Observação dos espaços públicos com acesso a meios digitais

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Universidade de Coimbra 2014/2015

RELATÓRIO III Observação dos espaços públicos com acesso a meios digitais

Mestrado: Comunicação e Jornalismo Cadeira: Metodologia de Investigação em Comunicação Docente: Professora Doutora Isabel Ferin Discente: Bruno Rezende

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SUMÁRIO Resumo.................................................................................................................................................3 Palavras chaves.....................................................................................................................................3 Introdução.............................................................................................................................................4 CAPÍTULO I -Da revisão bibliográfica à pesquisa de campo.............................................................6 CAPITULO II- A metodologia usada no enfoque da observação e as dificuldades conjecturadas......................................................................................................................................10 CAPÍTULO III- Os espaços públicos pesquisados e os resultados obtidos quanto ao uso da internet................................................................................................................................................14 CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO.......................................................................................................17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................19

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RESUMO A Internet tem se despontado como o mais amplo e eficiente artifício na faina pela informação e produção colaborativa. Destarte, é um instrumento de convivência, entretenimento, educação e prestação de serviços. Com o seu crescente uso e a digitalização das mídias, assiste-se, nos últimos anos, a uma convergência acelerada das telecomunicações e da comunicação permeadas pela informação. Sejam em locais públicos ou privados ela permanecerá cada vez mais disponível para ser acessada ou mesmo concebida, como é o caso de estudo em shoppings centers. Desta forma, pela importância do tema e ainda, pela escassez de estudos acerca do uso da internet em espaços públicos, em Coimbra, é que se planeia esse estudo, valendo-se de metodologia eficiente abarcando uma considerável revisão bibliográfica para dar suporte às etapas de observação, e posterior aplicação de inquéritos e entrevistas destinadas aos usuários dos espaços em tela.

PALAVRAS-CHAVE: internet; espaços públicos; pesquisa; pós-crise.

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INTRODUÇÃO

A azáfama dos indivíduos pela informação vem de longas datas. Esta pode ser sopesada como o resultado do processamento, manipulação e organização de dados, de modo que arquitete uma alteração (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema que a recebe. O valor da informação é auferido de acordo o indivíduo, as necessidades e a conjuntura em que é produzida e partilhada. Ela pode ser expressiva para um indivíduo e insignificante para pessoa diversa. Nas suas mais amplas acepções ela congrega múltiplos significados, do uso quotidiano ao seu emprego técnico. A palavra tem origem no latim informatio onis, que seria delinear, conceber ideia. Conceitos diversificados à parte, certo é que a mesma aliada a outros fatores como a metodologia, o embasamento teórico conduz, por meio da pesquisa, a novas realidades. Embora a internet tenha surgido em plena Guerra Fria, para acatar interesses militares, as décadas de 70 e 80 vêm torná-la um fundamental instrumento para troca de dados ou elementos nos meios acadêmicos. Em 1990 a sua expansão permitiu navegar em tantos sites, e de várias partes do planeta. As redes sociais construídas pelo mundo pós-contemporâneo fez aparecer uma internet remodelada aos novos padrões de comportamento e cultura, há poucos anos, em 2006. Após o surgimento do Orkut, não tardaram diversas redes como o Facebook e o Twitter reduzindo as distâncias do tempo mecânico, e a exclusão, pelo menos, virtual. A problemática nessa pesquisa traceja-se no uso da internet em espaços públicos. Para a escolha destes locais, levamos em apreço espaços bem localizados, e com ampla ascensão da comunidade, e que, todavia, facultassem uma acentuada variedade de público consumidor do serviço. Os locais propostos foram Coimbra Shopping e Fórum Coimbra, sendo eles centros comerciais, com acesso por via de transporte público, bem como a pé, ou transporte privado. O serviço oferecido de wifi apresentou-se gratuito, com possibilidade de uso de fichas fornecidas pelos estabelecimentos para se carregar os dispositivos, celulares e portáteis. Percebeu-se um grande empenho da administração desses espaços em fornecer um serviço de qualidade e conforto aos usuários. Estes se despontaram como um grupo extremamente heterogêneo em relação à idade, sexo, grau de instrução e origem, porém com interesses relativamente similares no uso da internet, que nesse caso iguala os desiguais. Desta forma, ressalte-se que as novas probabilidades tecnológicas e o incremento dos terminais de acesso à web, o uso dos equipamentos, sobretudo portáteis, revelam a imensa massa de pessoas na procura desse tipo de comunicação ou informação. A introdução da tecnologia de terceira geração da telefonia móvel, a possibilidade de acesso sem fio no que tange, ainda, às 4

grandes distâncias e todo o processo de convergência tecnológica devem ser ponderados como fatores que vêm potencializar o processo de inclusão digital. O uso do aparelho de celular igualmente cresce em proporções indubitáveis e sua evolução sinaliza, tão logo, o seu uso predominante no papel de porta de entrada para o mundo da internet.

