Os efeitos da \"Convergência\" sobre o jornalismo tradicional

Share Embed


Descrição do Produto

Faculdade de Letras da Universidade do Porto Mestrado em Ciências da Comunicação Variante em Estudos de Média e Jornalismo Seminário de Ciberjornalismo

Os efeitos da “Convergência” sobre o jornalismo tradicional

Ensaio académico

Docente: Professor Doutor Hélder Manuel Ferreira Bastos Discente: Sara Maria Catarino Vilela Sampaio Ano letivo: 2013/2014

Resumo Ao longo da história várias vezes a tecnologia e os media cruzaram os seus caminhos. Atualmente a evolução tecnológica que estamos a viver não deixa ninguém indiferente e está a causar mudanças que poderão ser vistas como oportunidades. A todo este fenómeno deu-se o nome de “Convergência”. A caraterística mais relevante na Web 2.0 é o facto de esta ser uma fonte de informação aberta a todos os interessados, e que lhes permite a criação e partilha dos seus próprios conteúdos. O fenómeno da convergência tem afetado as áreas da comunicação em quatro grandes campos: (1) na estrutura das empresas de comunicação; (2) na relação entre as empresas noticiosas e o seu público; (3) no conteúdo da comunicação e (4) na forma de trabalhar dos jornalistas. À medida que forem surgindo mais formas de comunicação, convém ao jornalista repensar o seu modelo de negócio por forma a sobreviver e crescer. Palavras-Chave: Convergência, Jornalismo, Web 2.0, Novos Media, Tecnologia. Abstract Throughout history many times technology and the media have crossed their paths. Technological developments we are experiencing nowadays leave no one indifferent and they are causing changes that may be seen as opportunities. This phenomenon was named "Convergence". The most important feature of Web 2.0 is that this is an open source of information to all stakeholders, and enables them to create and share their own content. The phenomenon of convergence has affected the areas of communication in four major fields: (1) the structure of media companies; (2) the relationship between news companies and their current public; (3) the content of the communication, and (4) the ways of working journalists. As more forms of communication arise, the journalist must rethink the current business model in order to survive and grow. Key-Words: Convergence, Journalism, Web 2.0, New Media, Technology. Introdução É certo que com a revolução tecnológica que se fez sentir, decorreram mudanças significativas que tiveram efeitos que se manifestaram em várias áreas. A área da comunicação definitivamente não foi exceção. Ao longo da história várias vezes a tecnologia e os media cruzaram os seus caminhos. Frequentemente, vários “media 2

leaders” se aproximam das mudanças tecnológicas, avaliando os seus custos e benefícios; alguns dos mais visionários adotam a tecnologia antecipadamente por forma a usufruírem de grandes vantagens. (Pavlik, 2008). Atualmente a evolução tecnológica que estamos a viver (e que continuaremos a vivenciar no futuro) não deixa ninguém indiferente e causará mudanças que poderão ser vistas como sendo oportunidades. A todo este fenómeno deu-se o nome de “Convergência”. Contudo o que implica esta palavra? Quais os impulsionadores deste fenómeno? Que tipo de efeitos teve esta revolução no jornalismo tradicional? Será que as mudanças envolvidas trazem efeitos positivos à profissão? Com base nestas e em outras questões, que serão levantadas no decorrer do presente ensaio, irei abordar o conceito de “convergência” e as suas consequências na profissão de jornalista. Uma Definição de “Convergência” Algumas das primeiras questões com que me vi confrontada ao realizar este trabalho foram relativas ao conceito de “convergência”: De que se trata? Que tipo de “inovação” traz este conceito consigo? Quais as implicações que teve na área da comunicação? Com estas questões em mente, resolvi tentar encontrar uma definição para este termo. A convergência pode ser entendida como sendo um conceito que está em evolução em várias partes do mundo e cuja definição depende bastante da perspetiva de quem a estuda. A definição varia consoante o país e a cultura e depende também do panorama no qual está inserido (Râsera, 2010). Curiosamente, nas pesquisas que efetuei, acabei por perceber que o termo “convergência” teve a sua origem a partir do mundo da ciência e da matemática. Gordon (2003), menciona que foi a partir dos anos 60/70, com o desenvolvimento tecnológico, que se começou a estabelecer um contexto para novos significados. Apesar de não se saber exatamente quem foi a pessoa que utilizou pela primeira vez o termo “convergência”, o autor Ithiel de Sola Pool (citado por Gordon, 2003) ajudou na popularização de um termo a que ele chamava “a convergência de modos”. Assim, a este propósito, afirmou que: “(…) The explanation for the current convergence between historically separated modes of communication lies in the ability of digital electronics. Conversation, theater, news, and text are all increasingly delivered electronically… [E]lectronic technology is bringing all modes of communication into one grand system (…)” (GORDON, 2003, p. 58)

