Os mestres vidraceiros da Idade Moderna na Estremadura

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Os mestres vidraceiros da Idade Moderna na Estremadura Miguel Portela*

Resumo: Os mestres vidraceiros, especialmente conhecidos pela produção de vidros e vitrais para mosteiros, conventos, igrejas, capelas, entre outros edifícios religiosos, da nobreza e do povo, desempenharam uma intensa atividade na região estremenha, sobretudo na cidade de Lisboa, entre os séculos XV a XVIII. Nesse contexto, procuraremos elucidar o leitor sobre alguns dos mais importantes mestres vidraceiros que exerceram a sua atividade na cidade de Lisboa e na região estremenha, assim como alguns dados genealógicos que nos permitem conhecer melhor quem foram esses mestres. Enunciaremos ainda, elementos documentais inéditos que nos permitem elencar alguns trabalhos executados por alguns desses mestres, particularmente as obras nos Paços do Tribunal do Santo Ofício em Lisboa. Revelaremos igualmente a importância de alguns centros de produção de vidro, sobretudo em Alhos Vedros e em Coina, que contribuíram de forma notável como centros de apoio para a capacidade de resposta desses mestres vidraceiros nas mais diversas empreitadas artísticas na Lisboa Setecentista. Palavras-chave: Vidraceiros. Forno do Vidro. Idade Moderna. Estremadura. Inquisição.

1. Os Mestres Vidraceiros da Estremadura nos séculos XV a XVIII A região estremenha ficou assinalada pelo grande número de mestres vidraceiros, especialmente conhecidos pela produção de vidros e vitrais1, que neste território desempenharam uma intensa atividade desde o século XV até finais do século XVIII, sobretudo nas obras do Mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha e do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, assim como nas regiões circundantes, nomeadamente entre Serra d’El-Rei e Alcobaça.2 Todavia, foi no * Investigador 1 O leitor poderá encontrar uma visão história da evolução do vidro ao longo de 5000 anos em MONTEIRO, Paulo António da Costa – O vidro na Ciência e na Arte: Discursos partilhados, Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Comunicação e Educação em Ciência, Universidade de Aveiro, Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas, Aveiro, 2007 (texto Policopiado). 2 PORTELA, Miguel – Mestres de Vidraças na Estremadura nos Séculos XVII e XVIII, Jornal da Golpilheira, Diretor: Luís Miguel Ferraz, Ano XX, Edição 223, janeiro – 2016, p. 25. Revista

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século XVIII que a atividade dos vidraceiros mais se desenvolveu, sobretudo com os mestres de Lisboa, Colares, e Alhos Vedros. Deve-se a Sousa Viterbo os primeiros estudos documentais para a história do vidro em Portugal. A mais antiga referência por ele referenciada está datada de 4 de janeiro de 1439 e corresponde a uma carta de privilégio de D. Afonso V ao vidraceiro João Rodrigues de Vadilho, que residia à data em Palmela.3 Sousa Viterbo apresenta um conjunto significativo de mestres, alicerçado em documentação primária, sobretudo Luís Dias (1439-1450), que viveu em Almeirim; João Afonso (1443), Afonso Anes (1449), Vasco Martins (1459), Mafamedes (1456) e Fernando Anes (1492), que residiram em Lisboa; Ambrósio (1450) do qual não sabemos onde residiu; Afonso Fernandes (1452) e António Vaz (1541), que moraram em Santarém; Manuel Rodrigues (1551), que habitou na Ribeira de Santarém; Afonso Pires (1470), que viveu em Aldeia Galega do Ribatejo, atual Montijo; Pero Moreno (1528) que tinha um forno de vidro no termo de Santa Maria da Feira e que ficou após a sua morte para Fernão de Magalhães Teixeira (1574-1593) que foi casado com Antónia de Almeida, filha do dito Pero Moreno; Pero Fernandes (1533), que residiu em Terras de Santa Maria; Álvaro Afonso de Almada (1585), que requereu privilégio para estabelecer um forno de vidro na sua Quinta da Barroca d’Alva em Alcochete e Máximo de Pina (1595), a quem foi concedida carta de privilégio para estabelecer um forno de vidro na sua Quinta da Matreina, na Asseiceira.4 Na região estremenha, é o Mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha aquele que contém o mais rico e relevante legado de vitrais em Portugal, resultado das mais diversas campanhas de obras ao longo de vários séculos.5

Figura 1 Postal ilustrado do Mosteiro de Alcobaça. Sala dos túmulos onde são visíveis as várias vidraças desse monumental espaço.

VITERBO, Sousa – Artes Industriaes e Industrias Portuguezas: O vidro e o papel, O Instituto, Revista Scientifica e Litteraria, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1903, vol. n.º 50, p. 38. 4 Ibidem, pp. 38-43; 104-108; 236-241; 294-296. 5 Para melhor entendimento da importância vitral no período medieval, vejam-se os estudos de Virgolino Jorge (JORGE, Virgolino – Vitral medieval: história, técnica e estética, Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, Lisboa, 1981, n.º 87, tomo 1, pp. 87-130; Idem – Notas sobre Vitral Medieval, Catálogo Nacional de Antiquários, Alfarrabistas e Galerias de Arte, Editores: 3

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Nesse mosteiro trabalharam vários mestres vidraceiros desde o século XV até finais do século XVIII, que ao longo de gerações, aí desenvolveram a sua arte.6 Na região de Peniche, concretamente em Serra d’El-Rei proliferaram alguns mestres de vidraças, sobressaindo os nomes de José Nunes, esposo de Isabel de Miranda, cujo filho João foi batizado em 1 de junho de 16877, e que ainda exercia o seu ofício nessa região em 17308; e António Rodrigues de Miranda, que executou, entre agosto de 1732 e fevereiro de 1733, as vidraças para a igreja de Nossa Senhora do Rosário das Caldas da Rainha.9 O mestre António

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Jorge M. Rodrigues Ferreira e João Rebelo Pinto, Lisboa, 1991 pp.  21-28. Para um estudo mais aprofundado sobre os vitrais do Mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha seja-nos permitido citar entre outros autores, Carlos Barros (BARROS, Carlos Vitorino da Silva – O Vitral em Portugal, séculos XV-XVI, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1983 – Oficinas Gráficas Artistas Reunidos do Porto), Pedro Redol (REDOL, Pedro – O Mosteiro da Batalha e o Vitral em Portugal nos Século XV e XVI, Câmara Municipal da Batalha, 2003 – 1.ª Edição; Idem, Os vitrais da capela-mor do Mosteiro da Batalha – 1.ª Parte, Cadernos de Estudos Leirienses-1, Editor: Carlos Fernandes, Textiverso, 2014, pp.  159-168; Idem, Os vitrais da capela-mor do Mosteiro da Batalha – 2.ª Parte, Cadernos de Estudos Leirienses-2, Editor: Carlos Fernandes, Textiverso, 2014, pp. 107-120) e Paula Fernandes (FERNANDES, Paula Rosa Vaz, Estudos dos vitrais do Mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha). Caracterização do vidro, decoração e morfologias de corrosão – Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, para obtenção do grão de Mestre em Conservação e Restauro, Área de especialização: vitral, Lisboa, 2008 (texto policopiado). Consulte-se os vários nomes e documentos revelados, por exemplo, por VITERBO, Sousa – Artes Industriaes e Industrias Portuguezas: O vidro e o papel, O Instituto, Revista Scientifica e Litteraria, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1902, vol.  n.º  49, pp. 747-753; Idem – Artes Industriaes e Industrias Portuguezas: O vidro e o papel, Imprensa da Universidade, Coimbra,1908, assim como BARROS, Carlos Vitorino da Silva – Op. Cit.. Arquivo Distrital de Leiria [A.D.Leiria], Livro Misto de Serra d’El-Rei [1674-1725], Dep. IV-40-C-81, assento n.º 1, fl. 22. Registo de batismo de João, filho de José Nunes, mestre de vidraças, e de sua mulher, Isabel de Miranda. “< João de Jozeph Nunes e Isabel de Miranda no 1.º de junho de 1687 > No primeiro dia do mes de junho de mil e seiscentos e oitenta, e sette baptisei na pia baptismal desta igreja a João filho de Jozeph Nunes mestre de vidraças e sua molher Isabel de Miranda foi madrinha Maria Nugueira donsella todos moradores neste lugar e o padrinho o Padre João Craveiro vigario da villa das Caldas de que fis este assento no mesmo dia. (a) O Cura Antonio do Couto”. A.D.Leiria, Livro de Batismos de Serra d’El-Rei, Dep. IV-40-C-82, assento n.º 2, fl. 21v. Registo de batismo de António, filho de Domingos Jorge e de sua mulher, Luzia Delgada da Conceição, em que surge como padrinho José Nunes, vidraceiro. “< Antonio de Domingos Jorze > Em os treze de fevereiro de mil e setesentos e trinta annos eu Antonio da Couxa Delgado Parrocho em esta freguezia de São Sebastião da Serra DelRey baptizei, e pus os santos oleos a Antonio filho legitimo de Domingos Jorze e Luzia Delgada da Conceição neto pella parte paterna de Manoel Jorze e Maria Dias e pella parte materna de João Roiz e Luiza da Sylva todos moradores e baptizados no ditto lugar e freguezia de São Sebastião da Serra DelRey e násceo a criamça em sete do dito mes e forão padrinhos Jozeph Nunes vidraceiro e Catherina Jorze donzella, e todos moradores no dito lugar, e de tudo fis este termo dia, més, e era ut supra. (a) Parocho Antonio da Couxa Delgado”. A.D.Leiria, Confraria de Nossa Senhora do Rosário, Livro de Receita e Despesa da Irmandade do Rosário [1710-1739], Dep. VI-2-B-5, fl. 116v, publicado em PORTELA, Miguel – As obras setecentistas na Igreja de Nossa Senhora do Rosário das Caldas da Rainha, Jornal da Golpilheira, Diretor: Luís Miguel Ferraz, Ano XIX, Edição 221, novembro – 2015, p. 17. Revista

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Rodrigues de Miranda veio a contrair matrimónio em 23 de janeiro de 1732 com Josefa Caetana de Santa Rosa, dos Casais do Pinhal, filha de Pedro da Silva e de sua mulher, Francisca Maria da Amoreira.10 É de importância manifesta referenciar que neste consórcio surge como testemunha José Nunes Colares, o qual consideramos ser familiar de Domingos Batalha, mestre vidraceiro, que fez os vitrais para a capela-mor da Sé de Lisboa, morador que foi na Calçada de Paio de Novais, dessa cidade. Poderemos estar na presença de um familiar de seu cunhado, ou mesmo de um familiar de João Nunes Colares, conforme se declara no testamento de Domingos Batalha, lavrado em 2 de março de 1691, «Item, declaro que João Nunes, meu cunhado, morador em Colares, me deve dezouto mil réis de dinheiro que lhe emprestei, que delle se cobrarão como também \todas/ as mais dívidas que se me devem declaradas neste meu testamento, e os mais que se me estiverem a dever se que nelle não faço menção, como também mando se paguem as que eu estiver a dever».11 Tratar-se-á de João Nunes Colares, mestre vidraceiro que trabalhou na Real Basílica de Mafra e que pertenceu à Ordem Terceira da Penitência de Mafra.12 Das várias campanhas de obras levadas a efeito no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, nos séculos XVII e XVIII, sobressaem as vidraças para o dormitório novo, executadas no abaciato do Dom Abade Geral, Fr. Sebastião Sotomaior [1687-1690], referenciadas como despesas da seguinte forma: “Custarão as vidrasas que se puzerão de novo nas seis genellas que estão no fim do dormitorio novo, e suas ferragens e na lisonja que se pos na mesma parte setenta e quatro mil quinhentos setenta e quatros reis – 74φ574”.13 Este mosteiro tinha ao seu serviço em 1706, Manuel Rodrigues Leão, mestre de vidraças, morador em Lisboa, considerado um dos melhores mestres de vidraças em Portugal.14 Foi A.D.Leiria, Livro Misto de Serra d’El-Rei [1674-1725], Dep. IV-40-C-81, assento n.º 1, fl. 21v. Arquivo Nacional da Torre do Tombo [A.N.T.T.], Registo Geral de Testamentos, Livro 64, fls. 49-51v, in SIMÕES, João Miguel Ferreira Antunes – Arte e Sociedade na Lisboa de D. Pedro II – ambientes de trabalho e mecânica do mecenato. Lisboa, 2002, 2 vols. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (texto policopiado), vol. II, pp. 55-57. 12 GANDRA, Manuel J. – Estampas religiosas gravadas do concelho de Mafra, Boletim Cultural da Câmara Municipal de Mafra, 2001, pp. 89-120. Nesta Real Basília de Mafra trabalharam 6 mestre vidraceiro (PRADO, Fr. João de S. José do – Monumento Sacro da Fabrica, e Solemnissima Sagração da Santa Basilica do Real Convento, que junto á villa de Mafra dedicou a N. Senhora, e Santo Antonio, a Magestade Augusta do Maximo Rey D. João V, Na Officina de Miguel Rodrigues, Lisboa,1751, pp. 111 e 152. 13 A.N.T.T., Ordem de Cister, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Livro 203, Livro das folhas do Real Mosteiro de Alcobaça, 1684, fl. 31v. 14 A.D.Leiria, Livro de Batismo de Alcobaça 1703-1727, Dep. IV-24-A-4, assento n.º  3, n.º  111, fl. 15v. Registo de batismo de Francisco, filho de João Dias, e de sua mulher, Escolástica Francisca, em que surge como padrinho Manuel Rodrigues Leão, mestre vidraceiro do Mosteiro de Alcobaça. “111. Em outo de agosto de mil e setecentos e seis baptizou o sobredito [vigário Manoel Dias Raposo] a Francisco filho de João Dias Raposo, e de Escholastica Francisca sua molher. Padrinho Manoel Roiz de Leam morador em Lixboa e mestre vidraçeiro do Convento 10 11