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CAPÍTULO I – Da revisão bibliográfica à pesquisa de campo

A investigação acerca do uso de internet em espaços públicos se nos apresenta um tema relevante para compreender, hodiernamente, o papel da mídia. As tecnologias de informação e de comunicação ensejam o entrosamento dos indivíduos em atividades diversas nas redes sociais, por meio da internet. Ela não se trata apenas de um elemento de base e interposição tecnológica, contudo se converte nesse espaço virtual para informar, comunicar, bem como provocar ações as mais distintas: desde a venda de uma mercadoria, a um envio de um simples cartão ao toque de um clik no teclado do tablet ou do celular, com um programa apropriado, a jogos e pesquisas intermináveis. Nessa percepção da importância de se estar conectado todo o tempo, os espaços públicos vão ampliando o número de computadores, em seus charmosos espaços, na pretensão de atrair e satisfazer cada vez mais os seus clientes. Essa é uma das perspectivas adotadas pelos shoppings centers e grandes lojas. Esses lugares interativos tornam disponíveis wifi.

Enquanto alguns

hotspots são gratuitos, as redes públicas, em geral, são suportadas por Provedores de Serviços de Internet (Internet Service Provider - ISPs) que cobram uma taxa dos usuários para se conectarem. Aqueles, portanto, são vetores entre o espaço geográfico propriamente dito e o ciberespaço, no qual as pessoas se interagem mais rapidamente, acelerando o tempo interior, absorvendo subsídios e conhecimentos, e também se volvendo mais expostos nesses espaços públicos, como os shoppings centers. O estudo nomeado, no que tange a esses espaços públicos em shoppings centers direcionou a uma divisão em três etapas para a concretização do mesmo. O levantamento da bibliografia e sua posterior revisão permitiu o alicerce teórico do assunto, tornando plausível a segmentação da pesquisa. Enfatize-se que a pesquisa metodológica, em si, caracteriza-se como um estudo sistemático e de extensa acuidade no que se alude às questões organizadas com escopo da construção desse nível de investigação. No esboço em tela pode-se asseverar acerca da viabilidade da utilização dos textos originários de reflexões metodológicas mais amplas, desde que respeitadas as bases epistemológicas do estudo, que são, igualmente de valia, ainda que na pesquisa de campo os dados colhidos sejam espontâneos, sem qualquer pretensão de produzir ou reproduzir os elementos ou os acontecimentos anteriormente percebidos. Note-se que para uma melhor análise das questões alvitradas foi imperativa a incorporação das condições de produção de pesquisa ao trabalho metodológico em si. A pesquisa deve ser apreendida como um campo relativamente autônomo e com estruturação em níveis e fases metodológicas, tal qual foram esquematizados os relatórios acerca da pesquisa elegida para esta 6

Cadeira. Nessa conjuntura, etapas não podem ser transgredidas, ou saltadas, ainda que tenhamos que assumir decisões e eleger caminhos a serem percorridos. Indubitavelmente, a ênfase na responsabilidade científica do pesquisador deve ser aferida, ponderada, mormente na análise da relevância social do seu trabalho. Por isso houve um imenso cuidado com cada etapa no sentido de esquematizar com mais afinco uma relação entre a problemática teórica e os objetos empíricos. Para tanto recorremo-nos especialmente de quatro obras, dos autores: Braga, José Luiz; Lopes, Maria Immacolata Vassallo de; Martino, Luiz Claudio (organizadores). Pesquisa empírica em comunicação (2010); Lopes, Maria Immacolata Vassalo de; Pesquisa de Comunicação: questões epistemológicas, teóricas e metodológicas. (2010); Maldonado, Alberto Efendy. Metodologias de Pesquisa em Comunicação: olhares, trilhas e processos. (2006); e, Mostafá, Solange Puntel. Metodologia da Pesquisa em Relações Públicas e Comunicação Social (http://www6.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/37/31).

