O que fazem os homens nos vestiários?

September 3, 2017 | Autor: E. Oliveira Júnior | Categoria: Masculinities, Antropologia Do Corpo
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O QUE FAZEM OS HOMENS NOS VESTIÁRIOS? Trabalho apresentado no V Coloquio de Estudios de Varones y Masculinidades. 14-16 enero 2015, Santiago de Chile

Edyr Batista de Oliveira Júnior1

Resumo O objetivo deste artigo, cuja pesquisa encontra-se em andamento, é refletir sobre a circulação dos corpos em vestiário que servem a alunos de natação de dois diferentes clubes em Belém do Pará, Brasil, e sobre as performances de masculinidades que emergem de tal contexto interacional. Considerando o corpo de forma holística, atento não somente para pernas, abdome, peito e braços, por exemplo, mas, de igual modo, para a relação dos sujeitos com o pênis. Para isso, desde março de 2013 tenho frequentado aulas de natação e exercitado o que Massimo Canevacci (1993) chama de “observação observadora”, que é quando o pesquisador, em campo, atenta para as práticas e comportamentos dos sujeitos de sua investigação e para si próprio durante a interação. Ver-se-á que mais do que um ambiente de passagem, de trocas de roupas, os vestiários são interessantes loci de investigação sobre comportamentos masculinos e, igualmente, de reificação e ressignificação das masculinidades. Palavras-chave: Vestiário, Corpo, Masculinidades, Performance. O QUE FAZEM OS HOMENS NOS VESTIÁRIOS?

Introdução O que fazem os homens nos vestiários? Essa pergunta pode parecer “boba” por se ter em mente uma resposta que soa óbvia. Contudo, mais que um lugar para trocas de roupas, de passagem, os vestiários são espaços de atualizações e ressignificações de práticas, valores e comportamentos de gênero, lugar de vigilâncias e reificação de uma heteronormatividade2. Deste modo, pretendo mostrar, preliminarmente, uma vez que esta é uma pesquisa em andamento, de que maneira os sujeitos masculinos vivenciam o ambiente de os Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA), da Universidade Federal do Pará (UFPA). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Email: [email protected] / [email protected] 2 Segundo Richard Miskolci (2009, p. 156) o termo “heteronormativo” fora usado, em 1991, por Michael Warner e “[...] expressa as expectativas, as demandas e as obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da sociedade [...]”. Ou seja, “[...] diz respeito às práticas orientadas pelo modo de viver e pensar o heterossexual [...] determinando o que deve ser feito pelas representações de feminilidades e masculinidades” (Cardoso de Oliveira, 2011, p. 207-208). 1

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vestiários e como as performances de masculinidades são forjadas durante as interações sociais que ali acontecem. Para isso, desde março de 2013, tenho feito aulas de musculação e natação e frequentado os vestiários que fazem parte desse circuito e praticado o que Massimo Canevacci (1993, p. 31) chama de “observação observadora”, na qual o pesquisador, no ato de observar o outro no campo, também direciona o olhar para si durante sua participação e interação no contexto social investigado. Além disso, convém pontuar ainda que, para os propósitos deste trabalho, apesar de circular por ambientes que constituem os espaços destinados tanto à musculação quanto à natação, centro-me aqui neste último esporte. Assim, inicialmente matriculei-me para ter aulas de natação e musculação no Olympia (março a maio de 2013), tendo desta forma acesso aos ambientes e frequentadores dessas duas modalidades. Contudo, por motivo de reforma desse local, precisei me inscrever para nadar no Aquarium (julho de 2013)3. É significativo dizer ainda que, a escolha desses locais ocorreu mediante a necessidade de observar e escutar os homens em ambientes onde a questão da preocupação com o corpo estivesse presente para, assim, se verificar como esse cuidado é (re)significado e, em que medida o corpo é pensado, representado, exposto por estas pessoas e como a atenção e exposição de diferentes partes do corpo, como o pênis, por exemplo, se aproxima ou se distancia entre elas. Mediante isto, igualmente importante seria perceber nesses ambientes de sociabilidade masculina – os vestiários –, como o falo é discursivamente negociado pelos sujeitos em interação4. Em vista disso, a escolha de frequentar durante algum tempo aulas de musculação e natação não foram aleatórias, mas me possibilitaram o contato com pessoas diversas. Destarte, essa escolha deu-se em virtude desses esportes estarem fortemente relacionados com certa produção e exposição corporal. Assim, a estratégia foi de matricular-me em duas modalidades esportivas a fim de ter acesso ampliado aos ambientes onde os alunos dessas práticas transitam, sendo o vestiário um exemplo, possibilitando, portanto, alguma comparação na maneira que os homens consomem esses espaços. Dessa forma, pode-se questionar: A exposição e representação em torno do pênis carregam sentidos, performances e apresentação semelhante aos braços, pernas, abdome e peitoral? Como brincadeiras, conversas envolvendo o corpo, ocorridas nos vestiários, mas também fora deles5, podem ajudar a compreender a forma de vivenciar e representar Troquei o nome dos lugares onde realizei minhas observações a fim de preservar, principalmente, as pessoas que por eles transitam. É necessário dizer que esses nomes não representam nenhuma característica desses ambientes, sendo os mesmos escolhidos de forma aleatória. Desse modo, caso a pessoa que ler as páginas deste trabalho discorda das nomeações que optei, fique a vontade para mudá-las, uma vez que isso não alterará em nada os resultados decorrentes do que vi, ouvi e senti em campo. 4 Penso a sociabilidade, a partir de Georg Simmel, como um “jogo social”, o qual contribui à interação dos indivíduos, à sua sociação. Cf. Simmel (1983, p. 165-181). 5 Estou considerando outros espaços dos clubes, que não somente os vestiários, onde pude ver e ouvir as pessoas durante suas interações com os demais indivíduos – além de mim –, como, por exemplo, o local onde esperamos a aula começar e a área da piscina. 3

