Os supercomputadores, a pesquisa e a educação no Brasil - 2ª ed.

May 26, 2017 | Autor: Ev Souza | Categoria: Computer Science, Informatics, Educational Research, Computer Networks, Research, Telematics, Supercomputing, Informatica, Matematica, Informática, Nuevas tecnologías, Informatica educativa, Informática na Educação, CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Matemáticas, New Tecnologies, Pesquisa, Informatica Educativa E Integracion De Tic En La Educacion Superior, Ciencia da computacao, Matematics Education, TELEMATICA, Novas Tecnologias, Educação e Novas Tecnologias, Ciencias de la Computación, Ciência da Computação, Matematics, Educación y Nuevas tecnologías, Ciencias De La Computacion, Educação Matematica, Novas Tecnologias Da Informação E Da Comunicação, Supercomputers, Ciencias da computação, Nuevas Tecnologías De La Información Y Comunicación, Poweraware Supercomputing, Pesquisa Em Educação, Computacion E Informatica, Supercomputadores, Supercomputação, Telematics, Supercomputing, Informatica, Matematica, Informática, Nuevas tecnologías, Informatica educativa, Informática na Educação, CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Matemáticas, New Tecnologies, Pesquisa, Informatica Educativa E Integracion De Tic En La Educacion Superior, Ciencia da computacao, Matematics Education, TELEMATICA, Novas Tecnologias, Educação e Novas Tecnologias, Ciencias de la Computación, Ciência da Computação, Matematics, Educación y Nuevas tecnologías, Ciencias De La Computacion, Educação Matematica, Novas Tecnologias Da Informação E Da Comunicação, Supercomputers, Ciencias da computação, Nuevas Tecnologías De La Información Y Comunicación, Poweraware Supercomputing, Pesquisa Em Educação, Computacion E Informatica, Supercomputadores, Supercomputação
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Descrição do Produto

Os supercomputadores, a pesquisa e a educação no Brasil 1

Edison Vieira de Souza

Recentemente ouvimos falar através de diversas mídias sobre a paralisação de um supercomputador no Brasil por falta de verba para o pagamento da energia elétrica necessária para que essa máquina pudesse continuar funcionando. O supercomputador protagonista dessa situação é chamado de Santos Dumont, e foi batizado com esse nome por conta da histórica frase do pai da aviação “o homem há de voar” dado o fato desse supercomputador atingir altíssimas velocidades de processamento, podendo realizar trilhões de operações matemáticas de ponto flutuante por segundo. Adquirido pelo governo brasileiro em julho de 2015 numa parceria binacional entre Brasil e França em computação de alto desempenho firmada entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e a empresa francesa Atos/Bul com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o Santos Dumont, ou simplesmente SDumont, está instalado dentro de dois containers na serra do Estado do Rio de Janeiro, em Petrópolis, integrado a uma rede de Centros Nacionais de Computação de Alto Desempenho distribuídos pelo Brasil e denominada de SINAPAD – Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho, a qual é coordenada pelo LNCC – Laboratório Nacional de Computação Científica onde o Santos Dumont está instalado como nó central da rede. O SDumont está destinado a alocação de recursos para projetos científicos e tecnológicos, nacionais e internacionais, desenvolvidos

por

pesquisadores

de

instituições

de

pesquisa

diversas,

desenvolvimento e inovações nacionais em diversas áreas como a da economia e finanças, biologia, medicina, nanotecnologia, aeronáutica e segurança cibernética, entre outras, como também à prestação de serviço em Tecnologias da Informação para áreas da saúde, da educação, do transporte, da segurança, do clima/tempo, de governo eletrônico, entre outros. Uma das pesquisas mais relevantes atualmente desenvolvida com o apoio do SDumont é o mapeamento genético do zika virus.

1

Edison Vieira de Souza é Bacharel em Processamento de Dados pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-Pr., e Especialista em Metodologia do Ensino Superior pelo Centro Universitário Uninter, CuritibaPr.. É professor efetivo do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual do Paraná, campus Paranaguá, onde detém as cadeiras das disciplinas de Introdução à Computação, Processamento de Dados e Informática Aplicada à Matemática.

