Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

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BRICS Monitor Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Outubro de 2012 Núcleo de Política Internacional e Agenda Multilateral BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS

BRICS Monitor Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Outubro de 2012 Núcleo de Política Internacional e Agenda Multilateral BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Autores: Pedro Henrique Souza, Victor Miranda e Thiago Mattos Colaboração: Antonio Dutra e Victor Coutinho Lage Coordenação: Monica Herz

Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU Introdução

realizado por esses países à margem da

Entre os dias 25 de setembro e 1º de outubro de 2012, ocorreu o debate geral da 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Representantes dos 193 Estadosmembros principais

se

pronunciaram

temáticas

que

sobre

as

influenciam

atualmente o cenário internacional. Em relação aos discursos dos países BRICS, é possível destacar uma série de temáticas levantadas: a situação no Oriente Médio, em especial a crise na Síria; a falta de

Assembleia Geral. Ao final do encontro, foi emitido um comunicado conjunto,1 no qual o agrupamento apontou para a crescente preocupação com a escalada da violência na Síria e pediu que fosse estipulado um cessar-fogo

com

um

processo

de

reconciliação nacional que combine tanto a participação de todos os segmentos da sociedade

síria

quanto

o

suporte

da

comunidade internacional. Esta

análise

tem

como

intuito

solução para o conflito entre Israel e

destacar os principais pontos levantados

Palestina; a reforma das Nações Unidas; a

pelos representantes dos países BRICS

defesa do multilateralismo; o combate ao

que discursaram na 67ª Assembleia Geral,

terrorismo; a busca pelo aprimoramento de

assim como observar convergências e

integrações regionais; a crítica à conduta

divergências entre eles.

dos países desenvolvidos para combater o contínuo cenário de crise econômica, entre outros.

Brasil Concomitantemente aos discursos

A

presidente

brasileira,

Dilma

na Assembleia Geral, ocorreram diversos

Rousseff, abriu mais uma vez os debates

encontros paralelos entre os governos para

da Assembleia Geral2 da ONU reiterando a

reforçar suas interações e avançar em

necessidade de se estabelecer igualdade

temáticas específicas de interesse mútuo.

de direitos e oportunidades, sem que haja

Dentre estes, destaca-se o encontro dos

discriminação e violência, na busca por

ministros

uma emancipação plena.

de

Relações

Exteriores

dos

3

países do agrupamento BRICS, o sétimo 1

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Em

seu

presidente

Em relação à situação no Oriente

retomou algumas das preocupações com o

Médio, a presidente sinalizou as marcas e

sistema internacional, em especial a crise

ressentimentos históricos provocados pelas

econômica e a situação no Oriente Médio e

políticas

no norte da África. Em relação à primeira,

acentuam o atual cenário da região. Dilma

iniciada

a

destacou o caso da Síria, condenando a

ortodoxas

violência no país e afirmando que a

implementadas pelos países desenvolvidos

responsabilidade pela situação não pode

e seus reflexos para os países emergentes.

recair apenas sobre o governo sírio, mas

Segundo

também

em

discurso,

2008,

continuidade

das

a

a

Dilma

criticou

medidas

presidente,

ainda

não

foi

coloniais

nas

e

neocoloniais

oposições

que

armadas,

encontrado o caminho para retomar o

principalmente as financiadas por atores

crescimento e interromper a recessão. Além

estrangeiros. Dilma fez um apelo para que

disso, Dilma criticou também a persistência

se

dos

negociada

Bancos

Centrais

dos

países

encontre

uma

através

solução dos

política

esforços

e do

desenvolvidos em implementarem políticas

representante especial da ONU e da Liga

monetárias

dos Estados Árabes (LEA), deixando claro

expansionistas

levando

ao

desequilíbrio das taxas de câmbio.

que não apoia uma intervenção militar no

Dilma ressaltou também a busca pelo combate ao protecionismo e reafirmou que as iniciativas de defesa comercial do

país.