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este o mestre que executou as vidraças para a igreja do mosteiro, no abaciato do Dom Abade Geral, Fr. Manuel Coelho [1705-1708], cuja aclaração é a que se segue: “Despendeuçe com o vidraceiro que conçertou a mayor parte das vidraças da Igreja e fazer alguãs de novo e todos os mais conçertos que fez nas vidraças deste Mosteiro e postigos para a Quinta do Campo e huã vidraça para a ermida de Turquel cento e treze mil duzentos e sincoenta – 113φ250”.15 A cidade de Lisboa foi por excelência, uma das mais importantes cidades do reino apetecíveis pelos mestres vidraceiros, entre os séculos XVI a XVIII. Sobressaem entre muitos vidraceiros, o nome de mestre João (1577)16, que terá trabalhado na Sé de Lisboa, conforme podemos constatar através da relação de proximidade com outros oficiais de outras artes, sobretudo, com João de Paris que fazia relógios; António Alveres (1618)17; Manuel Francisco (1658)18; João Nunes (1659-1672)19;



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e Madrinha Escholastica filha de Joam de Souza de que fis a prezente que asignei. (a) O coadjutor o Padre Jozeph Fragozo”. Ibidem, fl. 137. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Registos Mistos da Paróquia da Sé [1576-1581], Livro M2, Caixa n.º 1, assento n.º 1, fl. 75v. Registo de casamento de Henrique de Ruão com Isabel Fernandes, tendo assistido como testemunhas mestre João, que faz vidraças e João de Paris, que faz relógios. “< Henrique de Ruão – Izabel Fernandez > A cinco de fevereiro de 77 reçebi a porta da See a Anrrique de Ruão com Isabel Fernandez por marido e molher de legitimo matrimonio asi como manda a Sancta Madre Igreja de Roma perante muittas testemunhas entre as quais forão João de Torres tendeiro, Pedro de Pesanas, outro si tendeiro e moradores na fregesia da See e João de Paris que faz relógios e mestre João que faz vidraças e por verdade asiney aqui dia mes e era ut supra. (a) Petrus Vaz cura”. A.N.T.T., Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral do Santo Ofício, Ministros e Familiares, Diligências de Habilitação, Processo n.º 859 de António Álvares, mç. 2, doc. 81. Processo de diligência de habilitação de António Álveres, vidraceiro, morador na Rua dos Escudeiros em Lisboa, casado com Maria Simoa. [fl. 34] “(…) António Alveres vidraceiro morador na Rua dos Escudeiros disse que o conhecia muito bem de vesinhança de des annos a esta parte, e de freigesia e que o ditto Antonio Alveres he de boa vida e custumes manço e paciffico e per tal tido e avido na vesinhança e de boas partes para todo o negocio de importançia (…)”. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Casamentos da Paróquia de Santa Justa [1656-1671], Livro C4, Caixa n.º  15, assento n.º  1, fl.  38. Registo de casamento de António Afonso com Maria da Mata, tendo assistido como padrinho Manuel Francisco, vidraceiro, morador na Rua dos Douradores, freguesia de S. Nicolau. “1658 < Antonio Affonso Maria da Matta > Aos trese dias do mes de outubro de 1658 nesta igreja de Santa Justa pella menhan em presença de mim Felippe Jacome Prior della, e sendo de presentes por testemunhas Pedro de Oliveira confeiteiro, e Manoel Francisco vidraseiro na rua dos Douradores se casarão por palavras de presente com licensa do Provisor dos Casamentos Antonio Affonso, e Maria da Matta elle natural da freguesia do Salvador de Tolões arcebispado de Braga filho de Antonio Affonso, e de Ana Dinis morador nesta cidade freguesia da Conceisam e ella natural de Colares filha de Manoel Carvalho e de Maria da Matta já defunctos moradora nesta freguesia. De que tudo fiz este termo, que asinei com as ditas testemunhas. (a) O Prior Felippe Jacome (a) Manoel Francisquos (a) Pedro de Oliveira Matta”. Ibidem, assento n.º 2, fl. 51v. Registo de casamento de João Nunes com Catarina Simões, tendo assistido como testemunha, João Nunes, vidraceiro, morador na Rua dos Douradores, freguesia de S. Nicolau. “< João Nunes – Caterina Simões. Faleceo em 15 de fevereiro de 1690 > Aos quatorse dias do mes de setembro de 1659 a tarde nesta Igreja de Santa Justa em presença de mim Filepp Jacome prior della, e sendo presentes por testemunhas Thomas Gomes, correeiro, e João Nunes, vidrasseiro morador na Rua dos Douradores se casaram por palavras de Revista

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Bernardo Pinheiro (1674)20, Domingos Batalha (1674)21, João Leal (1679)22, Manuel Nunes Colares (1699)23 ou Nicolau Fernandes (1701).24 Relativamente aos mes-



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presente João Nunes, e Caterina Simoes viuva de Domingos Antunes moradora nesta freguezia [….] na qual enviuvou, e esta enterrado o dito seu primeiro marido; e elle filho de Manoel Dias, e de Maria Carrasca já defuncta natural da villa de Colares, e morador nesta cidade na freguezia de S. Niculao: do que fiz este termo que assinei com as ditas testemunhas. (a) O Prior Filippe Jacomo (a) João Nunes (a) Thomas Gomes”. A.N.T.T. [A.D.Lisboa], Livro de Casamentos da Paróquia de Santa Justa [1672-1686], Livro C5, Caixa n.º  15, assento n.º  1, fl.  1v. Registo de casamento de Domingos Ferreira com Margarida Leal, tendo assistido como padrinho João Nunes, vidraceiro, morador na freguesia de S. Nicolau. “1672 < Domingos Ferreira com Margarida Leal > Aos vinte e tres dias do mes de janeiro de 1672 anos, nesta Igreja de Santa Justa a tarde em presença de mim Felippe Jacome Prior della, e sendo presentes por testemunhas João Nunes vidrasseiro, e Lucas Frances latoeiro moradores na freguezia de S. Niculao se casarão por palavras de presente na forma do Concilio Tridentino, e Constituições deste arcebispado Domingos Ferreira filho de João Alvres, e de Izabel Ferreira já defuntos natural da Panasqueira termo de Torres Vedras, freguezia da Caroeira onde foi baptisado morador na freguezia de S. Niculao com Margarida Leal filha de Adrião Gavinho, e de Maria Leal já defunta natural de Colares freguesia de Nossa Senhora da Asumpsão, e moradora nesta de Santa Justa. Do que fiz este termo, que asinei com as ditas testemunhas. (a) O Prior Filippe Jacome (a) João Nunes (a) Lucas Framses”. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Batismos da Paróquia de Alcântara [1621-1690], Livro B2, Caixa n.º  2, assento n.º  3, fl.  166v. Registo de batismo de Bernardo filho ilegítimo de Amaro de Sousa e de Margarida da Silva, tendo assistido como padrinho Bernardo Pinheiro, vidraceiro, morador às Mártires. “< Bernardo > Aos vinte e seis de abril de seiscentos sesenta e quatro nesta igreja de S. Pedro de Alfama baptizei e pus os Santos Oleos a Bernardo filho ilegitimo de Amaro de Sousa ajudante, e de Margarida da Silva escrava de Izabel Gonsalvez, a Pitoneira. Padrinho Bernardo Pinheiro vidraçeiro morador as Martyres. (a) O Prior Mathias Pinto Pinheiro”. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Batismos de Colares [1672-1691], Livro B7, Caixa n.º 3, assento n.º 3, fl. 8v. Registo de batismo de António, filho de João Nunes, mestre de vidraças, e de sua mulher, Maria Luís, em que surge como padrinho Domingos Batalha, mestre de vidraças de Lisboa. “< Antonio. Ribeira do Valente > Hoje vinte e tres dias do mes de setembro de mil e seissentos e setenta e quatro annos baptisei Antonio filho de João Nunes da Ribeira do Valente e de sua molher Maria Luis. Foi padrinho Domingos Batalha morador em a cidade de Lisboa freguesia de S. Niculao, e madrinha Anna dos Santos filha de Anna Luis veuva da mesma Ribeira. (a) Manoel de Oliveira Barros”. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Batismos da Paróquia de Alcântara [1621-1690], Livro B2, Caixa n.º  2, assento n.º  3, fl.  183. Registo de batismo de Inês filha de João Barreto e de Maria Quaresma, tendo assistido como padrinho João Leal, vidraceiro. “< Ignes > Aos dois dias do mes de fevereiro de seissentos, e sesenta, e nove annos nesta igreja de S. Pedro de Alfama baptizei, e pus os Sanctos Oleos a Ignes filha legitima de João Barreto e de sua molher Maria Quaresma. Padrinho João Leal vidraceiro. (a) O Cura João de Britto”. A.N.T.T., Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral do Santo Ofício, Ministros e Familiares, Diligências de Habilitação, Processo n.º 1104 de Manuel Nunes Colares, mç. 51, doc. 1104. Processo de diligência de habilitação de Manuel Nunes Colares, ourives do ouro, natural de Lisboa, batizado na freguesia de S. Julião, filho de Manuel Nunes Colares, já defunto, oficial que foi de vidraceiro, morador em S. Julião, neto paterno de Vicente Nunes, defunto, oficial de vidraceiro, morador na vila de Colares. Nessa freguesia de S. Julião existia um forno de vidro, no Beco do Vidro, onde Manuel Nunes Colares trabalhou. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Casamento da Paróquia de Anjos [1692-1719], Livro C3, Caixa n.º  24, assento n.º  2, fl.  146v-147. Registo de casamento de Miguel Duarte com Maria da Luz, tendo assistido como testemunha Nicolau Fernandes, vidraceiro. “< Miguel Duarte com Maria da Luz > Aos oito de fevereiro de mil e settecentos, e hum nesta Igreja dos Anjos perante mym e das testemunhas abaixo assinadas se receberão por marido e molher na forma do Sagrado Concilio Tridentino Miguel Duarte com Maria da Luz: elle contranhente viuvo de

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tres vidraceiros da Lisboa Setecentista, exibiremos os seus nomes quando nos referenciarmos às obras executadas nos Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição dessa cidade. No contexto da história da indústria vidraceira na Marinha Grande, ressalta o nome do irlandês John Beare, que transferiu em 1747 a fábrica de vidros que se encontrava estabelecida em Coina desde 1719, para o então lugar da Marinha. Permitam-nos citar entre outros autores que se têm dedicado à história da indústria do vidro na Marinha Grande, os nomes de Acácio Calazans Duarte25, Jorge Custódio26, Luís Ferrand de Almeida27, Emília Margarida Marques28 e Gabriel Roldão.29

2. Os Mestres Vidraceiros de Colares Os mestres vidraceiros de Colares foram ao longo de vários séculos requisitados para as mais diversas empreitadas na região da Estremadura. As relações existentes entre vidraceiros que residiam em Colares e em Lisboa podem ser atestadas em inúmeros escritos da época. Sabemos que, em 23 de setembro de 1674, Domingos Batalha, mestre de vidraças de Lisboa, surge em Colares como padrinho de António, filho de João Nunes, mestre de vidraças, e de sua mulher Maria Luís, ambos da Ribeira do Valente, conforme já expusemos anteriormente.30 Através do testamento de Domingos Batalha, reconhecemos Domingas dos Santos, esposa de Tomás da Cunha, ambos moradores na fre-



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Antonia Maria; ella contranhente filha // [fl. 147] de Pedro Pires e de Mariana da Sylva natural e moradora desta freguezia; donde foi baptizada esta igreja como consta por testemunhas na era de mil e seiscentos e oitenta pouco mais ou menos por se lhe não achar o assento do baptismo qde que fiz este termo perante as testemunhas Francisco Pereyra atafoneiro morador na travesa do Desterro desta freguesia e Niculao Fernandez vidraseiro morador na rua direita da Moiraria, que comigo assignarão. (a) O Parocho Diogo Mexia Godim”. DUARTE, Acácio Calazans – Os Stephens na indústria vidreira nacional, Figueira da Foz, 1937; Idem, A indústria vidreira na Marinha Grande, Lisboa, 1942. CUSTÓDIO, Jorge – A Real Fábrica de Coina e as Origens…, Op. Cit.. ALMEIDA, Luís Ferrand de – A fábrica de vidros da Marinha Grande em 1774, Revista Portuguesa de História, tomo XVIII, Coimbra, 1980, pp. 292-311. Consulte-se o quadro resumo relativo ao contexto técnico global da arte do vidro e ao contexto técnico praticado na Marinha Grande desde 1747 até 1998 – MARQUES, Emília Margarida – Os operários e as suas máquinas. Usos sociais da técnica no trabalho vidreiro. Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Coimbra, 2009. ROLDÃO, Gabriel – A instalação da indústria vidreira na Marinha Grande, Cadernos de Estudos Leirienses-5, Editor: Carlos Fernandes, Textiverso, 2015, pp. 9-24; Idem, Os Stephens na indústria vidreira, Cadernos de Estudos Leirienses-6, Editor: Carlos Fernandes, Textiverso, 2015, pp. 387-400. A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Batismos de Colares [1672-1691], Livro B7, Caixa n.º 3, assento n.º  3, fl.  8v. Registo de batismo de António, filho de João Nunes, mestre de vidraças, e de sua mulher, Maria Luís, em que surge como padrinho Domingos Batalha, mestre de vidraças de Lisboa. Revista