2 Segundo o Top500 Supercomputing Site que publica semestralmente uma lista atualizada dos 500 mais poderosos supercomputadores do mundo, na qual o Brasil já se manteve na 29º posição do ranking de novembro de 2010 com o supercomputador Tupã do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (um dos centros de computação de alto desempenho da rede SINAPAD), e diga-se de passagem ser essa 29ª posição bastante honrosa se comparada a outros países econômica e tecnologicamente mais desenvolvidos como a China, Estados Unidos, Japão, Suíça, Alemanha e Arábia Saudita os quais geralmente compartilham os 10 primeiros lugares do ranking mundial, o Brasil possui, segundo a lista Top500 do primeiro semestre deste ano de 2016, quatro supercomputadores que estão entre os quinhentos mais poderosos supercomputadores do mundo, sendo que três desses quatro supercomputadores pertencem ao próprio LNCC e recebem, ainda que possa parecer inicialmente estranho, o mesmo nome de SDumont, distinguidos pelas nomenclaturas SDumont GPU, SDumont Hybrid e SDumont CPU (Quadro 01). Segundo Wagner Vieira Léo, coordenador do Comitê Assessor Técnico-Científico do Santos Dumont, esses três supercomputadores SDumont que aparecem na lista do TOP500

dizem

respeito,

na

verdade,

a

três

máquinas

ou

arquiteturas

computacionais, ou de processamento de dados, tecnicamente distintas (CPU, CPU+GPU e CPU+XEON PHI) mas que trabalham “amarradas” ou relacionadas em rede umas às outras, sendo agregada ainda a esse grupo uma quarta máquina ou arquitetura de memória compartilhada para armazenamento e gerenciamento de dados denominada de MESCA2; O conjunto das quatro máquinas ou arquiteturas está instalado dentro de dois containers unificados de modo a compor, então, um único Sistema de Computação Petaflópica denominado de SDumont2. Um quarto supercomputador que aparece nessa mesma lista do Top500 é o Cimatec Yemoja, o qual está operando no município de Salvador, no Estado da Bahia,

desde

o

primeiro

semestre

de

2015,

instalado

no

Centro

de

Supercomputação para Inovação Industrial do SENAI-CIMATEC – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia, entidade do sistema FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia, centro de 2

Uma outra denominação de arquitetura computacional de alto desempenho é a chamada de Cluster (do inglês: agrupamento) a qual se baseia na ideia da associação de várias CPU (Central Process Unit ou Unidade Central de Processamento), também conhecidas como processadores ou núcleos, as quais são conectadas entre si através de diversos meios de comunicação físicos e lógicos, passando a operar em conjunto como se fossem uma única máquina de forma a diminuir consideravelmente os tempos de processamento dos dados

3 supercomputação que além de estar voltado à promoção da pesquisa aplicada, dedica-se à formação técnica de nível básico, médio, superior e pós-superior de profissionais qualificados para atuar em processos industriais automatizados em áreas de tecnologias de ponta, bem como a prestação de serviços técnicos especializados com ênfase em tecnologias computacionais integradas à manufatura; já o nome Yemoja refere-se ao nome original de Yemanjá na língua africana yoruba, uma homenagem a um orixá africano, divindade das águas, cultuado no Brasil pelos adeptos de religiões afro-brasileiras como a umbanda e o candomblé. Segundo a Agência de Notícias da CNI – Confederação Nacional das Indústrias, o CimatecYemoja é um projeto da iniciativa privada numa parceria do SENAI-CIMATEC com a companhia de óleo e gás BG Brasil, o qual será utilizado prioritariamente para o desenvolvimento de pesquisas em geofísica aplicada a estudos complexos de extração de petróleo em campos como os do pré-sal brasileiro; outras atividades de pesquisa também serão desenvolvidas em colaboração com instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade de Britsh Columbia (Canadá) e o Imperial College London (Inglaterra). O SENAI Nacional, a fabricante de processadores Intel, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações através da empresa pública FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos, e o Governo do Estado da Bahia através da FAPESB – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, organismo da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado da Bahia, também são parceiros em um projeto de supercomputação apoiado pelo CIMATEC-Yemoja que objetiva facilitar o acesso e a aplicação de softwares de modelagem computacional para o desenvolvimento de pesquisas avançadas por empresas de pequeno e médio porte. Maiores informações sobre o SENAI-CIMATEC podem ser obtidas pelo site http://portais.fieb.org.br/senai/senai-na-sua-cidade/salvador/cimatec.html,