Bibliografia

essa

que

abrangemos como satisfatórias, embora haja uma referência complementar, para abarcar a problemática existente. Destaque-se Pesquisa Empírica em Comunicação, com o texto de Olivia Bandeira de Melo Carvalho1. Apreende-se uma semelhança entre a obra e a pesquisa realizada de forma que perpetra uma descrição dos métodos aproveitados, tais como: a busca pelo distanciamento do lugar comum, sobretudo no que tange as abordagens a grupos culturalmente semelhantes. Outro ponto de realce é como se considerar os dados obtidos de uma interpretação própria acerca de outras pessoas. Igualmente respeitável é o fato de a etnografia exibir resultados capazes de consentir afirmações acerca da comunicação através dos meios digitais, sejam eles pagos ou gratuitos. Ocorre, por conseguinte, uma analogia com o que a temática revela e a posição do pesquisador em questão, ou seja, valemo-nos desse liame da teoria com o questionamento. Afinal, sem uma bibliografia que seja o baldrame para elucidar os caminhos a serem trilhados, nada é plausível. A pesquisa empírica é enfocada de forma clara, transparente, instigando o entendimento de que na produção de conhecimentos em comunicação, ela se manifesta essencial para a solidificação de investigações que suscitem propostas, estratégias, politicas e saberes teóricos consistentes para a transformação das condições e dos modos de produção midiáticos. Compreender o empírico significa, ademais, ter fulcro nas implicações de observação e de experimento, de modo a incluir os processos concretos com o pensamento e as problematizações teóricas. Nas pesquisas que envolvem a comunicação, o empírico é de importância vital desde que consideremos os sistemas, estruturas e campos midiáticos como um ponto de referência central dos problemas de conhecimento da área 1

Braga, José Luiz; Lopes, Maria Immacolata Vassallo de; Martino, Luiz Claudio (organizadores) (2010). (Texto de Olívia Bandeira de Melo). Pesquisa Empírica em Comunicação.

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comunicativa. Esse fato nos conduziu a uma visão mais apurada no momento de efetivar a pesquisa de campo, nos locais selecionados, Coimbra Shopping e Fórum Shopping Center, captando as sensações e atitudes presentes ao redor daqueles que deixavam suas casas para utilizarem a internet em um espaço público. Advirta-se que os locais não foram selecionados a esmo. Tomou-se em consideração a seleção dos mesmos computando-se estarem em pontos satisfatoriamente distantes entre si, nem tão perto, nem tão longe, e ainda locais de fácil acesso para qualquer individuo da sociedade. Posteriormente, na etapa de realização dos inquéritos e entrevistas, despertou-nos o pensamento de Solange Puntel Mostafá. Na visão da autora, 2as enquetes se referem tão somente a uma pesquisa de opinião, que claramente tem sua valia no estudo, entretanto, necessita de outro fator que é a interpretação do pesquisador, e isso somente se torna possível, por meio de uma teorização ou problematização do objeto, de forma a demudá-lo em um objeto teórico. Destaque-se que, em muitos casos, essas enquetes se baseiam no senso comum, que, de acordo com a obra, se revela fragmentado, ou seja, contraditório. Por isso, compete ao investigador unir estas constatações obtidas e trazê-las a um nível de explicação superior tendo como pressuposto o nível anterior, em que as mesmas se apresentaram à primeira vista. Por isso, houve o cuidado de analisar o entrevistado durante todo o momento em que respondia aos questionários justapostos, de forma mais complexa, com capacidade de gerar mais fundamentação, ao invés de simples enquetes de sim ou não. Avulte-se que Solange Mostafá esquadrinha um comparativo entre técnicas de pesquisa. No que tange às técnicas de coleta de dados a exemplo de entrevistas, observação e questionários digase que essas concentram informações no presente; contudo, as entrevistas e os questionários possibilitam, ademais, retroagir no passado próximo. As entrevistas não têm muita penetração no espaço (atingem menos sujeitos do que os questionários). Quanto à análise de documentos infira-se sua ampla penetração no espaço e no tempo. Destarte, deve-se salientar que os indivíduos a serem inqueridos se demonstraram mais receptivos e à vontade quando podiam decodificar a totalidade das perguntas do questionário. É fato que buscaram se situar no ambiente e contexto em que seriam avaliados lendo, atentamente e antecipadamente, os pontos que deveriam contestar. Conclui-se, portanto, pelas ideias aqui esboçadas, e novamente nos demais textos interpretados, que a azáfama na procura por respostas para os questionamentos acerca do Uso da Internet em Espaços públicos poderá acarretar um aproveitamento mais eficaz da pesquisa de campo e da pesquisa teórica quando observadas as metodologias aplicadas, as análises de conteúdo e de discurso. Enfim, das técnicas de pesquisa que foram introduzidas em virtude dessas obras 2

Mostafá, Solange Puntel. Metodologia da Pesquisa em Relações Públicas e Comunicação Social. (In (http://www6.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/37/31)

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destacáveis que tivemos acesso, nos proporcionando um alicerce sólido para validar a pesquisa em tela.