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guesia de S. Nicolau, como sobrinha de Domingos Batalha por parte de sua mulher, e que terá falecido em Colares, em 6 de junho de 1701.31 Neste contexto achámos Brites Nunes de Colares, viúva de Gaspar Carrasco, familiares de João Nunes, da Ribeira do Valente, que faleceu em 27 de abril de 1682, em casa de seu genro João Leal, vidraceiro de Lisboa.32 De igual modo, e em 26 de dezembro de 1704, assistiu Pedro Nunes, vidraceiro, morador em Lisboa, como padrinho de batismo de Tomásia, filha de Domingos Brás e de Natália Nunes.33 Este Pedro Nunes volta a ser referenciado em 27 de agosto de 1709, como padrinho de batismo de Caetano, filho de Manuel Nunes e de Maria Nunes, onde se arrolou ser ele morador em Lisboa na Rua dos Escudeiros.34 Encontrámos também, João Rodrigues, mestre vidraceiro, e seu filho Domingos Nunes, referenciados no registo de batismo de José, filho de José Gonçalves e de sua esposa Felicina Maria celebrado em 15 de dezembro de 1706.35 Domingos Nunes, vidraceiro, morador em Lisboa e assistente em Colares,

A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Óbitos de Colares [1699-1723], Livro O5, Caixa n.º 18, assento n.º 2, fl. 15. 32 A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Batismos de Colares [1672-1691], Livro B7, Caixa n.º 3, assento n.º 3, fl. 38. Registo de óbito de Brites Nunes, que faleceu em casa de seu genro João Leal, vidraceiro. “< Britis Nunes viuva > Aos vinte e sete de abril de seisentos e oitenta e dois veio de Lixboa a enterrar Britis Nunes da Boca da Mata viuva de Gaspar Carrasco, por faleser em casa de seu genro João Leal vidraceiro em Lixboa. Fes testamento e o dito seu genro testamenteiro, deixou a tersa a seu filho Gaspar Nunes com obrigasão de duas missas do Natal, deixou dous oficios de nove licois enterrouse no Convento de Santa Anna e por verdade fis e asinei. (a) O Cura Silvestre Nunes Franco”. 33 A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Batismos de Colares [1691-1717], Livro B8, Caixa 3, assento n.º 4, fl. 70v. Registo de batismo de Tomásia filha de Domingos Brás e de Natália Nunes, tendo assistido como padrinho, Pedro Nunes, solteiro, vidraceiro, morador em Lisboa. “< Thomazia Cazas Novas > Aos vinte e seis de dezembro da era asima [1704] baptizey solemnemente a Thomazia filha de Domingos Braz, e de sua molher Natalia Nunes das Cazas Novas. Foy padrinho Pedro Nunes solteiro morador em Lixboa vidraceiro, de que tudo fiz este asento mes, e era ut supra. (a) O Parocho Luis Pereira”. 34 Ibidem, assento n.º  2, fl.  98. Registo de batismo de Caetano filho de Manuel Nunes e de Maria Nunes, tendo assistido como padrinho, Pedro Nunes, vidraceiro, morador na Rua dos Escudeiros em Lisboa. “< Caetano Almosageme > Aos vinte e sete de agosto da era ssima [1709] O Padre coadjutor Manoel Pereira baptizou solemnemente a Caetano filho de Manoel Nunes, e de sua molher Maria Nunes do lugar de Almosageme. Forão padrinhos Pedro Nunes de Lixboa morador na Rua dos Escudeiros official de vidraceiro, e Blazia Luis avo do baptizado de que tudo fiz este asento mes e era ut supra. (a) O Parocho Luis Pereira”. 35 Ibidem, assento n.º  1, fl.  79v. Registo de batismo de José filho de José Gonçalves e de Feliciana Maria, tendo assistido em nome da madrinha Mariana dos Santos mulher de João Rodrigues, vidraceiro, Domingos Nunes, filho do dito vidraceiro. “< Jozeph villa > Aos quinze de dezembro de mil, e setecentos e seis baptizey solemnemente a Jozeph filho postumo de Feliciana Maria, e de seu marido Jozeph Gonsalvez que faleceo na cidade de Lixboa vindo da Campanha doente; não muito tempo ao depois de recebido. Forão padrinhos por procuração João Conton estrangeiro, morador na cidade de Lixboa tocou em seu lugar Jozeph Gomes pay da dita Feliciana Maria; e Mariana dos Santos molher de João Rodriguez vidraceiro tocou em seu lugar Domingos Nunes, filho do dito João Rodriguez de que tudo fiz este asento mes, e era ut supra. (a) O Parocho Luis Pereira”. 31

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surge mencionado, em 13 de setembro de 1711, como padrinho de batismo de Domingos, filho de Manuel Dias e de Antónia Nunes.36 Através do registo do decesso de Ana Nunes, filha de Manuel Cristóvão, ocorrido em Colares em 6 de agosto de 1710, reconhecemos que esta estava esposada com Miguel Mendes, outro oficial de vidraceiro.37 Podemos assim constatar, através de alguns elementos colhidos nos Livros Paroquiais de Colares, a presença de um número substancial de vidraceiros que aí residiam ou assistiam em algumas ocasiões, assim como constatámos algumas relações de parentesco com alguns familiares vidraceiros que residiam na cidade de Lisboa.

3. O Forno do Vidro em Alhos Vedros São inúmeras as referências relativas ao forno de vidro que existiu em Alhos Vedros desde o início do século XVI. Este forno encontrava-se estabelecido na Quinta de D. Henrique Pereira, tendo deixado de laborar na segunda metade do século XVIII, conforme ficou arrolado nas respostas ao inquérito de 1758, redigidas pelo prior de Alhos Vedros, Cláudio José da Silva Negrão, tendo sido afirmado que: “Não tem já lugares, senão moradores digo, senão alguns moradores disperso e só tres ou quatros vizinhos se achão juntos ao cittio do Forno do Vidro junto á ponte da Villa da Mouta: no qual Forno do Vidro hà muitos annos senão fabrica vidro, e se acha demolido”.38 Reconhecemos João Gorron, como mestre do forno de vidro que pereceu em Alhos Vedros, em 7 de outubro de 1606.39 Sabemos que João Gorron teve Ibidem, assento n.º 1, fl. 108v. Registo de batismo de Domingos filho de Manuel Dias e de Antónia Nunes, tendo assistido como padrinho, Domingos Nunes, vidraceiro, morador em Lisboa e nesta data assistente em Colares. “< Domingos Tavina > Aos treze de setembro de mil e setecentos e onze baptizey solemnemente a Domingos filho de Manoel Dias da Tavina, e de sua molher Antonia Nunes. Foy padrinho Domingos Nunes morador em Lixboa official de vidraseiro, asistente por hora nesta terra. De que fiz este asento mes e era ut supra. (a) O Parocho Luis Pereira”. 37 A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Óbitos de Colares [1699-1723], Livro O5, Caixa n.º 18, assento n.º  3, fl.  30v. Registo de óbito de Ana Nunes, que se encontrava esposada com Miguel Mendes, oficial de vidraceiro. “< Anna filha famílias. Cazas Novas > Aos seis de agosto da era assima [1710] faleceo da vida prezente com todos os sacramentos Anna Nunes filha de Manoel Christovão ja defunto, e de sua molher Natalia Nunes das Cazas Novas: estava espozada com Miguel Mendiz official de vidrasiero. Esta sepultada na Matriz desta villa. De que tudo fiz este asento mes, e era ut supra. (a) O Parocho Luis Pereira”. 38 A.N.T.T., Memórias Paroquais 1722-1832, Dicionário Geográfico de Portugal, tomo 2, A 2, 1758, Alhos Vedros, Setúbal, n.º 72, pp. 559-588. 39 Arquivo Distrital de Setúbal [A.D.Setúbal], Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1599-1627], 13/5856/1, assento n.º  3, fl.  120-120v. Registo de óbito de João Gorron, mestre do forno do vidro. “< João Gorron > Aos 7 dias do mez d’outubro de 606 faleceo no forno do vidro termo desta villa João Gorron, recebidos todos os Sacramentos da Sancta Madre Igreja, está enterrado em S. Sebastião da Mouta furtivamente (?) sendo // [fl. 120v] fregues desta villa, por eu estar absente a esse tempo delhe Nosso Senhor a gloria. Amen. (a) † o Prior Bernardo Sobrinho”. 36

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uma filha, chamada Leonor que foi batizada em 1 de janeiro de 160740, a qual faleceu em 9 de março de 1607.41 Anos mais tarde, e em 17 de dezembro de 1642, foi passado um alvará a Lucas Vicente, para montagem de um forno de vidro em Alhos Vedros.42 Em 16 de fevereiro de 1622, Lucas Vicente era já mestre de um forno de vidro em Alhos Vedros. Este foi casado com Margarida de Torres tendo desse casamento nascido: Lucas, batizado em 16 de fevereiro de 162243; António, batizado em 14 de janeiro de 163544 e Francisca, batizada em 9 de janeiro de 1637.45 Temos ainda notícia de outros mestres e oficiais que laboraram no forno de vidro em Alhos Vedros, designadamente, João Vicente (1630)46, Gabriel Gomes (1634)47, Francisco de Salles, castelhano (1636)48, André Ferreira (1643)49, A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1599-1627], 13/5856/1, assento n.º  1, fl.  25. Registo de batismo de Lianor filha de Catarina Mendes e de João Gorron, mestre do forno do vidro que está na Quinta de D. Henrique Pereira. “< Lianor > Aos primeiro dia do mez de janeiro de 1607 baptizei na egreja matrix de S. Lourenço desta villa d’Alhos Vedros Lianor filha de João Gorren mestre do forno do vidro que está na quinta de dom Henrique Pereira termo desta villa, e de Catherina Mendes sua molher, forão pardinhos, Domingos Coelho alfayate morador nesta ditta villa, e a bico d’agulha parteira da Mouta que per nome nºao perca. (a) O Prior Bernardo Sobrinho”. 41 A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1599-1627], 13/5856/1, assento n.º  4, fl.  122v. Registo de óbito de Lianor filha de João Gorron, mestre do forno do vidro. “< Lianor > Aos 9 dias do mez de março de 1607 faleceo no forno de vidro junto a Quinta de Dom Henrique Pereira, Lianor menina de pouco mais de dous meses de idade filha de João Gorron que Deos tem, mestre que foi do vidro, e de Catherina Mendes sua molher. Esta enterrada no adro a parte do norte, defronte da Capella de Nossa Senhora dos Anjos. (a) O Padre Bernardo Sobrinho”. 42 I.A.N./T.T., Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre do Tombo, Livro 15, fl. 72v-73. Não devemos confundir este Lucas Vicente, com um seu homónio, também mestre do forno de vidro que faleceu em 8 de fevereiro de 1615, A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1599-1627], 13/5856/1, assento n.º 1, fl. 137v. 43 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1599-1627], 13/5856/1, assento n.º 4, fl. 52. Registo de batismo de Lucas filho de Lucas Vicente, mestre do forno do vidro. “< Lianor > Aos desaseis de fevereiro de 622 baptisei e pus os sanctos oleos a Lucas filho de Lucas Vicente do forno do Vidro, e de sua molher. Forão padrinhos Domingos Moreno, e Maria Guomes avó do baptisado”. 44 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1629-1695], 13/5856/2, assento n.º 3, fl. 9. 45 Ibidem, assento n.º 1, fl. 11v. 46 Ibidem, assento n.º  3, fl.  4. Registo de batismo de João filho de João Vicente, mestre do forno do vidro e de sua esposa Margarida Luís. “< João > Aos 7 d’abril de 630 baptisei e pus os Sanctos oleos a João, filho de João Vicente, mestre no forno do vidro, e de sua mulher Margarida Luis. Foi padrinho Diogo Ribeiro de Maçedo da Quinta. (a) O Prior Francisco Pereyra”. 47 A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1627-1724], 13/5867/1, assento n.º 4, fl. 5. Registo de óbito de Gabriel Gomes, oficial do forno do vidro. “< Gabriel Gomes > Aos 18 de março de 634 faleceo Gabriel Gomes official do forno do vidro recebeo todos os Sacramentos e foi enterrado dentro da Igreja defronte do pulpito”. 48 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1629-1695], 13/5856/2, assento n.º 1, fl. 10v. 49 A.D.S., Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1627-1724], 13/5867/1, assento n.º 1, fl. 10v. Registo de óbito de André Ferreira, solteiro, oficial do forno do vidro. “< Andre Ferreira > Aos 18 de junho de 643 faleçeo Andre Ferreira homé solteiro official no forno do vidro, muito bom homé, e de boa consciencia, fez testamento em que nomeia huns irmãos por herdeiros, e mandouse interrar dentro na Igreja donde foi interrado. (a) O Prior Francisco Pereyra”. 40

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João Gomes (1669)50, António Rodrigues (1673) 51 e Cristóvão Correia (1705).52 Confirmamos que Francisco de Salles, oficial do forno do vidro, foi casado com Madalena Jorge, tendo desse matrimónio nascido Maria, batizada em 17 de junho de 163653 e Úrsula, batizada em 4 de março de 1641.54 De igual modo, reconhecemos que João Vicente, mestre do forno do vidro, foi casado com Margarida Luís, tendo sua esposa falecido am 14 de abril de 1654.55 Desse casamento nasceram: Manuel, batizado em 16 de novembro de 163456 e João, batizado em 29 de março de 163757, tendo assistido como padrinho deste último, Lucas Vicente, tio do batizado. O mesmo se constata