ou

pelo

telefone (71) 3462-9500 – Salvador/BA. É oportuno colocar que tanto o CIMATEC-Yemoja como o SDumont são atualmente considerados os supercomputadores mais poderosos da América Latina, sendo que o SDumont ocupa o primeiro lugar atualmente; inclusive o CIMATECYemoja além de ocupar o 95º e 124º lugar na lista Top500 respectivamente de junho e de novembro de 2014 foi, nesse mesmo ano, o supercomputador mais poderoso da América Latina também, só sendo superado posteriormente pelo SDumond GPU.

4 Quadro 01 - Os 4 supercomputadores brasileiros entre os 500 mais poderosos do mundo em junho de 2016 Classificação

Organização

Supercomputador

Operações*

265º

LNCC

SDumont GPU

457

323º

SENAI/CIMATEC

Cimatec Yemoja

405

364º

LNCC

SDumont Hybrid

363

433º

LNCC

SDumont CPU

321

* Valores expressos para trilhões de operações matemáticas por segundo Fonte: Top500 The List

Mas o SDumont e o Yemoja não são os únicos supercomputadores em atividade no Brasil. Um outro grupo de supercomputadores são os dos Centros Nacionais de Computação de Alto Desempenho que compõem, junto com o SDumont, a rede do SINAPAD.

A rede SINAPAD O SINAPAD, ou Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho, é uma rede de supercomputadores geograficamente distribuída e instituída pelo Governo Federal através do Decreto Nº 5.156 de 26 de julho de 2004 e coordenado pelo LNCC – Laboratório Nacional de Computação Científica por delegação do MCTIC - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, cujo sistema é composto por nove unidades instaladas em universidades e institutos de pesquisa com recursos do MCTIC as quais são denominadas de CENAPAD - Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho, sendo que uma dessas unidades é o próprio LNCC onde se encontra, entre outros recursos, o Sistema de Computação Petaflópica SDumont que atua como nó central da rede do sistema (tier 0). O SINAPAD tem por visão ser uma rede de prestação de serviços para universidades, institutos de pesquisa e outras instituições públicas e privadas, objetivando responder à demanda do sistema nacional de ensino e pesquisa, governos e empresas por PAD - Processamento de Alto Desempenho Computacional com elevada capacidade de armazenamento e recuperação de dados, oferecendo segurança,

confiabilidade

e

facilidade

de

acesso,

buscando

apoiar

o

desenvolvimento de produtos e aplicações de PADs, a transferência de conhecimento e tecnologia de PAD, a difusão da cultura e da aplicação de PADs e o fomento e o apoio à formação de pessoal especializado em PAD.