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CAPITULO II- A metodologia usada no enfoque da observação e as dificuldades conjecturadas

O ato de pesquisar requer profunda habilidade na coleta de dados e uma escolha metodológica que proporciona uma estrutura para o processo de pesquisa. A observação e a entrevista são dois dos instrumentos mais utilizados em pesquisa qualitativa, autorizando, respectivamente, uma análise descritiva de determinado objeto de estudo e uma visão subjetiva dos participantes da pesquisa; no último caso, o que pode fornecer material, em ambos os instrumentos, para variadas abordagens metodológicas. A pesquisa evidenciada partiu da seguinte problemática: O uso de internet em espaços públicos em tempo de crise. Verificar qual o público que procura esses lugares tirando proveito desse meio interativo, bem como analisar a posição assumida pelos centros/shoppings são objetivos a serem averiguados. Após um estudo de bibliografia para fundamento da investigação tornou-se crível delinear a segmentação da pesquisa, que incide em três etapas distintas. A primeira refere-se à problematização da pesquisa, ou seja, o modo como será delimitado e analisado o objeto que se almeja. Ressalte-se que a pesquisa deve ser compreendida como um campo relativamente autônomo e com estruturação em níveis e fases metodológicas, tal qual foram esquematizados os relatórios acerca da pesquisa proposta para esta Cadeira. No tocante à segunda etapa, procedeu-se com o objetivo de observar dois espaços públicos para uma análise do perfil do público que frequenta esses locais, tendo em consideração que as etapas conexas abonaram subsídios suficientes, com múltiplos elementos e dados a serem colhidos, para oferecer uma dimensão desse uso, bem como responder aos questionamentos indicados, nesse levantamento de informações. Note-se que a pesquisa de campo não tem como escopo produzir ou reproduzir os fenômenos estudados. A coleta de dados é realizada em campo, aonde incidem espontaneamente os fenômenos. As visitas aos espaços Fórum Coimbra e Coimbra Shopping, nos permitiu o juízo do que sobrevém nessa observação: uma dominação de homens no uso de portáteis e smartphones, conquanto as mulheres apareçam seguidamente, e as crianças, assumindo a última classificação, nestes termos. Dentre os homens, a maioria tira proveito dos dispositivos para entretenimento e conversas com os amigos. A observação in loco comporta assimilar que a internet, provavelmente, seja usada em atividade diversa das constatadas antes. Note-se que a observação é o instrumento que mais fornece detalhes ao pesquisador, por fundar-se na descrição e para tanto tem como recurso todos os cinco sentidos humanos. Reitere-se, porquanto, que a observação e a entrevista são os instrumentos mais empregados em pesquisa 10

qualitativa, bem como o questionário. No pensamento de Gold, citado por Cowie (2009: 167), 3há quatro tipos de observador: participante completo, participante observador, observador participante e observador completo. O participante observador é mais trivial deles. É o caso do investigador que faz parte do grupo a ser estudado. Predomina na etnografia, no estudo da cultura de um povo, estando, ordinariamente, esse pesquisador inserido. The participant observation is perhaps of greatest importance because it is crucial to develop an understanding of the culture. Richards (2003) lists four main components that observers should make a conscious effort to note: setting (space and objects), systems (procedures), people and behavior. At first, it will probably be difficult to know what to focus on your observation.

