Opções Estratégicas das Universidades

July 14, 2017 | Autor: Galvão Meirinhos | Categoria: Management, Marketing, Universities, Educational Marketing
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OPÇÕES ESTRATÉGICAS DAS UNIVERSIDADES Galvão dos Santos Meirinhos UTAD | LABCOM http://www.galvaomeirinhos.com | [email protected]

A  educação  é  uma  das  necessidades  básicas  das  sociedades  contemporâneas,  razão  pela  qual  as   organizações   educativas   são   uma   trave-­‐mestra   da   sociedade   e   da   economia   da   oferta.   As   organizações   com   fins   lucrativos   são   geridas   pelo   primado   económico   baseado   no   lucro,   na   inovação   tecnológica   e   na   qualidade   das   soluções.   Por   outro   lado,   as   organizações   sem   fins   lucrativos  aspiram  pela  excelência  do  indivíduo,  constituindo-­‐se  como  entidades  propulsoras  da   transformação   e   da   modificação   do   ser   humano   (DRUCKER,   1994:   10).   Em   termos   latos,   a   organização  sem  fins  lucrativos  tem  como  objetivo  provocar  a  mudança  individual  e,  no  limite,   a   mudança   coletiva.   Por   isso,   a   maioria   das   organizações   sem   fins   lucrativos   nascem   com   vista   à   satisfação   das   necessidades   e   desejos   específicos   das   populações.   Gilberto   de   Andrade   Martins   diz-­‐nos   que   (...)   a   instituição   preocupada   em   prestar   serviços   reconhecíveis   em   todos   os   planos   pelos  seus  destinatários,  deve  legitimar-­‐se  política  e  socialmente  por  acções  voltadas  para  os  seus   públicos   (MARTINS,   1986:   6).   Esta   legitimação   passa   pela   definição   da   missão,   onde   frequentemente  se  enfatiza  a  excelência  da  organização  e  o  engrandecimento  do  cliente.  A  missão   tem   de   ser   mais   do   que   uma   mera   declaração   de   intenções.   Na   nossa   ótica,   a   missão   é   o   guião   de   valores  e  crenças  que  todo  e  qualquer  agente  da  organização  deverá  conhecer  e  pôr  em  prática   todos  os  dias.  Neste  domínio,  Peter  Drucker  afirma  que  (…)   a   tarefa   do   gestor   numa   organização   sem   fins   lucrativos   é   tratar   de   converter   o   enunciado   da   sua   missão   numa   série   de   actuações   específicas   e   coerentes.   A   missão   pode   ser   eterna   ou,   pelo   menos,   não   ter   um   termo   previsível.   A   tarefa  mais  importante  do  líder  de  uma  organização  é  antecipar  as  crises,  em  vez  de  gerir  o  caos.   Esperar  que  a  crise  nos  atinja  já  implica  abdicação.  O  dirigente  deve  capacitar  a  sua  instituição  no   sentido  de  prever  a  tormenta.  A  isso  se  chama  inovação  e  renovação  constante   (DRUCKER,   1994:   21).   Ainda fazendo   jus   às   palavras   de   Drucker,   não   podemos   prever   uma   catástrofe,   mas   podemos   porém   preparar   a   organização   para   o   combate,   com   um   bom   clima   organizacional   e   confiança  recíproca  entre  os  seus  membros.

 

 

As  organizações  sem  fins  lucrativos  devem  crescer  progressivamente,  sem  perder  a  capacidade   de  ajustamento  às  realidades  circundantes.  Os  líderes  devem  funcionar  em  contraciclo  por  forma   a  antecipar  as  crises  e  minimizar  as  dificuldades  da  organização.  Quando  as  instituições  começam   a  perder  fulgor,  o  líder  deverá  ser  capaz  de  relançar  o  crescimento,  a  flexibilidade  e  a  vitalidade.   Uma  das  tarefas  fundamentais  do  líder  é  contrabalançar  o  longo  com  o  curto  prazo,  o  panorama   geral   com   o   panorama   específico.   Na   imensa   maioria   das   situações,   administrar   uma   entidade   sem  fins  lucrativos  equivale  a  navegar  numa  canoa,  cujo  desafio  é  mantê-­‐la  permanentemente  em   equilíbrio,   sem   nunca   esquecer   que   é   necessário   progredir   no   itinerário   do   seu   desenvolvimento   económico,  social  e  cultural.   As   instituições   de   ensino   superior   começam   a   compreender   a   necessidade   de   atualizar   e   reeducar   pessoas,   dado   que   esta   atividade   está   a   converter-­‐se   na   principal   força   do   setor  