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o corpo por esses homens, e consequentemente o modelo de masculinidade acionado por eles, quando estes estão em um espaço particular de aproximação e exposição dos corpos? Destarte, para José Gaiarsa (1989), Roberto Da Matta (2010) e Rafael Aragão (2011, 2012a, 2012b) a masculinidade no Brasil é mensurada em grande parte, pelo tamanho do órgão sexual e, também, pelo uso que se faz dele. Portanto, o cuidado, a preocupação com o órgão sexual masculino, o querer mostrá-lo, exibi-lo ou escondê-lo, é constituinte da fabricação das masculinidades – pensadas aqui no plural, conforme discutem em seus textos Robert Connell (1995) e Michael Kimmel (1998), dentre outros autores. Segundo Michel Foucault (1994), o corpo ganha um sentido pelo discurso e é, igualmente, construído por ele. Assim, temos em cada sociedade, em cada cultura, modelos diferentes para os corpos, atualizados pelos sujeitos e cruzados por diferentes marcadores sociais da diferença. Desse modo, deve-se levar em consideração as formas que homens e mulheres são socializados, vivenciam e reelaboram seus corpos em nossa sociedade (Oliveira Júnior, Oliveira y Nina, 2011). A preocupação com o corpo masculino, a forma de pensá-lo, construí-lo e exibi-lo passa não apenas, mas em grande medida, pelo pênis. Tamanho e espessura, são comentados, exaltados, silenciados, tratados por vezes de forma jocosa, acionando um modelo de masculinidade ideal e hegemônica que passa pela potência e virilidade (Gomes, Rebello y Nascimento, 2010). Os homens dialogam com esses modelos em diversos momentos de suas experiências. Assim, em que medida essas imagens e práticas acionadas por um ideal de masculinidade hegemônica, se atualizam na forma que os homens pensam, constroem e praticam o corpo? Elas acionam inseguranças, incertezas, curiosidades? Por quais caminhos essas imagens e práticas perpassam as amizades e relações amoroso-sexuais desses homens? Até mesmo porque, não é raro relacionar virilidade e atividade (no sentido de “ativo” e “passivo” nas relações sexuais) com o tamanho do órgão sexual masculino (Kronka, 2005; Romero et al., 2007; Simões, França y Macedo, 2010). Deste modo, como o cuidado que os homens têm com seus corpos, em especial com o pênis, é operacionalizado nos vestiários? O que fazem os homens quando a situação “exige” a nudez? Durante minhas observações, por conseguinte, procurei conhecer o ambiente do Olympia e Aquarium e as pessoas que por eles transitavam. Somente após algum tempo, passei a conversar mais sobre os porquês de eu estar ali. Não que fosse um segredo, mas essa informação não foi utilizada como uma forma de me aproximar das pessoas, em um primeiro momento. Além disso, por esta ser uma pesquisa com um tema, de certo modo, delicado, eu não poderia chegar a esses locais dizendo estar interessado no estudo da relação dos homens com seus corpos, em especial com o pênis, principalmente tendo de frequentar o vestiário, espaço limiar onde o público e o privado, o mostrar e o esconder, o vestir e o nu estão em constante relação, tensão e renegociação.