5 Os CENAPADs são centros de supercomputação que compõem a rede do SINAPAD os quais são operados por entidades públicas que oferecem o acesso aos recursos computacionais de alto desempenho, disponibilizando alta capacidade de armazenamento e de recuperação de dados, a prestação de serviços diversos, e o apoio ao desenvolvimento de projetos para a pesquisa e o ensino através dos chamados portais científicos, recursos estes disponibilizados à comunidade acadêmica, governamental e empresarial, a nível nacional e internacional, utilizandose da infraestrutura física da rede acadêmica RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. Os portais científicos da rede do SINAPAD permitem a execução, via interface WEB, de softwares de aplicações científicas diversas nos clusters dos Centros Nacionais de Processamento de Alto Desempenho que compõem a rede do SINAPAD. Os recursos computacionais aos quais esses portais dão acesso são geridos pelo sistema de forma a permitir aos usuários manter, de forma segura, os dados e metadados resultantes de seus experimentos efetuados por meio desses portais na própria infraestrutura computacional da rede do SINAPAD. Alguns desses portais disponibilizam aplicativos científicos como o ACES III – Advanced Concepts in Electronic Structure III, que foi desenvolvido na Universidade da Flórida-USA para o desenvolvimento de cálculos de estruturas eletrônicas em química quântica; o BRAMS – Brasilian developments on the Regional Atmosfheric Modelling System, aplicativo que implementa um modelo de previsão numérica do tempo; o aplicativo CAM – Community Atmosphere Model que é considerado um modelo de escala global para simulações climáticas e cujos resultados podem ser visualizados graficamente em outros softwares de aplicação gráfica; o aplicativo Blender 3D da Blender Foundation, software de renderização gráfica utilizado para modelagem, composição, animação, criação de vídeo e de aplicativos interativos para modelagem

tridimensional;

a

linguagem

MATLAB

(MATrix

LABoratory)

da

MathWorks, software desenvolvido para o cálculo numérico que integra análise numérica, cálculo matricial e a construção de gráficos complexos multidimensionais; os softwares Gaussian, Nand e Quantum Expresso para simulação molecular; e outros. O Quadro 02 apresenta uma lista das entidades que compõem o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho, o SINAPAD, bem como os supercomputadores, clusters ou infraestruturas tecnológicas disponibilizadas pelas entidades

parceiras

do

sistema

através

de

seus

Processamento de Alto Desempenho, os CENAPADs.

Centros

Nacionais

de

6 Quadro 02 – Instituições componentes da rede do SINAPAD e seus supercomputadores CENAPAD

Supercomputador - Cluster

LNCC/MCTI - Laboratório Nacional de Computação Sun Blade X6250 Científica/Ministério da Ciência, Tecnologia e SGI Altix XE 340 Inovação. SGI Altix ICE 8400 Bull bullx Bull bullx + MESCA2 (SDumont) UFRJ/COPPE/NACAD – Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia/Núcleo Avançado de Computação de Alto Desempenho.

Sun Blade 6048 (Galileu/Fênix) SGI Altix 450 SGI Altix ICE 8200/8400LX/UV100 SGI ICE-X (Lobo Carneiro)

UFC - Universidade Federal do Ceará

Bull bullx B500 Bull bullx B515

UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

Bull NovaScale

INPA/CTI – Instituto Nacional de Pesquisas da SGI Altix ICE 8400 Amazônia/Coordenação de Tecnologia da Informação. UFMG/LCC – Universidade Federal de Minas Bull NovaScale Gerais/Laboratório de Computação Científica UNICAMP/PRP – Universidade Sp/Pró-Reitoria de Pesquisa.

de

Campinas- SGI Altix 1350 SGI Altix 450/ICE 8400LX IBM P750

INPE/CEPETEC – Instituto Nacional de Pesquisas Cray XE6 (Tupã) Espaciais/Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. UFRGS/CITI/CESUP - Universidade Federal do Rio SGI Altix ICE 8400LX Grande do Sul/Centro Integrado de Tecnologia da Sun Fire X2200M2/X4240/X4600M2 Informação/Centro Nacional de Supercomputação. Fonte: MCTI/LNCC/SINAPAD

A critério do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, outros Centros de Processamento de Alto Desempenho poderão ser integrados à rede do Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho. Para mais informações, ou pessoas, grupos e instituições que tenham interesse em submeter projetos de pesquisa que possam ser desenvolvidos com o apoio do Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho, podem acessar o site do SINAPAD no endereço https://www.lncc.br/sinapad/sinapad.php?pg=sinapad, ou pelo e-mail: [email protected], ou ainda pelo telefone (24) 2233-6244 – Petrópolis/RJ. Como visto, a essência do SINAPAD é a capacidade que o mesmo possui de interconectar os CENAPADs que estão espalhados por todo o território nacional em uma única rede de comunicação específica de modo que possa oferecer seus recursos e serviços à comunidade acadêmica, governamental e empresarial, nacional e internacionalmente. Mas o SINAPAD não possui uma infraestrutura de

