Os CENÁRIOS - As Relações EUA - UE e o seu Futuro // THE FUTURE about the USA-EU political and military relations

May 23, 2017 | Autor: M. Mattos Chaves ... | Categoria: International Relations, Political Economy, International Relations Theory, Political Theory, Political Science, Politics, European Security and Defence Policy, International Political Economy, United Nations, International Politics, European Union, United States In The World, Decision Making Under Uncertainty, United States History, European Union Politics, European Union external relations, United Kingdom, Portugal, Filosofía Política, Ciencia Politica, Prospective studies, Defesa do Estado, University, Relaciones Internacionales, United States, Defense and National Security, Economia Política, Direito da União Europeia, União Europeia, Estrategia, Prospectiva Estratégica, Defence and Strategic Studies, Estrategia y Prospectiva, Universidad, Politics and International relations, Defense and Strategic Studies, Prospectiva, Estudos de Defesa, Defesa Estratégica, Segurança Estratégica, Segurança Externa, Segurança Interna, Segurança Pública, Gestão Estratégica Internacional, Sistema Interestatal, Guerras e Conflitos, Poder, Ciência Política, Sociologia, Antropologia., Diplomacy and international relations, Universitas, Relações Internacionais - União Européia, Relations Internationales, Estudos de Defesa, Defesa Nacional, Public Policy, Estudos das Políticas de Defesa, Politics, European Security and Defence Policy, International Political Economy, United Nations, International Politics, European Union, United States In The World, Decision Making Under Uncertainty, United States History, European Union Politics, European Union external relations, United Kingdom, Portugal, Filosofía Política, Ciencia Politica, Prospective studies, Defesa do Estado, University, Relaciones Internacionales, United States, Defense and National Security, Economia Política, Direito da União Europeia, União Europeia, Estrategia, Prospectiva Estratégica, Defence and Strategic Studies, Estrategia y Prospectiva, Universidad, Politics and International relations, Defense and Strategic Studies, Prospectiva, Estudos de Defesa, Defesa Estratégica, Segurança Estratégica, Segurança Externa, Segurança Interna, Segurança Pública, Gestão Estratégica Internacional, Sistema Interestatal, Guerras e Conflitos, Poder, Ciência Política, Sociologia, Antropologia., Diplomacy and international relations, Universitas, Relações Internacionais - União Européia, Relations Internationales, Estudos de Defesa, Defesa Nacional, Public Policy, Estudos das Políticas de Defesa
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As Relações EUA Europa e o seu Futuro
Várias interrogações se colocam actualmente, para que haja uma redefinição do Sistema Internacional, que se encontra, na minha opinião, num Interregno.
E a primeira é a de tentar saber até que ponto os Estados membros da UE querem ir na unificação das suas políticas externas e de defesa. Neste particular, e em primeiro lugar, têm que clarificar se querem ir no sentido de uma União de Estados Soberanos ou se querem ir para uma União de Estados Federados, com um Governo Central Europeu. E ainda, e em qualquer dos casos, como se decidirá o caminho a prosseguir.
E se é pacífica a Cooperação entre os Estados europeus, nestas e noutras matérias, já no que se refere á Integração o mesmo não se passa.
Mas nestes pontos reside o cerne da questão europeia. O futuro, com a participação e a demonstração activa da vontade dos cidadãos livres, que pensam e que têm opinião, dará as respostas.
Seja qual for o modelo a seguir isso terá repercussões na Aliança entre os dois lados do Atlântico.
*
Relações actuais e futuras entre os EUA e a União Europeia
Sobre esta questão resta saber qual o reflexo que um aprofundamento destas matérias, da segurança e defesa por parte da U.E., teria nas relações Europa/Estados Unidos, dado que estes últimos são os grandes fornecedores de meios e equipamentos para a defesa ocidental.
A Europa habituou-se a não investir em segurança e defesa, durante os últimos 70 anos. Decidirá agora outra coisa diversa? Terão os Governos Europeus e a Comissão força política suficiente para impor às suas respectivas opiniões públicas um esforço adicional na matéria?