educativo   privado.   Nos   países   mais   avançados,   a   formação   e   a   atualização   de   quadros   superiores   converteu-­‐se   numa   das   principais   fontes   de   financiamento   das   instituições   de   ensino   superior.   Algumas   dessas   instituições   organizaram   o   seu   corpo   docente   com   o   intuito   de   atrair   profissionais   liberais   e   executivos   que   procuram   formação,   atualização   e   aperfeiçoamento   profissional.     A  missão  e  a  liderança  não  são  meros  temas  académicos,  uma  vez  que  podem  ser  perfeitamente   transplantados  para  as  práticas  diárias  de  gestão.  Devemos  transformar  o  enunciado  da  missão   em  resultados  práticos  e  as  ações  em  desempenho  organizacional,  com  vista  a  manter  e  a  renovar   o  compromisso  com  o  cliente.  Nesta  perspetiva,  a  missão  da  organização  educativa  deve  possuir   quatro  grandes  dimensões:   1ª)  deve  contemplar  a  história,  como  sejam  os  princípios  fundacionais,  tradições,  figuras  e   realizações;    

2ª)  deve  plasmar  as  preferências  dos  agentes  educativos,  como  sejam  líderes,   administradores,  professores,  alunos,  entre  outros;   3ª)  deve  contemplar  a  existência  de  uma  oferta  educativa  adaptada  às  especificidades   profissionais,  uma  vez  que  a  formação  atualizada  e  de  valor  acrescentado  tornou-­‐se  uma   condição  sine  qua  non  na  inserção  económica  e  social  da  instituição  no  mercado  de  trabalho;      

 

4ª)  e  devem  possuir  valores  e  recursos  suficientes  para  a  sua  “laboração”,  que  podem  ser   tangíveis  (como  instalações,  equipamentos,  pessoas  e  dinheiro)  e  intangíveis  (como   notoriedade,  imagem,  reputação,  história  e  tradição)  (KOTLER&FOX,  1992:  151).    

Infelizmente,   algumas   organizações   educativas   não   correspondem   às   expectativas,   negligenciando  as  necessidades,  desejos  e  aspirações  dos  seus  públicos.  Este  afastamento  não  é   mais   do   que   um   sinal   de   “autismo”   institucional,   podendo   mesmo   chegar   ao   que   o   economista   Theodore   Levitt   designa   como   miopia   em   marketing.     As   organizações   educativas   geridas   com   base   na   filosofia   de   marketing   concentram-­‐se   sistematicamente   na   identificação   das   necessidades,  desejos  e  motivações  dos  seus  clientes,  através  da  criação,  alteração  ou  mesmo  o   abandono  das  ofertas  formativas  em  determinadas  áreas  com  menores  taxas  de  crescimento  de   alunos  e/ou  menor  participação  relativa  da  instituição  no  mercado   em  relação  ao  seu  principal   concorrente.      