3

Mal sabia Pool, naquela altura, que a sua definição seria uma das mais acertadas, tendo em conta o desenvolvimento que as tecnologias tiveram desde essa altura, para os dias de hoje. De facto, nota-se, atualmente, uma tendência crescente da parte dos meios tradicionais de comunicação em reunirem-se todos dentro de um grande sistema (neste caso, a Internet), sendo esses mesmos meios distribuídos eletronicamente. Tudo isto faz com que se derrubem barreiras comunicativas dantes existentes, bem como permite o esbatimento de constrangimentos de tempo e de espaço. Concluí que as limitações anteriormente sentidas com os meios tradicionais de comunicação, começam, portanto, a ser cada vez menos. Próxima da definição dada por Pool está a definição dada pela investigadora Lawson-Border (citada por Râsera, 2010): para Lawson-Border, a convergência jornalística entende-se como sendo um conjunto de possibilidades que surgem na sequência de uma cooperação entre meios impressos e eletrónicos na distribuição de conteúdos de multimédia via computadores e Internet. A autora, inclusive, propôs um modelo de definição de convergência (Convergence Definition Model) baseando-se nesta sua perspetiva. Certo é que graças à crescente presença da Internet a comunicação sofreu uma progressiva revolução. O aparecimento do jornalismo online surge como sendo uma nova forma de convergência dos vários meios de comunicação e é, portanto, um novo meio de produção e difusão de informações (Martins, 2013). Na minha perspetiva, não tenho dúvidas de que a presença da Internet está a ter um grande impacto nas formas tradicionais de comunicação e nas suas estratégias de comunicação. Antes de me debruçar sobre esse impacto e as suas consequências, resolvi focar-me na Internet e nos meios que esta tem que potencializam esta revolução: resolvi investigar sobre a “Web 2.0”, bem como sobre os “New Media”. A Web 2.0 e os New Media Era o ano de 2003, e os criadores da empresa de O’Reilly Media, Dale Dougherty e Tim O’ Reilly, encontravam-se num processo de brainstorming, quando, subitamente, ao primeiro ocorreu-lhe o termo “Web 2.0”, termo esse que passou a referir-se ao que se esperava ser a segunda geração da Internet (Tárcia, 2007). De facto, no começo do novo século notou-se um aumento das pessoas com acesso à Internet, o que certamente implicaria mudanças relativas à forma como a mesma é utilizada. Contudo, questionei-me relativamente às diferenças significativas entre a “velha 4

Internet” (neste caso, “Web 1.0”) e a “nova Internet” (ou “Web 2.0”). De acordo com Tárcia (2007): “(…) A web 1.0 seria aquela em que as páginas estáticas não permitem manipulação ou alteração do conteúdo pelo usuário; trata-se de uma relação homem-máquina, baseada principalmente no código HTML. Web 2.0, por outro lado, diz respeito a uma nova geração de serviços e aplicativos responsáveis por grandes mudanças na forma como as pessoas se relacionam com a Net. A base da web 2.0 está no conteúdo produzido pelos próprios usuários e na integração cada vez mais forte de diferentes sites e serviços (máquina → máquina), que se mesclam como se fossem um só, os “Mashups. (…)” (TÁRCIA, 2007, p. 31)