Além

disso,

Dilma

repudiou

a

escalada de preconceito “islamofóbico” em países ocidentais.

governo brasileiro estão em conformidade

Mais uma vez, a presidente declarou

com as normas da Organização Mundial do

apoio

Comércio. Nesse sentido, a presidente

reconhecimento do Estado Palestino como

destacou

membro pleno das Nações Unidas. Dilma

a

importância

de

coordenar

do

governo

ao

esforços entre os Estados e organismos

também

multilaterais como o G-20, o FMI e o Banco

necessidade

Mundial. Dilma afirmou que o governo

governança político-econômica global. A

brasileiro

parte,

presidente sinalizou que ainda não foi feita

diminuindo gastos públicos, controlando a

uma reforma integral nos mecanismos de

inflação

política

governança econômica e que há uma

econômica prudente. Além disso, Dilma

urgência em implementar uma reforma

ressaltou os investimentos brasileiros para

institucional na ONU e, em especial, no

infraestrutura, educação, inclusão, combate

Conselho

à pobreza etc.

atentou para a defesa do conceito de

vem e

fazendo buscando

a

sua

uma

destacou

brasileiro

de

de

novamente

a

reforma

da

uma

Segurança.

Dilma

ainda

2

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“Responsabilidade

como

para representar o país nos debates gerais

complemento necessário para o conceito de

da 67ª Assembleia Geral da ONU. O

“Responsabilidade de Proteger”.

ministro iniciou o discurso sinalizando o

A

ao

presidente

Proteger”

afirmou

que

o

multilateralismo está mais forte depois da Rio+20

e

citou

a

importância

da

Conferência para um futuro sustentável que consolide o paradigma “crescer, incluir, proteger e preservar”.

agravamento do cenário político no Oriente Médio e no norte da África. Nesse sentido, o ministro ressaltou o suporte dado pelo governo às aspirações das populações para determinarem seus próprios destinos e aplicarem modelos mais eficazes de gestão pública. Para tais mudanças, o ministro

Dilma também atribuiu importância

defendeu que não haja uso da força nem

ao espaço regional em que o Brasil se

interferência

insere, congratulando a integração latino-

necessidade de todos os membros da

americana e caribenha, destacando o fato

comunidade

da região ser livre de armas nucleares e

cenário mais pacífico, estável, democrático

atentando para os riscos da existência de

e

imensos arsenais de alguns países.

interestatais.4

livre

externa,

reiterando

internacional

de

conflitos

apoiarem domésticos

a um e

a

Em relação à crise na Síria, o

importância de combater a fome a nível

ministro ressaltou a necessidade de ser

global e a defesa pelo fim dos embargos

estabelecido um cessar-fogo entre ambas

econômicos realizados contra Cuba que

as

prejudicam há décadas a população e o

negociações

desenvolvimento do país. A presidente

compromissos que levem a reformas que

reiterou a defesa do fortalecimento das

satisfaçam a todos os sírios e garantam

Nações Unidas e do multilateralismo, a fim

segurança e direitos a todos os grupos

de tornar a Organização, e suas diversas

étnicos e religiosos. Nesse sentido, Lavrov

instâncias, mais representativas, legítimas e

relembrou o Comunicado do Grupo de Ação

eficazes.

para Síria em Genebra, baseado no plano

Por

fim,

Dilma

destacou

partes,

para e

que sejam

sejam

iniciadas

estabelecidos

do ex-enviado especial para Síria, Kofi Annan.