Enumerem-se duas razões para a observação: possibilitar-nos ver o comportamento dos participantes sob uma luz diáfana e desvendar novos aspectos do contexto. Simultaneamente, levantar-se-ão métodos de coleta de dados, providenciando evidencias adicionais para triangulação e estudo da pesquisa. Os problemas confrontados durante esta observação foram amenos. A respeito do Fórum Coimbra vislumbrou-se um lado positivo que foi a possibilidade de examinar uma exacerbada quantidade de indivíduos que se encontravam no local, no intuito de servir-se da internet. Adversamente, por essa observação ter calhado em final de semana, mais precisamente sábado e domingo, os espaços estavam abarrotados, o que exigia uma concentração maior nos entrevistados, vez que a capacidade de lotação revelava-se acima da média nos dias úteis. O que em momento algum destoou os objetivos iniciais. Tome-se em apreço que além do sinal aberto de wifi havia dispositivos fixos (tablets) com acesso à internet. A oferta se confirmou bem generosa, o que motivou um acentuado número de pessoas a aproveitar das conveniências destes serviços. Pela observação e as porvindouras anotações de dados e respostas verificou-se uma dicotomia que advém entre os usuários de dispositivos fixos e os de dispositivos móveis próprios. Constatou-se que quando o uso decorria dos primeiros, o tempo de uso era consideravelmente menor do que o tempo correlacionado aos que detinham o próprio aparelho. Esse episódio foi em virtude, certamente, de o local estar com lotação elevada, uma grande concentração de pessoas ao redor das mesas com seus tablets à espera. Tal acontecimento acarretou alguma sensação de desconforto em quem estava sentado em seus desfrutes na internet. Na verdade, uma “pressão” para uma menor delonga. 3

Cowie, Neil. Observation (2009), In: Heigham, Juanita & Croker, Robert A. Qualitative research in Applied Linguistics: a pratical introduction. Great Britain: Palgrave Macmilian.

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Embora se tenha buscado respostas, não as obtivemos junto aos shoppings, quanto ao caso de o espaço interativo midiático não possuir boxes que delimitem as ações dos utentes, junto aos dispositivos, de uma forma que açambarque maior privacidade. Entretanto, o que se nos demonstra é que se valoriza dentro daqueles espaços a rotatividade no uso dos tablets para agradar mais clientes, que poderão proferir ter feito uso do serviço. Um marketing para os shoppings centers. Com relação aos usuários de dispositivos próprios, o problema arrostado durante a fase de observação igualmente envolve a questão da abundância de pessoas na praça de restauração do Fórum, haja vista que, muitas das vezes, apresentava-se como fator complicador na averiguação do modo como os usuários estavam se aproveitando do wifi. Analisa-se que nestes espaços públicos que colocam a mídia virtual disponível aos clientes, a diversidade do público com ênfase na internet, era imensa, abrangendo desde crianças jogando em tablets, até adultos a trocar inúmeras mensagens nas redes sociais, e consultar o Google Maps, o que sopesa aventar-se de turistas em busca do próximo destino a ser visitado na cidade. No referente ao Coimbra Shopping os problemas encarados foram mínimos. A direção do Shopping foi solícita, colocando-se à disposição, e contestou prontamente as indagações quanto às funcionalidades do serviço de wifi gratuito, em seus ambientes.

Registre-se que este espaço, por

ser menor, possui um fluxo inferior de visitantes do que o Fórum Coimbra, de forma que foi mais simplificado avaliar e proceder às observações necessárias acerca dos utilizadores. Com local destinado à internet na praça de restauração, bem como um espaço mais reservado para seus utilizadores, notou-se o uso quase majoritário de estudantes com seus portáteis realizando pesquisas para estudo, e se divertindo em redes sociais e jogos on line. Havia um clima de maior tranquilidade no local, menor barulho, e acanhada circulação de pessoas do que o outro shopping, o que se pressupõe ser este o motivo do espaço ter sido elegido pelos estudantes residentes, nas proximidades, como o favorito para uso da internet em um local público. Ao longo de todo o processo de análise, o material empírico foi interpretado à lucidez da literatura científica de referência para a pesquisa em tela. Vale lembrar, entretanto, que a fala do entrevistado tem valor nela mesma quando tomada como fonte de conhecimento e não pode ser usada como mera ilustração das teorias explicativas. Foi tomado o devido cuidado de recolher e analisar de forma correta o material fornecido pelos informantes, de maneira a legitimar e subsidiar a base para questionamento dos pressupostos e mesmo das concepções teóricas estabelecidas e consolidadas. Assim sendo, rompe-se para os inquéritos e entrevistas como ferramentas de coleta de dados, que, geralmente, acompanham a observação tanto no estudo de caso, na pesquisa ação, ou na etnografia. “Perhaps the most commonly used method of data elicitation in qualitative educational 12