7 rede própria e independente, ao contrário, ele se utiliza de uma rede já existente que propicia a estrutura física fundamental para o sistema, cooperando não só com a viabilização da comunicação entre os CENAPADs mas também com o acesso ao sistema daqueles que usufruirão dos recursos e serviços disponibilizados em todo o SINAPAD, é a denominada Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, a RNP.

A rede RNP, RNP2 e a Rede Ipê A RNP – Rede Nacional de Pesquisa, atualmente Rede Nacional de Ensino e Pesquisa-RNP2, ou ainda Rede Ipê, é um projeto desenvolvido e executado pela AsRNP - Associação Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, uma organização social vinculada ao MCTIC e mantida pelo Programa Interministerial da RNP (PI-RNP) que agrega o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, o Ministério da Educação, o Ministério da Cultura, o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa, e que objetiva prover, também em parceria com empresas públicas e a iniciativa privada, infraestrutura de redes informacionais e comunicacionais para as instituições públicas de pesquisa e de ensino superior e tecnológico de modo a viabilizar a realização de projetos e serviços inovadores, a pesquisa colaborativa, a qualificação profissional, a integração global e a implementação de políticas públicas nas áreas da educação, cultura, saúde, tecnologia e defesa. A rede RNP, criada em 1989, pioneira em 1992 como rede nacional de acesso à internet no Brasil, a qual também a partir do ano de 2000 passou a ser chamada de RNP2, possui os seus principais “nós”, ou Ponto de Presença (PoP), em todos os 27 Estados da Federação instalados nas principais instituições federais de ensino superior e interligados através de fibra ótica com velocidade de até 20 Gb/s (20 bilhões de bits3 por segundo), os quais se constituem em sua estrutura principal (backbone); a rede estende-se através desses nós principais para o interior de cada Estado perfazendo um total de mais de 1.200 campi e unidades nas capitais e no interior dos Estados, abrangendo universidades, institutos e unidades de pesquisas federais e estaduais, hospitais de ensino e museus, entre outros, todos interconectados em uma única rede nacional, a qual, a partir de 2014, passou a ser chamada de Nova RNP ou simplesmente Rede Ipê. A RNP, além da participação em projetos de colaboração 3

Um bit é a menor essência daquilo que a informação digital fundamentalmente é, e possui somente dois estados possíveis, 0 (zero) e 1 (um). O número 2 (dois) do nosso sistema numérico decimal é representado digitalmente pelo código “10”, um agrupamento dos bits 1 e 0.

8 em conectividade acadêmica com grupos internacionais como o Ciara da Florida International University em Miami, a AMPATH (America’s Path), a WHREN-LILA (Western Hemisphere Research and Education Network – Links Interconnecting Latin America) e a AmLight (Americas Lightpaths), foi uma das sócias-fundadoras da RedCLARA – Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas a qual, além de interconectar as redes latino-americanas, fornece também um enlaçe (ligação) entre o Brasil e o continente europeu que somado a outros pontos de acesso internacional da rede Ipê, permitem a conectividade e a parceria com redes semelhantes de outras partes do mundo como as européias Géant e Terena, a asiática Apan, a africana UbuntuNet Alliance, as norte-americanas Internet2, Esnet e Cararie (canadense), proporcionando o intercâmbio de informações, pesquisas e serviços com instituições e organismos de outras partes do mundo. Mais informações sobre a Rede

Nacional

de

Ensino

e

Pesquisa

podem

ser

obtidas

pelo

https://www.rnp.br/, ou pelo telefone (61) 3243-4300 – Brasília/DF. Figura 01 – Os Pontos de Presença da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