Passou desapercebida uma decisão tomada este mês no seio da NATO, pelos países europeus, de aumentarem o seu investimento na segurança e defesa.
Mas sejamos claros, os países europeus irão fazê-lo porque a nova administração dos EUA já fez saber que não estão mais dispostos a serem os maiores contribuintes da organização, o que vale por dizer, da defesa e segurança europeias, no sentido mais restrito, ou defesa ocidental, no sentido mais lato.
Bem sabemos que as relações EUA/EUROPA não têm sido pacíficas ultimamente. Mas é bom lembrar que começaram a divergir, e agravaram-se, com a decisão dos EUA invadirem por duas vezes o Iraque, com os resultados que se conhecem. Hoje estas relações conhecem novos desenvolvimentos que indiciam, se não um afastamento mútuo, pelo menos um esfriamento, desde a posse do novo Presidente dos EUA em Janeiro deste ano.
Mas regressemos ao início das divergências. No início das crises do Iraque, desenharam-se então dois eixos de opinião:
1. O Eixo Paris/Bona
2. O Eixo Londres/Washington
Ora, mesmo apesar das várias tentativas de reaproximação, então levadas a efeito nos discursos políticos, sobretudo por parte da Alemanha, e face aos actuais novos desenvolvimentos determinados pelo Brexit e pela nova Administração Trump, a questão mais importante que se levanta, apesar dos discursos públicos dos vários intervenientes, é de qual será o futuro das relações transatlânticas?
Várias questões se colocam ou se voltarão a recolocar:
- Tenderá a Europa a aceitar um cenário Unipolar, sob o domínio dos EUA, ainda que mitigado pela NATO?
- Tenderá a Europa a deixar que o cenário mundial tenha outros pólos mais fortes que, eventualmente, a suplantem em matéria de voz activa no Sistema das Relações Internacionais?
- Tenderá a Europa, pós-Brexit, a tentar mais uma "fuga para a frente", tentando "federalizar" os domínios da segurança e da defesa?
Para uma resposta a estas questões complicadas, vou tentar dar algumas pistas sobre o que poderá vir a verificar-se, na minha opinião.
Assim, e de seguida, apresento três Cenários Prospectivos do que, na minha opinião, poderão vir a ser as relações transatlânticas do futuro, deixando para o final deste trabalho aquele que me parece mais passível de se vir a verificar. E eles são:
O Cenário 1 – o da PARIDADE entre EUA e UE – Ter voz;
O Cenário 2 - o "STATUS QUO" – A Submissão;
O Cenário 3 - o da DISSOLUÇÃO – Um Novo Modelo.
Passemos então a analisar o conteúdo de cada um destes três cenários possíveis que, quanto a mim, se podem vir a verificar mediante certas condições:
*
CENÁRIO 1 – PARIDADE - Ter Voz
Neste cenário parte-se do princípio que a U.E. quererá ter uma Voz Autónoma no seio do Sistema Internacional, neste capítulo da defesa.
O primeiro cenário possível é o de a União Europeia, agora a 27 membros, quererá, portanto, assumir a responsabilidade total pela sua segurança e defesa, tentando colocar-se num patamar em que passaria a dialogar em plano de igualdade com os EUA.
*
Para que este cenário se pudesse verificar, e dentro do espirito do mesmo, os Pressupostos deste cenário são:
a) Querer-se uma Autonomização da Europa face aos EUA, em matéria de Segurança e Defesa;
b) Para tal, teria que ser decidido um Reforço de investimento na IESD – Iniciativa Europeia de Segurança e Defesa, patamar superior dos princípios gerais evolutivos da PESC –(Política Externa de Segurança e Defesa) com a consequente criação de capacidades autónomas da União Europeia, face á NATO.
*
Como Hipótese de Trabalho partiu-se do pressuposto que:
a) Os EUA manteriam os seus investimentos nos níveis actuais de 3,4% do PIB, em matéria de Defesa;
b) os países da Europa, agrupados na U.E., pretenderiam atingir o mesmo nível de investimento do aliado atlântico;
C) E que o objectivo final seria o de em 10 anos alcançar a paridade de capacidades convencionais, com os EUA.
*
Com estes pressupostos, e neste cenário, feitas as contas teríamos o seguinte quadro:
- A União Europeia, no seu conjunto, tem investido, em média, menos 1,56% do seu PIB conjunto, por ano, que os EUA, desde a década de 1980;
Ou seja, a Europa investia cerca de 1,84% do seu PIB em matéria de defesa, contra 3,4% dos EUA.
Assim, e para adquirir alguma paridade com os EUA, a Europa, no seu conjunto, teria que, nos próximos 10 anos, investir (por ano), básicamente, as seguintes percentagens do seu PIB:
Anos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Inv. % sobre
o PIB