Nos   últimos   anos,   a   incompreensão   por   parte   dos   líderes   e   dos   administradores   de   conceitos   relacionados   com   o   processo   de   planeamento   estratégico,   tais   como   metas,   objetivos,   estratégias   e  planos  de  ação,  gerou  nos  agentes  educativos  desorientação  e  sérios  temores  organizacionais.   Alguns   gestores   confundem   a   estratégia   com   práticas   oportunistas,   concertadas   e   encadeadas.   Por   definição,   e   seja   qual   for   a   dimensão   da   organização,   a   formulação   estratégica   inicia-­‐se   sempre  com  a  definição  clara  dos  objetivos  gerais  e  específicos,  que  consiste  na  reunião  de  meios   tendo  em  vista  alcançar  certos  objetivos  contra  certos  adversários.       A   ação   estratégica   visa   a   transformação   da   missão   e   dos   objetivos   em   desempenho   organizacional.  As  instituições  de  ensino  superior  devem  preocupar-­‐se  com  a  definição  clara  da   missão,   identificar   metas   alcançáveis,   definir   objetivos   razoáveis   e   formular   estratégias   adequadas   às   necessidades   da   comunidade   educativa.   No   plano   das   metas   e   objetivos,   as   instituições  de  ensino  superior  elegem  comummente  entre  a  posição  de  mercado,  a  inovação,  os   recursos   físicos,   a   produtividade,   a   rentabilidade,   o   desempenho   organizacional   e   a   responsabilidade  social.     A   formulação   e   a   ação   estratégica   frutuosa   têm   como   produto   resultados   visíveis,   efetivos   e   partilháveis   entre   os   seus   membros.   Estes   resultados   são   obtidos   a   partir   da   combinação   da  