Ibidem, assento n.º 6, fl. 33v. Registo de óbito de João Gomes, mestre do forno do vidro. “< João Gomes > Em 16 dias de abril de 669 faleceo João Gomes mestre do forno do vidro. Fes testamento, esta sepultado em cova comprada. (a) Sebastiam Paes de Matos”. 51 Ibidem, assento n.º 2, fl. 57. Registo de óbito de António Rodrigues mestre do forno do vidro. “< Antonio Rodriguez > Aos dezanove dias do mez de março de mil e seiscentos e outenta e nove annos faleceo Antonio Rodriguez mestre do forno do vidro, não recebeo Sacramentos por morrer apreçadamente e não chamarem a tempo que quando chegou o padre cura era falecido. Tinha feito testamento em outra doença que havia tido. Foi sepultado na freguezia de Nossa Senhora da Boa Viagem da Moita aonde se mandava enterrar no dito testamento. Deos se lembre de ssua alma. (a) Padre Jozeph Sanches”. Ibidem, assento n.º 2, fl. 36. Registo de óbito de uma menina filha de António Rodrigues do forno do vidro. “Em os 24 de outubro de 673 enterrey huã minina de Antonio Rodriguez do forno do vidro em cova comprada. (a) Matos”. 52 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1696-1727], 13/5856/3, assento n.º 4, fl. 40v. Registo de batismo de uma criança filha de Cristóvão Correia, mestre do forno de vidro. “< Forno do Vidro > Em os vinte e hum de dezembro de mil settecentos e sinco deu licença o Reverendo Prior Jozeph Sanches para que o Padre Cura da villa da Moutta baptizace na sua freguezia de Nossa Senhora da Boa Viagem huã criança de Christovão Correa mestre do forno do vidro de sua freguezia de São Lourenço de Alhos Vedros de que fis esta lembrança e assento que asigney. (a) O Beneficiado Manoel da Costa Sylveira”. 53 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1629-1695], 13/5856/2, assento n.º 1, fl. 10v. Registo de batismo de Maria filha de Francisco de Salles, castelhano, oficial do forno do vidro e de sua esposa Madalena Jorge, tendo assistido como padrinho, Lucas Vicentes, mestre do forno do vidro. “< Maria > Aos 17 de junho de 636 baptizou o padre Pero Barrocas que foi desta Igreja Matrix Cura, a Maria filha de Francisco de Salles Castelhano official do forno do vidro e de sua molher Madalena Jorge, e foi padrinho Lucas Vicente mestre do forno, e Ursula d’Azevedo. (a) O Prior Francisco Pereyra”. 54 Ibidem, assento n.º  1, fl.  15v. Registo de batismo de Úrsula filha de Francisco de Salles, castelhano, oficial do forno do vidro e de sua esposa Madalena Jorge, tendo assistido como padrinho, Lucas Vicentes, mestre do forno do vidro. Veja-se também o processo de Úrsula Maria, filha de Francisco de Salles e de Madalena Jorge, I.A.N./T.T., Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, Processos 1536-1821, Processo n.º 4912 de Úrsula Maria [1677-1682]. 55 A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1627-1724], 13/5867/1, assento n.º  5, fl.  17v. Registo de óbito de Margarida Luís do forno do vidro, mulher de João Vicente. “< Margarida Luis > Em 14 de abril de 1654 falleceo Margarida Luis do forno do vidro molher de João Visente enterrouse com minha licenssa em S. Sebastião da Moutta, não fes testamento. (a) Sebastiam Paes de Mattos”. 56 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1629-1695], 13/5856/2, assento n.º 4, fl. 8v. 57 Ibidem, assento n.º 1, fl. 12. 50

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com o mestre João Gomes, o qual foi casado com Maria de Oliveira, tendo nascido desse matrimónio, Miguel, batizado em 29 de novembro de 1660.58 Achámos também que o mestre Gabriel Gomes foi consorciado com Vitória da Silva, dos quais foram filhos: Margarida, batizada em 12 de maio de 166959; Manuel, batizado em 8 de novembro de 166660 e Maria, batizada em 13 de novembro de 1671.61 Identificámos alguns indivíduos que exerceram outras funções no forno de vidro, como foram os casos dos atiçadores Pedro Fernandes (1621)62 e Felício ou Feliciano, atiçador (1626)63, e do escravo Mateus (1659).64 Temos notícia de várias pessoas que se encontravam a trabalhar no forno de vidro, embora sem ter sido explicitamente registada a sua função como os casos de Fernando Alveres (1669)65, José Marques (1707)66, Domingos da Silva (1724)67, Félix Martins Ibidem, assento n.º 3, fl. 39v. Ibidem, assento n.º 1, fl. 50. Registo de batismo de Margarida filha de Gabriel Gomes e de Vitória da Silva, tendo sido padrinho João Gomes, todos do forno do vidro. “< Margarida do forno do vidro > Aos doze dias do mes de mayo de 669 annos baptizey a Margarida filha de Gabriel Gomes e de sua mulher Vittoria da Silva. Forão padrinhos João Gomes do forno do vidro. (a) Sebastiam Paes de Mattos”. 60 Ibidem, assento n.º 1, fl. 46. 61 Ibidem, assento n.º 1, fl. 54. 62 A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1599-1627], 13/5856/1, assento n.º  3, fl.  100. Registo de óbito de Pedro Fernandes, atiçador do forno do vidro. “< Pedro Fernandez – Adro > Aos sinco de fevereiro de 621 faleceo Pedro Fernandez atiçador do forno do vidro, home pobre, viuvo, foi confessado compreça. Enterrado no adro da igreja. (a) O Prior Francisco Pereyra”. 63 Ibidem, assento n.º 1, fl. 102. Registo de óbito de Felício ou Feliciano, atiçador do forno do vidro. “< Felicio, ou Feliçiano – Adro > Aos 21 dias de janeiro de 627 faleçeo, Felicio ou Feliçiano de morte supitania de que Deos nos guarde amanheçendo morto, era mancebo solteiro, atiçador do forno do vidro, e foi enterrado no adro. (a) O Prior Francisco Pereyra”. 64 A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1627-1724], 13/5867/1, assento n.º  1, fl.  24. Registo de óbito de Mateus, escravo, do forno do vidro. “< Matheus escravo > Em os 22 de abril de 659 faleceo Matheus do forno do vidro. Está espultado no adro. (a) Mattos”. 65 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1629-1695], 13/5856/2, assento n.º 3, fl. 49v. Registo de batismo de João filho de Fernando Alveres e de Sebastiana Marques, tendo sido padrinho João Gomes, e madrinha sua filha Isabel do Vale por procuração que apresentou Maria Pouzona, todos do forno do vidro. “< forno do vidro – João > Aos sinco dias do mes de mayo de 669 annos baptizey a João filho de Fernando Alvres e de sua mulher Sebastiana Marques. Forão padrinhos João Gomes do forno do vidro e madrinha sua filha Izabel do Valle procurassão que apresentou Maria Pouzona que tocou em seu nome. (a) Sebastiam Paes de Mattos”. 66 A.D.Setúbal, Livro de Batismos de Alhos Vedros [1696-1727], 13/5856/3, assento n.º 1, fl. 45v. Registo de batismo de António filho de José Marques e de Juliana de Almeida, do forno do vidro, tendo sido padrinho, Cristóvão Correia, mestre do dito forno. “< Antonio > Aos treze dias do mes de junho de mil settecentos e sette baptizey a Antonio filho de Jozeph Marquez do forno do vidro e de sua mulher Juliana de Almeyda, foy padrinho Christovão Correa. (a) O Prior Jozeph Sanches”. 67 A.D.Setúbal, Livro de Casamentos de Alhos Vedros [1712-1767], 13/5863/1, assento n.º  1, fl.  28. Registo de casamento de Domingos da Silva com Madalena Maria, moradores no forno do vidro. “< Domingos da Silva com Magdalena Maria > Aos vinte e outo dias do mes de novembro de mil setecentos e vinte quatro de menham nesta Igreja Matris de Alhos Vedros 58 59

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(1729)68, Bernardo Fernandes (1736)69, António Henriques Torres (1750)70, José Luís (1752)71, Marco Rodrigues e Diogo de Sousa (1760).72



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em minha prezença, e das testemunhas abacho asignadas se cazarão por palavras de prezente Domingos da Silva filho de Luis Caldeira, e de Brazia Rodriguez já defuntos veuvo de Joanna Maria, baptizado na freguezia de Nossa Senhora da Graça do lugar de Corroyos, com Magdalena Maria filha de João Carvalho e de sua molher Guiomar Rodriguez baptizada na freguezia de S. Simão de Azeitão ambos moradores no forno do vidro freguezia de S. Lourenço desta villa, de que fis este asento que asignei. (a) O Prior Luiz Perdigão Freytas (a) Antonio Ribeiro Leytão (a) O Padre João Cardozo”. A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1724-1756], 13/5867/2, assento n.º  3, fl.  12. Registo de óbito de Maria dos Santos esposa de Félix Martins, moradores no forno do vidro. “< Maria dos Santos > Aos vinte e dous dias do mes de agosto de mil setecentos e vinte e nove falleçeo Maria dos Santos molher de Felix Martinz do forno do vidro, recebeo o Sacramento da Confição somente por não chamar para os mais foi enterrada no adro desta Igreja de que fis este assento, que asignei. (a) O Prior Luis Perdigão de Freytas”. Ibidem, assento n.º 2, fl. 39. Registo de óbito de Rosa, filha de Bernardo Fernandes natural de Santa Marinha, esposo de Maria das Neves de Beringel, moradores no Forno de Vidro. “< Roza > Aos vinte e sette dias do mes de mayo de mil e settecentos e trinta e seis annos faleceo huã menina de peito primeyra digo segunda no nome a qual tinha sido baptizada em caza por perigo que tinha filha de Bernardo Fernandes natural da villa de Sancta Marinha Bispado de Vizeu, e cazou em a villa de Beringel Arcebispado de Evora, de sua molher Maria das Neves natural da mesma villa de Beringel moradores no Forno de Vidro termo desta villa de Alhos Vedros foy enterrada dentro na Igreja do que tudo para constar fis este termo que asignei dia, mes, e era ut supra. (a) Padre Francisco Alvaro Velles Maldonado”. Ibidem, assento n.º  2, fl.  79v. Registo de óbito de António Henriques Torres casado com Maria Micaela morador no forno do vidro e natural da freguesia da Pena em Lisboa. “< Antonio Henriques Torres > Aos vinte e quatro dias do mes de outubro de mil settecentos e sincoenta annos falesceo Antonio Henriques Torres casado com Maria Michaela morador no forno do vidro termo desta villa de Alhos Vedros natural da cidade de Lisboa da freguezia de Nossa Senhora da Penna; recebeo todos os Sacramentos; foy sepultado dentro da Igreja: não consta fizese testamento: do que tudo para constar fis este termo que asignei dia, mes, e era ut supra. (a) O Padre Francisco Alvaro Vellez Maldonado”. Ibidem, assento n.º 1, fl. 82v. Registo de óbito de Luísa Maria, viúva de José Luís, moradora no forno do vidro. “< Luiza Maria viuva – Forno do Vidro > Aos trinta dias do mes de mayo de mil settecentos e sincoente e dois annos faleceo Luiza Maria viuva que ficou de José Luis moradora no forno do vidro termo desta villa: Recebeo todos os Sacramentos; foy sepultada dentro da Igreja não me consta fizese testamento: do que tudo para constar fis este ermo que asignei dia, mes, e era ut supra. (a) O Padre Francisco Alvaro Vellez Maldonado”. A.D.Setúbal, Livro de Casamentos de Alhos Vedros [1712-1767], 13/5863/1, assento n.º 1, fl. 101. Registo de casamento de Marcos Rodrigues com Teresa da Encarnação, moradores no Forno do Vidro, tendo assistido como testemunhas, entres outros, Ricardo António, pintor de Lisboa, e Diogo de Sousa, morador no Forno do Vidro. “< Marcos Rodriguez e Thereza da Encarnação > Aos doze dias do mes de junho de mil e settecentos e sessenta annos de tarde nesta Igreja Matriz São Lourenço da villa de Alhos Vedros em prezença de mim Beneficiado Curado da ditta Igreja em auzencia do Reverendo Prior se cazárão por palavras de prezente na forma do Sagrado Concilio Tridentino e Constituiçõens deste Patriarcado por ordem e mandado do Muito Reverendo Dezembargador Juiz dos Cazamentos, Marcos Rodrigues solteiro natural e baptizado na freguezia de Nossa Senhora da Assumção de Querensa bispado do Algarve filho de Marcos Rodrigues e de sua mulher Catherina Rodirgues = Com Thereza da Encarnação, viuva que foy de Jeronimo Fernandes, natural da villa de Serpa na freguezia Sancta Maria do arcebispado de Evora, aonde enviuvou e moradores actualmente no Forno do Vidro termo desta villa e freguezia ecclesiea, assisti perante alguã parte do povo. Forão testemunhas que comigo aqui Revista

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Salientamos ainda, que em 1682, surge mencionado em atos paroquiais, um Fernando Rodrigues, cônjuge de Catarina de Sousa, como tomador do forno de vidro de Alhos Vedros.73 Não podemos deixar de aludir à fábrica de vidro que existiu junto a Coina74, tendo em 18 de abril de 1758, o prior encomendado João Rodrigues Preto, afirmado que: “Há dentro desta villa e freguezia [Coina] huma fabrica Real que foy de vidros a qual se acha damnificada e sem exercício há dez annos a esta parte por se mudar a mesma para o lugar da Marinha termo da cidade de Leyria, e por este desamparo se lhe perdem as madeyras que sam excellentes”.75 Em 13 de agosto de 1725 foi esta fábrica visitada pela família real portuguesa, tendo sido noticiada essa visita na Gazeta de Lisboa Occidental, da seguinte forma: “A Rainha, e Principe nossos Senhores forão segunda feira desta semana com as Senhores D. Maria, e D. Francisca ver a fabrica de vidros christalinos, que se mandou estabelecer por ordem de S. Mag. Que Deos guarde, e virão fabricar algumas peças”.76 Dois anos mais tarde, e em 13 de novembro de 1727 a família real portuguesa, volta a visitar esta fábrica, tendo ficado registado: “Quinta feira da semana passada partio a Rainha nossa Senhora desta Corte com o Principe nosso Senhor, e a Senhora Infante D. Maria para ver o Convento dos Religiosos Capuchos da Serra da Arrabida, e a Praça de Setuval, e de caminho foy ver a fabrica dos vidros cristalinos, que se estabeleceu junto a Caoyna, e pernoitou na quinta de Calhariz, de que he senhor D. Francisco de Sousa, Capitão da guarda Alemãa de S. Mag”.77 No mês seguinte e em 4 de dezembro volta a ser notícia esta visita na mesma