3,0

3,2

3,3

3,5

3,6

3,8

4,0

4,1

4,3

4,4
PIB estimado em 2016: EU a 28 = 14.692.954,2 - Euros - Milhões

Pressupostos do quadro:
Em 10 anos, a Europa tentaria igualar os investimentos feitos pelos EUA em matéria de Defesa, considerando para tal que se teria em consideração:
- Uma Recuperação do atraso em Stock de Capital de Defesa (1% PIB/ano)
- E um Aumento do investimento Anual (1,56% de GAP repartido por 10 anos).
As Ilações a retirar deste exercício de Prospectiva, dados os pressupostos para que tal se viesse a poder verificar, são portanto as seguintes:
- Mesmo com um cenário político moderado que não induzisse enormes rupturas repentinas face à prática actual, e do passado, em termos de investimento na área da Defesa e consequentes capacidades de intervenção potencial, a Europa teria de, pelo menos, duplicar os seus investimentos percentuais, face ao seu PIB, partindo de uma base de 3% ao ano (+ 1,43% do que actualmente se verifica) e que passaria a 4% do seu PIB no sétimo ano considerado chegando a 4,4% no décimo ano.
Ora não vejo grandes condições para este quadro e esta hipótese se possa vir a verificar. Isto por três razões principais:
1. As Opiniões Públicas europeias estão convencidas que alcançaram, na Europa, a "Paz Eterna" e, em consequência, estão mais vocacionadas para aceitar investimentos no seu bem-estar material presente e futuro, do que nas matérias da Defesa, dado que não estão de todo sensibilizadas para esta problemática;
2. Temos uma Europa em que abundam Políticos mas faltam Estadistas com pensamento estratégico. A agravar este factor, verifica-se que se instalou nas Élites pensantes dos vários países, uma atitude mental de que a actividade Política é uma "maçada" e algo pouco dignificante;
3. A par das duas primeiras, e em resultado das mesmas, verifica-se uma falta de força política dos detentores do Poder político, nos diversos Estados da União, para convencer as suas opiniões públicas da necessidade do incremento das despesas com a defesa.
*
Apenas mais uma pequena reflexão:
Em 10.000 anos de história da Europa estes últimos 70 anos de paz, isto é sem um conflito de alta intensidade, constituem-se como uma situação que nunca se verificou antes. Será para durar? Por quanto tempo?
A Rússia continuará a assistir pacificamente à "investida" no Leste Europeu por parte da União Europeia, por um lado, e por parte da NATO, por outro lado, até chegarem ao ponto de ter fronteiras directas?
O acesso a água potável e aos recursos energéticos são ilimitados e geradores de situações pacíficas? As desigualdades materiais e sociais vão-se atenuar? O bem-estar será generalizado?
O Norte de África desenvolver-se-á de forma a fixar a sua população extremamente jovem e de forma a proporcionar um bem-estar generalizado às populações que aí habitam, estancando o desejo de emigração?
São estas as interrogações que, a verificar-se este eventual cenário, teriam que ser respondidas de forma clara e retirando daí as necessárias ilações estratégicas.
*
CENÁRIO 2 – "STATUS QUO" – A Submissão
Ou seja, o cenário de uma Submissão efectiva, e assumida, da Europa face aos EUA.
Neste cenário parte-se do pressuposto de que a Europa assume de vez que a sua defesa é feita no seio da NATO, com maior participação dos países europeus, mas claramente sob a liderança/tutela dos EUA.
Assim sendo mantém, ou reforça apenas ligeiramente, os seus investimentos na área da Defesa.
*
Pressupostos:
a) A União Europeia assume não ter capacidade para ter uma voz forte e autónoma. Assume que o Pilar Europeu de Defesa – IESD, será o Pilar Europeu da NATO, sob a liderança dos EUA, ou mitigado por algumas benesses desta potência em termos de Comandos e investimentos;
