OS ORGANISMOS E AS COMUNIDADES DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS CONTINENTAIS E ESTUÁRIOS – RESUMO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO"
CAMPUS EXPERIMENTAL DE REGISTRO
CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA



CAROLINA FERREIRA DE SOUZA
CLEBER MIKIO







OS ORGANISMOS E AS COMUNIDADES DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS CONTINENTAIS E ESTUÁRIOS – RESUMO





Resumo – capítulo VI (Os organismos e as comunidade de ecossistemas aquáticos continentais e estuários), do livro "Limnologia", de Tundisi e Matsumura-Tundisi (2008), apresentado à disciplina de Limnologia II.
Prof. Dr. Rinaldo Ribeiro Filho





REGISTRO – SP
NOVEMBRO/2014
OS ORGANISMOS E AS COMUNIDADES DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS CONTINENTAIS E ESTUÁRIOS

O conjunto de organismos (animais e vegetais) aquáticos continentais tem significativa importância botânica, zoológica, ecologia e econômica, e pode incluir rica diversidade.
Atualmente, a teoria da simbiose de Maeschwsky (1905), confirmada por comparação de RNA ribossômico de cloroplastos, mitocôndrias e procariotos, tem sido a mais aceita: infere que, no passado, procariotos incorporaram bactérias e cianofíceas que originaram, respectivamente, mitocôndrias e cloroplastos. Há também a hipótese e teoria de um eucarioto ancestral comum a todos os eucariotos.
A colonização dos ecossistemas continentais é mais dificultosa, devido a suas acentuadas variações (heterogeneidade), ao contrário dos oceanos, que, genericamente falando, são mais constantes, mais homogêneos. Na evolução, diversos organismos deslocaram-se dos oceanos para (e entre) os vários sistemas terrestres e aquáticos. Adaptações como as relacionadas às diferenças de osmolaridade, trocas gasosas etc. foram necessárias.
A diversidade da biota aquática continental é mais baixa que a marinha muito possivelmente devido à ampla variabilidade climática física e química dos sistemas aquáticos continentais. O pouco tempo geológico, mesmo para lagos, a descontinuidade física e as ações antrópicas também contribuem para isto e torna espécies e populações mais vulneráveis.
Quanto as espécies, pode-se classificá-las em "verdadeiramente de água doce" e "dependentes de água doce", sendo as primeiras as que passam todo seu ciclo de vida na água doce, e as segundas as que dependem da água doce para alguma(s) etapa(s) de sua vida.
A diversidade de espécies nos ecossistemas aquáticos continentais depende de fatores e processos onde se dão interações entre as espécies, o período e os mecanismos de colonização. Fatores bióticos e abióticos são responsáveis pela diversidade de espécies e por sua distribuição: variações ontogenéticas das espécies, fatores físicos e químicos do ambiente, fatores climáticos, fatores fisiológicos e evolutivos das espécies, gradientes de fatores físicos, químicos e biológicos etc.. Tais fatores apontam para a complexidade da diversidade e distribuição de organismos aquáticos em águas continentais, considerando as diferentes escalas temporais e espaciais em gradientes que vão de ampla ou restrita abrangência e variados sentidos.
O estudo, por meio de medidas coletas e experimentações, das inter-relações entre os diversos componentes das comunidades permitem caracterizar as principais funções dos componentes e a estrutura do sistema.
A dispersão dos organismos aquáticos pode se dar por meio do vento, por outros animais ou até mesmo por meio de ações antrópicas, sendo esta última potencial causadora da extinção de espécies devido à introdução de espécies exóticas que alteram o ambiente impactando nocivamente as espécies nativas.
A especiação muito se dá pelo isolamento: lagos, represas, áreas alagadas, águas temporárias, lagos salinos, e até mesmo água em bromélias são, biogeograficamente, considerados "ilhas", ambientes propícios para isolamentos e endemismo.
Vírus – tamanho de aproximadamente 0,02 μm, possíveis patógenos. Em alguns casos, presentes na decomposição de cianofíceas do plâncton ou do perifíton.
Bactérias e Fungos – têm a função principal da decomposição e reciclagem de matéria orgânica e inorgânica do ecossistema. Interferem nas concentrações gasosas do ecossistema aquático. Podem servir de alimento para outros organismos aquáticos.
Algas – denominação sem significado taxonômico para organismos fotoautotróficos. Parte do fitoplâncton ou presas ao subtrato. Importantes produtores primários de matéria orgânica, apesar de em alguns ambientes as macrófitas terem mais importância. Os principais grupos de algas comuns nos ambientes aquáticos são: Bacillariophyceae, Chlorophyceae, Dinophyceae, Cyanophyceae, Chrysophyceae, Euglenophyceae, Florideophyceae, Phaeophyceae. O fitoplâncton, grupo diverso e polifilético de organismos fotoautotróficos é responsável por mais de 45% da produção primária líquida do Planeta. Importante fonte de sumidouro de carbono (fixação de CO2) e produção de oxigênio. Destacam-se como alvo de interesse ecológico, evolutivo e bioquímico as Cyanophyta (cianobactérias). Algas planctônicas apresentam-se em variados tamanhos. Algumas movimentam-se por meio de flagelos ou deslizamento, tendo vantagem quanto a exposição a radiação e aproveitamento de nutrientes. Algas perifíticas crescem sobre substrato e as diatomáceas, cianobactérias e clorofíceas são dominantes nessa categoria.