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Sobre os vestiários É significativo inicialmente dizer o que estou considerando como vestiário: todo aquele ambiente usado para trocas de roupas, banhos, higienização dos corpos. A diferença entre vestiário e banheiro dá-se pelas modalidades uso e tempo. Naquele o uso é coletivo e o tempo de estadia no espaço mais prolongado; enquanto que a utilização do banheiro é individual, somente para “depósito” de detritos orgânicos, como urinas e fezes e, portanto, comumente mais rápido. Devido suas dinâmicas e a forma que as pessoas transitam, consomem esses espaços, estes estão envolvidos em uma áurea simbólica (Longhini y Silva, 2013), onde o segredo está presente e um tipo de interação social também. Desse modo, concordo com Wagner Camargo, quando diz que banheiros e vestiários “envolvem uma atmosfera de segredo (por também se relacionarem com a sexualidade humana) e evocam sentimentos contraditórios de necessidade e repulsa” e, ainda, “O vestiário de trocas de roupa, no ambiente esportivo, é um local-chave nos encontros corpo-a-corpo entre os ‘atletas’” (Camargo, 2012, p. 179). Por esse motivo, banheiros e vestiários são interessantes loci de investigação dos comportamentos masculinos hodiernamente; uma vez que vejo os vestiários como parte da cidade e, como tal, revela, no comportamento de seus frequentadores, em seus corpos, o tempo presente da urbe6. Assim, é com essa áurea de “segredos”, de “sentimentos contraditórios de necessidade e repulsa” (Camargo 2012, p. 179) e de encontro com o Outro despido que os sujeitos masculinos que tenho observado e interagido – e eu mesmo como aluno nesses locais – têm de negociar suas performances. Afinal, de acordo com Mirian Goldenberg e Marcelo Ramos (2002), as pessoas sentem dificuldades em mostrarem seus corpos em determinados contextos, devido à grande difusão de imagens na mídia de modelos cuja aparência parece ser impecável. Destarte, para exibir um corpo sem receios “é necessário investir na força de vontade e na autodisciplina” (p. 27) das academias, por exemplo. Contudo, esse “sem receios” não está diretamente relacionado, sem alguma problematização, ao corpo nu exposto nos vestiários. Exibir os músculos na frente do espelho da academia, levantar a camisa para mostrar um abdome sarado ou mesmo usar uma sunga ou bermuda térmica na piscina, tornar-se um contexto mais seguro e cômodo para alguns indivíduos, do que a exposição despida do corpo, nos vestiários, para estranhos e/ou conhecidos. Por conseguinte, o olhar que dirijo aos vestiários é um olhar, nas palavras de José Magnani (2002) “de perto e de dentro”. E para melhor corroborar com essa análise e entendimento da pessoa que ler as linhas que se seguem, irei descrever, sumariamente para este trabalho, dois vestiários, o do Olympia e o do Aquarium, mais especificamente, os ambientes frequentados por alunos da natação.

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Sobre o corpo na cidade, cf. Richard Sennet (2008) e Fraya Frehse (2011). 4

Vestiário do Olympia Este é um espaço que fica na passagem de quem vai à piscina da natação e hidroginástica; um corredor atrás das arquibancadas. Antes de alcançar o salão do vestiário, a pessoa que entra no ambiente se depara com uma pequena parede baixa que separa/protege da visão de quem entra e/ou passa no corredor a utilização dos reservados7. Desse modo, a pessoa ao entrar precisa contornar essa pequena parede para chegar ao salão amplo, onde, à esquerda há uma grande pia, de duas bacias, e um igualmente grande espelho acima; à direita, bem em frente às pias e ao espelho, tem-se um banco grande de madeira onde, normalmente, as pessoas colocam suas mochilas ou bolsas ou mesmo sentam para poder calçar os sapatos. Ao fundo desse salão há quatro boxes com chuveiros. Todos os boxes têm portas de alumínio. O ambiente é claro e muito limpo, com lajotas e azulejos brancos. É significativo dizer que o lugar é utilizado não somente pelos alunos da natação, mas por visitantes que estejam na arquibancada da piscina, além dos alunos da hidroginástica e, também, por alguns alunos da academia8. Os educadores físicos, incluído aqui os estagiários, frequentam um local próprio para os funcionários – um espaço que fica no mesmo corredor.