missão,   das   forças,   das   metas,   dos   objetivos,   da   estratégia,   do   plano   de   ação   e   dos   valores   presentes  na  organização.  Dito  por  outras  palavras,  o  desempenho  em  marketing  é  o  resultado  de   uma   estratégia   consequente,   ponderada   e   adequada:   ao   ambiente   interno   (composto   por   docentes,   funcionários   e   colaboradores);   ao   ambiente   de   mercado   (formado   por   discentes   e   fornecedores);   ao   ambiente   público   (constituído   pelo   público   geral,   público   local,   meios   de   comunicação   e   entidades   fiscalizadoras);   e   ao   ambiente   competitivo   (formado   pelos   concorrentes  diretos  e  indiretos).  O  desempenho  só  é  alcançado  quando  as  ações  estratégicas  são   executadas   por   pessoas   competentes,   orientadas   e   avaliadas,   às   quais   é   dado   um   prazo   de   execução   e   que   assumem   a   responsabilidade   pelos   resultados.   Só   com   a   implementação   deste   binómio   desempenho-­‐avaliação   conseguimos   criar,   desenvolver   e   sedimentar   uma   verdadeira   cultura  de  empresa  baseada  na  performance  organizacional.     A  questão  da  cultura  empresarial  é  determinante  no  desempenho  de  todos  os  colaboradores  da   empresa.   A   cultura   de   empresa   é   um   constructo   focalizado   e   moldado   pelas   vontades   dos   agentes,   onde   a   empresa   (…)   é   um   “todo”   constituído   por   todos   aqueles   que   nela   trabalham.   A   cultura  de  empresa,  na  sua  necessária  evolução  deverá  ser  geradora  de  “sentimento  de  pertença”  de   cada   um   dos   seus   elementos,   criando,   em   simultâneo,   um   clima   organizacional   favorável   a   uma   relação  saudável  de  intimidade  e  de  identificação  com  a  organização  (BARROS,  1993:  414).  Deste   modo,   a   cultura   da   empresa   representa   a   totalidade   dos   padrões   de   comportamento,   valores   e   práticas  partilhadas  por  todos  os  membros  da  organização.  As  culturas  organizacionais  fortes  e   coesas   singularizam-­‐se   por   atos   estáveis   e   consistentes   no   tempo   e   no   espaço.   Além   disso,   as   culturas   de   elevado   desempenho   são   fruto   de   lideranças   estáveis   e   contínuas,   da   concentração   geográfica   das   atividades   e   da   aglutinação   de   poderes   num   grupo   reduzido   de   pessoas.   Contrariamente,   as   culturas   inadaptáveis   ou   de   baixo   desempenho   caraterizam-­‐se   pela   substituição   frequente   dos   agentes,   admissão   de   força   de   trabalho   por   razões   pessoais   em   vez   de   profissionais,   diversificação   de   atividades   sem   qualquer   sentido   e   expansão   geográfica   sem   critério  nem  horizonte.  Na  análise  conjunta  das  caraterísticas  das  culturas  fortes  e  das  culturas   inadaptáveis,   concluímos   que   o   denominador   comum   é   o   sistema   de   valores   e   as   práticas   da   organização.   Hoje   em   dia,   o   sistema   de   valores   é   a   chave   para   o   desempenho,   porque   motiva   e   desafia  os  gestores  a  adaptarem  a  organização  ao  ambiente  competitivo  e  em  constante  mutação.   Como  diz  John  Kotter  e  James  Heskett,  (…)  a  cultura  corporativa  pode  ter  impacto  no  desempenho   organizacional   a   longo   prazo   (KOTTER   &   HESKETT,   1994:   12).   Esta   simples   conclusão   é   resultado   da   análise   de   uma   amostra   de   207   empresas   de   22   setores   de   atividade   dos   Estados   Unidos  da  América.  Esta  amostra  grande  e  variada  permitiu  gerar  o  índice  de  "força  cultural"  que   se   relaciona   com   o   desempenho   económico   mediante   a   aplicação   de   três   métodos:   o   índice   do   aumento  anual  do  rendimento  líquido,  índice  do  retorno  do  investimento  e  o  índice  do  aumento   anual  médio  do  preço  das  ações.  Destes  três  índices,  os  dois  primeiros  são  indicadores  internos   de   desempenho   económico,   enquanto   o   terceiro   tem   a   virtude   de   ser   uma   medida   externa.   A   conjugação   dos   três   índices   conforma   o   índice   de   "força   cultural".   Com   esta   investigação   concluíram   o   seguinte:   Durante   um   período   de   onze   anos,   as   organizações   que   conciliam   os   factores   sociais,   económicos   e   humanos   na   sua   cultura   aumentaram   os   rendimentos   na   média   de   682%  contra  os  166%  para  as  organizações  sem  tratados  culturais;  expandiram  as  suas  forças  de   trabalho  em  282%  contra  36%;  aumentaram  o  preço  das  ações  901%  contra  74%  e  melhoraram  os   rendimentos  líquidos  de  756%  contra  1%  (KOTTER  &  HESKETT,  1994:  12).  Nos  inícios  da  década   de   80,   a   economia   europeia   caraterizava-­‐se   por   uma   concorrência   em   alta,   que   permitiu   ainda   assim   às   organizações   com   culturas   inadaptadas   sobreviverem,   crescerem   e   prosperarem.   Pelo   contrário,  na  década  de  90,  o  êxito  das  organizações  dependeu  diretamente  do  índice  de  "força   cultural"  e  da  sua  constância  no  tempo  e  no  espaço.  Atualmente,  as  realidades  da  década  de  90   agudizaram-­‐se,   passando   o   sucesso   pela   moral,   ética   e   motivação   dos   agentes   no   projeto   empresarial.  

