Ocorrência de Meloidogyne incognita raça 3 em lavouras de algodão na região noroeste do Paraná

June 28, 2017 | Autor: Ely Pires | Categoria: Root-knot nematode, Nematologia, Meloidogyne Incognita
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Ocorrência de Meloidogyne incognita Raça 3 em Lavouras de Algodão na Região Noroeste do Paraná COMUNICAÇÃO

Ocorrência de Meloidogyne incognita Raça 3 em Lavouras de Algodão na Região Noroeste do Paraná Ely Pires1, Hamilton Santana1, Érica G.C. Nasu2, Jean L. Belot3 & Cleber Furlanetto2 Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola, Rodovia BR 467 km 98, C. Postal 301, 83813-450 Cascavel (PR) Brasil. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Rua Pernambuco 1777, C. Postal 1008, 85960-000, Marechal Cândido Rondon (PR) Brasil. 3 CIRAD, Avenue Agropolis 34398, Montpellier, CEDEX5, França. Autor para correspondência: [email protected]

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Recebido para publicação em 19 / 10 / 2007. Aceito em 20 / 02 / 2008

Resumo – Pires, E., H. Santana, E.G.C. Nasu, J.L. Belot & C. Furlanetto. 2008. Ocorrência de Meloidogyne incognita raça 3 em lavouras de algodão na região Noroeste do Paraná. A região Noroeste concentra a maior produção de algodão do estado do Paraná. Danos causados pelo parasitismo de Meloidogyne incognita em algodoeiro nesta região têm levado à diminuição da produção em lavouras comerciais. O presente trabalho teve como objetivo conhecer a distribuição de M. incognita em lavouras de algodão dos municípios de Altônia, Iporã, Moreira Sales, Mariluz, Pérola e Umuarama, localizados na região Noroeste do Paraná, bem como identificar a raça prevalecente para esta região. Plantas com galhas no sistema radicular foram coletadas em lavouras de algodão. Isolados monoespecíficos foram obtidos a partir de fêmeas individuais e multiplicados em plantas de tomate ‘Rutgers’. A determinação de raça fisiológica foi realizada com base em testes nas plantas hospedeiro-diferenciadoras (tomateiro ‘Rutgers’, algodão ‘Deltapine 61’, melancia ‘Charleston Gray’, pimentão ‘Early California Wonder’, fumo ‘North Carolina 95’ e amendoim ‘Florunner’), as quais foram inoculadas com 5.000 ovos e J2 em cinco repetições por diferenciadora. A avaliação ocorreu aos 60 dias após a inoculação com base na reação de suscetibilidade (+) ou resistência (-) das diferenciadoras frente aos isolados monoespecíficos de M. incognita. Os resultados encontrados indicam apenas a presença da raça 3 de M. incognita nos municípios amostrados. Palavras-chaves: Gossypium sp., nematóide das galhas, levantamento, Paraná. Summary – Pires, E., H. Santana, E.G.C. Nasu, J.L. Belot & C. Furlanetto. 2008. Ocurrence of Meloidogyne incognita race 3 in cotton plantations in the Northwest of Paraná State, Brazil. In Paraná State, the Northwest region is the major cotton producing area. In that region, the damages caused by the parasitism of Meloidogyne incognita in cotton plantations have led to the crop yield suppression. The present work aimed to know the distribution of M. incognita in cotton plantations in the Northwest of Paraná State, as well as to identify the prevalent race in that region. Cotton plants showing galls on roots were collected from infested fields in the municipalities of Altônia, Iporã, Moreira Sales, Mariluz, Pérola and Umuarama. Monospecific isolates of M. incognita were obtained from single egg masses and reproduced on tomato plants ‘Rutgers’. The race test was carried out through the inoculation of 5,000 J2 or eggs on differential hosts (tomato ‘Rutgers’, cotton ‘Deltapine 61’, watermelon ‘Charleston Gray’, sweet pepper ‘Early California Wonder’, tobacco ‘North Carolina 95’ and peanut ‘Florunner’) with five replications. The evaluation occurred 60 days after the inoculation, which was based on the susceptible (+) or resistant (-) reaction of differential hosts to the monospecific isolates of M. incognita. The results showed that only M. incognita race 3 was found parasiting cotton plants in the municipalities studied in this work. Key words: Gossypium sp., cotton root-knot nematode, survey, Paraná. Nematologia Brasileira Piracicaba (SP) Brasil

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Ely Pires, Hamilton Santana, Érica G.C. Nasu, Jean L. Belot & Cleber Furlanetto