Tendo em conta a explicação dada, percebi que Web 2.0 diz respeito a uma nova forma de utilização da Internet que abre, atualmente, portas revolucionárias aos seus utilizadores. A forma como o público consome a informação que lhe vai chegando mudou com a crescente importância dada à Internet, bem como com a evolução dos seus websites na sequência da explosão dos sites “dot-com”. A Web foi-se tornando cada vez mais acessível ao comum dos cidadãos e cada vez mais simples de se usar, o que permitiu que cada vez mais pessoas conseguissem, não só consumir uma variedade maior de conteúdos, como também produzir os seus próprios conteúdos. Jenkins (2006), considerado um dos maiores estudiosos da comunicação social, refere que a convergência não ocorre somente graças a fatores tecnológicos, mas também quando as pessoas, em geral, “tomam os media nas suas próprias mãos” (p. 17). Atualmente, qualquer internauta consegue tirar as suas próprias fotos, gravar os seus próprios sons, ou vídeos e podê-los-á partilhar na Internet, ou seja, atualmente, é possível a criação e divulgação de conteúdo próprio. Concluí, portanto, que a caraterística mais relevante na Web 2.0 é o facto de esta ser uma fonte de informação aberta a todos os interessados e que lhes permite a criação e partilha dos seus próprios conteúdos. Aroso (2013) refere que “certo é que se postula a interligação entre os meios de comunicação tradicionais e os meios sociais: blogs, wikis, redes sociais entre outros.” Com o crescimento visível destes novos meios, vários media tradicionais vêem neles uma necessidade de adaptação às novas formas de comunicação. À medida que fui pesquisando sobre os new media, a caraterística que mais me chamou à atenção foi o facto de estes promoverem o fator “interatividade”, na medida em que oferecem novas formas de comunicação. Estes novos meios digitais dão a oportunidade ao comum dos cidadãos de manipular e intervir nos new media. Aliás o próprio termo remete para um maior envolvimento do público com textos divulgados pelos media, para uma relação 5

mais independente com fontes de conhecimento, para um uso mais individualizado dos media, e sobretudo para uma maior escolha da parte dos utilizadores destes novos meios (Lister et al., 2003). Tendo em conta as minhas leituras, pude concluir, então, que existe uma maior participação do público (em geral) no ambiente dos novos media. A Internet e outras tecnologias digitais oferecem-nos capacidades nunca vistas de produzir, distribuir e aceder a notícias, informações e conteúdos mediáticos em todas as formas e em qualquer lugar (Pavlik, 2008). De novo ocorreu-me a questão fulcral que me levou à elaboração deste ensaio: Que efeito teve então a convergência no jornalismo tradicional? Efeitos da Convergência no Jornalismo Tradicional Na sequência das minhas reflexões anteriores várias questões me ocorreram: que consequências teve a convergência para os media tradicionais? Será que essas mesmas consequências os vieram a afetar positiva ou negativamente? Os autores Pavlik e Mcintosh, citados por Tárcia (2007), referem que o fenómeno da convergência tem afetado as áreas da comunicação em quatro grandes campos: (1) na estrutura das empresas de comunicação; (2) na relação entre as empresas noticiosas e o seu público; (3) no conteúdo da comunicação e (4) na forma de trabalhar dos jornalistas. No caso do primeiro tópico, menciono um artigo publicado originalmente no jornal The Buisiness Line por Shashidar (2006), que refere a tendência de muitas empresas em explorar múltiplas plataformas de media, nomeadamente, as digitais, em seu favor. Com essa tendência surge, portanto, um modelo de comunicação bastante vantajoso para a maioria das empresas. A concentração dos meios de comunicação ampliou-se através da Internet e à medida que as companhias vão observando múltiplas plataformas de media, particularmente, os digital media, estes vão emergindo como um novo modelo de gerar receitas para essas mesmas organizações. Contudo, como refere uma das fontes no artigo de Shashidar (2006), antes de investirem na convergência como arma para o sucesso, as companhias têm que assegurar primeiro que o seu público-alvo tem acesso aos media utilizados, e de seguida, é só questão de planear a criação de conteúdos que satisfaçam as necessidades desse mesmo público, o que nos remete para o segundo tópico mencionado anteriormente.