Em  menos  de  uma  década,  um  conjunto  de  acontecimentos  económico-­‐sociais  alteraram  a  gestão   das   organizações.   Termos   como   competitividade,   consumismo,   globalização,   inovação   e   posicionamento   tornaram-­‐se   conceitos   centrais,   comuns   e   populares.   As   ligações   instantâneas   às   organizações   através   das   redes   de   comunicação   global   permitiram   um   aumento   de   competitividade   sem   precedentes   na   história   da   humanidade;   sofisticou   o   consumidor   estando   cada  vez  mais  formado,  informado  e  exigente;  e  globalizou  a  estrutura  da  oferta  e  da  procura  de   bens   e   serviços.   Por   isso,   as   organizações   educativas   devem   avaliar   continuadamente   o   ambiente   interno   e   externo,   corrigindo   as   suas   fraquezas,   potenciando   as   suas   forças,   aproveitando   as   oportunidades   e   protegendo-­‐se   das   ameaças.   Em   qualquer   mercado   existe   um   conjunto   de   fatores   com   influência   determinante   no   desempenho   das   organizações   –   os   chamados   fatores   críticos  de  sucesso  (BARROS,  1993:  26).  Neste  sentido,  apresentamos  quatro  fatores  críticos  de   sucesso  das  organizações  atuais:   1º)  o  pensamento  estratégico  é  um  dos  fatores  cruciais  para  que  as  organizações   rumem  nos  cenários  concorrenciais.  O  planeamento  estratégico  é  (...)  essa  forma  de  ver  o   mundo,  essa  metodologia  de  raciocínio,  esse  esquema  de  perspectiva,  de  descobrir  problemas  e   apresentar  soluções  (...)  (LEVY,1992  :33).  Os  líderes  educativos  devem  passar  parte  do  seu   tempo  na  formulação  de  pensamento  estratégico  para  a  organização.  Enquanto  o   planeamento  estratégico  tem  que  responder  e  corresponder  ao  desafio  da  definição  dos  fins  e   avaliação  dos  meios  disponíveis,  o  pensamento  estratégico  é  a  orientação  e  a  perspetiva  do   negócio.  A  transitoriedade  acelerada  do  mercado  envolve  simultaneamente  o  raciocínio  e  a   ação.  A  organização  competitiva  coabita  com  a  turbulência  do  meio  que  consubstancia  a   existência  do  pensamento  estratégico.  Por  outro  lado,  o  planeamento  estratégico  torna-­‐se   uma  ferramenta  de  controlo  contínuo,  que  compatibiliza  os  resultados  previstos  (mediante  a   análise  das  ameaças  e  oportunidades)  e  os  resultados  da  nossa  posição  (através  da  análise   das  forças  e  fraquezas  da  organização).  Porém,  o  Planeamento  Estratégico  não  é  Pensamento   Estratégico,  que  envolve  intuição  e  criatividade.  O  Planeamento  é  imobilista,  dificulta  as   mudanças  organizacionais  profundas,  retira  autonomia  e,  por  isso,  motivação  ao  nível   operacional  (CARDOSO,  1995:  45).  