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assignarão Manoel Pereyra solteyro desta villa e Ricardo Antonio pintor da cidade de Lisboa, e Diogo de Souza morador no Forno do Vidro, e outros. Do que tudo para constar fis este termo que assigney dia mes, e era ut supra. (a) O Beneficiado Curado Manoel Vellez de Almeida (a) De Diogo de + Souza (a) Manoel Pereira (a) Ricardo António”. A.D.Setúbal, Livro de Óbitos de Alhos Vedros [1627-1724], 13/5867/1, assento n.º  5, fl.  46v. Registo de óbito de uma menina filha de Francisco Rodrigues tomador do forno do vidro. “< Francisco Rodriguez > Em 6 de julho de 682 faleceo huã minina filha de Francisco Rodriguez tomador do forno do vidro. Esta sepultada em cova comprada. (a) Sebastiam Paes”. Ibidem, assento n.º  5, fl.  47. Registo de óbito de Catarina de Sousa, mulher de Francisco Rodrigues tomador do forno do vidro. “< Catharina de Sousa > Em 16 de dezembro de 682 faleceo Catherina de Sousa molher de Francisco Rodriguez tomador do forno do vidro. Esta enterrada em cova comprada. (a) Sebastiam Paes de Mattos”. Para um conhecimento mais aprofundado sobre a indústria vidraceira em Coina, veja-se entre outras obras a de CUSTÓDIO, Jorge – A Real Fábrica de Coina e as Origens da Indústria Vidreira na Marinha Grande (1719-1826), Separata das Atas do I Encontro Nacional sobre o Património Industrial, Coimbra Editora, 1989, vol. 1; Idem – A Real Fábrica de Vidros de Coina [1719-1747] e o vidro em Portugal nos séculos XVII e XVIII, IPPA, Lisboa, 2002. A.N.T.T., Memórias Paroquais 1722-1832, Dicionário Geográfico de Portugal, tomo 11, C 4, 1758, Coina, Setúbal, n.º 351, pp. 2409-2418. VITERBO, Sousa – Artes Industriaes e Industrias Portuguezas: O vidro e o papel, O Instituto, Revista Scientifica e Litteraria, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1902, vol. n.º 49, pp. 747-753. Gazeta de Lisboa Occidental, n.º 33, quinta-feira, 16 de agosto de 1725, pp. 257-264. Gazeta de Lisboa Occidental, n.º 47, quinta-feira, 20 de novembro de 1727, pp. 369-376.

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Gazeta, sendo noticiada da maneira segunte: “Havendo partido desta Corte a Rainha N. S. quinta feira 13 do mez passado, com o Principe nosso S. e a Senhora Infante D. Maria, dezembarcarão dos Brigantins reaes no porto de Coyna, e forão ver a fábrica dos espelhos, e vidros Christalinos, estabelecida naquela Villa”.78

4. O  s Mestres Vidraceiros nas obras nos Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa Foram vários os mestres que executaram trabalhos para os Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa79, nomeadamente, Manuel Cristóvão, Manuel Francisco, José Patrício Nunes, José da Silva, Joaquim António de Torres e José Fortunato. Reconhecemos Manuel Cristóvão como o mestre vidraceiro que mais anos trabalhou para a Inquisição de Lisboa, conforme podemos constatar no quadro que seguidamente apresentamos (Quadro 1). Identificámos o mestre vidraceiro, Manuel Cristóvão, viúvo, que contraiu matrimónio em Colares, em 19 de novembro de 1725, com Teresa Maria de Jesus.80 Manuel Cristóvão veio a falecer no lugar de Casas Novas, em Colares, em 28 de outubro de 1752.81 Gazeta de Lisboa Occidental, n.º 49, quinta-feira, 24 de dezembro de 1727, pp. 385-392. Para uma melhor compreensão dos Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa veja-se o estudo RIJO, Delmira Maria Miguéns – Palácio dos Estaus de Hospedaria Real a Palácio da Inquisição e Tribunal do Santo Ofício, Cadenos do Arquivo Municipal, ISSN 2183-3176, 2.ª Série [janeiro-junho 2016], pp. 19-49. 80 A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Casamentos de Colares [1714-1752], Livro C4, Caixa 12, assento n.º 1, fl. 26. Registo de casamento de Manuel Cristóvão e Teresa Maria de Jesus. “< Manoel Christovão com Thereza Maria de Jesus – Casas Novas > Aos dezanove de novembro de mil e setecentos e vinte e sinco pella manhã em minha presença e das testemunhas abaixo nomeadas em a ermida de Santo Antonio do lugar do Penedo por especial lisensa do Provizor dos Casamentos o doutor Hyacinto Robalo Freyre se receberão por palavras de prezente por marido e molher in facie ecclesia na forma do Sagrado Concilio Tridentino e Constituição do Arcebyspado Manoel Christovão viuvo de Antonia dos Santos com Thereza Maria de Jezus viuva de Manoel Nunes Collares moradores na cidade de Lisboa na Rua dos Escudeiros freguezia de S. Nicolao. Testemunhas o padre Manoel Nunes e Manoel Pereira todos desta freguezia de que fis este asento mes e era ut supra. (a) O parocho Luis Pereira. Forão dispensados em 2 e 3 grao de consanguinidade. (a) O Padre Manoel Nunes (a) Manoel Pereyra”. 81 A.N.T.T., [A.D.Lisboa], Livro de Óbitos de Colares [1742-1758], Livro O6, Caixa 18, assento n.º 1, fl. 40. Registo de óbito de Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro. “< Manoel Christovam – Casas Novas > Aos vinte e outto dias do mez de outubro de mil, e settesenttos, e sincoenta, e dous, faleceu da vida prezente Manoel Christovam sem Sacramenttos por falta de advertimento dos médicos sirurgião, porque quando chamaram o Parrocho ya estava no ultimo da sua vida, era fregues da Parrochial Igreja de S. Nicolao da cidade de Lisboa cazado com Thereza Maria, e ao prezente estava morador nas Cazas Novas. Morreu abintestado, foi amortalhado em habito de Nossa Senhora do Monte do Carmo, e sepultado nesta freguezia de Nossa Senhora de Assumpção da villa de Collares, de que fis este asento dia, mes e era, ut supra. (a) O Parrocho Albertto Antonio de Souza”. 78 79

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Quadro 1. Referência aos mestres vidraceiros que executaram obras para o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa [1726-1786].

Mestre vidraceiro

Data 1726.02.13 1727.06.26 1728.04.21 1733.04.16 1734.04.07 1735.04.05 1737.05.29

Manuel Cristóvão

1739.06.01 1740.12.13 1741.12.29 1743.05.08 1745.03.01 1748.02.29 1751.03.06 1751.03.11

Manuel Francisco José Patrício Nunes

Referência documental – Documento [A.N.T.T., Tribunal do Santo Ofício, Inquisição em Lisboa] Documento 1 – Livro de Despesas do Tesoureiro Fabião Bernardes [1725-1726], Liv. 543, fl. 18-19. Documento 2 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Rodrigues Ramos [1727-1730], Liv. 544, fl. 11-12. Documento 3 – Livro de Despesas do Tesoureiro Tomás Feio Barbudo [1727-1728], Liv. 545, fl. 10. Documento 4 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Lourenço Monteiro [1733-1734], Liv. 546, fl. 9-9v. Documento 5 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1733-1735], Liv. 547, fl. 6-6v. Documento 6 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1733-1735], Liv. 547, fl. 27. Documento 7 – Livro de Despesas do Tesoureiro Alexandre Henrique Arnaut [1737-1738], Liv. 548, fl. 7. Documento 8 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1738-1739], Liv. 549, fl. 2-2v. Documento 9 – Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1740], Liv. 550, fl. 14. Documento 10 – Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1741], Liv. 551, fl. 12-12v. Documento 11 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Lourenço Monteiro [1742-1744], Liv. 552, fl. 5. Documento 12 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1744-1745], Liv. 553, fl. 5-5v. Documento 13 – Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Lourenço Monteiro [1748-1749], Liv. 864, fl. 6. Documento 14 – Livro de Despesas do Tesoureiro André Corsino de Figueiredo [1751], Liv. 862, fl. 7. Documento 15 – Livro de Despesas do Tesoureiro André Corsino de Figueiredo [1751], Liv. 862, fl. 6.

1752.12.22

Documento 16 – Livro de Despesas do Tesoureiro Pedro Paulo da Silveira [1752], Liv. 554, fl. 10.

1757.05.17

Documento 17 – Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1757-1759], Liv. 555, fl. 2 (35). Documento 18 – Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1757-1759], Liv. 555, fls. 3 (37).

1757.05.20

José da Silva

1770.08.20

Documento 19 – Livro de Despesas do Tesoureiro Gregório Xavier Godinho [1770-1771], Liv. 947, fl. 15.

Joaquim António de Torres

1788.04.24

Documento 20 – Livro de Despesas do Tesoureiro Cipriano José de Amorim [1788], Liv. 558, fl. 41.

1786.05.09

Documento 21 – Livro de Despesas do Tesoureiro Cipriano José de Amorim [1786], Liv. 556, fl. 37. Documento 22 – Livro de Despesas do Tesoureiro Cipriano José de Amorim [1786], Liv. 556, fl. 36.

José Fortunato

1786.06.12

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Os mestres vidraceiros da Idade Moderna na Estremadura

De modo a alcançarmos os trabalhos executados pelos mestres vidraceiros, damos como exemplo as relações de vidraças e consertos que efetuaram os mestres vidraceiro nos Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa, entre os anos de 1726 a 1786. Podemos constatar a quantidade de vidros aplicados nas mais diversas janelas, assim como a sua diversidade, uns pequenos, outros grandes, brancos ou cristalinos, assim como o chumbo e a rede gastos para os mesmos. Podemos ainda comprovar a composição de algumas vidraças aplicadas nos Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa, que eram constituídas por diversos vidros. Damos como exemplo: “2 vidrasas de vidros brancos que tem 36 vidros”, “5 vidrasas que tem 140 vidros” ou “huã vidrasa que tem 42 vidros”. Quadro 2.Referência documental às contas dos mestres vidraceiros que executaram obras para os Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa [1726-1786]

REFERÊNCIAS COM SÍNTESE E TRANSCRIÇÃO DOCUMENTAL [A.N.T.T., Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa] DOCUMENTO 1 Livro de Despesas do Tesoureiro Fabião Bernardes [1725-1726], Liv. 543, fl. 18-19. Relação das obras que fez em 1725, Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 18] Rol das vidrasas e comsertos que fis para os Pasos do Santo Ofisio Em 23 de fevereiro de 1725 pus 2 vidros christalinos em a caza das profisois de 350 reis cada hum soma – 700 Em o ditto dia pus 3 vydros em a galaria de 50 reis – 150 Em o ditto me spus 3 vidros em a galaria de 50 reis cada hum – 150 Em o mes de abril pus hum vidro em a livraria branco – 150 Em este ditto mes comsertey em a vidrasa do paso 24 vidros de 50 reis cada hum – 1200 Pus em as dittas vidrasas 12 palmos de xunbo de 50 reis – 600 Em o mes de maio fis hua janela de vidrasas para a cozinha Sua Iminensia e tem 42 vidros de 100 reis cada hum emporta – 4200 Tem as dittas vydrasas 24 palmos de ferro de 25 reis – 600 Em o ditto mes fis huã rede de latão para a ditta vidrasa da cozinha que tem 48 palmos emqueadro a 100 reis – 4800 Tem a grade de ferro em que vai tesida a rede 34 palmos de 50 reis o palmo emporta – 1700 Em o mes de junho pus 3 vidros brancos de 150 reis cada hum – 450 Em o mes de agosto fis 5 vidrasas de vidro velhos xumbados de novo e tem de chumbo 60 palmos de 50 reis – 3000 Em o ditto mes dis 5 vidrasas que tem 120 vidros abatendo 38 velhos fiquão sendo novos 82 vidros de 50 reis casa hum emporta – 4100 Mais 22 palmos e meio de chumbo novo que o cuparão os vidros velhos de 50 reis o palmo – 1225 Mais hua vidrasa xumbada de novo tem 10 palmos de 50 reis cada hum soma – 500 Emportão as adisois asima salvo erro 23425 [fl. 18v] Emporta a lauda atras como parese – 23425 Pus em a ditta vidrasa 2 vidros brancos de 150 reis cada hum – 300 Mais 3 vidros em hum lempião – 150 Em o mes de setembro pus 8 vidros nas vidrasas da cozinha de 50 reis cada hum – 400 Em o ditto mes pus 4 vidros em 2 lempiois – 400 Revista