6

Outro dos grandes efeitos da convergência que sem dúvida pode ser observado é o facto de, atualmente, a notícia se ter tornado numa “conversa” entre o jornalista e o leitor, leitor esse que por vezes até assume mais frequentemente o papel de um “participante” (Munthe, 2012). O jornalista da atualidade escreve, publica, edita, corrige (se necessário) e interage com os seus leitores. Hoje em dia todos estes processos decorrem em tempo real, derrubando barreiras antes existentes entre os profissionais de comunicação e o público. Mais do que ativas, estas novas audiências podem ser consideradas como sendo participativas (Tárcia e Marinho, 2008), visto que o público tende cada vez mais a criar os seus próprios conteúdos, nomeadamente em blogs e wikis (e com recurso a texto, imagens e vídeos). Convém ainda referir que com este esbater de barreiras surge uma espécie de “fenómeno social” no meio digital. Antigamente, durante a comunicação de massas, o público que assistia às notícias acreditava numa única fonte que era bastante representada por parte dos mass media. Hoje, a audiência parece ter começado a conseguir identificar o que é ou não credível, o que vale a pena e o que não deve merecer atenção. Portanto, hoje em dia, o público tem uma certa responsabilidade em tirar as suas próprias conclusões a partir de várias “verdades” que lhes são apresentadas (Tárcia, 2007). Observei então que, na realidade, as audiências às quais os jornalistas se dirigem mudaram e de uma forma marcante. De acordo com Quinn (2005), quando as audiências mudam, tanto o jornalismo como os jornalistas têm que mudar de modo a acomodar essas mesmas audiências, ou seja, indubitavelmente os meios têm que se adaptar ao novo tipo de público: um público de leitores participativos. A convergência veio também revolucionar a forma como os jornalistas trabalham nos tempos de hoje. Certo é que o papel do jornalista da atualidade tornou-se mais crucial e exigente na sua área, tendo a necessidade de se adaptar a uma variedade de funções que afetam a sua forma tradicional de trabalho. Tárcia e Marinho (2008) alertam para a exigência que têm atualmente os profissionais de comunicação: “(…) Em nossa pesquisa partimos do princípio de que o jornalista não é uma espécie em extinção, mas cujas funções e rotinas estão sendo modificadas drasticamente. Ao ser incorporada aos veículos de comunicação, a tecnologia digital passou a exigir mais do repórter, que, muitas vezes, foi obrigado a saber operar várias funções. Ao mesmo tempo, é diagramador, produtor, executor de pauta e redator.(…)” (TÁRCIA e MARINHO, 2008, p. 43)

Na minha opinião, o jornalista atual tem, portanto, uma responsabilidade maior no que toca ao seu trabalho. A mesma autora, num seu outro artigo de 2007, menciona 7