Por  isso,  o  pensamento  estratégico  deve  ser  flexível,   orgânico  e  plástico,  para  que  as  organizações  vençam  as  ameaças  e  captem  as  oportunidades   das  diferentes  realidades  com  que  interagem,  como  a  realidade  socioeconómica  e  a  realidade   político-­‐cultural.  Acreditamos  que  o  pensamento  estratégico  é  uma  forma  sui  generis  de   absorver  as  complexidades  do  real  e  sugerir  soluções  coerentes  e  oportunas.  Em  virtude  das   realidades  dos  mercados  serem  voláteis  e  efémeras,  o  marketeer  deve  preparar  a  organização   para  a  mudança,  para  a  mobilidade  e  para  a  permanente  análise  das  ameaças  e  oportunidades   presentes  no  mercado;   2º)  Nas  sociedades  de  informação,  uma  das  variáveis  críticas  é  o  know-­‐how  humano.   Este  fator  de  sucesso  permite  aos  agentes  educativos  executar  as  tarefas  certas  (doing  the   right  things)  e  corretas  (doing  the  things  right).  Ou  seja,  a  eficiência  mede  o  grau  de  utilização   dos  recursos,  enquanto  a  eficácia  mede  o  grau  com  que  os  objetivos  são  concretizados.  As   instituições  de  ensino  superior  devem  encarar  a  formação  dos  seus  recursos  humanos  como   um  objetivo  prioritário  e  um  investimento  de  futuro.  A  força  de  trabalho  tem  que  participar   duma  aprendizagem  permanente,  com  o  intuito  de  fazer  cada  vez  mais  e  melhor.  A  qualidade   das  instituições  de  ensino  superior  depende  em  larga  medida  da  competência  dos  seus   recursos  humanos,  da  sua  atitude  e  da  sua  formação  contínua;   3º)  Nos  dias  que  correm,  é  comum  dividir  as  organizações  em  pequenas  unidades  com   personalidade  própria  e  completamente  orientadas  para  os  mercados.  A  melhor  forma   de  desenvolver  o  contacto  direto  com  o  mercado  é  o  estabelecimento  de  relações  de   associação  com  o  cliente.  Neste  momento,  a  informática  e  as  telecomunicações  oferecem   possibilidades  únicas  de  geração  de  relações  de  partilha  e  de  associação.  Neste  sentido,  Tom   Peters  afirma  que  as  (…)  relações  com  os  clientes  e  utilizadores  finais  devem  ser  rapidamente   substituídas  por  relações  de  associação.  Devem-­‐se  adoptar  imediatamente  as  melhores  ligações   electrónicas  bem  como  outras  tácticas  para  aumentar  a  velocidade  e  a  capacidade  de  resposta.   Estas  tácticas  representam  a  melhor  oportunidade  de  estratégia  ofensiva,  mas  também  devem   ser  rapidamente  implementadas  por  razões  de  defesa  -­‐  os  concorrentes  podem  lá  chegar   primeiro  e  conquistar  clientes  para  os  próximos  anos  (PETERS,  1990:  152).  Desta  forma,  fica   clara  a  importância  da  relação  entre  a  organização  e  o  cliente,  não  descurando  um  fator  cada   vez  mais  importante  e  influenciador  da  competitividade  das  organizações  -­‐  as  tecnologias  de   informação  e  de  comunicação.  A  satisfação  de  nichos  de  mercado  exige  das  instituições  de  