Fonte: Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

site

9

Outros supercomputadores no Brasil ▪ Euler – CeMEAI Muito embora não esteja entre os 500 supercomputadores mais poderosos do mundo, mas que não deixa de ser um objetivo que se pretenda alcançar num futuro próximo, o supercomputador, ou cluster computacional, Euler (nome dado em homenagem ao matemático e físico suíço Leonhard Paul Euler) do CeMEAI-USP – Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria da Universidade Estadual de São Paulo, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão apoiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, é um equipamento aplicado na indústria metalúrgica, na otimização de linhas de produção, na saúde pública, na indústria aeronáutica e automobilística, na simulação de refino e de combustão de petróleo, entre outras, sendo capaz de realizar quase 50 trilhões de operações matemáticas por segundo. Além da indústria, o CeMAI desenvolve pesquisas em parceria com instituições como o ICMC-USP – Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade Estadual de São Paulo, o CCETUFSCar – Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Federal de São Carlos, o IMECC-UNICAMP – Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas, o IBILCE-UNESP – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Paulista, a FCTUNESP – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, o IAE – Instituto de Aeronáutica e Espaço e o IME-USP – Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. Maiores informações poderão ser obtidas pelo site http://www.cemeai.icmc.usp.br/.

▪ SGI IceX – UFBA O SGI IceX da Silicon International Corp. - California – USA, adquirido pela Universidade Federal da Bahia com recursos do FINEP para o Instituto de Física da UFBA e instalado na STI – Superintendência de Tecnologia da Informação da mesma universidade, está sendo aplicado em pesquisas desenvolvidas nas áreas da computação, matemática, química, física, geofísica e oceanografia, e

10 principalmente nas pesquisas desenvolvidas pela REMO – Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica, a qual é composta pela Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Centro de Hidrografia da Marinha e a Petrobras; a REMO é uma associação membro do GODAE Ocean View, um projeto internacional dedicado ao desenvolvimento da oceanografia operacional ao redor do mundo. O SGI-IceX é utilizado pelas universidades componentes da REMO principalmente para a elaboração de bases hidrodinâmicas e de estudos de previsibilidade em todo o oceano Atlântico Norte e Sul com ênfase às regiões ao largo da costa brasileira, cujos resultados são posteriormente enviados à Marinha do Brasil para produzir previsões operacionais destinadas à melhoria da segurança da navegação, busca e salvamento, exploração de petróleo, mapeamento de áreas de derramamento de óleo, entre outras aplicações. Outras informações poderão ser obtidas através do site https://www.ufba.br/.

▪ Grifo 04 – Petrobras 156º lugar na lista de novembro de 2013 do Top500 Supercomputing Site e o mais poderoso da América Latina no período compreendido entre o segundo semestre de 2013 e o primeiro semestre de 2014, o Grifo04, desenvolvido pela então empresa brasileira Itautec S/A, hoje Grupo OKI Brasil, e instalado no Núcleo de Computação Eletrônica do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais da UFRJ, é um supercomputador capaz de gerar trilhões de amostras sísmicas por segundo se utilizando de softwares de última geração e de tecnologias de ponta para a produção de imagens das bacias sedimentares por meio da captação de sinais sonoros refletidos nas camadas geológicas, gerando informações valiosas sobre os locais com alto potencial para produção de petróleo e gás, além do mapeamento das correntes marinhas nas áreas exploratórias. Desde 2006, a Petrobras desenvolve projetos de P,D&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) em cooperação com mais de 100 Universidades e Instituições de Ciência e Tecnologia como a UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, a UFPR – Universidade Federal do Paraná, a UNB – Universidade de Brasília, entre outras, através de Redes Temáticas em áreas de interesse como petróleo e gás, biocombustíveis, gestão tecnológica e preservação

ambiental,

como

também

através

de

Núcleos

Regionais

de

11 Competência instalados em instituições como a UFS – Universidade Federal de Sergipe, a PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense-Rj, o CTEX – Centro Tecnológico do Exército-Rj, a UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a UFBA – Universidade Federal da Bahia, e a UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, possibilitando às Instituições conveniadas a implantação de Infraestrutura, aquisição de modernos equipamentos, criação de laboratórios de padrão mundial de excelência e a capacitação de pesquisadores e de recursos humanos. Mais Informações