Rússia

O ministro também relembrou que o

O governo russo enviou o ministro

governo russo já havia tentado aprovar uma

dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov,

resolução no Conselho de Segurança da 3

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ONU, baseada no Comunicado Final de

Lavrov também destacou o apoio

Genebra e que seria um mecanismo para o

russo para que sejam aprimoradas as

início de um processo de negociação e um

relações entre a ONU e organizações

período de transição. O ministro lamentou

regionais.

que este tenha sido bloqueado. O governo

destacou

russo

alguns

Organização do Tratado de Segurança

governos em exigirem um cessar-fogo

Coletiva e o Departamento de Operações

apenas por parte do governo sírio e, ao

de Peacekeeping da ONU. Para ele,

mesmo tempo, estimularem a oposição a

qualquer ação tomada deve estar baseada

intensificar as hostilidades. Lavrov recordou

na Carta das Nações Unidas e, portanto,

que

terroristas,

seria inaceitável a imposição de um regime

incluindo a Al Qaeda, têm se tornado mais

político de um Estado a outro. Além disso, o

ativas na Síria, perpetrando ataques contra

ministro reafirmou a necessidade de se

a população e contra a infraestrutura do

respeitar o Direito Internacional, garantindo

país.

a soberania e a integridade dos Estados,

critica

a

diversas

insistência

de

organizações

O ministro afirmou que ainda há a possibilidade de serem tomadas ações coletivas e defendeu o estabelecimento de um cessar-fogo, com a libertação de reféns e um suporte para ajuda humanitária. Segundo o ministro, tais medidas criarão as condições necessárias para iniciar um diálogo

no

país.

Além

disso,

Nesse o

sentido,

acordo

o

assinado

ministro entre

a

não interferindo em assuntos domésticos. Lavrov

destacou

que

esses

são

os

princípios-chave das Nações Unidas. Nesse sentido, o ministro ressaltou a necessidade de uma reforma na ONU que preserve a capacidade do Conselho de Segurança em exercer tais funções.

Lavrov

Lavrov citou a aplicação de sanções

destacou a importância e apoio russo à

econômicas contra Estados como uma

missão do enviado-especial da ONU e da

ação delicada, pois esta não deve isolar um

LEA para Síria, Lakhdar Brahimi.

Estado, mas sim engajá-lo em um diálogo,

Além da questão síria, o ministro sinalizou que não se deve marginalizar o problema palestino. Segundo Lavrov, é preciso estabelecer um acordo justo entre árabes e israelenses, o que passaria por um Estado Palestino independente que coexista em paz com Israel.

sem causar sofrimento à população. O ministro então propôs que voltem a ser discutidas

as

questões

de

limites

humanitários para aplicação de sanções e condenou unilaterais,

a

utilização afirmando

de que

sanções estas

enfraquecem a unidade da comunidade internacional. Nesse sentido, o ministro 4

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

destacou

os

resultados

negativos

dos

embargos realizados contra Cuba. O

ministro

importância

também

do

“Responsabilidade

que

movimento citou

conceito de

sinalizou

Proteger”

a de

e

da

necessidade de avançar neste debate. Além disso, ressaltou que a ambiguidade do conceito pode ser melhor entendida nas iniciativas formuladas pelo Brasil e outros

qualquer

de

outro

possível

militarização

poderia

aprofundar ainda mais a crise gerando consequências catastróficas para a região. Krishna fez, então, um apelo para que ambas as partes do conflito se dediquem a uma política inclusiva feita pelo e para o povo sírio, além de ter elogiado as forças da ONU na região.

países, a fim de se chegar a um consenso.

Já em relação à questão palestina, o governo

indiano

apresentou

como

imperativa a necessidade da consolidação de um Estado da Palestina soberano,

Índia

independente,

com

Jerusalém

Oriental

O governo indiano enviou, como

como sua capital, e com uma vida segura

representante no discurso na Assembleia

dentro de suas fronteiras, lado a lado e em

Geral, o ministro das Relações Exteriores,

paz com Israel.