ensino  superior  alterações  periódicas  dos  planos  curriculares  ou,  eventualmente,  o   aparecimento  de  novos  cursos,  ajustados  simultaneamente  às  preferências  dos  alunos  e  às   necessidades  da  sociedade  em  geral;   4º)  O  serviço  é  algo  indissociável  do  produto  e  primordial  na  satisfação  dos   consumidores.  Enquanto  a  origem  do  termo  “produzir”  é  o  latim  pro  ducere,  que  significa   fazer  existir  o  que  não  existe,  o  termo  “serviço”  vem  do  latim  servitium,  que  significa   escravatura.  Tanto  a  ação  como  o  resultado  não  se  relacionam  diretamente  com  o  termo   produzir,  embora  envolva  (...)  a  organização  sistemática  e  coerente  de  todos  os  elementos   físicos  e  humanos,  incluídos  no  interface  cliente-­‐empresa  (...)  (EIGLIER  &  LANGERARD,  1991:   15).  Portanto,  o  serviço  é  o  resultado  genérico  da  interação  entre  o  cliente  e  o  pessoal  de   contacto  da  organização.  Por  outro  lado,  a  visão  de  interface  implica  preencher  todo  o  espaço   de  necessidades  dos  clientes.  A  capacidade  e  a  disponibilidade  para  a  prestação  de  serviços  é   fisicamente  limitada,  o  que  exige  a  permanência  de  relações  cordiais  e  profícuas  entre   parceiros.   Comparativamente   à   gestão   de   produção,   a   gestão   de   serviços   coabita   com   dimensões,   perspetivas  e  vertentes  intrínsecas  ao  ato  de  servir.  Sendo  o  serviço  um  instrumento  operacional   de   satisfação   de   necessidades   intangíveis,   este   é   um   composto   formado   por   atos   intelectuais,   verbais   e   físicos.   Os   atos   intelectuais   implicam   a   compreensão,   investigação   e   avaliação   das   circunstâncias   de   ambas   a   partes,   e   que   normalmente   precedem   a   tomada   de   decisão.   Por   seu   lado,   os   atos   verbais   são   dirigidos   para   fazer   progredir   o   desenrolar   do   serviço,   ou   até   mesmo   para   consumar   a   tomada   de   decisão.   E,   por   fim,   os   atos   físicos   são   ações   e   contextos   indispensáveis  à  realização  do  serviço.  Através  da  concatenação  dos  atos  intelectuais,  verbais  e   físicos,  o  prestador  do  serviço  deve  responder  a  todos  os  anseios,  dúvidas  e  desconhecimentos  do   beneficiário.  Por  isso,  os  agentes  educativos  devem  ser  ótimos  comunicadores  e  responsáveis  na   construção  da  imagem  positiva  e  diferenciadora  da  instituição  de  ensino  superior.   A   direção   de   marketing   deve   formar   e   informar   com   regularidade   todos   os   colaboradores   que   implementam   os   planos   de   marketing,   bem   como   o   pessoal   de   contacto   interno   e   externo.   A   consolidação   destas   práticas   esclarecedoras   e   orientadoras   dos   diferentes   agentes   possibilitam   o   controlo  e  a  credibilização  do  serviço  no  espírito  do  beneficiário.  Assim,  a  direção  de  marketing   deve   despender   o   seu   tempo   na   captação   de   diferentes   pontos   de   vista   no   interior   da   organização,   diagnosticar,   argumentar   e   eventualmente   modificar,   se   assim   se   justificar,   os   esquemas   de   atuação   e   de   interação.   Fazendo   jus   à   introdução   desta   obra,   todo   o   agente   envolvido   no   processo   educativo   deve   ser   um   agente   ativo,   analítico   e   empreendedor,   falando   abertamente   das   suas   preocupações   organizacionais,   para   que   a   instituição   desenvolva   um   “sistema  imunológico”  contra  as  fraquezas  internas  e  as  ameaças  externas.     No   contexto   universitário   português,   é   sobretudo   necessário   suscitar   no   agente   prestador   de   serviços   educativos   (como   em   escolas,   liceus   e   instituições   de   ensino   superior),   o   empenhamento,  a  visão,  o  perfeccionismo  e  a  persistência  no  trabalho.  Como  alerta  Luís  Cardoso:   Deve-­‐se   incentivar   a   inovação,   aceitar   erros   valorizando   as   tentativas   e   os   sucessos,   quebrar   a   rotina,   desenvolver   o   humor   e   a   aventura   (CARDOSO,   1995:   4).   Por   isso,   é   razoável   haver   uma   aproximação   entre   os   quadros   superiores   e   os   demais   membros   das   instituições   de   ensino   superior.   É   responsabilidade   dos   quadros   superiores   pulverizarem   a   motivação,   a   performance   e   a   rapidez   no   desempenho   das   funções,   por   forma   a   evitar   custos,   resistências,   burocracias   e   inércias  institucionais.  A  humanização  das  tarefas  e  o  sentido  de  participação  dos  agentes  na  vida   da   instituição   é   fruto   do   princípio   de   delegação   de   competências.   O   planeamento   e   a   gestão   de   tarefas   delegadas   envolvem   a   formalização   e   a   normalização   dos   atos   administrativos   internos.   No   entanto,   e   muitas   das   vezes,   os   atos   administrativos   não   explicam   o   funcionamento   das   organizações,   pelo   contrário,   criam   campos   de   forças   que   beneficiam   e/ou   prejudicam   o   comportamento   das   organizações   educativas.   Neste   sentido,   os   agentes   educativos   devem   possuir   pensamento   estratégico   sobre   as   realidades   internas   e   externas   da   organização  

educativa.  No  domínio  das  realidades  internas,  os  gestores  de  recursos  humanos  devem  dosear  a   “massa   humana”   de   acordo   com   o   desempenho   organizacional   pretendido   pelas   lideranças.   No   domínio   das   realidades   externas,   a   competitividade   das   instituições   de   ensino   superior   passa   pela   satisfação   de   nichos   de   mercado,   porque   o   êxito   ou   o   fracasso   da   oferta   prende-­‐se   sistematicamente   com   a   satisfação   de   necessidades   específicas   a   montante   –   o   mercado   dos   alunos  –  e  a  jusante  –  as  entidades  empregadoras.    

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