que as tecnologias complexificam a tarefa de apurar, produzir e disseminar as notícias e não só ampliam as competências que são exigidas ao jornalista como também a velocidade de publicação. Refiro, novamente, a perspetiva de Quinn (2005), que salienta que os jornalistas precisarão de “abraçar” a tecnologia e de acumular “skills” de modo a saberem como tirar partido dela. Certo é que à medida que o tempo se for desenrolando, vários repórteres precisarão de se habituar à utilização de tecnologia digital que se irá tornar cada vez mais sofisticada. Em conclusão, na minha opinião, o jornalista do futuro tem, cada vez mais, que ter a capacidade de ser multifuncional: uma pessoa de mil e um recursos, que trabalha sozinha, equipada com material diversificado, entre os quais, uma câmara de vídeo digital, um telefone satélite, um computador portátil com software de edição de vídeo e html, e com a capacidade de ligação sem fios à Internet (Gradim, 2002). Por último, convém referir a existência de transformações nos próprios conteúdos noticiosos. Gradim (2002) salienta que, tendo em conta o potencial interativo dos novos meios de comunicação, estes poderão introduzir novas formas de apresentar informação, promovendo uma amálgama de estilos e a colonização da informação. Antes da convergência, os processos de comunicação tradicionais eram sistemas de mensagens transmitidas ao público por palavras, imagens e sons. O mundo atual da convergência ainda recorre a esses elementos, mas traz consigo novos paradigmas que foram tornados possíveis pelo facto de os media digitais estarem em rede (Tárcia, 2007), o que acaba por abrir portas na forma como uma história é transmitida e transformada numa notícia. Tendo em conta os aspetos anteriormente analisados, no geral, a minha opinião em relação aos efeitos da convergência foi positiva: apesar dos muitos desafios e medidas que o jornalismo tem pela frente, as oportunidades para um jornalista, bem como a redução de constrangimentos, estão presentes. Briggs (2007) refere que nunca houve melhor época para se ser jornalista, apesar dos vários profissionais terem perdido o seu emprego desde 2000; esta época oferece várias e poderosas formas de contar histórias e qualquer pessoa que “adore” jornalismo, com certeza adorará ter várias ferramentas ao seu dispor, bem como uma maior interação com o público e um quaseesbatimento de constrangimentos de tempo e espaço. Gradim (2002) menciona que a convergência cria um tipo de jornalismo (radicalmente) novo, que usa uma combinação de elementos multimédia (textos, fotos, vídeo, áudio, animações etc.), apresentados num formato não linear e não redundante. Meikle e Young (2012) exibem uma perspetiva 8

positiva ao referirem que o ambiente convergente dos media não resultou num imediato derrube e “morte” de grandes companhias mediáticas; referem que estas organizações ainda detêm um poder simbólico, tendo a sua influência sobre os conteúdos e contextos dos media. Contudo, os autores não negam que esta continuidade comece a ser contestada. Além das vantagens, existem também os desafios aliciantes que este estilo de jornalismo poderá proporcionar. Quinn (2005) refere que uma das razões pelas quais a convergência é atraente, tanto para os media managers, como para os seus praticantes, é o facto de satisfazer as exigências e estilos de vida dos consumidores. O mesmo autor salienta que, independentemente das mudanças, o “papel-chave” do jornalismo deve permanecer proeminente: manter o público-alvo devidamente informado para que os mesmos possam tomar decisões bem fundamentadas. Considerações Finais A meu ver é evidente que as tecnologias continuarão a avançar de uma forma imparável. A tendência é que os meios e programas tecnológicos que forem surgindo, sejam cada vez mais fáceis de usar e tenham novas (e potentes) ações que permitam a obtenção de resultados nunca antes imaginados (Osuna e Busón, 2008). Mas, apesar das mudanças em massa que se sentirão, acredito que muitos dos serviços clássicos poderão sobreviver a longo prazo: Saxtoft (2008) acredita que os serviços novos misturar-se-ão com aqueles já existentes, o que indica que as fronteiras existentes nas formas de comunicação tradicionais (tais como a rádio e a televisão) irão desaparecer gradualmente. Serão vários os órgãos de comunicação que continuarão a produzir conteúdos noticiosos independentemente do meio ao qual se destinam; mas, claramente, as formas de o fazer e de apresentar esses mesmos conteúdos já estão a começar a mudar e continuarão a mudar no futuro (Gradim, 2002). Acredito que surgirão no futuro várias formas de divulgação de informação, o que acaba por ser um grande ponto que joga a favor desta profissão. Do meu ponto de vista, o jornalismo em si, por forma a sobreviver à era da convergência, deve, acima de tudo, visionar uma estratégia de modo a assegurar essa sobrevivência. Sem dúvida que à medida que os recursos tecnológicos que os jornalistas têm à mão vão evoluindo e tornando-se mais diversos e eficazes, convém que as estratégias e modelos de negócios evoluam com isso, tal como refere Munthe (2012): 9