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Pus mais 5 vidros de 50 reis cada hum – 250 Pus mais 5 vidros de 50 reis cada hum – 250 Em o ditto mes de setenbro comsertei os vidros do senhor emquizidor prizidente do Santo Ofisio e pus 49 vydros de 50 reis cada hum – 2450 Pus mais em as dittas vidrasas 43 palmos de xunbo de 50 reis o palmo emporta – 2150 Mais hum ferro na dittas vidrasas tem 3 palmos de 25 reis – 75 Fis mais huã vidrasa que tem 12 vidros brancos de 150 reis cada hum com seos xunbos – 1800 Tem a ditta 4 palmos de ferro de 25 reis o palmo – 100 Em o mes de outubro chombey 3 vidrasas de novo tem 33 palmos de chumbo de 50 reis o palmo – 1650 Tem as dittas vidrasas 43 palmos de ferro de 25 reis – 1075 Fis mais 2 vidrasas de vidros brancos que tem 36 vidros de 80 reis cada hum emporta – 2880 Em o mes de outubro comsertei duas vidrasas em que pus 12 vidros brancos de 80 reis cada hum – 960 Fis mais huã vidrasa para as cazas do senhor prizidente do Santo Ofisio que levou 24 vidros de 50 reis cada hum – 1200 Levou a ditta vidrasa 8 palmos de chumbo de 50 reis – 400 Levou mais 4 palmos de ferro de 25 reis o palmo – 100 Comsertei mais 2 vidrasas em que ous 9 vidros de 50 reis cada hum emporta – 453 Soma salvo erro – 40165 [fl. 19] Emporta a lauda emfrente como parese – 40 465 Fis mais huã vydrasa chumbada de novo que levou 10 palmos de chunbo de 50 reis o palmo – 500 Em o mes de dezembro fis 5 vidrasas que tem 140 vidros de 50 reis cada hum – 4900 De cuja quantidade vai abatido os vidros velhos que são 42 Tem as dittas vidrasas 16 palmos de chumbo de 50 reis – 800 Mais de acresentar os ferros – 600 Fis mais 2 vidrasas chumbadas de novo que tem 15 palmos de chumbo de 50 reis o palmo – 750 Pus em as dittas vidrasas 8 vidros novos de 50 reis – 400 Fis mais em o ditto mes 2 vidrasas que tem 32 vydros de 50 reis cada hum emporta – 1600 [Total] – 50015 Reseby do senhor Fabião Bernardes tesoureiro desta Emquisisão os sincoenta mil e quinze reis comtheudos no rol asima Lixboa Ociednetal 13 de fevereiro de 1726. (a) Manoel Chrystovão DOCUMENTO 2 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Rodrigues Ramos [1727-1730], Liv. 544, fl. 11-12. Relação das obras que fez em 1726 e 1727, Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 11] Rol das vidrasas e comsertos que fis para os Pasos do Santo Ofisio desde janeiro de 1726 em diente Em 17 do ditto mes comsertey 2 vidros brancosc na livrarria de sento sincoenta cada hum – 300 Em o mes de fevereiro comsertey him vidro grande no camarim – 300 Comsertey mais hum vidro na livraria – 150 Em o ditto mes comsertey as vidrasas ordinarias em que pus 18 vidros de 50 reis cada hum – 900 Comsertey mais 2 vidros em huã vidrasa no camarim – 600 Comsertey mais 2 vidros na livraria de 150 cada hum – 300 Em o mes de marso comsertey 13 vidros na galaria de 50 reis – 650 Comsertey mais 5 vidros de 50 reis cada hum – 250 Em o mes de abril comsertey 4 vidros na galaria de 50 reis – 200 Em o mes de junho fis huã vidrasa que tem 8 vidros brancos grandes de 240 reis cada hum emporta – 1920 Em 15 de julho fis huã vidrasa que tem 6 vidros grandes ordynarios de 100 reis cada hum emporta – 600 Revista IV série • N.º 22 • 2015/2016



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Fis mais huã vidrasa que tem 42 vidros de 50 reis cada hum – 2100 Em o mes de agosto comsertey 2 vidros de 50 reis cada hum – 100 Comsertey mais 10 vidros de 50 reis cada hum – 500 Em 12 de setembro comsertey 6 vidros de 50 reis – 300 Comsertey mais em o ditto mes 6 vidros de 50 reis cada hum – 300 Fis mais hum lempeão novo para o senhor tesoureiro mor custou – 360 Pus em o ditto lempeão 3 vidros de 100 reis cada hum – 300 Comsertey mais 3 vidros de 50 reis cada hum – 150 Em outubro pus 3 vidros em os lempeyois dos corredores – 360 Pus hum vidro christalino nas cazas das prosisois – 350 Em o mes de novembro pus hum vidro branco na livraria – 150 Em dezembro pus hum vidro chistalino no Conselho – 800 Em janeiro de 1727 renovey 4 vidrasa em que pus 37 vydros de 50 reis cada hum e estas forão para o Conselho – 1850 Pus em as dittas vidrasas 48 palmos de chumbo de 50 reis cada palmo emporta – 2400 Emporta esta lauda como parese – 16190 [fl. 11v] Emporta a lauda atras como parese – 16190 Em o ditto mes de janeiro da ditta era fis 12 vidrasas de novo para o Conselho em que pus 14 vidros de 50 reis cada hum – 700 Tem as dittas vidrasas 18 palmos de chunbo de 50 reis o palmo – 900 Mais em as cazas do Meirinho do Santo Ofisio pus 5 vidros de 50 reis cada hum emporta – 250 Renovey mais 6 vidrasas em que pus 75 palmos de chunbo de 50 reis o palmo para as cazas das profisois – 3900 Pus em as dittas vidrasas 16 vidros christalinos de 350 reis cada hum emporta – 5600 Em fevereiro comsertey 10 vidros nas cazas de Gregorio Reimundo de 50 reis cada hum – 500 Em 17 do ditto mes fis 2 vidrasas para o senhor Inquizidor Thiatonio da Fonseca que tem 36 vidros de 50 reis cada hum emporta – 1800 Tem as dittas vidrasas 16 palmos de ferro de 25 reis o palmo emporta – 400 Emporta como parese salvo erro – 30240 (a) Manoel Christovão [fl. 12] Reseby do lesenseado o senhor Manoel Rodrigues Ramos Tezoureiro desta Inquisição de Lixboa trintta mil duzentos e quarenta reis que tanto inporta o meu rol retro dos vidros que pus na ditta Inquisição e Pelasio de Inminttisimo senhor Cardeal de que pasey o prezente que asignei Lixboa Ocidental 26 de junho de 1727. (a) Manoel Christtovão DOCUMENTO 3 Livro de Despesas do Tesoureiro Tomás Feio Barbudo [1727-1728], Liv. 545, fl. 10. Relação das obras que fez em 1727, Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 10] Rol da obra que fis para os Pasos do Santo Ofisio desde o mes de fevereiro de 1727 Consertey 11 vidros nas vidrassas da galaria de 50 reis casa hum que emporta – 550 Em o primeiro de marso fis 3 vidrasas para a Menza grande que tem 72 vidros abatendo 38 vidros velhos fica novos 34 vidros de 50 reis cada hum – 1700 Tem as dittas vidrasas 18 palmos de chumbo novo que ocupão os vidros velhos de 50 reis cada hum emporta – 900 Em 16 de maio pus 2 vidros brancos grandes em huã vidrasa do padre Jozeph Pereira Bittrago de 150 reis cada hum – 300 Em 14 de junho comsertey 3 vidros na galaria de 50 reis cada hum – 150 Mais hum vidro cristalinho na caza das profisois que comsertey – 350

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Comsertey mais 2 vidros brancos no coartto donde assiste o senhor João Soares, de 150 reis cada hum – 300 Em o mes de agostto comsertey as vidrasas das cazas do tezourreiro mor, em que pus 9 vidros de 50 reis cada hum – 450 Em setembro pus 2 vidros grandes em hum lenpeão de 120 cada – 240 Pus mais no ditto lenpeão 4 vidros de 60 reis cada hum – 240 Levou o funileiro de comsertar o ditto lempeão, he da escada – 150 Em outubro pus 6 vidros nas vidrasas das escolas de 50 reis – 300 Em dezembro pus 12 vidros nas cazas do senhor Gregorio Raymundo de 50 reis cada hum emporta – 600 Fis mais huma vidrasa para a lyvraria que ttem 13 vidros brancos de 150 reis cada hum que emportta – 1950 Tem a ditta vidrasa 13 palmos de ferro de 25 reis o palmo que emportta – 325 [Total] – 8505 Reseby do lesenseado o senhor Thomas Feio Barbuda thezoureiro desta Inquisição de Lixboa outo mil quinhentos sinco reis conteudo no rol assima e de como reseby os dittos 8505 fis este que asigney Lixboa Ocidental 21 de abril de 1728 (a) Manoel Christovão DOCUMENTO 4 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Lourenço Monteiro [1733-1734], Liv. 546, fl. 9-9v. Relação das vidraças e consertos que fez Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 9] Rol das vidrasas e comsertos que fis para o Santo Ofisio Comsertey huã vidrasa da livraria de S. Iminensia em que pus hum vidro fino de 150 reis – 150 Comsertey a vidrasa da capela em que pus 3 vidros de 50 reis – 150 Da limpeza das vidrasas da mesma capela – 240 Comsertey dois vidros brancos hum na caza donde janta S. Iminensia, outro donde dorme de 150 reis cada hum – 300 Comsertey dois vidros cristalinos nas vidrasas da caza das prosisois de 350 reis cada hum – 700 Comsertey as vidrasas das cazas do senhor Inquizidor Felype Masiel em que pus 27 vidros de 50 reis cada hum – 1350 Comsertey 2 vidros nas vidrasas da capela de 50 reis cada – 100 Comsertey mais seis vidros na galaria de 50 reis cada hum – 300 Pus 3 vidros grandes em hum lenpeão de 200 reis cada hum – 600 Pagey ao funileiro do comserto do ditto lenpeão – 120 Pus hum vidro no lenpeão do topo da escada de – 120 Pus 2 vidros nas vidrasas do senhore João Soares de 150 reis cda hum – 300 Reseby o contheudo deste rol do senhor lesenseado Manoel Lourenso Monteiro thezoureiro desta Inquisição de Lixboa e da dezanove mil e sem reis e de como resebi esta quantia lhe dey este resibo por mim feito e asignado Lixboa Ocidental 16 de abril de 1733 (a) Manoel Chysttovão Pus mais 2 vidros de 50 reis cada hum – 100 Nas dittas vidrasas pus 3 palmos de chunbo de 50 reis cada hum – 150 Fis 3 vidrasas de vidros brancos para huã janela defronte da copa que tem 24 vidros de 150 reis cada hum que emportão – 3600 Tem as dittas 12 palmos de chubo figo de ferro de 25 reis cada – 300 Fis huã vidrasa para o senhor Joaquim Jozeph que tem nove vydros de 40 reis cada hum emportão – 360 Tem a dita 4 palmos de chunbo de 50 reis cada hum – 200 Comsertey nove vidros nas vidrasas da caza do senhor hinquyzidor Felipe Masiel de 50 reis cada hum – 450 Comsertey mais nas vidrasas do dito senhor 3 vidros de 50 reis cada – 150

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Comsertey 2 vidros nas vidrasas do senhor hinquizidor Thiotonio da Fonseca de 50 reis cada hum – 100 Comsertey na torre 9 vidros de 50 reis cada hum – 450 Comsertey hum vidro branco grande na vidrasa do senhor Joaquim Jozeph – 200 Mias para o ditto senhor 4 vidros brancos grandes em huã vidrasa de 240 reis cada hum que emportão – 960 Pasa esta conta adiente [Total] – 11600 [fl. 9v] Emporta a lauda atras em – 11600 Comsertey 2 vidros brancos na livraira de 150 reis cada hum – 300 Consertey no coredor da copa 8 vidros de 50 reis cada hum – 400 Comsertey na caza da fruta 14 vidros de 50 reis cada hum – 700 Comsertey 2 vidros na galaria de 50 reis cada hum – 100 Comsertey 3 vidros brancos na livraria de 150 reis cada hum – 450 Comsertey 3 vidros brancosc nas vidrasas do senhor João Soares de 150 reis cada hum – 450 Fis para o coredor duas vidrasas defronte da copa que tem 24 vidros brancos de 150 reis cada hum – 3600 Tem as ditas 12 palmos de fero de 25 reis cada hum – 300 Chumbey 2 vidrasas para as cazas do senhor Felipe Ferreira que tem 12 palmos de chumbo de 50 reis cada hum – 600 Puslhe hum vidro branco de – 150 Para a camara de Sua Iminensia chunbey huã vidrasa que tem 6 palmos de chunbo de 50 reis cada hum – 300 Em outra vidrasa pus hum vidro branco de – 150 Emporta esta conta salvo erro – 19100 (a) Manoel Chysttovão DOCUMENTO 5 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1733-1735], Liv. 547, fl. 6-6v. Relação das vidraças e consertos que fez Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício em Lisboa. [fl. 6] Rol das vidrasas e comsertos que fis para ao pasos do Santo Ofisio desde o mes de marso de 1733 athe o prezente. Em o dito mes de marso fiz para Sua Himinensia [sic] huma vidrasa de vidros grandes finos que tem 8 vidros de 400 reis cada hum – 3200 Tem a dita sete palmos de fero de 25 reis – 175 Em abril comsertei 3 vidros grandes em hum lenpeão de 200 reis cada hum – 600 Comsertei outro vidro no dito lempeão de 80 reis – 80 reis Em setembro pus hum vidro branco grande em huma vidrasa do Senhor Joaquim Joseph de – 350 Comsertei as vidrasas da galaria em que pus 15 vidros de 50 reis cada hum – 750 Pus hum vidro na caza das prosisois christalino – 350 Na camera de Sua Iminensia pus hum vidro de – 150 Na caza donde janta o dito senhor pus hum vidro – 150 Consertei as vidrasas do tinelo [sic] e do coredor de sima em que pus 24 vidros de 50 reis cada hum – 1200 Em outubro comsertei sete vidros de 70 reis cada – 490 Em novembro comsertei nas vidrasas do senhor padre Manoel Martins 3 vidros brancos de 150 reis cada hum – 450 Comsertei mais 4 vidros de 50 reis cada hum – 200 Nas vidrasas do senhor João Soares comsertei 4 vidros brancos de 150 reis cada hum – 600 Emporta esta conta salvo erro – 8745 (a) Manoel Christovão Recebi do Senhor Lecenseado Manoel Afonso Rabelo a quantia de oito mil setesentos e quaren // [fl. 6v] E quarenta e sinco reis que me pagou sendo thezoureiro desta Santa Inquisiação. Lixboa Ocidental 7 de abril de 1734. (a) Manoel Christovão Revista