Vestiário do Aquarium Neste lugar o vestiário fica afastado das piscinas (três ao todo); um prédio em frente à área da natação, onde na parte superior, outrora, havia uma pequena academia. Logo que se entra no vestiário vê-se um murinho que protege a área dos chuveiros (no total de cinco) da vista de quem adentra o recinto. Ao se passar por um curtíssimo corredor, à esquerda, têm-se o espaço do salão (nem sempre pode ser considerado como um local limpo) – lajotas no piso e parede na cor marrom dão um ar escuro ao ambiente, apesar das várias lâmpadas existentes no teto baixo do vestiário. No entanto, a vista não é totalmente ampla, devido a uma coluna existente no meio do mesmo. Ao lado dessa coluna há um pequeno banco de madeira utilizado, principalmente, para se colocar as mochilas e bolsas enquanto alguns tomam banho e outros trocam de roupas. Ganchos grandes onde, normalmente, são penduradas mochilas, óculos, toucas e toalhas, estão espalhados pela parede que tem o espelho fixado. Há somente dois reservados, os quais ficam em frente ao grande espelho. Os reservados estão ao lado da área onde se encontram os chuveiros; contudo, há, tanto de um lado como de outro, um espaço, sem porta, que não é nem reservado e nem chuveiro. À esquerda de quem entra, próximo ao espelho, existe uma pia de duas bacias. Os reservados são os únicos ambientes que possuem portas, sendo que essas deixam os pés de seus usuários à vista e, se pessoas muito altas, a cabeça também. O único bloqueio visual de quem toma banho ali é o pequeno muro já citado. Alunos, professores, demais funcionários e visitantes, todos utilizam esse lugar.

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Chamo de reservado a parte onde se encontra a louça sanitária. Provavelmente outros sujeitos utilizam esse vestiário; contudo, não saberia dizer quem os são. 5

O espaço vivido dos vestiários Consumir o(s) espaço(s) dos vestiários, seja cotidiana ou esporadicamente, coloca em destaque a questão do corpo. Com isso, questões ligadas à subjetividade dos sujeitos são acionadas, como o medo, a vergonha e o desejo. E isso fala do caráter intermediário, fronteiriço, liminar desses espaços. Segundo Ulf Hannerz (1997), “os cenários das zonas intersticiais parecem cheios de vida, mas não completamente seguros” (p. 23). Assim, devido toda a movimentação e trânsito de pessoas, os vestiários podem ser lugares da suspeita não revelada, da vigilância disfarçada, a despeito de toda amizade, camaradagem, companheirismo que possa haver em determinados contextos e grupos. O discurso de permissão e proibição, oriundo da socialização primária9 dos indivíduos, faz-se presente nesse ambiente. Deste modo, não obstante da grande circulação de pessoas com seus diferentes capitais (Bourdieu, 2007), os vestiários podem ser lugares, de certo ponto de vista, “perigosos”, pois lá os olhares estão atentos e as masculinidades são colocadas à observação o tempo todo. Assim, há uma atualização das práticas masculinas esperadas e convencionadas na sociedade. Os que não conseguirem adestrar seus corpos ao discurso heteronormativo, controlador, serão vistos como desviantes (Goffman, 2008), outsiders (Becker, 2008), anormais (Foucault, 1997)... O que contribui, também, para o surgimento da chamada masculinidade não hegemônica, ou dita subalterna (Connell, 1995; Kimmel, 1998). Faz-se necessário salientar, no entanto, o caráter relacional entre hegemonia e subordinação, pois estas são atualizadas na relação entre homens e mulheres e, igualmente, entre homens e homens, o que destaca Kimmel (1998, p. 105): “... dois elementos constitutivos na construção social de masculinidades são o sexismo e a homofobia”. Contudo, diz Connell (1995, p. 126): “(...) homens heterossexuais também podem ser excluídos dependendo da posição social e econômica que ocupam”. Desse modo, uma masculinidade pode ser um modelo de subordinação em determinado contexto e de hegemonia noutro, levando-se em consideração as diferenças (classe, idade, cor/“raça”, sexualidade, etc.) que envolvem o grupo. Ou seja, dependerão das práticas, valores e comportamentos acionados pelo indivíduo em contextos específicos. É possível exemplificar essa fluidez na posição de masculinidade na sociedade com um trecho do diário de campo de Wagner Camargo, quando este, etnografando competições esportivas LGBT10, conversou com alguns de seus interlocutores sobre as experiências destes nos vestiários dos locais onde as competições eram realizadas: NB: Ontem, por exemplo, me senti estranho [komisch] no vestiário aqui da Faculdade de Esportes [de Colônia]. Já tinha notado no início da semana, mas não levei a sério. Achei o ambiente um pouco suspeito. Os rapazes me olharam de um modo diferente, não sei [...] Eu: Como assim? Sobre a socialização primária, cf. Berger e Berger (2004). LGBT é a sigla resumida de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros, Transsexuais, Intersexos e Queers (LGBTTTIQ), adotada por Camargo em seu texto que quer dizer: Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros. Para a discussão que resultou nessa escolha por parte do autor, cf. Camargo (2012, p. 3 -11). 9