“(…) As news organizations, professional journalists and geeks figure out new and more efficient ways to harness the power of millions of engaged voices and opinions on the Web, the quality of global news and reporting and information will explode. And that will only accelerate once the media moghuls figure out how to fix their business models. (…)” (MUNTHE, 2012, p. 79)

Na minha perspetiva, à medida que mais formas de comunicação forem surgindo, convém ao jornalista da atualidade repensar o seu modelo de negócio para satisfazer as necessidades de um público que cada vez mais anseia por informação. Apesar de várias mudanças ainda estarem para vir, é certo que o futuro dos media está na mão das próximas gerações. Daí ser importante que as gerações atuais (sejam pais, professores, profissionais da comunicação social, entre outros) guiem a próxima geração para que estes utilizem as tecnologias e saibam produzir conteúdos media na era digital (Pavlik, 2008). Referências Bibliográficas •

AROSO, Inês (2007). As redes sociais como ferramentas de jornalismo participativo nos meios de comunicação regionais: um estudo de caso. Disponível

em:

. Consultado a 25 de maio de 2014. •

BRIGGS, M., Journalism 2.0: How to Survive and Thrive; A digital literacy guide for the information age, J-Lab: The Institute for Interactive Journalism, University of Maryland Philip Merril College of Journalism, Maryland, 2007.



GORDON, R. (2003). The Meanings and Implications of Convergence. In Kevin Kawamoto (eds.) Digital Journalism: Emerging Media and the Changing Horizons of Journalism (pp. 57-73). Estados Unidos da América: Rouman & Littelfield Publishers, Inc.



GRADIM, Anabela (2002). Os géneros e a convergência: o jornalista multimédia do século XXI. Disponível em: . (Consultado a 7 de abril de 2014).



JENKINS, H., Convergence culture: where old and new media collide. Nova Iorque e Londres: New York University Press, 2006.



LISTER M., DOVEY, J., GIDDINGS, S., GRANT, I., KELLY, K., New Media: A Critical Introduction. Nova Iorque: Routledge, 2003.

10



MARTINS, Célia (2013). Jornalismo Online: a convergência dos meios. Disponível em: . Consultado a 14 de maio de 2014.



MEIKLE, G., YOUNG, S. Media Convergence: Networked Digital Media in Everyday Life. Reino Unido: Palgrave Macmillan, 2012.



MUNTHE, T. (2012). How Technology Turned News into a Conversation. In Ingrid Sturgis (eds.) Are Traditional Media Dead? Can Journalism Survive in the Digital World? (pp. 77-79). New York: Routledge – Taylor & Francis Group.



OSUNA, S., BUSÓN, C. Convergencia de Medios: La integracion tecnológica en la era digital. Barcelona: Incaria Editorial, 2008.



PAVLIK, J. V., Media in the Digital Age. Nova Iorque: Columbia University Press, 2008.



QUINN, S. Convergent Journalism: The Fundamentals of Multimedia Reporting. Nova Iorque: Peter Lang Publishing, Inc., 2005.



SAXTOFT, C., Convergence: User Expectations, Communications Enablers and Business Opportunities. Inglaterra: John Wiley & Sons Ltd., 2008.



SHASHIDAR, Ajita (2006). It’s all converging. The Hindu Business Line. Disponível em: . Consultado a 14 de maio de 2014.



TÁRCIA, Lorena (2007). Convergência de mídias e jornalismo. Disponível em: . Consultado a 7 de abril de 2014.



TÁRCIA, Lorena, MARINHO, Simão Pedro P. (2008). Desafios e Novas Formas de Ensino do Jornalismo em Tempos de Convergência das Mídias. Disponível

em:

.

Consultado a 7 de abril de 2014.

11

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.