sobre

projetos

de

P,D&I

da

Petrobras

no

site:

http://sites.petrobras.com.br/minisite/comunidade_cienciatecnologia/portugues/redes _tematicas_superpc.asp. Evidentemente que esse estudo não pretende esgotar o tema sobre supercomputação no Brasil, e nem poderia, mas objetiva, além de apresentar a macroinformática para aqueles que pensam que o mundo no qual vivemos hoje é feito somente de notebooks e smartphones e que essa conversa de grandes computadores, e até mesmo poder estar dentro deles, é coisa de um passado ultrapassado, demonstrar também, de forma sintética, a relação entre a supercomputação, a pesquisa e a educação no Brasil, haja vista que essa parceria se observa cada vez mais intrínseca e crescente também em várias outras regiões do nosso planeta. Existem ainda outros clusters, ou supercomputadores, em atividade no país os quais podem não se encontrarem entre os mais poderosos a nível nacional ou internacional mas que possuem capacidade de processamento acima dos trilhões de operações por segundo e que desempenham atividades relevantes para a vivência humana; outros nem mesmo chegam a serem divulgados pela mídia ou até mesmo pelas próprias entidades às quais essas máquinas pertencem, muitas vezes até por motivos de segurança. O INMET/MA – Instituto Nacional de Meteorologia do Ministério da Agricultura possui supercomputadores que simulam o comportamento futuro da atmosfera permitindo a previsão do tempo com vários dias de antecedência e dentro de padrões internacionais da OMN – Organização Meteorológica Mundial, o qual conta também com uma biblioteca digital nacional de meteorologia com mais de 20 mil volumes com obras raras desde o antigo Império, a qual está disponível para consulta pública de meteorologistas, técnicos, pesquisadores e estudantes; a UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho possui um cluster distribuído em uma rede de unidades de

12 processamento que integra vários polos de acesso presentes nos campi de São Paulo, Araraquara, Bauru, São José do Rio Preto, entre outros; o Instituto de Neurociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte possui um supercomputador doado pela Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, que permite a análise de dados de atividade cerebral, de genomas e de modelos biológicos, o qual está instalado no Campus do Cérebro, um centro do Instituto de Neurociências da UFRN especializado em neurociências e em educação; e muitos outros mais. A empresa brasileira SMB-SUNSET, integradora de sistemas e soluções de TI, em parceria com a fabricante mundial de processadores gráficos NVIDIA chegou a propor em 2012 a venda, sob encomenda, de supercomputadores pessoais que poderiam ser adquiridos por pesquisadores com os recursos de suas bolsa pesquisa; empresas como a DELL, HP, ASUS e Lenovo, entre outras, também em parceria com a NVIDIA, estão produzindo e comercializando supercomputadores pessoais em todo o mundo desde 2008. A supercomputação é um segmento em plena expansão no Brasil e no mundo e no qual as mudanças e inovações ocorrem de uma forma vertiginosa em relação ao tempo; o de ontem foi o de hoje, e o que hoje é, amanhã certamente não será mais. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: . Acesso em: 8 mai. 2016. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho do Estado do Rio de Janeiro. LNCC inaugura o supercomputador em Petrópolis. Disponível em: . Acesso em: 17 jul. 2016. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Tupã. Disponível em: . Acesso em: 5 nov. 2016. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Laboratório Nacional de Computação Científica. LNCC Instala em sua sede o maior computador da América Latina. Notícias LNCC, 07 jul. 2015. Disponível em: . Acesso em: 16 jul. 2016. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Laboratório Nacional de Computação Científica. SDumont. Disponível em . Acesso em: 20 jul. 2016. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Laboratório Nacional de Computação Científica. Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho. SINAPAD. Disponível em: . Acessado em: 10 ago. 2016.

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