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NB: Ah, não sei bem ao certo. Eu entrei para tomar banho; havia alguns caras lá [no vestiário]. Daí peguei minhas coisas e fui tomar banho. Eles me olharam como se eu não devesse estar ali. Então fiquei incomodado, mas nem comentei com ninguém. Deixei para lá. Eu: Eles estavam queerizando [queering] o vestiário? Ri, tentando descontrair a conversa. Quero dizer, estavam te olhando com desejos ou algo assim? NB: Não, eles não eram gays! Acho que eram todos atletas de alguma equipe da universidade daqui. Daí me lembrei de ter ouvido que os vestiários aqui da faculdade de esporte são bastante [...] (pausa), como você disse? Eu: Queerizados... NB: Sim, deve ser isso. Ouvi dizer que os caras que fazem esporte nos programas de treinamento daqui são atacados por gays nos chuveiros. Parece que os gays daqui são “agressivos”, risos. Penso que eles acharam que eu era um gay que os atacaria, porque estamos na semana do Gay Games. Eu acredito nisso. Mas quando tomo banho nem penso em nada, apenas tomo o banho e saio. Acho que eles têm uma ideia errada dos gays. (Camargo, 2012, p. 180).

Assim, pode-se perceber como o caráter hegemônico e não hegemônico da masculinidade é relacional e perpassa os corpos dentro de determinados contextos, contribuindo para comportamentos diversos, colocando, neste caso, indivíduos homossexuais, como autores de uma reação “agressiva”, “não esperada” por partes de sujeitos ditos heterossexuais. Também, vigora nos vestiários um tipo de “código de reconhecimento” entre seus frequentadores ligados a alguma modalidade; no caso aqui a natação. Esse código é favorecido pela regularidade das aulas, turmas e horários, além do saber reconhecer as palavras ligadas ao universo da natação, como “prancha”, “touca”, “craw”, “borboleta”, entre outros e, igualmente, quem entre os frequentadores é mais suscetível à comunicação, que tipos de brincadeiras, “zoações”, são tiradas e possíveis de se tirar, qual o comportamento aceito e o reprovado dentro da piscina e do vestiário, por exemplo. Ou seja, quem entre os alunos não é conhecido ou reconhecido ali passa a ser olhado de forma diferenciada e a ter uma atitude, geralmente, mais tímida por estar em um ambiente não familiarizado por ele. Não se pode desconsiderar, por conseguinte, certo código de conduta, certa etiqueta a ser seguida nesses ambientes, uma vez que se trata de um espaço de trocas de roupas, de contato visual com o corpo do Outro e onde o seu próprio corpo estará à mostra. Por isso, pude observar que não raro acontecia de uma pessoa desviar o olhar para não contemplar a nudez de outrem. Essa nudez faz referência não somente ao órgão sexual masculino, mas, também, ao corpo como um todo: costas, bunda, peito... É um olhar sem enxergar. Deste modo, geralmente, o comportamento de muitos era de não ficar totalmente nu, escondendo-se nos reservados ou mesmo nos boxes ou noutras partes possíveis para tirar a sunga molhada e vestir suas roupas secas. Os rapazes sempre tomam banho de sunga. Ainda não vi nenhum que fique nu na área dos chuveiros... Também, eles não se trocam, nus, na 7

frente de outras pessoas. Geralmente, entram em um dos reservados ou ficam em uma parte mais reclusa, entre a pia e um reservado (um pouco longe até do reflexo no espelho). Alguns poucos trocam de roupa ali mesmo no salão, mas sempre enrolados em toalhas e com olhares atentos para quem podem olhá-los... (Diário de campo, 20 de agosto de 2013).

Em alguns casos, o indivíduo não permitia nem ser olhado de cueca, mas já saia dos boxes de bermuda/calça e camisa. Outra estratégia utilizada era trocar e vestir toda a vestimenta com a toalha envolta da cintura. Com a toalha era possível vestir-se “em qualquer lugar”, mas exigia certo malabarismo para não deixar aparecer coisa demais. Em Aquarium, os espaços vazios entre os reservados são muito utilizados para isso; contudo há também quem se troque pelos cantos – algo que acontece bastante, tanto no Olympia quanto no Aquarium – ou mesmo, no caso desse último lugar, na área dos chuveiros, quando não há ninguém por ali tomando banho. A maioria das pessoas estava se arrumando dentro dos boxes e já saiam de lá de roupas. Alguns usavam os reservados para se trocarem... Ninguém ficou completamente nu; no máximo, tiravam a sunga com a toalha enrolada na cintura (Diário de campo, 04 de abril de 2013). O vestiário estava cheio. Preparei minhas coisas no banco e segui para o box. Não deixei a porta escancarada, mas não a tranquei também. Quando sai, havia mais homens ali. Um senhor que chegou mais tarde até brincou: “Tá lotado de macho aqui!”. Apesar de cheio, o ambiente estava silencioso. Muitos homens saindo dos boxes já vestidos. Outros iam aos reservados para trocarem de roupa. Apenas o Yuri, o Tiago, um senhor da hidroginástica e eu trocamos de roupas ali mesmo (Diário de campo, 09 de abril de 2013)11.

