Osuwela - documento de estratégia

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Apresentação da Osuwela

7 de Fevereiro de 2015

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Introdução Identificando em Moçambique a necessidade de iniciar uma discussão alargada a toda a sociedade com o intuito de promover uma visão a longo prazo sobre a Ciência e a Educação, surge a proposta de desenvolver uma plataforma de entendimento entre os centros tradicionais do saber – as Instituições de Ensino Superior e Politécnico – os Institutos de Investigação e as Empresas, que assente na promoção das Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática (CTEM). Moçambique precisa de um corpo de cientistas de craveira internacional centrados na sua profissão em Institutos e Universidades com capacidade para os acolher e lhes proporcionar condições para o desenvolvimento do seu trabalho. No entanto, a falta de condições par que se proporcione este desenvolvimento de conhecimento é gritante. A ausência desta capacidade de promoção em investigação e pesquisa resulta também num sério entrave Ao sector privado, em particular ás empresas com grandes necessidades técnicas em áreas directamente relacionadas com a ciência (como a indústria extractiva entre outras). As empresas surgem então como potencial beneficiário de potenciais alianças com as Instituições de Ensino Superiores com o intuito de promover esta capacidade técnica e o desenvolvimento de competências e conhecimento local. A aprendizagem e o envolvimento activo nos problemas que a sociedade enfrenta só podem ser feitas com um grande domínio das áreas de CTEM, para que Moçambique possa passar de importador de ciência, com enfoque em técnicos especializados e mão-de-obra qualificada, a exportador após a satisfação do mercado local. Só assim teremos cidadãos informados e engajados no desenvolvimento colectivo num futuro próximo e teremos capacidade de resposta sustentável ao investimento privado. A visão de um cidadão informado sobre os desenvolvimentos das CTEM faz parte da cultura da OSUWELA, que nasce da crença de que é necessário apoiar e promover esta discussão, tendo como objectivos: 

Desenvolver actividades de formação em ciência junto das comunidades Académicas, Universitárias e Empresariais.



Ligar instituições de ensino e de investigação com o tecido empresarial na transferência do saber e dos processos científicos.



Apoiar as Empresas na exploração do mercado tecnológico e científico e o estabelecimento de redes em colaboração outras empresas nacionais e estrangeiras.



Desenvolver actividades que promovam a questão a mulher e a sua inserção no contexto da ciência.

Que são desenvolvidos nas seguintes áreas de enfoque:

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Transferência de Tecnologia – actividades com enfoque na transferência dos direitos de utilização e comercialização de novas descobertas e inovações, resultantes da investigação científica;



Gestão do Conhecimento – actividades relacionadas com a criação, identificação, integração, partilha e utilização do conhecimento dentro de uma organização;



Inovação e Promoção do Desenvolvimento – actividades com foco na criação de redes de cooperação como promotoras de novo conhecimento e estímulo ao reforço de atitudes inovadoras entre os participantes;



Promoção das Ciências – actividades de divulgação e disseminação de conhecimento pela população sobre temas de Ciência e Tecnologia de modo a criar um programa que tenha enfoque na criação de um espírito científico.



Cidadania e a Cultura Científica – actividades de reforço da relação entre a ciência e o público, ou mais especificamente o que a população em geral sabe de ciência e o que pensa dela. Apoio, criação e remodelação de museus, organização de exposições, etc.

Posicionamento Os conhecimentos e competências em CTEM são um valioso contributo para o desenvolvimento do indivíduo apontando para uma aprendizagem baseada na investigação em torno de problemas relevantes para o desenvolvimento sustentável de Moçambique. A ideia chave é mostrar a ciência como cultura, perspectivando o conhecimento científico contextualizado na sociedade que o assimila como um valor e modo da sua própria organização – cultura científica. Actualmente as mudanças científicas, tecnológicas, económicas, políticas e sociais trazem às Instituições de Ensino e às empresas uma responsabilidade acrescida na definição do seu papel no modelo de desenvolvimento proposto. As constantes transformações e avanços impostos à sociedade, traduzidemzem-se em novas exigências, tanto na investigação como na educação e na formação ao longo da vida. Nesta dinâmica de mudança importa reflectir sobre para que serve, afinal, o saber sobre as Ciências hoje em dia a sua relevância para a vida quotidiana. Uma possível resposta passa por cumprir o objectivo central do Ensino das Ciências que deverá formar no sentido de:   

considerar a ciência interessante e importante; conseguir aplicar conhecimentos da Ciência no quotidiano; conseguir participar e acompanhar os debates relacionados com os problemas científicos que se colocam hoje em dia.

