço, dentro de uma livraria, para leitura e percebeu que as pessoas gostam de ler, mas poucos têm poder aquisitivo suficiente para comprar livros. Por isso ele montou o projeto para inclusão literária, que ele considera que tem mais características sociais do que culturais. São nove anos de projeto e uma matéria veiculada em rede Estadual (links anexados). “A mídia tem me procurado sim, recebo uns 12 pedidos de entrevista por ano, mas se eu tivesse mais dinheiro, faria mais... tenho projeto pronto”, disse Matos, que tem acesso aos veículos de comunicação em Mato grosso há 30 anos. Ao relatar as três histórias, também entrevistei jornalistas sobre como eles veem a cobertura da mídia aos movimentos sociais e transcrevo abaixo (Control C X Control V) a resposta deles: “A forma como a mídia brasileira cobre os movimentos sociais varia de acordo com a conjuntura política. Mas é sempre negativa para os últimos. Quando comecei a estudar o assunto, há quase 20 anos, achava que isso se devia à desinformação e/ou preconceito dos jornalistas, o que poderia ser mudado como uma maior qualificação dos setores de comunicação dos movimentos. A realidade, porém, comprovou que o problema é muito mais sério. O Brasil tem um dos modelos de mídia mais concentrados do mundo, só equivalente aos das ditaduras mais ferozes. Embora os veículos pareçam muitos, eles estão concentrados nas mãos de poucas famílias, todas elas defensoras dos interesses de uma mesma classe social. Por isso, os movimentos sociais nunca têm vez na imprensa. Ou são solenemente ignorados ou criminalizados e tratados como organizações terroristas. Exemplo clássico é o MST, o maior movimento social do país. Do seu surgimento, em 1984, até Fernando Henrique Cardoso assumir a presidência, em 1994, quase nada se falou sobre o movimento que crescia pelo Brasil inteiro. A Veja, maior revista do país, fez uma única reportagem em 1990, na qual o citava como movimento sem grande representatividade. De 1994 até 2009, entretanto, o MST passou a ser a vítima preferida da mídia, apontado como anacrônico, baderneiro, invasor e terrorista. A mesma Veja, por exemplo, publicou reportagens desfavoráveis ao movimento em quase todas as suas edições da segunda metade da década de 1990. Inclusive, matérias associando os sem-terra a movimentos terroristas internacionais e até mesmo ao PCC. Nenhuma das denúncias jamais foi comprovada. Mas também não foram desmentidas. Sobre o assunto, ver 30 anos de ódio ao MST nas páginas de Veja. Outro exemplo clássico é a cobertura do Movimento Diretas Já, um dos maiores e mais importantes ocorridos no país. A TV Globo, que apoiava a ditadura em troca de investimentos, tentou omitir a existência do movimento social que pedia o fim do regime militar o máximo que pode. A ponta de noticiar um comício pró-Diretas realizado na Praça da Sé, em São Paulo, em janeiro de 1984, como festa de aniversário da cidade. Sobre o assunto, ver mais em Os 30 anos do comício que a Globo transformou em festa.” (Najla Passos, mestra em Linguagem, formada em jornalismo há 19 anos) “Na minha avaliação, os movimentos sociais vêm ganhando espaço na cobertura jornalística a medida que suas reivindicações ganham mais visibilidade, seja em números de pessoas envolvidas seja pelos caminhos escolhidos para mostrar tais cobranças. No caso do veículo em que trabalho, com a ascensão do chamado “jornalismo comunitário” nos últimos anos, a pauta dos telejornais seguramente abriu um espaço maior para representantes de bairros, para ONGs e associações que trabalham pelo fortalecimento da educação pública, da geração de renda, de defesa dos direitos das mulheres, dos negros, dos migrantes etc. Uma meta que se busca nas reuniões de pauta é reduzir o lado

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“oficial” das reportagens (baseado essencialmente nas informações governamentais) e aumentar a participação dos cidadãos comuns e das entidades que os representam.” (Luzimar Collares Caramuru é Jornalista há 20 anos. Editora chefe e apresentadora do Bom Dia Mato Grosso da TV Centro América, afiliada da Rede Globo) “Eu acho que é uma cobertura muito influenciada pela linha editorial da publicação. Os veículos mais conservadores, como Veja, criminalizam alguns movimentos. Outros, ditos progressistas, como Carta Capital, são mais tolerantes. Então, acho que esse é o tipo de assunto cuja cobertura é muito influenciada pela linha editorial do veículo” (Anselmo Carvalho Pinto, editorexecutivo do Diário de Cuiabá, formado em Jornalismo há 18 anos) “O senso comum está talhado para ser contra os movimentos sociais, mas se estudarmos os motivos deles veremos que são defensores, geralmente, de causas importantes, voltadas para o bem estar coletivo. A imprensa geralmente cobre os momentos de conflito, quando a polícia reprime e muitas vezes violentamente. A ideia de que movimentos sociais são cheios de baderneiros é um ENORME equívoco, coisa de quem jamais pisou nesse campo. Um exemplo: o MST é acusado de ser violento e tal, mas pouco se fala da violência que é uma família viver debaixo de um barraco de lona preta, à beira da estrada, com os filhos muitas vezes sem estudar” (Keka Wernek, 20 anos de profissão)

Minha pesquisa aborda dados empíricos e pressupostos teóricos com o uso da Teoria Crítica para revelar tensões e contradições, bem como movimentos silenciosos que não são notícia. Lembro que sou um ser em crescimento intelectual e tenho meu conjunto de aprendizado, diferente de outros, até aqui. Parafraseando Walquiria Leão Rego: “muitas promessas não podem ser cumpridas, devido à própria lógica da sociedade ou do sistema em questão”.