S. M. Krishna. O ministro iniciou seu discurso

afirmando

a

importância

da

Rio+20, não apenas para a discussão do desenvolvimento sustentável, mas também como forma de reafirmação do processo intergovernamental

das

instituições

multilaterais.5

Ao abordar a questão da reforma da ONU,

em

Segurança,

especial o

do

Conselho

de

ministro

salientou

a

necessidade de garantir que a arquitetura de governança global reflita a realidade contemporânea, e não as concebidas no final da Segunda Guerra, levantando, dessa

Krishna, ademais, foi enfático ao

forma, a bandeira do multilateralismo. Uma

condenar todo e qualquer ato terrorista,

das propostas de reforma do Conselho,

reafirmando o desejo de ver estabelecido

apoiada pelo ministro, seria a inclusão dos

um acordo como uma Convenção Global

países capazes e dispostos a suportar

sobre Terrorismo Internacional.

“encargos

Segundo

o

ministro,

o

governo

indiano está também preocupado com a questão de intervenções em situações críticas. Em relação à síria, o representante

manutenção

adicionais da

paz

relativos e

à

segurança

internacionais” e que fossem “capazes de sustentar campanhas globais contra novas ameaças globais”. 5

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

O ministro ainda sinalizou que o governo indiano apoiará a ampliação da participação

dos

países

diversas

instituições

países.

em

desenvolvimento na tomada de decisões em

ainda mais a interdependência entre os

multilaterais,

apontando que há uma incongruência com a falta de um membro permanente africano no Conselho de Segurança. Nesse sentido, o ministro apoia a candidatura da África do Sul.

Segundo o ministro, ainda que a crescente interdependência tenha como resultado um cenário mais pacífico, os impactos

da

crise

financeira

ainda

continuam afetando a economia global. Nesse sentido, ressaltou a importância, cada vez maior, dos países emergentes e em desenvolvimento no cenário global.

Parte do discurso do ministro se

Assim

deve-se

buscar

governança

fundamental para a resolução de conflitos

reforçando a cooperação, assim como

na região da Ásia Sul e Central, para a

apoiando a necessidade de cumprir as

diplomacia avançada e a promoção da paz.

Metas do Milênio até 2015, com o governo

Relações

Exteriores

indiano

não

apresentou referência direta aos países

os

países

chinês se dizendo preparado para tomar um papel mais ativo na reforma do sistema internacional.

BRICS, se atendo mais a uma postura de integração regional.

entre

a

voltou para identificar a Índia como país

Por fim, o discurso do ministro das

global

melhorar

O ministro sinalizou a importância da cooperação

com

ganhos

mútuos

promovendo boas relações entre todos, a fim

promover

uma

comunidade

internacional livre de ameaças e problemas

China

que O governo chinês enviou o ministro das Relações Exteriores, Yang Jiechi, como representante no discurso da Assembleia Geral. O ministro iniciou seu discurso afirmando que o mundo vem passando cada vez mais por mudanças e que há uma tendência global em prol da multipolaridade, globalização econômica e aplicação de informações

de

tecnológicas,

desafiam

o

desenvolvimento

dos

países. Além disso, o ministro destacou que o governo chinês acredita ser importante a promoção da igualdade e da democracia nas relações internacionais, respeitando a soberania dos Estados e o princípio da não interferência.6

aumentando 6

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Além disso, Jiechi afirmou que a situação

política

internacional

para cooperação internacional econômica,

está

e ressaltou a importância dos mercados

passando por profundas mudanças, por

emergentes, representados pelos países

exemplo no Oeste Asiático e no Norte da

BRICS,

África, que exigem resoluções pacíficas

cooperação global.

através de diálogo e negociação, se opondo fortemente ao uso da força.

o

novo

modelo

de

Ao final de seu discurso, o ministro serem

parte

indisputável

e

integral de território chinês mesmo antes da

estabelecidos

apreensão de japoneses nas Ilhas em

diálogos pacíficos para tratar da questão,

1895, onde o governo chinês da época foi

apoiando a definição de fronteiras da ONU

forçado a assinar um acordo desigual que

de 1967 e apoiando a candidatura da

cedesse as Ilhas ao Japão. Porém, o

Palestina a membro das Nações Unidas.

ministro lembrou que após a Segunda

de

enfatizou

afirmando

a

necessidade

ministro

um

abordou a questão das Ilhas Diaoyu,

Em relação ao conflito entre Israel e Palestina

para

serem

Ao abordar a questão da Síria, o ministro

clamou

para

que

as

partes

envolvidas no conflito estabeleçam um cessar-fogo e iniciem um diálogo político. Jiechi declarou apoio ao plano de paz do ex-enviado para Síria, Kofi Annan, além da iniciativa da Liga Árabe na região. A respeito da questão nuclear do Irã, o ministro mais uma vez reforçou sua política de não intervenção em assuntos internos e sinalizou a necessidade de serem atingidos diálogos pacíficos. mento pacífico.

