Os Sonhos da Fórmula 1

Share Embed


Descrição do Produto

Os Sonhos da Fórmula 1 Carlos Frederico Pereira da Silva Gama

Publicado por Start Racing F1 (1/4/2017) – https://startracingf1.wordpress.com/2017/04/01/por-carlosfrederico-pereira-da-silva-gama-os-sonhos-da-formula-1/

Os relógios marcavam as primeiras horas da manhã de sábado na Austrália. Era noite de sexta-feira na Itália. No telefone celular de Antonio Giovinazzi, o recado tinha sido enviado na noite anterior: “Venha correr”. Um mês antes, o jovem italiano conduziu a Sauber-Ferrari nos testes pré-temporada em Montmeló. Dias antes, em Fiorano, ele testara o carro que venceria o primeiro Grande Prêmio da temporada. Como terceiro piloto da Scuderia Ferrari. O posto, há poucos anos, era ocupado por Jules Bianchi.

Sebastian Vettel, vencedor do GP da Austrália 2017 e Antonio Giovinazzi, em Fiorano

Ser o piloto reserva da Rossa é uma espada de dois gumes. O prestígio traz janelas de oportunidade: chegar à F1 por equipes menores. A realização do sonho, por vezes, abrevia as expectativas vermelhas. Bianchi foi o primeiro piloto a marcar pontos pela Marussia, equipe mais frágil do grid, em Mônaco, 2015. E o último piloto de F1 a morrer em consequências de um acidente, após o GP do Japão do mesmo ano.

Tributo a Jules Bianchi

Giovinazzi despertou dos sonhos e tirou a manta. Viu o recado. Não se intimidou. Não acreditou. O prodígio alemão Pascal Wehrlein ainda se recuperava do acidente sofrido durante a Corrida dos Campeões. Mas cumpriu sua programação normalmente: participou dos dois primeiros treinos oficiais.

Pascal Wehrlein se choca com Felipe Massa na Corrida dos Campeões, 2016

Wehlein foi o segundo piloto a pontuar pela Marussia (já Manor), em 2016. Nas férias, foi cotado para substituir ninguém menos que o campeão mundial em retirada, Nico Rosberg, na poderosa Mercedes. Faltavam poucos minutos para o último treino pré-qualificação. Piada do empresário. Como assim? Antonio colocou o macacão e se dirigiu para os boxes da equipe suíça. Escoltado por integrantes da Ferrari, conversou com os mecânicos e com o primeiro piloto da equipe, o sueco Marcus Ericsson. Da cama para o cockpit, a realização do sonho de milhões de automobilistas. Rápida, sem filtros.

Antonio Giovinazzi faz sua estreia na F1 pela equipe Sauber-Ferrari, Melbourne, 2017

Em sua estreia nas ruas desconhecidas de Melbourne o vice campeão da GP2 quase passou ao Q2. Com o equipamento mais modesto do circo, largou num respeitável 16º lugar entre 20 carros. A dois décimos de diferença do companheiro. A Itália não tinha um piloto na F1 desde 2011, com Jarno Trulli e Vitantonio Liuzzi. Pelo caminho ficaram o campeão da GP2 Davide Valsecchi e Raffaelle Marciello (chegou a testar a Sauber). No dia seguinte, Ericsson bateu na largada com o dinamarquês Kevin Magnussen, piloto de outro carro com motor Ferrari (Haas) e ficou pelo caminho. Giovinazzi prosseguiu com a modesta Sauber. Forçou os pneus macios além da conta na primeira curva. Porém, com supermacios, fez 40 voltas seguidas e completou o desafio. Recebeu a bandeira quadriculada próximo dos pontos, em 12º lugar.

Ericsson bate, Giovinazzi escapa da batida e grama na largada em Melbourne, 2017

A performance reacendeu as esperanças dos tifosi verem um italiano pilotando pela legendária Scuderia. Os últimos nativos da bota a desfilar com equipamento vermelho foram beneficiados por acidentes. Entretanto, as memórias recentes não trazem boas lembranças para os aficionados de Maranello. Vítima da mola de Hungaroring, Felipe Massa deixou um cockpit vago na Scuderia em 2009. Kimi Raikkonen venceu o Grande Prêmio da Bélgica passando o pole position Giancarlo Fisichella da Force India. Nada mal para quem se aposentaria em seguida. Enquanto isso, Luca Badoer largava nas últimas filas substituindo Massa (uma honraria que Michael Schumacher recusou).

Kimi vence, Físico convence e substitui Badoer na Ferrari

Físico largou a Force India e assumiu o cockpit da Rossa nas etapas restantes, com resultados frustrantes. A última vez que um italiano subiu ao pódio com uma Ferrari foi em terras italianas, em 1994. No fatídico Grande Prêmio de San Marino, o subestimado Nicola Larini obteve seu único triunfo substituindo o francês Jean Alesi, com dores nas costas e pescoço após um acidente em testes na pista de Mugello.

Nicola Larini leva a Itália e Ferrari ao pódio pela última vez, em Imola, 1994

Os sonhos na F1 têm velocidade e cores específicas. Giovinazzi começou a vive-los, intensamente.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.