Protozoários – presentes em praticamente todos os sistemas aquáticos. Muitas espécies cosmopolitas pela facilidade de dispersão. Podem ser filtradores, algívoros, detritívoros e/ou bacteriófagos. Locomovem-se por meio de cílios ou flagelos, sendo classificados por essa característica: flagelados, ciliados, ameboides e esporozoários. Podem ser parasitas. São importantes na reciclagem de matéria orgânica
Poríferos (esponjas de água doce) – ocorrem em rios, lagos e represas, temporários ou perenes. São importantes indicadores ambientais.
Cnidários – predominantemente marinhos, mas com alguns representantes dulcícolas. Reprodução sexuada na fase de medusa.
Platelmintos – classes: Cestodes, Trematosdes, Monogenea e Tubelária (planárias).
Rotíferos – importante componente do zooplancton. Cosmopolitas. Movimentam-se e alimentam-se de partículas em suspensão por meio de uma coroa de cílios.
Moluscos – bivalves, lamelibrânquios e pulmonados. Grande parte alimenta-se de detritos, fitobentos e bacterias. Podem representar expressiva biomassa. Importância ecológica, sanitária e médica.
Anelídeos – poliquetos (maioria marinhos, poucos dulcícolas) e oligoquetos (maioria dulcícola). Muitas espécies endêmicas. Podem ser predadores ou ectoparasitas.
Decápodes – camarões, caranguejos e lagostins. Grupo abrange várias espécies de grande importância econômica e ecológica.
Crustáceos – bentônicos ou planctônicos. Importantes na estrutura e função de sistemas aquáticos em geral. Principais grupos: Cladocera, Copepoda (Calanoida e Cyclopoida), Harpacticoida, Mysidacea, Amphipoda. Cladóceros, copépodes, rotíferos e protozoários são os principais componentes do zooplâncton de águas continentais. Filtradores ou de alimentação raptorial.
Insetos aquáticos – maioria de suas larvas localizadas no bentos (zoobentos); apenas as de Chaoborus são planctônicas. Em geral são predadores vorazes de peixes.
Peixes – parte do nécton de grande importância econômica, ecológica e evolutiva. Participam de rede de interações entre organismos e ambiente.
Anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos – têm papel extremamente importante nos sistemas aquáticos continentais. Anfíbios tem importância na rede alimentar próximo às interfaces sistemas terrestre/aquático. Répteis tem grande importância ecológica (predadores, controle fauna de pequenos animais). Esses grupos tem grande importância na reciclagem de nutrientes devido à excreção e, também, por possíveis interações com o sedimento e vegetação.
Aves aquáticas – influenciam na rede alimentar e reciclagem de nutrientes. Piscívoras ou planctófagas. Facilitadoras da colonização de espécies invasoras. Papel relevante como vetores de vírus de gripe aviária
As comunidades aquáticas localizam-se em regiões e subtratos diferentes, apoiados em estruturas ou livres na água e são classificadas de acordo com essa localização e condição de fixação ou flutuabilidade e constituição desse ambiente. Essas diferenças refletem na dependência de certos fatores como radiação subaquática matéria inorgânica em diferentes graus e tipos para manutenção das populações e comunidades. A compartimentalização do espaço vai depender das características físicas do sistema, hidrodinâmica e fatores abióticos.
São comunidades que se podem caracterizar em um ecossistema aquático:
Comunidade planctônica – fitoplâncton (autotrófico) e zooplâncton (heterotrófico): habita as águas livres com limitada locomoção e sistemas que permitem flutuabilidade (permanente ou limitada). Inter-relacionados: zoo se alimenta do fito. Taxa de renovação dessa população relaciona-se com renovação e turbulência da água. Os grupos e espécies podem ter adaptações funcionais às instabilidades e turbulências. A movimentação vertical e horizontal tem papel importante na produção de matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos. Precisa estar constantemente em suspensão, o que é conseguido por meio de sua morfologia e tamanho que vai de organismos com volume de 18μm³ a colônias de 0,57 mm. Podem ser células agregadas em meio mucigelatinoso, em filamentos, em placas; esféricas, cilíndricas, cúbicas, trapezoidais, espinhosas etc. Além dos componentes celulares típicos de eucariotos fotossintetizantes, certas células fitoplanctônicas possuem flagelos, importantes para mobilidade e regulação da profundidade em relação à radiação solar e disponibilidade de nutrientes. De acordo com o grupo podem produzir: amido, polissacarídeos, proteínas e lipídeos.