Conteúdo O algodoeiro é cultivado em diferentes regiões do estado do Paraná com destaque para a região Noroeste, que apresenta a maior área plantada (Manfio, 2006). A elevada produtividade muitas vezes alcançada em áreas de produção comercial nesta região tem sido reduzida devido à incidência de nematóides fitoparasitas (Pires et al., 2007). Os principais nematóides parasitos do algodoeiro no Brasil são Meloidogyne incognita (Kofoid & White, 1919) Chitwood, 1949, Rotylenchulus reniformis Linford & Oliveira, 1940 e Pratylenchus brachyurus (Godfrey, 1929) Filipjev & Stekhoven, 1941 (Asmus, 2004). Desses, M. incognita é o de maior importância econômica no Brasil, com quatro raças fisiológicas descritas na literatura, sendo que apenas as raças 3 e 4 são parasitas do algodoeiro (Suassuna et al., 2006). A identificação prévia da raça fisiológica presente em uma área ou região é de fundamental importância antes de qualquer recomendação de controle com base em resistência genética (Franzener et al., 2005). Como o algodoeiro é parasitado pelas raças 3 e 4 de M. incognita, trabalhos visando a identificação dessas raças auxiliam no controle possibilitando a escolha de cultivares de algodão mais apropriadas (Inomoto, 2001). Com base no exposto acima, objetivou-se com o presente trabalho conhecer a distribuição de M. incognita na cultura do algodoeiro em municípios da região Noroeste do Paraná, bem como identificar a raça fisiológica prevalecente para a região. Foram realizadas coletas em lavouras comerciais

de algodão dos municípios de Altônia, Iporã, Mariluz, Moreira Sales, Pérola e Umuarama, localizados na região Noroeste do Paraná. Foram coletadas amostras de plantas de algodão com sintomas de galha no sistema radicular em diferentes reboleiras das áreas visitadas. Isolados monoespecíficos foram multiplicados em vasos contendo plantas de tomateiro (Lycopersicum esculentum Mill. ‘Rutgers’). A identidade dos mesmos foi confirmada com base na configuração perineal de fêmeas maduras (Hartman & Sasser, 1985) e no fenótipo para a isoenzima esterase (Esbenshade & Triantaphyllou, 1990). A identificação de raças fisiológicas de M. incognita a partir de isolados monoespecíficos foi realizada de acordo com Hartman & Sasser (1985), tendo-se utilizado as diferenciadoras algodão ‘Deltpine 61’, pimentão ‘Early California Wonder’, fumo ‘North Carolina 95’, melancia ‘Charleston Gray’, amendoim ‘Florunner’ e tomate ‘Rutgers’. Foram inoculados 5.000 J2 e / ou ovos por vaso contendo uma planta, totalizando cinco repetições por diferenciadora. A avaliação ocorreu aos 60 dias após a inoculação, pela contagem do número de galhas por sistema radicular, de acordo com Taylor & Sasser (1978). Foram consideradas suscetíveis (+), as diferenciadoras com número de galhas superior a 10 e resistentes (-) aquelas com menos de 10 galhas. Ao todo foram encontrados 10 focos de infestação de M. incognita distribuídos em seis municípios da região Noroeste do Paraná. Os testes realizados em plantas hospedeiro-diferenciadoras evidenciaram a presença da raça 3 de M. incognita para os isolados

Tabela 1 - Reação de plantas diferenciadoras a diferentes isolados monoespecíficos de M. incognita. Isolados Altônia 1 Altônia 2 Umuarama Iporã 1 Iporã 2 Iporã 3 Mariluz 1 Mariluz 2 Pérola M. Sales

Tomate

Pimentão

90* 134 158 126 162 140 131 54 133 103

57 48 40 48 73 63 35 17 29 41

*Média de galhas em 5 repetições por planta diferenciadora. 82

Vol. 32(1) - 2008

Plantas Diferenciadoras Melancia Amendoim 73 83 71 74 60 50 49 29 54 34

00 00 00 00 00 00 00 00 00 00

Algodão

Fumo

Raça

30 22 86 27 18 17 22 19 19 70

00 00 00 00 00 00 00 00 00 00

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Ocorrência de Meloidogyne incognita Raça 3 em Lavouras de Algodão na Região Noroeste do Paraná