A despeito de todo esse cuidado, não raro foi possível perceber alguns olhares que eram direcionados àqueles sujeitos que não se escondiam para se vestirem. Mesmo porque há sempre a oportunidade de se deixar aparecer alguma “coisa” quando, envolto na toalha, se tira a sunga ou se coloca a cueca e a bermuda. A curiosidade aqui parece ora tomar ares de comparação de partes do corpo como barriga, peito, braços ou pênis, ora para aguçar a fantasia e mesmo possibilitar uma troca de olhares. Além disso, é significativo dizer que nem todos os homens “escondem-se”. Na Olympia, por exemplo, muitos tomavam banho de sunga com a porta do box aberta. A partir de minhas observações em campo, é-me possível indicar dois motivos: Primeiro, para melhor vigiar seus pertences deixados em cima do banco (nunca presenciei e nem ouvi falar de algo que tenha sido subtraído de alguém ali); e segundo, como um tipo de sedução, pois não raro pude perceber pessoas que procuravam os boxes das extremidades para tomar banho e ficar encarando ou lançando olhares para alguém do salão, que ou desviava o olhar ou retribuía este, mas sempre de maneira a não deixar que os outros percebessem. Por diversas vezes pude, não obstante o caráter de vigilância sentido no ar dentro dos vestiários, perceber trocas de olhares entre alguns frequentadores. Essas trocas iniciavam-se, geralmente, na espera de um box livre para se tomar banho e continuava Os nomes que aparecem aqui, e em outros trechos que utilizo de meu Diário de Campo, são fictícios. 11

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quando um dos sujeitos adentrava a esse espaço e deixava a porta aberta, tomando banho de frente para o salão. Durante o momento de vestir-se também era possível notar que alguns homens, pelo o que parece, demoravam a fim de poderem se exibir de cueca ou mesmo para observar o banho e a troca de roupas de outem. Enquanto um rapaz e eu nos arrumávamos, chegou um senhor no vestiário. Percebi que ele, disfarçadamente, olhava para o rapaz se vestindo. Este estava com a toalha envolta na cintura. Tirou a sunga e pôs a cueca assim. Esse senhor ficava o olhando... Já o tinha visto fazer isso outras vezes... (Diário de campo, 11 de abril de 2013).

Eu também já fui alvo de olhadas nesse contexto. Reagia de duas formas: Ora desviando o olhar por motivo de metodologia (para saber se a pessoa iria insistir ou me abordar de outra forma) ou vergonha; ora encarando para “ver no que dava”. Nesta segunda maneira, não raramente, a pessoa no box procurava se mostrar a mim passando a mão nas nádegas ou no pênis – por cima da sunga ou não. Nesse jogo, o espelho desempenha um papel importante no consumo visual do Outro. É por ele que se pode expiar alguém que mais distante está trocando de roupa12. Por meio desse objeto, a bunda é a parte do corpo mais visualizada; mas, igualmente, há os olhos e o pênis de algum “descuidado”. O espelho é mediador e por meio dele podemos ver o encontro e a tensão entre os comportamentos e olhares que seguem a etiqueta do vestiário, mas que também podem em um descuido, um momento fugidio, um olhar de canto, quebrar essa etiqueta, no olhar curioso, observador, mais detido sobre o corpo nu de outrem. É significativo perceber que para a maioria dos frequentadores dos vestiários analisados, principalmente para aqueles que não se importavam em ficarem nus, as nádegas são as menos protegidas; situação diferente do relato de Roberto Da Matta (2010) sobre a brincadeira do “Tem pente aí?” entre os rapazes de São João Nepomuceno, a qual colocava uma “zona sagrada” do corpo masculino – o traseiro – em evidência. O referido antropólogo conclui em seu texto que para ser homem não basta “ter um corpo de homem”, mas é necessário “mostrar-se como ‘masculino’ e ‘macho’ em todos os momentos” (p. 138) e isso contribui para a vigilância do seu corpo e dos Outros (Gaiarsa, 1989; Vale de Almeida, 1996; Foucault, 1997, 2006, 2010), o que implica na performance exercida nos contextos de sociabilidades. Muitos dos homens observados têm uma preocupação grande em esconder, seja com a toalha, com a cueca ou bermuda, o pênis; no entanto, suas bundas, muitas vezes, ficam à mostra. Vários homens, que tomavam banho no vestiário do Olympia, tiravam a sunga para a higienização e deixavam a porta aberta ou entreaberta, ficavam de costas para o salão. Os que ficavam de frente eram quase que inexistentes e só o faziam se houve o flerte envolvido na ação! Não era raro encontrar homens, protegidos pela própria porta entreaberta ou pela sunga posta à frente do pênis, mas que deixavam, parcialmente, a lateral de uma das nádegas aparecendo. Às vezes, alguém poderia abrir um pouco a porta para poder exibir-se, como forma de flerte. Comum, também, era o uso do “canto” ou da parede na hora de vestir a sunga para nadar É significativo dizer que, nas academias, os flertes acontecem via espelhos espalhados pelo salão e não somente nos dos vestiários. Assim como, na natação, é possível flertar com alguém que esteja nadando, mesmo em raias diferentes. 12