research, interviews may yield a wealth of valuable data” (Hood: 2009, p.77)4. A entrevista deve permitir planejamento e reflexão. Ela deve ser orientada por palavras tais como: o que, quem, onde, quanto e em que condições. Como toda pesquisa, os dados qualitativos demandam escolhas e interpretações. O sucesso da análise depende de como os códigos e temas são identificados e desenvolvidos. Pela revisão bibliográfica juntamente com a pesquisa de campo, com os questionários aplicados, e bem analisados, é possível extrair um novo conhecimento. A análise e os resultados surgem simultaneamente com essa coleta de dados. E a qualquer momento pode-se apreender por meio da reflexão a precisão de demudar os objetivos, por exemplo, ou a abordagem, ou mesmo os instrumentos da pesquisa. No caso em questão tal mecanismo não se logrou cogente uma vez que todos os quatro indivíduos perquiridos acolheram de bom grado replicar os questionários. Percebeu-se no decorrer do processo que a entrevista pode e deve ser apreciada como o coração da pesquisa. No pensamento de Kerlinger (1980:335) 5a metodologia denota “maneiras diferentes de fazer coisas com propósitos diferentes”, ou seja, maneiras de formular problemas, hipóteses, métodos de observação e recolha de dados, medida de variáveis e técnicas de análise de dados. Acresce o autor: “a metodologia inclui também aspectos da filosofia da ciência” pressupondo uma constante atitude de análise crítica, nomeadamente quando tal análise assume a configuração de uma crítica epistemológica dos conceitos utilizados, no quadro de uma investigação. Destarte, prosseguimos para a segunda etapa da referida pesquisa, ao aplicar as entrevistas e inquéritos, os quais serão objetos de análise juntamente com as observações elaboradas no relatório inicial. Ressalte-se, entretanto, ser viável rematar certas suposições anteriores como o maior uso da internet em espaços públicos, que muito provavelmente decorre dos estudantes com desígnio de estudo ou entretenimento. Para tanto, procedeu-se a uma análise dos dados propriamente ditos ensejando-se o cuidado de revisar com maior delonga, novamente, todos os documentos obtidos, mormente as notas de campo, perpetrando-se a transcrição de todos os registros com pretensão de obter uma visão completa e abrangente sobre o assunto. Registre-se que a análise dos dados esteve consecutivamente inventariada com as questões levantadas e constituídas no início do estudo. Valernos-emos de tais dados para estabelecer conclusões fundamentadas em feitio de narrativa que ambiciona ser inteligível e elucidativa para o leitor divulgando minuciosamente o resultado da pesquisa.

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Hood, Michael. Case Study. In: HEIGHAM, Juanita; CROKER, Robert A. Qualitative research in Applied Linguistics: a pratical introduction. (2009). Great Britain: Palgrave Macmilian. 5

Kerlinger, F. N. (1980). Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: E.P.U

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CAPÍTULO III- Os espaços públicos pesquisados e os resultados obtidos quanto ao uso da internet Os locais elegidos foram: Coimbra Shopping e Fórum Coimbra tendo em vista ambos estarem em situações geográficas e físicas de fácil acesso na cidade de Coimbra. Ademais, o fato de estarem abertos a uma grande diversidade de público, nos permite uma maior observação e abrangência quanto ao uso de meios digitais. O shopping center Fórum Coimbra, inaugurado em 2006, situado no alto de uma colina, no Platô de Santa Clara, possui 147 lojas, seis salas de cinema, sete lojas ancoras, além de restaurantes e lanchonetes e Hipermercado. Elucubra uma visão extraordinária da cidade. Todo envidraçado e com varandas que agradam o público que o frequenta, oferece a possibilidade de vislumbrar lindas paisagens, incluindo as águas da margem esquerda do rio Mondego. É viável acercar-se ao local valendo-se de meio de transporte particular, bem como público, mais especificamente pelas linhas de autocarro 14, 14T e 38F, que sobem até a Avenida José Bonifácio de Andrada e Silva, número 1, Quinta Vale Gemil Almegue, Santa Clara. O Coimbra Shopping tem o seguinte endereço: Avenida Doutor Mendes Silva, n. 211 a 251, tendo código de endereçamento postal sob o número 3030-193, em Coimbra. Fica apenas a 1 km da nova Ponte Rainha Santa Isabel, sobre o Rio Mondego. O tempo de chegada depois de saídas Sul/Norte A1 é de 10 minutos Ressalte-se que a rede de lojas é servida por uma extensa rede de transportes públicos, com as linhas 24, 24T, e 38. Implantado no Vale das Flores, o Coimbra Shopping conta com um total de 64 lojas, distribuídas por dois pisos, o Hipermercado Continente, e uma praça central coberta, cercada de restaurantes. Harmoniza todo o aconchego de um espaço integrado numa zona de negócios e residencial com bastante referência na cidade de Coimbra. Um dos slogans do centro, de estão centralizada, desperta para a questão da limpeza e a continua promoção do shopping. Durante as duas visitas para observação do ambiente Fórum Coimbra detectou-se que o espaço dedicado aos meios digitais disponíveis reduz-se à espaçosa praça de alimentação, cercada de um lado por varandas, que possui além de mesas e cadeiras um balcão com tablets acoplados para uso (incluso a internet). Fato esse que igualmente atrai o consumidor. Neste ambiente podemse encontrar fichas disponíveis para se carregar notebooks, celulares, etc. Semelhante ao Fórum Coimbra, o espaço interior do Coimbra Shopping engloba rede wifi grátis e fichas para se carregar notebooks, bem como celulares. Como descrito no Relatório I, durante as visitas ao Fórum, notou-se que a utilização dessas redes wifi se dá entre o público mais jovem e, ainda, os de meia idade. Grande parte dos jovens e determinadas crianças se concentravam nos tablets, enquanto os adultos, em sua maioria do sexo 14