b) A União Europeia assume que não existe uma Vontade política comum, (o que é a realidade), face aos interesses geoestratégicos diferentes existentes entre os seus diversos membros;
c) Mantém-se a situação da existência de Líderes europeus fracos, face às diversas Opiniões Públicas, nos diversos países membros da União.
Neste cenário, os países da Europa e a União Europeia, continuariam a efectuar os investimentos nos mesmos montantes e nível de significância sobre o/s seu/s PIB/s actuais, que rondam os 2,2% na França e na Alemanha, e apenas 0,9% a 1,6% nos restantes países, sendo que Portugal está na faixa inferior.
*
Como hipótese de trabalho:
A Europa assume claramente que não terá autonomia de Defesa nem possibilidade de atingir um patamar de paridade com os EUA, mesmo em matéria de meios convencionais, sendo pois imprescindível a manutenção do quadro europeu actual IESD, numa perspectiva de Pilar Europeu de Defesa da NATO.
O processo de autonomização progressiva da Europa depende, sobretudo, de vontade política comum, a qual, como é sabido, não existe. Há interesses díspares e difusos entre as potências europeias, por vontades irreconciliáveis a nível geoestratégico, o que se pode considerar normal.
Os líderes europeus sentem que não têm força suficiente, junto das respectivas Opiniões Públicas, para aumentar o esforço de investimento nesta matéria, de forma colocar a Europa numa situação de caminhar para atingir um plano de paridade convencional com os EUA ou de se colocar em posição de ter uma voz forte no Sistema Internacional.
Neste caso a Europa teria que se entender, no seu seio, com vista a uma maior e mais estreita reaproximação aos EUA da nova administração Trump e colocar de lado as eventuais divergências, constantes de alguns recentes discursos.
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CENÀRIO 3 – A DISSOLUÇÃO
O da Dissolução da cooperação transatlântica no seio da NATO
Neste cenário parte-se da hipótese de que os interesses europeus divergem em absoluto dos interesses americanos e os dois blocos separam-se em matéria de defesa, sobretudo por iniciativa americana, por passar a considerar irrelevante a ajuda e a capacidade europeia.
Verificar-se-ia uma Divergência insanável de interesses e isso levaria à dissolução do actual modelo da Aliança Atlântica.
*
Pressupostos:
A) Os EUA assumem unilateralidade, e de forma absolutamente clara, o papel de única Hiperpotência Mundial;
B) Consideram o Sistema Internacional como um Sistema Unipolar e classificam como seu único e importante adversário ou parceiro futuro, a China;
C) A União Europeia incapaz de conciliar os interesses eventualmente comuns aos dois lados do Atlântico, opta por assumir a emergência do Eixo PARIS-BONA que assume a liderança europeia;
D) A resposta consequente dá-se pela construção de um Novo modelo de relações Transatlânticas polarizadas entre Londres e Washington que se autonomiza da UE.
*
Como hipótese de trabalho:
1 - Os EUA assumem-se definitivamente como a Hiperpotência Mundial, sustentados na sua completa autonomia político-militar, libertos de negociações circunstanciadas com as potências europeias.
2 - Assumem a construção de um sistema unipolar tendo como parceiro/adversário único, a prazo, a China.
3 – A Europa não se entende sobre a matéria. O eixo Paris-Bona, assumiria a liderança efectiva do bloco económico-militar.
4 – Londres permaneceria no bloco transatlântico, em parceria com os EUA.