Guerra, com a Declaração do Cairo e a Declaração de Potsdam, as Ilhas foram legalmente retornadas ao território chinês. O ministro reforçou que a ação da “compra” das Ilhas pelo governo japonês foi um ato ilegal

e

soberania

unilateral chinesa

que e

desrespeita desrespeita

a os

princípios da Carta das Nações Unidas. Como

conclusão,

Yang

Jiechi

relembrou o 18º Congresso Nacional a ser realizado pelo Partido Comunista Chinês. O ministro sinalizou que o Congresso busca uma reforma do país em direção a uma maior abertura e modernização que irão

O ministro reforçou o papel da

contribuir para o desenvolvimento pacífico e

República Popular da China na reforma do

a cooperação, construindo um mundo mais

sistema internacional e da governança

harmonioso, pacífico e próspero.

global, apoiando o G20 como grupo de grande importância por ser o primeiro fórum 7

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

África do Sul

O

presidente

ressaltou

o

papel

desempenhado pela região sul da África e No

início

de

seu

discurso,

o

clamou

para

que

as

Nações

Unidas

presidente da África do Sul, Jacob Zuma,

apreciem

fez críticas ao desempenho da ONU nos

organizações locais na gestão e resolução

recentes conflitos ocorridos no Oriente

de conflitos, pedindo uma cooperação mais

Médio. De acordo com o líder sul-africano,

estreita

a Organização se mostrou incapaz de agir

mecanismos de paz e segurança da União

adequadamente

Africana.

nos

atos

de

violência

plenamente

entre

a

o

papel

Organização

das

e

os

perpetrados na Síria, ressaltando sua total paralisa

no

âmbito

do

Conselho

Segurança. Segundo Zuma, o Conselho deveria ser mais legítimo, democrático e transparente,

além

de

necessitar

uma

representação mais significativa da África, dado que as questões que afetam o continente são responsáveis por 70% da agenda do Conselho. Nesse sentido, o presidente

defendeu

a

expansão

Em relação ao Oriente Médio, o

de

de

presidente manifestou preocupação com o conflito palestino-israelense, afirmando que o

Conselho de Segurança, Zuma afirmou que organismos

Estados-membros internacionais

e

os

devem

ser

responsabilizados pelo mau uso e abuso do conceito

de

"Responsabilidade

de

Proteger", evidenciando neste ponto uma similaridade

com

o

conceito

continua

de dois Estados com base nas fronteiras de 1967, assim como com a candidatura palestina para se tornar membro das Nações Unidas. Quanto à questão iraniana, Zuma

Ainda tratando sobre as falhas do os

sul-africano

comprometido com a proposta de criação

membros do Conselho de Segurança. 7

todos

governo

encorajou o Irã a continuar cooperando com a

Agência

Atômica,

Internacional

desenvolvendo

de um

Energia programa

pacífico para utilização de energia nuclear. Além disso, na linha do governo brasileiro, o

presidente

ressaltou

a

questão

do

embargo a Cuba.

de

Por fim, é possível observar que as

“Responsabilidade ao Proteger”, introduzido

declarações do presidente evidenciam uma

pelo Brasil. O presidente afirmou que um

postura de defesa de maior influência do

debate sobre este e outros princípios

país no cenário global.

basilares da ONU é necessário, ressaltando também que a organização deve manter a sua imparcialidade. 8

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Conclusão

respeito à necessidade de revisar os mecanismos de atuação da mesma.