Variabilidade de tamanho do fitoplâncton:
50 a 60 μm – microfitoplâncton ou microplâncton
5 a 50 μm – nanofitoplâncton ou nanoplâncton
0,5 a 5 μm – ultraplâncton ou ultrananoplâncton
0,2 a 2 μm – picofitoplâncton
Zooplâncton – conjunto grande de componentes, porém menor diversidade que zooplâncton marinho. Componentes fundamentais: protozoários, rotíferos, cladóceros e copépodos. Podem alimentar-se filtrando fitoplâncton, bactérias e detritos ou pela predação intrazooplanctônica. Coleta por meio de redes com malha de 50 a 68 μm.

Terminologia:
Euplâncton ou holoplâncton – ciclo de vida totalmente planctônico;
Limnoplâncton – plâncton de lagos;
Heleoplâncton – plâncton de tanques;
Potamoplâncton – plâncton de rios;

Bentos: vivem sobre o substrato (a vida inteira ou parte dela). Principais grupos de invertebrados bentônicos: insetos, anelídeos, moluscos e crustáceos. A composição qualitativa dessa comunidade é um bom indicador das condições tróficas e grau de contaminação do sistema aquático. Distribuição depende do tipo de substrato e da concentração de matéria orgânica, da velocidade da corrente e do transporte de sedimento pela corrente. Maioria detritívoros, alguns carnívoros predadores e, outros, pastejadores
Séston: plâncton (componente vivo) e trípton (partículas orgânicas mortas)
Nécton: organismos com ampla capacidade de locomoção, distribuídos pela coluna d'água. Principais componentes desse grupo são os peixes.
Plêuston: organismos situados sobre a água, no filme imediatamente na superfície das águas.
Nêuston: organismos que se mantém à superfície graças à tensão superficial da água. Divide-se em epinêuston (se encontra na interface ar/água) e hiponêuston (habitam nos primeiros centímetros da coluna d'água). Bacterionêuston, zoonêuston e fitonêuston. Responsável pela biotransformação da matéria orgânica.
Perifíton: diatomáceas, cianofíceas, algas verdes filamentosas, bactérias filamentosas ou fungos, rotíferos, protozoários e larvas de algumas espécies de insetos. Papel importante na produção de matéria orgânica e metabolismo do sistema aquático. Desenvolvimento depende muito da velocidade da corrente.
Macrófitas aquáticas – plantas aquáticas superiores: rizófitos (sustentadas por raízes), limnófitos (totalmente submersas), anfífitos (apresentam sistemas de flutuação), helófitos (apresentam estruturas emergentes). Habitam desde brejos a ambientes verdadeiramente aquáticos. Podem ser: emergentes, com folhas anfíbias ou semiaquáticas, emergentes, flutuantes fixas, flutuantes livres, submersas enraizadas, submersas livres ou epífitas.
Plocon – comunidades de bactérias, protozoários e crustáceos, localizadas em massas de algas filamentosas.
Pecton – comunidades fixas localizadas em superfícies duras.
Herpobentos ou herpon – organismos que se deslocam ou deslizam sobre o sedimento (algumas espécies de algas do microfitobentos, protozoários ciliados, euglenoides).
Epifauna: animais que vivem no sedimento (acima do sedimento)
Infauna: organismos que vivem dentro do sedimento
Psamon ou pelon: organismos que vivem entre partículas de areia

Além da fauna dos sistemas aquáticos continentais superficiais, também se têm a fauna das águas subterrâneas, cuja distribuição é semelhante à das águas epicontinentais.

REFERÊNCIAS
TUNDISI, J. Galiza; MATSUMURA-TUNDISI, Takako. Limnologia. 1 reimpr. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 631 p. ISNB 978-85-86238-66-6.


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