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ou a roupa para ir embora, o qual “escondia” o órgão sexual, mas deixava as nádegas à vista dos olhos ou do reflexo do espelho. Contudo, apesar de ficarem nus, tanto o Yuri quanto o senhor da hidroginástica voltaram-se para a parede para tirarem suas sungas e vestirem-se. Isso evita olhares para seus membros; apenas suas nádegas ficam à mostra... (Diário de campo, 09 de abril de 2013).

Deste modo, dentro desse jogo de mostrar escondendo e esconder mostrando, o corpo desperta várias significâncias de desejo, seja nos vestiários ou nos espaços das academias e das piscinas. Há aqueles que possuem o corpo “ideal” para o desenvolvimento de determinada atividade física e desperta noutros a vontade de se ter um corpo parecido para tal: No vestiário, um menino comentou que o corpo do Michael Phelps era perfeito. Perfeito para a natação: “fino para baixo e largo para cima” e que por isso e devido ao treino puxado ele era campeão. Alguém comentou que só treinando bastante para aguentar um treino muito puxado. Outro rapaz disse que essas pessoas nadam desde criança e muitas horas por dia... (Diário de campo, 21 de outubro de 2013). Marcos, que ainda estava no vestiário, chamou o Júnior e disse-lhe que ele tem que aproveitar mais a envergadura dele: “Como você é alto, você deveria nadar esticando mais os braços (ele mostra como e mostra, também, como ele tem feito – braços mais curtos). Marcos lhe disse ainda que se ele fizer assim, vai deixar todo mundo para traz. Ele o levou para próximo do espelho e pediu para ele esticar o braço. Marcos esticou também. Fábio que estava próximo fez o mesmo. Em comparação, o braço de Júnior é bem maior. “Quem me dera ter a envergadura que você tem (...) ter os braços grandes...” (Diário de campo, 13 de novembro de 2013).

Também temos os corpos que, de alguma forma, servem de modelo para algum objetivo esperado no exercício de determinada modalidade: O Gustavo estava se alongando perto de mim e, numa hora, pegou na minha barriga, pelo lado, e disse: “Ah, também quero ser magro!”. Meio sem jeito, sorrindo, disse-lhe que não era magro e uma moça, que malhava bem na nossa frente comentou: “É magro sim!”. Respondi-lhes, passando a mão na barriga e sorrindo: “Quem sabe um dia...” (Diário de campo, 05 de abril de 2013). Dois amigos conversavam, cada um sentado em um aparelho diferente, enquanto um outro, mais afastado realizava um exercício para as costas. Eles vendo o modo como o amigo executava sua série e as caretas que fazia, começaram a rir dele. Um dos rapazes que estava sentado, se inclinou um pouco para trás, levantou a camisa, deixando à mostra o abdome definido e disse-lhe que ele tinha que malhar para ficar daquele jeito... (Diário de campo, 16 de janeiro de 2014).

Do mesmo modo, existem corpos que parecem despertar desejos de cunho mais íntimo: Ainda havia bastantes pessoas no vestiário. Alguns, em grupo, conversavam enquanto se arrumavam. Miguel não parava de olhar Paulo 10

que se trocava, ora diretamente, ora de canto de olho. Quando tinha oportunidade, sua visão era direcionada para o peito e barriga e, algumas vezes, para mais embaixo... (Diário de campo, 13 de dezembro de 2013). Todos já haviam saído do vestiário e eu fiquei terminando de me arrumar. Próximo de terminar adentrou no local um rapaz, vestido de social, que olhou o ambiente e entrou em um dos reservados. Antes de ir embora, vou ao reservado livre... Quando saí, o rapaz saiu também e comentou: “Não tem papel?”. Disse-lhe que não. Ele me perguntou se tinha outro banheiro ali e lhe informei onde ficava. Caminhei ao espelho, para um último retoque no cabelo, e o vi, um pouco mais afastado, próximo aos reservados. Ele desapertou o cinto, abaixou a calça, levantou um pouco a blusa e deixou à mostra seu pênis ereto. Ele me olhou, balançou seu órgão ereto em minha direção, como que fazendo um convite... Apenas sorri, meio sem graça, e saí... (Diário de campo, 9 de janeiro de 2014).