masculino, se absorviam nos celulares e portáteis. Em uma segunda visita, ao final de semana, constatou-se que altas porcentagens dos que ali se encontravam estavam atidas nos tablets, destacando-se as crianças e os jovens, sendo que, em algumas dessas situações presenciadas, os pais compartilhavam de alguma atividade ligada à internet. Enquanto no Coimbra Shopping, devido a sua localização se delinear próxima a uma zona residencial com larga concentração de estudantes, estes eram preponderantes em se beneficiarem do espaço, com smartphones e portáteis enquanto tomavam café. Urge a interpretação dos inquéritos e das entrevistas realizadas. Primordialmente, destaquese que o nível de idade dos indagados abarcava entre 20 e 30 anos. Constituía-se de duas mulheres e dois homens, sendo uma solteira e a outra casada, bem como um homem solteiro e um casado. Quanto à diversidade cultural e nacionalidade desses indivíduos se decompunham em portugueses, brasileiros e um romeno. Extrai-se dos inquéritos que todos arrestavam um relativo grau de instrução elevado, com curso superior. Verificou-se que todos possuíam TVs e portáteis em casa. Do mesmo modo, contavam com sinal de internet em suas próprias casas, contudo, não encerravam serviço de televisão a cabo. O fato a ser elucidado é que todos faziam uso da internet para assistirem aos programas usuais da TV pela net. Grande parte do conteúdo procurado era tangente à produção americana, tais como seriados e séries, sendo citados Game Of Trones e Arrow. Ademais desses seriados, programas de notícias e documentários destacou-se History Channel, Discovery e BBC News. Intui-se que, com o advento da crise, aconteceu uma migração dos serviços de TV a cabo para os serviços de net, visto que atualmente uma grande parte das operadoras de TV fornece sua programação on line, e quando não o faz, beneficiam-se os indivíduos de outros artifícios tais como Netflix, Youtube e Torrent para assistir a programação almejada. Detectou-se pelas respostas obtidas dos entrevistados que, apesar de contrariar a tendência, alguns possuíam serviço de telefone fixo, entretanto, alegaram imediatamente que somente tinham disponível por fazer parte do pacote da internet, com uso quase zero, nesse item. O celular se mostrou como a opção número um para se realizar chamadas. Alerte-se que as alterações no tarifário carrearam em uma diminuição do tempo de chamadas, gastando-se, agora, de em torno de 30 minutos diários, no máximo. Ponto comum aludido em todas as entrevistas consistiu no enorme uso da internet, desde a busca da programação para suprir a TV, passando pelo uso de redes sociais como Facebook e Twiter, além do uso de e-mails e skype para comunicação. Os entrevistados lembraram a internet como algo muito importante em suas vidas, desde o entreter até a informação. Essa busca por conhecimento posiciona-se em segundo lugar, com acesso a sites de notícias sobre Portugal e o 15