Ao se analisarem os discursos dos Em relação ao embargo econômico

países BRICS, podemos destacar alguns pontos em que dois ou mais desses países apresentam

convergências

em

seus

realizado há décadas contra Cuba, os governos brasileiro, russo e sul-africano demonstraram

posicionamentos.

alegando Como mencionado na introdução, os ministros

de

Relações

Exteriores

dos

repúdio

que

a

tais

prejudicam

práticas,

apenas

a

população e levam ao atraso econômico do país.

Os

mesmos

governos

também

países BRICS, em reunião paralela à 67ª

levantaram

Assembleia

e

importância de se repensar o conceito de

a

“Responsabilidade de Proteger” a luz do

emitiram

Geral,

um

se

coordenaram

comunicado

conjunto

respeito da situação na Síria, em que se

conceito

expressa

brasileiro

uma

posição

comum

para

resolução da crise, ainda que possamos observar

divergência

nos

votos

em

seus

desenvolvido de

discursos

pelo

a

governo

“Responsabilidade

ao

Proteger”.8

no Apesar da Rio+20 ter tido uma

Conselho de Segurança e no Conselho de grande

Direitos Humanos.

repercussão

no

cenário

internacional durante o ano de 2012, o tema Em

relação

representantes

à

os

sobre

desenvolvimento

sustentável

foi

países

BRICS

abordado apenas por Brasil e Índia. Ambos

de

Estado

ressaltaram a importância da Conferência

Palestino e a candidatura palestina para se

não só como promissora na discussão do

tornar Estado-membro das Nações Unidas.

desenvolvimento sustentável, mas também

defenderam

Além relembraram

a

dos

Palestina,

criação

disso, a

os

um

países

BRICS da

Quanto à questão iraniana, somente

intensificação das relações entre a ONU e

os representantes da China e África do Sul

organizações regionais. Todos os governos

se pronunciaram acerca do tema. Em seus

questionaram

da

discursos, ambos reiteraram a necessidade

Organização para lidar com as questões

da busca por uma resolução pacífica para o

atuais. Embora com posições diferentes

conflito e apoiaram o programa nuclear

acerca da reforma desejável para a ONU,

iraniano com fins pacíficos, desenvolvendo-

verifica-se uma convergência no que diz

se

a

importância

no fortalecimento do multilateralismo.

atual

eficácia

em

conformidade

com

a

Agência

Internacional de Energia Atômica. 9

BRICS POLICY CENTER – BRICS MONITOR Os países BRICS na 67ª Assembleia Geral da ONU

Não obstante podermos identificar uma convergência das agendas de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul em algumas

temáticas

levantadas

nos

discursos analisados acima, tal análise não nos

permite

afirmar

que



                                                                                                                                                                                      4

O

discurso

do

ministro

de

Negócios

Estrangeiros Sergei Lavrov pode ser acessado em: . Acesso em: 09 out 2012.

algum

movimento explícito de coordenação do

5

agrupamento como um todo nos pontos

S.

destacados.

. Acesso em: 09 out 2012. 6

O discurso do ministro de Relações Exteriores

Yang

Jiechi

pode

ser

acessado

em:

. Acesso em: 09 out 2012. 7

Notas

ser

acessado

em:

<

http://gadebate.un.org/sites/default/files/gastate

                                                                                                                          1

O discurso do presidente Jacob Zuma pode

O Comunicado pode ser acessado em:

ments/67/ZA_en.pdf>. Acesso em: 09 out 2012.

.

posição clara dos países BRICS acerca do

Acesso em: 09 out 2012.

conceito criado pelo governo brasileiro.

2

A

discussão

acerca

do

conceito

de

O governo brasileiro tradicionalmente abre as

sessões anuais da Assembleia Geral. 3

O discurso da presidente Dilma Rousseff pode

ser

acessado

em:

. Acesso em: 09 out 2012.

10

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