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DOCUMENTO 6 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1733-1735], Liv. 547, fl. 27. Relação das vidraças e consertos que fez Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício em Lisboa, desde janeiro de 1734. [fl. 27] Em o dito mes de janeiro fiz duas reides de fio de latão para as portas das colheiras que tem sete palmos e meio de 100 reis cada hu que emporta – 750 Tem as grades de fero em que vai a dita reide 16 palmos de ferro de 50 reis cada hum – 800 Em fevereiro pus hum vidro branco nas vidrasas da caza donde janta Sua Eiminensia de – 150 Em outubro pus hum vidro christtalino na caza das profisois de 300 reis – 300 Em novembro comsertey nas vidrasas da caza do Conselho 4 vidros de 50 ries cada hum – 200 Emporta esta conta salvo erro = 2200 (a) Manoel Chysttovão Receby do lesenseado o senhor Manoel Afonso Rabello thezoureiro desta Inquisição de Lixboa a quantia do rol assima. Lixboa Ocidental 5 de abril de 1735. (a) Manoel Chysttovão DOCUMENTO 7 Livro de Despesas do Tesoureiro Alexandre Henrique Arnaut [1737-1738], Liv. 548, fl. 7. Relação das vidraças e consertos que fez Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Palácios do Santo Ofício em Lisboa desde agosto de 1736. [fl. 7] Rol das vidrasas e consertos que fis nos Palasios do Santo Ofisio o mes de agosto de 1736 Em o dito mes comsertey as vidrasas do senhor Jozeph Marcosio puslhe 18 vidros de 50 reis cada hum – 900 Em setembro consertey as vidrasas do senhor João Soares em que pus 8 vidros de 50 reis cada hum – 400 Em outubro fis 6 vidrasas em 4 caixilhos que tem 88 vidros de 50 reis cada hum – 4400 Tem as ditas vidrasas 40 palmos de ferro de 25 reis – 1000 Na vidrasa do Reverendo Padre Manoel Martins pus 2 vidros – 100 Pus hum vidro branco na Caza donde janta Sua Eiminensia de 150 reis – 150 Emporta salvo erro – 6950 (a) Manoel Chystovão Reseby do senhor lesenseado Alexandre Henrique tesoureiro desta Inquisição seis mil novesentos e sincoenta reis da despeza do rol asima. Lixboa Ocidental 29 de maio de 1737. (a) Manoel Chystovão DOCUMENTO 8 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1738-1739], Liv. 549, fl. 2-2v. Relação das vidraças e consertos fez em 1737, Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 2] Rol das vidrasas e consertos que fis para os Palasios do Santo Ofisio desde o mes de janeiro de 1737 athe o prezente Em o ditto mes de janeiro pus hum vidro na caza das prosisois fino – 300 Na galaria pus 5 vidros ordinários de 60 reis – 300 No coredor defronte da copa pus 3 vidros brancos de 240 reis cada hum – 720 No ditto coredor pus mais 3 vidros de 60 reis cada hum – 180 Em o mes de marso pus 2 vidros brancos em huã vidrasa do senhor sacratario de 150 reis cada hum – 300

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Em agosto fis huã vidrasa de vidros brancos para a livraria tem 14 vidros de 240 cada hum – 3360 Tem a ditta 13 palmos e meio de fero de 25 reis – 337 Mais hum vidro branco que pus na livraria – 240 Pus nas vidrasas do senhor Joaquim Joze 4 vidros e hum no coredor da copa e outra na vidrasa do telhado que fazem 6 vidros de 60 reis cada hum – 360 Mais hum vidro branco na caza donde janta sua Iminensia – 240 Hum vidro que pus em hum lenpeão – 100 Mais 2 vidros que pus nas vidrasas do reverendo padre Manoel Mattias – 120 5 placas que dey para a sala na ocasião do auto de fé – 1500 Comsertey mais 2 vidros brancos na livraria de 240 reis – 480 Chumbey huã vidrasa para as cazas do senhor João Soares que tem 10 palmos de chunbo de 50 reis cada hum – 500 Pus hum vidro na camara de Sua Iminensia fino – 300 [Total] – 9337 (a) Manoel Chrysttovão [fl. 2v] Resebi do senhor doutor Manoel Afonso Rebelo tizoureiro e secartario desta Emquisisão nove mil e trezentos e trinta e sete reis comteudos no rol insertto Lixboa Osidental o primeiro de junho de 1739. (a) Manoel Chrysttovão DOCUMENTO 9 Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1740], Liv. 550, fl. 14. Relação das vidraças que fez Manuel Cristovão, mestre vidraceiro, nos Palácios da Inquisição em Lisboa entre março e dezembro de 1740. [fl. 14] Rol das vidrasas e consertos que fis para os Palasios do Santo Ofisio desde o mes de marso deste prezente anno de 1740 athe o prezente. Em o dito mes de marso consertey 3 vidros grandes nas vidrasas do senhor Felipe Ferreira de 120 reis cada hum – 360 Em mayo fis huã reide para a cozinha de fio de latão que tem 39 palmos e meyo de 100 reis cada hum – 3950 Tem a grade de ferro em que vay tesida a reide 31 palmos e meio de ferro de 50 reis cada hum – 1575 Em julho pus 2 vidros na capella de Sua Iminensia – 100 Em setembro pus 3 vidros brancos hum, na Caza do senhor Arman Lau [sic], outro na libraria, e na Caza das Porsisois os 3 = 600 Em outubro chunbey huã vidrasa da Caza do senhor Pedro Manso tem 4 palmos de chumbo de 50 reis cada hum – 200 Fis huã reide de fio de ferro para a despensa que tem vinte palmos e meio de 80 reis cada hum que emporta – 1640 Tem a grade em que vai a dita reide vinte e dous palmos e meio de ferro de 50 reis cada hum que emporta – 1125 Pus hum vidro na libraria de – 150 Emporta esta conta salvo erro – 10150 (a) Manoel Chysttovão Como procurador que sou do mester vidraseiro Manoel Chistovo resebi do senhor Francisco de Souza secratario e tesoureiro desta Santa Emquesisam resebi a contia de que faz mensam o rol asima. Lixboa Osidental 23 de dezembro de 1740 (a) Manoel Francisco

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DOCUMENTO 10 Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1741], Liv. 551, fl. 12-12v. Relação das vidraças e dos consertos que fez em 1741, Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 12] Rol das vidrasas e consertos que fis para os Palasios do Santo Ofisio desde o mes de janeiro de 1741 Em o ditto mes fis 2 vidrasas para as cazas do senhor Pedro Manso, que tem 65 vidros de 50 reis cada hum – 2750 Tem as dittas vidrasas 33 palmos de ferro de 25 reis – 825 Em ferro fevereiro pus 2 vidros em hum lenpeão grandes de 150 reis – 300 Mais 2 vidros no ditto lenpeão de 60 reis cada hum – 120 Em o mes de marso chumbey 2 vidrasas para a menza pequena, que tem 24 palmos de chunbo de 50 reis cada – 1200 Pus 2 vidros nas vidrasas do Conselho de 50 reis cada – 100 Consertey 5 vidros nas vidrasas do senhor Joaquim Jozeph de setenta reis cada hum – 350 Em o ditto mes fis 3 vidrasas para as cazas, em que morou o senhor Inquizidor Felipe Masiel, que tem 108 vidros de 150 reis cada hum, que emportão – 5400 Tem as dittas 60 palmos de ferro de 25 reis cada hum – 1500 Em maio pus hum vidro na caza do Conselho de 50 reis – 50 Em junho chunbey huã vidrasa da caza donde janta sua Iminensia, que tem 12 palmos e meio de chunbo de 50 reis – 625 Pus na ditta vidrasa hum vidro branco, que lhe faltava de – 150 Pus 2 vidros na livraria de 150 reis cada hum – 350 Pus 2 vidros brancos nas vidrasas do corredor de 150 reis – 300 5 placas, que me pedirão para a Relasam pela funsão do ato de fé – 1200 Consertey 5 vidros na galaria, e 3 dittos no corredor de 50 cada – 400 Em outubro comsertey huã vidrasa em caza do senhor Pedro Manso, em que pus 5 vidros brancos de 150 reis cada hum – 750 Pus na ditta vidrasas 2 palmos e meio de chunbo de 50 reis – 125 Sinco palmos de ferro, que levou a ditta vidrasa de 25 reis – 125 Consertey hum vidro na capella de – 50 Salvo erro soma – 16620 (a) Manoel Chysttovão [fl. 12v] Reseby do senhor secretario Fransisco de Souza thezoureiro da Inquisisam os dezaseis mil e seissentos e vinte < 16#620 > que constão do rol retro e de como reseby a ditta quantia pasey este por mim asignado Lixboa 29 de dezembro de 1741. (a) Manoel Chrystovão DOCUMENTO 11 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Lourenço Monteiro [1742-1744], Liv. 552, fl. 5. Rol das vidraças e consertos que fez Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício em Lisboa, em 1742. [fl. 5] Rol das vidrasas e consertos que fis nos palasios do Santo Ofisio o anno de 1742. Em o mes de fevereiro pus 3 vidros na galaria de 50 reis – 150 Em abril consertey huã vidrasa do senhor secratario Alexandre Henrique Arnau em que pus 8 vidros de 50 reis cada hum – 400 Em julho consertey as vidrasas do armazem do senhor João Soares em que pus 9 vidros de 50 reis cada hum – 450 Em outubro fis para o corredor das cazas do senhor Pedro Manso huã vidrasa que tem 18 vidros de 50 reis cada hum – 900

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Tem a dita 20 palmos de ferro de 25 reis cada hum – 250 Fis mais huã vidrasa que tem 18 vidros de 50 reis cada hum – 900 Tem a dita 8 palmos de ferro de 25 reis cada hum – 200 Consertei 8 vidros nas vidrasas do tinel de 50 reis – 400 Em novembro consertei as vidrasas da menza pequena em que pus 10 vidros de 50 reis cada hum – 500 Em dezembro fis huã vidrasa de vidros brancos para o senhor Pedro Manso tem 15 vidros de 80 reis cada hum – 1200 Tem a dita 8 palmos de ferro de 25 reis cada hum – 200 Emporta esta conta salvo erro – 5550 (a) Manoel Christovão Reseby do senhor Manoel Lourenso Monteiro thezoureiro desta Inquisisam os sinco mil quinhentos sincoenta contheudos no rol asima e de como reseby a dita quantia dei este resibo hoje 8 de mayo de 1743. (a) Manoel Christovão DOCUMENTO 12 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Afonso Rebelo [1744-1745], Liv. 553, fl. 5-5v. Relação dos vidros e consertos que fez em 1744, Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício da Inquisição em Lisboa. [fl. 5] Rol dos vidros e comsertos que fis os Pasos do Santo Ofisio o anno de 1744 Em o mes de maio do ditto anno consertey 13 vidros na capella das escolas do alcayde da penitensia de 60 reis cada – 780 Em junho pus 5 vidros brancos nas vidrasas dos corredores de 160 reis – 800 Mais nos ditos corredores pus 4 vidros ordinarios e hum na galaria de 50 reis – 250 Pus mais hum vidro nas vidrasas dos corredores de – 50 Fis 2 vidrasas que tem 18 vidros ffinos de 160 reis cada hum – 2880 Tem as dittas vidrasas 10 palmos de ferro de 25 reis cada hum – 250 Pus hum vidro no lenpeão do corredor das escolas de – 70 Pus 2 vidros grandes em hum lenpeão da porta do corredor de 240 reis cada – 480 Pus mais hum vidro no dito lenpeão de – 120 De limpeza de huã vidrasa que cay para a sala, e hum vidro que lhe pus –300 Pus hum vidro branco na caza da torre do padre Pedro Paulo de – 160 Pus 2 vidros na caza donde janta Sua Imininsis de 160 cada hum – 320 Pus hum vidro grande no lenpeão da loge de – 240 Pus mais no dito lenpeão 2 vidros pequenos de 50 reis cada hum – 100 Pagey o funileiro hum conserto que fes no dito lenpeão – 120 Fis de novo 2 vidrasas para o Conselho que tem 56 vidros abatendo 34 vidros velhos fica novos 22 vidros de 50 reis cada hum – 1100 De 50 reis cada hum emportão – 700 Pus 2 vidros na galaria de 50 reis cada hum – 100 Pus hum vidro branco na caza das porsisois de – 150 Pus 2 vidros nas vidrasas do senhor Armam Lau, de 150 reis cada hum – 300 Em dezembro chumbey huã vidrasa que tem 24 vidrasas abatendo 13 vidros velhos fica 11 vidros novos de 50 reis casa hum – 550 Tem a ditta 6 palmos de chumbo que ocupa os vidros velhos de 50 reis – 300 Mais 8 vidros que se consertarão nas mais vidrasas de 50 reis cada – 400 Emporta esta conta salvo erro – 10570 (a) Manoel Christtovão Reseby so senhor secratario Manoel Afonso Rebelo // [fl. 5v] A quantia de des mil quinhentos e setenta reis contheudos neste rol do qual me satisfez como thezoureiro desta Inquisisam o anno prosimo pasado de que pasey a prezente Lixboa o primeiro de marso de 1745 (a) Manoel Chrysttovão