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Conclusão Minha conclusão é corroborada pelo jornalista Gerson Luiz Martins que escreveu sobre “O ensino de jornalismo e a agenda social”, no livro de Canela citado até aqui. “O diploma de grau universitário específico para exercer esta profissão é um imperativo: não se concebe mais a existência de jornalistas fora desta condição” (CANELA, Guilherme (org). 2008)

Não se faz jornalismo pelo simples fato de comunicar bem ou saber falar bem sobre um assunto específico. Para isso temos os “artigos” que expressam a opinião. Para melhorar a cobertura dos movimentos sociais, o mínimo exigido é a formação universitária de jornalismo que começou em 1947 no Brasil. Em 2009 o diploma de jornalismo deixou de ser obrigatório por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Foram 8 votos a favor do fim da obrigatoriedade tendo como relator o ministro mato-grossense Gilmar Mendes. Os grandes veículos e os concursos públicos ainda exigem o diploma para a função. Mas se até aqui falamos da ignorância como grande causa das falhas nas coberturas jornalísticas dos movimentos sociais e dos donos do poder que comandam a imprensa, como um jornalista sem formação mínima pode se livrar do “cabresto” que os patrões colocam. Quem tem informação, tem escolha! A informação e formação pode ser adquirida ao longo da vida com “a velha opinião formada sobre tudo”. É na Universidade que o profissional vai ser instigado a pensar. “Sua „verdade‟ depende do ângulo a partir do qual observa os fatos e dos mimos que receber” (CANELA, Guilherme (org). 2008 – pg 323)

Todos os colegas jornalistas concordaram explicitamente ou implicitamente sobre a linha Editorial a ser seguida numa redação. Eu vivenciei isso dentro de diversos veículos em 20 anos de profissão. Então temos dois pontos: a formação do profissional, pela vida e pela Escola, e como ele vai enfrentar a linha Editoral para quem trabalha. “Como atividade que envolve muitas áreas profissionais, inúmeras disciplinas e diversos campos científicos, o jornalismo deve operar de forma a contribuir para avanços na vida em sociedade. Afinal ele se destaca como ela para que a sociedade conheça seus direitos, conheça a si própria” (CANELA, Guilherme (org). 2008)

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Referências Bibliográficas CANELA, Guilherme (org). Políticas Públicas Sociais e os Desafios para o Jornalismo, Cortez Editora, 2008 GOHN, Maria da Glória e Breno M. Bringel (orgs). Movimentos Sociais na Era Global, Vozes. Anexos:material usado da Internet MAGNO, Arthur. Novos valores, novo jornalismo, https://www.youtube.com/watch?v=-_sf3Lj2yPQ BEUST, Luis Henrique. A fé Bahai, www.universidadefalada.com.br ALVES, Laurinda. O poder da Comunicação neste século, https://www.youtube.com/watch?v=hKP82KiIURA Voluntariado: Como fazer um projeto; https://www.youtube.com/watch?v=ZNuT_QPhT18 Vida Maria, animação: https://www.youtube.com/watch?v=T04jOLlL8EI Matéria do Detran-MT: http://www.detran.mt.gov.br/noticias/3472/detran-mt-doa-ctbs-ao-grupo-dosaventureiros Apropriações - Como a tecnologia fomenta transformações democráticas (2009): http://www.tedxsaopaulo.com.br/ronaldo-lemos/ Morte e Vida Severina, animação: https://www.youtube.com/watch?v=clKnAG2Ygyw Artigo de Marilena Chauí: http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FUma-nova-classetrabalhadora%2F4%2F28062 Vídeos o Papai Noel de Paranaíta: http://www.youtube.com/watch?v=tz2FvqMFPxw&list=UUA7aRQyXtYkn0hv4Lf2IAgw http://www.youtube.com/watch?v=WpA0VKf1Mv8&list=UUA7aRQyXtYkn0hv4Lf2IAg w Material sobre a biblioteca itinerante em mato grosso: Matéria de concurso universitário: https://www.youtube.com/watch?v=v86GJtFV55g Matéria da TV da Universidade Federal de MT: https://www.youtube.com/watch?v=YQKS-jdX4fQ Matéria da Gazeta Digital de Mt: http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/62/materia/391584/t/projetopropoe-inclusao-literaria Vídeo institucional do projeto 01: https://www.facebook.com/photo.php?v=1450118589498&set=vb.1729235915&type =3&theater Institucional feito por universitários da UFMT: https://www.youtube.com/watch?v=Gh1EVfmwoxQ Matéria da TV Centro América, afiliada da Rede Globo em MT: http://g1.globo.com/videos/mato-grosso/bom-dia-mt/t/edicoes/v/empresas-criamambientes-para-leitura-nos-locais-de-trabalho/2784482/

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