monoespecíficos testados (Tabela 1). CARNEIRO et al. (1990) e LORDELLO et al. (1984) relataram que a raça 3 de M. incognita é a mais comum em campos de produção comercial de algodão no Brasil, o que foi confirmado em levantamentos realizados nos estados do Paraná (Ruano et al., 1985) e Mato Grosso (Silva et al., 2003). A raça 4, apesar de ter sido anteriormente relatada no Paraná (Machado et al., 2006; Suassuna et al., 2006), não foi encontrada no presente trabalho. A associação de M. incognita com outras espécies de nematóides de importância econômica em lavouras de algodão foi relatada por diferentes autores. Silva & Carneiro (1994), em levantamento realizado no Paraná, relataram a presença de M. incognita associado a R. reniformis. Asmus (2004), em levantamento realizado no Mato Grosso do Sul, relatou a presença de M. incognita em 27,7 % das áreas amostradas, além de R. reniformis em 16,8 e P. brachyurus em 65,2 %. No entanto, neste trabalho não foi encontrada qualquer associação entre M. incognita e outros nematóides fitoparasitas nas raízes de algodoeiro analisadas. Literatura Citada ASMUS, G.L. 2004. Ocorrência de nematóides fitoparasitos em algodoeiro no estado de Mato Grosso do Sul. Nematologia Brasileira, 28 (1): 77 - 86. CARNEIRO, R.G., H. ANTONIO, J.A. BRITO, A.A.K. ALTEIA. 1990. Identificação de espécies e raças fisiológicas de Meloidogyne incognita na região Noroeste do estado do Paraná: resultados preliminares. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, XIV, Londrina. Resumos, p. 4. ESBENSHADE, P.R. & A.C. TRIANTAPHYLLOU. 1990. Isozyme phenotypes for the identification of Meloidogyne species. Journal of Nematology, 22 (1): 1015. FRANZENER, G., J.R. UNFRIED, J.R. STANGARLIN & C. FURLANETTO. 2005. Nematóides formadores de galha e cisto patogênicos à cultura da soja em municípios do Oeste do Paraná. Nematologia Brasileira, 29 (2): 261-265. HARTMAN, K.M. & J.N. SASSER. 1985. Identification of Meloidogyne species on the basis of differential host

test and perineal-pattern morphology. In: Barker, K.R., C.C. Carter & J.N. Sasser (ed). An Advanced Treatise on Meloidogyne. Methodology, North Carolina State University Graphics, Raleigh., p. 69-77. INOMOTO, M.M. 2001. Algodão: atacado por nematóides. Cultivar, 3 (30): 5-7. LORDELLO, R.R.A., A.I.L. LORDELO, E. CIA & M.G. FUZZATO. 1984. Avaliação da resistência de algodoeiro a nematóides de galhas. In: CONGRESSO PAULISTA DE FITOPATOLOGIA, VII, Botucatu. Resumos, p.19. MACHADO, A.C.Z., D.B. BELUTI, R.A. SILVA, M.A.S. SERRANO & M.M. INOMOTO. 2006. Avaliação de danos causados por Pratylenchus brachyurus em algodoeiro. Fitopatologia Brasileira, 31 (1): 11-16. MANFIO, D.A. 2006. Paraná Continua Sendo o Maior Produtor de Grãos. acesso em 5 de agosto de 2007 (última atualização em 27 de março de 2006). PIRES, E., H. SANTANA, E.G.C. NASU, P.M.F. CRUZ, I. SCHUSTER & C. FURLANETTO. 2007. Levantamento e identificação de raças fisiológicas de Meloidogyne incognita em municípios produtores de algodão do Oeste do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FITOPATOLOGIA, XXXII, Curitiba. Resumos, p. 221. RUANO, O., G.M. CHAVES, S. FERRAZ & L. ZAMBOLIM. 1985. Distribuição de raças de Meloidogyne incognita nos estados do Paraná e Goiás. Fitopatologia Brasileira 10 (3): 667-670. SILVA, J.F.V. & R.G. CARNEIRO. 1994. Levantamento de nematóides associados à cultura do algodão no Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, XVIII, Campinas. Resumos, p. 13. SILVA, R.A., M.A.S. SERRANO, A.S. GOMES, D.C. BORGES, A.A. SOUZA, G.L. ASMUS & M.M. INOMOTO. 2003. Nematóides associados ao algodoeiro no estado do Mato Grosso. In: Congresso Brasileiro de Nematologia, XXIV, Petrolina. Resumos, p. 150. SUASSUNA, N. D., L.G. CHITARRA, G.L. ASMUS & M.M. INOMOTO. 2006. Manejo de Doenças do Algodoeiro. EMBRAPA, Campina Grande (PB), p. 124. (Circular Técnica 97). TAYLOR, A.L. & J.N. SASSER. 1978. Biolog y, Identification and Control of Root-knot Nematodes (Meloidogyne spp.). North Carolina State University, Raleigh, 111 p.

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