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DOCUMENTO 13 Livro de Despesas do Tesoureiro Manuel Lourenço Monteiro [1748-1749], Liv. 864, fl. 6. Relação dos consertos nas vidraças que fez Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício em Lisboa em 1747. [fl. 6] Lenbransa dos consertos que fis nas vidrasas dos palasios do Santo Ofisio o anno de 1747. Em o mes de fevereiro do dito anno pus 2 vidros na capela dos caseres da penitensia de 80 reis cada hum – 160 Em o mes de junho pus 8 vidros nas vidrasas da galaria de 50 reis cada hum – 400 Pus hum vidro branco na entrecamera de – 150 Em setembro pus 3 vidros na galaria de 50 reis cada hum – 150 Pus hum vidro branco na livraria de 150 reis – 150 Consertey huma reide de fio de latão da cozinha em que pus 10 palmos de reide de 100 reis cada hum – 1000 Seis placas que servirão na ocasião do Auto de Fé 4 na salla huma na escada outra no corredor da copa – 1440 Emporta esta conta salvo erro – 3450 (a) Manoel Christtovão Reseby o contheudo no rol asima do senhor Lourenso Monteiro digo do senhor Manoel Lourenso Monteiro thezoureiro desta Inquisisam. Lixboa 29 de fevereiro de 1748. (a) Manoel Chisttovão DOCUMENTO 14 Livro de Despesas do Tesoureiro André Corsino de Figueiredo [1751], Liv. 862, fl. 7. Procuração de Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, passada a Manuel Francisco para este receber em nome seu nome a quantia de 2 620 réis das vidraças que havia feito em 1750 para os palácios da Inquisição. [fl. 7] Por esta minha procurasam dou poder a Manoel Fransisco meu ofisial para que por mim e em meu nome posa cobrar o que se me deve de hum rol de obra que fis do meu ofisio de vidraseiro para os palasios do Santo Ofisio o anno pasado de 1750 do Reverendo senhor padre thezoureiro, Andre Corsino de Figueiredo, Colares 6 de marso de 1751. (a) Manoel Chysttovão Reconhesso a letra e signal da procurassão supra ser de Manoel Cristovão comtheudo nella e por tal a reconhesso. Collares sete de marsso de mil e setesentos e sincoenta e hum annos. (sinal publico) Em testemunho de verdade (a) Manoel de Siqueira e Silva DOCUMENTO 15 Livro de Despesas do Tesoureiro André Corsino de Figueiredo [1751], Liv. 862, fl. 6. Relação das vidraças que colocou Manuel Cristóvão, mestre vidraceiro, nos Palácios da Inquisição em Lisboa, no ano de 1750. [fl. 6] Rol dos consertos que fis nas vidrasas nos palasios do Santo Ofisio no ano de 1750. Em o mes de fevereiro do dito anno pus nove vidros nas vidrasas da galaria e nas do corredor de sima de 50 reis cada hum que emportão – 450 Em agosto comsertey huã vidrasa da trepeyra em que pus sete vidros de 50 reis cada hum – 350 Nas cazas do senhor Pedro Manso pus 5 vidros de 50 reis – 250 Em outubro pus nas vidrasas da galaria 5 vidros de 50 reis cada hum – 250 Mais 5 placas que servirão pella ocasião do auto da fé 4 na sala e huã na escada a 240 reis – 1200 Mais huã vidrasa que se consertou de astras – 120 Emporta esta conta salvo erro – 2620

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(a) Manoel Christovão Resebi como procurador de Manoel Christovo do senhor secartaria Andre Corsino de Figueiredo tesoureiro desta emquesisam dois mil e seissentos e vinte reis da emportancia do rol asima, Lixboa 11 de marso de 1751. São – 2φ620 (a) Manoel Fransisco DOCUMENTO 16 Livro de Despesas do Tesoureiro Pedro Paulo da Silveira [1752], Liv. 554, fl. 10. Relação das vidraças que fez Manuel Francisco, mestre vidraceiro, nos Palácios da Inquisição em Lisboa entre novembro de 1750 e janeiro de 1752. [fl. 10] Rol do conserto que fis nas vidrasas dos palasios do Santo Ofisio em o mes de novenbro de 1750 e em o mes de janeiro de 1752. Em o dito mes de novembro chumbei 2 vidrasas das cazas donde mora o senhor emquizidor Luis da Silva Barata que tem as ditas vidrasas 15 palmos de chumbo de 50 reis o palmo emporta – 750 Pus nas ditas 4 vidros novos – 200 Consertei mais outras 2 em que pus 3 vidros de 50 reis – 150 Em janeiro comsertei as vidrasas do segueredo em que pus 10 vidros de 50 reis – 500 Emporta salvo erro – 1600 (a) Manoel Francisco Resebi do tizoureiro desta emquesisão a contia asima. Lixboa 22 de dezenbro de 1752. (a) Manoel Francisco DOCUMENTO 17 Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1757-1759], Liv. 555, fl. 2 (35). Relação das vidraças que fez José Patrício Nunes, mestre vidraceiro, nas casas da Inquisição em Lisboa. [fl. 2 (35)] Rol do custo das vidraças que fis para as cazas do Santo Ofício fis 6 vidraças de bandeiras que levarão 72 vidros a 50 reis emportão – 3φ600 Levarão mais as ditas vidraças 42 palmos de xumbo a 40 reis faz – 1φ680 Levarão mais 10 ferros que tem todos 30 palmos a 25 reis faz – 750 Fis mais duas vidraças que levarão 70 vidros a 50 reis faz – 3φ500 Levarão mais as ditas vidraças 44 palmos de xumbo a 40 reis faz – 1φ760 Levarão mais 11 ferros que tem todos 44 palmos a 25 reis faz – 1φ100 Fis mais 3 genelas de vidraças que levarão as bandeiras 36 vidros a 50 reis faz – 1φ800 Levarão mais as ditas vidraças 24 palmos de xumbo a 40 reis – 960 Fis mais 6 vidraças das tres genelas que levarão 48 vidros a 60 reis emportão – 2φ880 Levarão mais as vidraças 48 palmos de xumbo a 40 reis faz – 1φ920 Levarão mais as ditas vidraças 18 ferros que tem todos 36 palmos a 25 reis faz – 900 Fis mais duas vidraças que levarão 26 vidros a 50 reis faz – 1φ300 Levarão mais as ditas vidraças 20 palmos de xumbo a 40 reis faz – 800 Levarão mais 3 ferros que tem 12 palmos a 25 reis faz – 300 Concertei todas as vidras e lhe pus 67 vidros novos a 40 reis faz – 2φ680 Levarão mais as ditas vidraças concertadas 12 palmos de xumbo a 40 reis faz – 480 [Total] – 26φ410 Recebi do Muito Reverendo Senhor Padre Secratario e Toizoreiro Francisço de Souza a cuantia de vinte e sinco mil reis das vidraças que fis para as cazas do Santo Ofiçio e por assim ser na verdade e receber a dita cuantia da mão do dito senhor pasei o prezente reçibo em Lixboa oje 17 de mayo de 1757. (a) Jozé Patriçio Nunes Tirei deste rol 1φ410 e paguei somente 25φ000 que he o que se me hade levar em conta Vale somente este reçibo os = 25φ000

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DOCUMENTO 18 Livro de Despesas do Tesoureiro Francisco de Sousa [1757-1759], Liv. 555, fls. 3 (37). Relação das vidraças que fez José Patrício Nunes, mestre vidraceiro, para a Santa Casa da Inquisição em Lisboa. [fl. 3 (37)] Rol do custo das vidraças que fis para a Santa Caza da Inquisição fis 2 vidraças de postigos que levarão 20 vidros a 50 reis emportão – 1φ000 Levarão mais as ditas vidraças 22 palmos de xumbo a 40 reis faz – 800 Levarão mais 8 ferros que tem 16 palmos a 25 reis faz – 400 Fis mais 4 caixilhos de vidraças que levarão 72 vidros abatidos 36 que se tirarão das outras vidraças levarão 36 vidros novos a 50 reis faz – 1φ800 Levarão mais as ditas vidraças 48 palmos de xumbo a 40 reis faz – 1φ920 Levarão mais as ditas vidraças 7 ferros novos que tem 18 – 300 Palmos a 25 reis faz e puas mais um vidro para huma fresta (300) – 450 [Total] – 6φ750 O vidraceiro (a) Jozé Patricio Nunes Recebi do senhor Secratario Francisco de Souza como thezoreiro desta Emquisisão de Lixboa seis mil e coatrosentos reis de que me dou por pago do dito rol asima. Lixboa 20 de mayo de 1758. (a) Jozé Patricio Nunes São somente seis mil e quatricentos reis os que se me hade levar em comta – 6φ400 DOCUMENTO 19 Livro de Despesas do Tesoureiro Gregório Xavier Godinho [1770-1771], Liv. 947, fl. 15. Relação das vidraças e consertos que fez José da Silva, mestre vidraceiro, nos Paços do Santo Ofício em Lisboa. [fl. 15] O thezoureiro satysfaça esta despeza que pelo recibo se lhe levará em conta. Lixboa 20 de agosto de 1770. Rogado Despeza das vidrassas que fis por ordem da menza do Santo Oficio no palacio do senhor duque do Cadaval por tres caxilhos xunbados que tem todos trinta palmos de xunbo novo a 50 reis o palmo – 1500 De comserto de outras mais – 200 De comserto dos ferros – 60 [Total] – 1760 Recebi do senhor Reverendo sacratario e tesoireiro a comtia assima. Lixaboa 20 de agosto de 1770. O mestre vidraseiro (a) Joze da Sylva DOCUMENTO 20 Livro de Despesas do Tesoureiro Cipriano José de Amorim [1788], Liv. 558, fl. 41. Relação das vidraças que colocou Joaquim António de Torres, mestre vidraceiro, nas casas da Inquisição em Lisboa. [fl. 41] O thezoureiro da Inquiziçam pague este rol. Lisboa no Santo Officio em Meza, 23 de abril de 1788. Larres Rol dos vidros que se pozerão nas cazas da Inquizição por ordem da Menza da mesma Inquizição desta Corte. Foram os siguintes: Por 28 vidros a 140 cada hum importa o siguinte – 3920 Recebi do senhor Çipriano Joze de Amorim sercartario e thozoreiro da Inquizição, desta Corte a conta asima. Lisboa 24 de abril de 1788. (a) Joaquim Antonio de Torres

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Os mestres vidraceiros da Idade Moderna na Estremadura

DOCUMENTO 21 Livro de Despesas do Tesoureiro Cipriano José de Amorim [1786], Liv. 556, fl. 37. Relação das vidraças que colocou José Fortunato, mestre vidraceiro, nas Casas da Inquisição em Lisboa. [fl. 37] Rol dos vidros que se pozeram, nas Cazas da Inquizição por ordem, da Menza foram os siguintes Por çento e outenta vidros brancos que pezaram sento, e vintouto arates a sento e çesenta reis o arate emporta o siguinte – 20480 Postura dos ditos a vintém cada huma emporta o siguinte – 3600 Soma – 24080 Reçebi do senhor Çypriano Joze de Amorim thezoreiro da mesma Inquizição desta Corte a conta asima Lyboa 9 de mayo de 1786 (a) Jozé Fortunato DOCUMENTO 22 Livro de Despesas do Tesoureiro Cipriano José de Amorim [1786], Liv. 556, fl. 36. Relação das vidraças que colocou José Fortunato, mestre vidraceiro, nos cárceres da Inquisição em Lisboa. [fl. 36] Rol dos vidros que se puzerão, nos carçeres da Inquizição, por ordem da Menza Por 36 vidros brancos que pezarão 30 arates e meyo a 160 o arate emporta – 4880 Postura dos ditos a 20 cada hum emporta – 720 Soma – 5600 Reçebi do senhor Çypriano Joze de Amorim thezoureiro da mesma Inquizição, desta Corte a conta asima, Lysboa 12 de junho de 1786 (a) Jozé Fortunato

5. Lisboa uma Nova Cidade: Vidros nas Vidraças O terramoto de 1 de novembro de 1755 teve um enorme impacto político, socioeconómico, e cultural na  sociedade  portuguesa  do  século XVIII. A importância da conservação e manutenção de vidros nas vidraças das janelas principais das habitações dos moradores da cidade de Lisboa é-nos demonstrada através de um edital do Senado da Câmara de Lisboa, que foi afixado por toda a cidade. Pela sua relevância documental transcrevemos na íntegra o referido edital: “O Senado da Camara, attendendo a que muitos dos Moradores da Cidade Nova, esquecidos ainda do seu proprio cómmodo deixão estar tempos, e tempos quebradas, e com a falta dos Vidros nas Vidraças das suas janéllas principaes, o que tanto serve de deturpar, e de affear o prospecto da mesma Cidade, quanto conduzem para a sua Formosura, e Nobreza as mesmas Vidraças; e procurando fazer cessar tão estranhável omissão interinamente. Ordena: Que daqui em diante todos os ditos Moradores fação concertar as taes Vidraças, e pôr-lhes qualquer dos seus Vidros, que succeder quebrar-se dentro do termo prefixo de tres dias uteis, e que não o fazendo assim, sejão obrigados a isso pelo Almotacé da Limpeza daquelle Districto, e condemnado cada hum dos taes Moradores em seiscentos réis por cada Vidro que se achar ou falto, ou quebrado, para as despezas da Cidade, não havendo Denunciante, Revista

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e havendo-o será metade para elle, e a outra metade para as ditas despezas: E ordena outro sim ao mesmo Almotacé, que por si, e pelos seus Officiaes vigie sobre a referida omissão, e proceda indefectivelmente contra os que acharem incursos nella do modo sobredito, arrecadando logo as ditas Condemnações com penhora nos móveis quando não forem pagas com dinheiro á vista: E para que chegue á noticia de todos, e nenhum possa alegar ignorancia se mandou fixar o presente Edital. Lisboa 27 de março de 1775. Pedro Correa Manoel de Aboim. Impreso na Regia Typografia Silviana.82

6. Em Síntese… Face aos elementos que aqui apresentamos, temos consciência de que existe ainda um longo caminho a percorrer de modo a proceder-se a uma cuidada investigação arquivística tendo em vista redescobrir e dar a conhecer novas referências documentais que permitam esclarecer e aprofundar a relevância e o valor intrínseco da arte do vidro em Portugal. Consideramos importante o aprofundamento de estudos neste campo, pois que na região da Estremadura, sobretudo em Lisboa, Colares, Alhos Vedros, Coina e Marinha Grande, se encontra um dos mais importantes focos de mestres da arte do vidro da Idade Moderna em Portugal.

Figura 2 Paços do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa – Palácio dos Estaus. In Archivo Pittoresco: semanário ilustrado, Typographia de Castro e Irmão, Lisboa, 1863, 6.º ano, p. 37.

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SILVA, António Delgado da – Supplemento à Collecção de Legislação Portugueza do Desembargador António Delgado da Silva, pelo mesmo. Anno de 1763 a 1790. Na Typografia de Luiz Correa da Cunha, Lisboa, 1844, p. 410.

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