mundo. Mencionou-se o uso destinado a encontrar material para estudo, mais especificamente jurídico e arquitetura e urbanismo, áreas em que duas das entrevistadas estão matriculadas. Todavia, apareceu nas respostas a regularidade desse meio para obter conhecimentos sobre viagens e mesmo receitas culinárias, o que demonstra o poder comunicativo que a internet exerce, atualmente, sobre a sociedade. A questão esportiva não se evidenciou menos importante, mantendo uma estreita relação com a internet, inferindo-se que a busca por notícias e resultados de jogos é feita on line. Contabilizou-se um agudo emprego da Wikipédia, o que se nos demonstra imediata mudança radical da sociedade nas últimas décadas. Há poucos anos atrás quase todos os estudantes orgulhavam-se de possuir uma enciclopédia com inúmeros volumes em casa para estudo, e hoje é uma realidade obsoleta, pois tudo, ou quase tudo pode ser acessado on line. Os entrevistados confirmaram ter reduzido a quantidade de minutos diários do celular para conversar com os familiares e os amigos. Corroboraram, ainda, a diminuição da audiência da TV a cabo, de forma que a TV aberta serve para ver esportes e noticiários.

Embora conste da

programação da TV aberta um número consideravelmente grande de series, estas foram relegadas como antigas e/ou repetidas e em horários inconvenientes para serem assistidas por pessoas que estudam ou trabalham, em horários, sobretudo, comerciais. Tal resultado ensaia a migração deste publico para a internet, onde consegue ter a programação no horário aspirado. Captou-se advir uma busca incessante por conhecimento e informação nos meandros da World Wide Web, seja em sites específicos como Wikipédia, conforme salientado, ou o Google.

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CAPÍTULO IV - CONCLUSÃO A era da sociedade virtual revela um processo de profunda transformação social em curso. Trata-se de um estágio de desenvolvimento caracterizado pela capacidade de obter e compartilhar alguma informação, instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira mais adequada. Além disso, processos como a globalização e a revolução tecnológica, articulam um acelerar da reformulação dos conceitos hodiernos, em vários sentidos. É por meio deles que o cidadão pode exercer inteiramente suas atividades, inclusive arguindo e/ou cooperando para a construção de uma ordem verdadeiramente democrática. Note-se que os serviços prestados por determinados espaços públicos ao liberar um sinal wifi de forma gratuita, é muito mais do que simplesmente um agrado aos usuários e clientes daquele espaço, cuja finalidade cardeal é outra. Trata-se de um artifício de inclusão. Registre-se a imponência da internet e todas as possibilidades que se abrem quando utilizada. Desde a procura pela informação, considerando-se essa como elemento às vezes útil e outras não, percorrendo até a investigação de materiais de estudo e, ademais, conforme se salientou, como fator de entretenimento. O texto de Maria Immacolata Vassallo de Lopes (2010) realça que a pesquisa de campo tem caráter vital na descoberta de novas realidades instigando sobrepujar os limites da bibliografia revisada.

Conforme

bem

salienta

Solange

Mostafá

(http://www6.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/37/31l) a metodologia empregada nessa pesquisa pode ser classificada como “de campo”, pois vai muito além das já mencionadas enquetes aleatórias. Conhecer O uso da internet em espaços públicos em tempo de crise nos remete ao fato de que o pesquisador deve interpretar as respostas obtidas. Assim sendo, só poderá haver validade e eficácia se teorizar ou problematizar o objeto, içando-o à categoria de objeto teórico, em sintonia ao que se perpetrou nessa pesquisa. A internet demuda-nos em cidadãos cujos direitos angariam maior valor a partir do momento em que garante visibilidade das situações vivenciadas. Também como espaço público, que ela é, atordoa o cibernauta que se transveste em consumidor com seus excessos midiáticos. Com o advento da crise e a alteração nos tarifários domésticos de internet e TV a cabo, esses espaços com sinal wifi livre multiplicaram-se, e os centros que souberam aplicar esta demanda, em proveito próprio, encerraram um aumento apreciável de visitantes em seus espaços, sobretudo cibernéticos, e um consequente avanço nas vendas, tanto produtos, lanches, quanto um simples café. A projeção da internet se caracteriza com uma espécie de espaço público hodierno. Se a Ágora grega era o recinto no qual a limitação da esfera pública urbana estava nitidamente definida, destinada à discussão e ao debate de ideias entre os cidadãos, os shoppings centers deixam de ser a 17

‘caverna’ do mito de Platão, que encerra indivíduos ‘acorrentados na sombra’ para ser um espaço interativo público, aberto ao conhecimento, à luz da internet. Um espaço público abarcando um novo espaço público, em um turbilhão de ações e dinâmica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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