O corpo do pesquisador Realizar observação em espaços de sociabilidade masculina, não somente participativa, mas observadora como quer Massimo Canevacci (1993), foi interessante para levar em consideração não apenas os corpos dos sujeitos com quem interagi, mas, igualmente, o meu. Camilo Braz (2007), ao empreender sua pesquisa em clubes de sexo para homens em São Paulo, também considerou, não unicamente o corpo dos sujeitos que observou, mas o seu próprio, o qual servia para muitos como exemplo, durante as entrevistas, do que lhes atraiam ou não no Outro: [...] passei a pensar sobre o modo como o corpo (meu e dos outros) é percebido nesses espaços, permitindo um olhar sobre as convenções que regem a corporalidade desejável e desejante dentro deles. [...] É por isso que, em campo, tanto a observação da nudez alheia quanto a experiência da minha própria nudez permitem um olhar sobre as convenções que regem a corporalidade desejável e desejante nos espaços que faço a pesquisa.

E também, Em campo, seja nos clubes, seja na Internet (no Orkut, no MSN), muitas vezes as pessoas com quem converso utilizam (meu corpo, minha foto) para exemplificar seja o que lhes atrai ou o que lhes repele. Algumas vezes, minha corporalidade (ou minha foto) corresponde ao que se consideraria desejável. Outras vezes, não (p. 140).

Assim como eu olhava os corpos dos homens durante suas atividades nas academias, nas aulas de natação e, mesmo, nos vestiários, também era olhado por eles e, igualmente, passei a me olhar nesses ambientes: o que eu vestia, os aparelhos que utilizava na academia, a forma como nadava e o tipo de nado que realizava, como e qual contexto era olhado pelas pessoas, etc.

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Segundo Roy Wagner (2012), do mesmo modo que o antropólogo em campo observa os sujeitos que está estudando, os "nativos" o observam e julgam seu comportamento e atitudes. E essa é uma etapa importante no processo de ganhar confiança e estabelecer laços com os/as futuros/as interlocutores/as. Inúmeras vezes, portanto, ao utilizar o vestiário, surpreendia alguém me olhando, ora com um olhar de uma simples observação, ora com um olhar de flerte. Nessas situações agia, aleatoriamente, de duas maneiras: ou desviando o olhar, ou “encarando” para ver até onde iria o jogo de sedução, conforme já comentei neste trabalho. É significativo dizer que o flerte acontecia sempre a partir de um homem mais velho do que eu13. Além disso, nos casos que eu retribuía o olhar, quase sempre me era mostrado o órgão sexual: primeiro com o sujeito massageando o pênis por cima da calça, bermuda, cueca ou sunga e depois com a revelação do membro ereto – tudo sempre com muito cuidado e atenção, longe da vista de outras pessoas. Destarte, o corpo do/a pesquisador/a entra na dinâmica do jogo erótico que ambientes de sociabilidades despertam e este, como quer Braz (2007) e Camargo (2012), deve ser pensando como um dado importante à compreensão da realidade estudada.

Considerações Finais Os vestiários observados, lugares de certa sociabilidade masculina, permite-nos compreender as dinâmicas corporais dos atores envolvidos nesse contexto, levando-se em consideração seus equipamentos, sua arquitetura material e simbólica. Esse espaço de passagem, o qual compõe o universo infraestrutural de atividades físicas como a musculação, natação, hidroginástica, etc. revela práticas, comportamentos e valores masculinos em um jogo de reificação e ressignificação de masculinidades, o que descaracteriza pensá-lo, somente, como um local de trocas de roupas e higiene corporal. Os corpos que por ali transitam – alunos, pesquisador, professores, visitantes – são atravessados por curiosidades e inúmeros desejos, os quais são negociados mediante os contextos interacionais, seguindo “regras” e “etiquetas” abstratas, mas que se materializam nos comportamentos dos usuários, nos corpos, sejam estes conhecidos, reconhecidos ou novatos. Assim, retomando a pergunta título deste trabalho “O que fazem os homens nos vestiários?”, pode-se resumir: performatizam masculinidades!

É interessante dizer que não somente homens mais velhos, ou adultos, trocam olhares nos vestiários, mas rapazes novos também. Certa vez percebi um olhar para mim e quando notei era um menino bem mais novo do que eu. Nesse caso o único caminho, legal e ético, a seguir é não retribuir o olhar e evitar qualquer contato que possa passar uma errônea ideia de interesse íntimo. 13

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