Nota: Neste cenário, Portugal, como já o escrevi, deveria adoptar uma Aliança preferencial com o eixo Londres/Washington como mais vantajoso para os nossos interesses.
*
Probabilidade de adopção de cada um dos Cenários
Vejamos agora qual, destes cenários propostos, penso ser o mais provável, de se vir a verificar.
Embora neste momento o 3º cenário esteja a ganhar proporção, e portanto não seja completamente descartável, penso que é o 2º cenário, o que mais hipótese terá de se verificar, pelo menos no curto prazo.
Tal significa que a Europa continuará sob a dependência dos EUA, em matéria de Defesa.
O primeiro cenário, o da Autonomia, não será possível pelas razões indicadas, a que acrescento o facto de não ser possível uniformizar os interesses estratégicos dos diversos Estados Europeus sobre esta matéria. Ora tal obstáculo difícil de transpor, como se percebe, tem implicações sérias em todos os domínios.
*
Resumo e Conclusões
Por tudo o que atrás se disse o cenário mais provável de verificação será o cenário da Submissão Europeia.
Verifica-se que a Europa e os Estados Unidos têm tido uma relação flutuante mas, apesar de tudo, duradoura.
No período do pós-guerra, e dada a emergência da ameaça Russo/Soviética, que desembocou na denominada "guerra fria", houve entendimentos fortes que levaram à construção de uma aliança defensiva, no plano militar, uma forte ajuda económica à reconstrução europeia e alguma coesão ideológica.
Não obstante este quadro geral isto não significa que não tenha havido várias manifestações de desconfiança dos europeus, continentais, face aos Estados Unidos, como é um exemplo as atitudes tomadas pelo General De Gaulle na década de 1950/60.
Mas, apesar de tudo, a ameaça Russo/Soviética fornecia o "cimento" que mantinha a coesão do bloco ocidental europeu com os seus aliados e protectores – os Estados Unidos.
Mas com o Brexit há que ter em remarcada atenção que os Estados Unidos têm na Europa, um aliado natural: - a Grã-Bretanha, por motivos históricos, políticos e económicos.
E a Grã-Bretanha tem, para si muito claro que os seus interesses estratégicos estão na aliança com os Estados Unidos e não na aliança com os países continentais europeus, isto não obstante querer manter laços estreitos com estes, tentando não perder nada dos eventuais benefícios que daí possam advir e colocando-se de fora de tudo o que, nesta aliança – a actual União Europeia-, possa vir a prejudicar a sua margem de manobra. Vidé a sua não adesão ao Euro e a Schengen, por estas razões, e pelo facto de ser a cabeça de uma mais vasta aliança mundial, (económica e política) que dá pelo nome de Commonwealth.
Joga na velha máxima do Sistema Internacional: "As Nações não têm amigos, defendem interesses" e como tal joga nos tabuleiros que lhe interessam.
Os restantes países europeus, membros da NATO, (exceptuando-se deste cenário a França) descansaram sob o "chapéu-de-chuva americano".
Com o ruir do espaço Russo/Soviético, em termos ideológicos, e com o consequente final da "guerra fria" com os contornos que a identificaram, as coisas foram mudando gradualmente, até porque a ameaça real à segurança dos países ocidentais práticamente desapareceu.
Mas desde a primeira guerra do golfo que as relações EUA/Europa, leia-se Alemanha e França, se têm vindo a deteriorar.
Todo este clima, agravado com desentendimentos nos planos comercial e económico, tem criado algumas clivagens suplementares, pese embora alguns esforços em os sanar, ou pelo menos diminuir.
Por outro lado joga-se um jogo permanente nas Relações Internacionais: o do Poder. Isto é quem detém o Poder Internacional, quem dita as regras no Sistema.
E se este jogo tinha apenas dois protagonistas, até 1991, depois dessa data passou a ter apenas um: os Estados Unidos.
Mas com o desaparecimento da ameaça comunista os europeus começaram a ter a pretensão de jogar esse jogo e disputar um lugar de jogador principal, a par dos Estados Unidos.
Só que, e neste caso falo da União Europeia:
-Não constituem um Estado coerente, com base numa Nação coesa; a tentativa de criar uma nacionalidade europeia é isso mesmo – uma tentativa por decreto;
-Não têm uma língua comum; nem hábitos e costumes, nem cultura comuns;
-Têm uma história de confrontos internos, no seu seio;
-Têm uma matriz cristã comum, mas que não querem reconhecer, como se viu nas negociações para o eventual novo Tratado Europeu, que alguns queriam fosse uma Constituição da Europa e que deu como resultado o Tratado de Lisboa onde essa referência nem apareceu;
-O Bloco U.E ainda não atravessou uma prova de fogo real á sua coesão. Esta poderia ser uma crise económica e financeira assimétrica que afectasse seriamente os seus motores: a Alemanha e a França;
-Não têm, os países membros, os mesmos interesses geoestratégicos, como aliás ficou demonstrado quando a Alemanha, de forma unilateral, reconheceu a independência da Croácia, o que levou a um conflito no centro europeu e à dissolução da República Federativa da Jugoslávia;
-Ainda não se entenderam quanto ao modelo de organização: Federal ou Intergovernamental;
Donde esta pretensão de jogar um jogo internacional que exige coesão e fortaleza de comando, para se tornar credível, não passa disso mesmo:
- um desejo.
E no Sistema Internacional não se joga a desejos. Joga-se com realidades.
Donde penso que o Cenário 2 de Submissão europeia vai continuar, depois de acalmados os ânimos levantados pela posse da nova administração dos EUA e pelo Brexit, até porque novos jogadores potentes se perfilam no horizonte: A China, a Índia e a reorganizada Rússia.
E este facto, político, económico e, a prazo, militar, vai colocar novos desafios ao bloco ocidental, que vai ser preciso encarar de forma séria, para evitar a eventual situação de irrelevância da Europa no contexto internacional.
Como possível solução para este problema aponto a de que a Europa tem tudo a ganhar em revitalizar a Aliança com os Estados Unidos, formando, com estes, um bloco forte e com capacidade de intervenção.
Se o não fizer terá tudo a perder. Os EUA vivem bem sozinhos, a Europa não.
Ainda por cima este cenário convém aos EUA. É mais cómodo para os EUA terem uma Europa Aliada do que tentarem proceder a novos arranjos no Pacífico, com povos em níveis de desenvolvimento, culturas, aspirações e costumes, diferentes.
De forma que, em jeito de conclusão, penso que a Europa (União Europeia) e os EUA estarão "condenados" a entender-se e a cooperar, mais estreitamente do que até agora têm feito.
Esta solução será a de jogar na "real politik" mundial e não em miragens, nem em utopias que só prejudicam as populações governadas pelos seus defensores.
Miguel Mattos Chaves


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