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A aprendizagem dos conceitos científicos devem ter como base a interdisciplinaridade e partir de exemplos do quotidiano. Contudo, deve ter em conta os conhecimentos, as crenças, os valores, as aspirações e as experiências pessoais de cada um, além de apresentar as CTEM como empreendimentos humanos. Deve igualmente incidir sobre valores humanos, ambientais e oferecer a oportunidade de se efectuarem investigações científicas e de resolução de problemas tecnológicos.

Contributos para o Desenvolvimento Grandes Áreas de Actuação Gestão do Conhecimento A Gestão do Conhecimento está intimamente à criação, identificação, integração, partilha e à utilização do conhecimento dentro de uma organização, que tanto pode ser uma Empresa como uma Universidade. Sendo que o conhecimento é hoje um activo não-negligenciável e muito valioso tendo conta, principalmente, os avanços tecnológicos e a globalização da economia. As Tecnologias, do ponto de vista da Gestão do Conhecimento, são um meio, e não um fim, para atingir o sucesso de uma estratégia. O conceito associado à Gestão do Conhecimento preconiza que toda a Informação deva ser transformada em conhecimento e que este seja divulgado em toda organização. Desta forma o Conhecimento passa a ser ativo da empresa. Logo motivar, recompensar e reter as pessoas que detêm conhecimentos deve ser um dos objectivos das empresas que pretendem solidificar a sua posição no mercado e partir à conquista de novos mercados. Facilmente se constacta que a principal fonte de conhecimento está no exterior da Organização e daí a necessidade de uma actualização constante dos seus colaboradores. No entanto é necessária uma gestão efectiva dessa relação entre o “sector produtivo” e a “formação” para que se estabeleçam laços entre as duas organizações – a que fornece o conhecimento e a que recebe, através dos seus quadros, esse conhecimento. É este o trabalho de um serviço de Gestão do Conhecimento.

Divulgação de Ciência O nível de informação e o conhecimento da população sobre temas de Ciência e Tecnologia são bastante deficientes em Moçambique, sendo que a razão principal para isso reside na ausência de uma educação científica abrangente e de qualidade no ensino promário, secundário e superior no país. Por outro lado, a divulgação científica por meio dos média e museus de ciência, ainda tem um longo caminho para percorrer. 4

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Só nos últimos anos se iniciou um movimento para o estabelecimento de política pública destinada à popularização da Ciência através de alguns programas do Ministério da Ciência e Tecnologia. A divulgação científica, a partir do estabelecimento da ciência moderna nos séculos XVII e XVIII, apresenta fases distintas, com finalidades e características que refletiam o contexto, as motivações e os interesses da época. O que hoje nos impele a fazer divulgação de ciência vai deste a demonstração da prosperidade nacional ao reconhecimento do saber científico como parte integrante da cultura humana, passando pelo seu significado para o exercício da cidadania. A divulgação científica ganha nova atribuição devido ao processo de extrema especialização nos campos científicos: é necessário divulgar a ciência entre os próprios cientistas e técnicos. Mais recentemente novas perspetivas começaram a ser delineadas a partir de experiências e reflexões na interface ciência-sociedade. À iliteracia científica do público em geral contrapõe-se uma ignorância da instituição científica em relação aos aspectos sociais da relação com esse mesmo público e aos condicionantes da ciência. É importante que um cidadão no mundo contemporâneo desenvolva uma noção, no que concerne à ciência e à tecnologia, dos seus principais resultados, dosseus métodos e usos, mas também de seus riscos e limitações, dos interesses e factores que presidem aos seus processos e aplicações. Contudo, o significado social e cultural da ciência como atividade humana fica muitas vezes camuflado nas representações escolares e em atividades de divulgação que tendem a apresentar uma visão neutra e neutralizante da C&T. A Divulgação de Ciência e a Compreensão Pública da Ciência passa sobretudo pela criação de uma consciência de que a Ciência está ao alcance de todos – não são apenas actividades fechadas nas Universidades – mas que esta pode ser vivida e compreendida através da experimentação. A criação da Cultura Científica permite uma cidadania responsável através do envolvimento nas discussões que se levantam, nomeadamente: com os grandes empreendimentos extractivos e o garimpo descontrolado e as consequências ambientais; os efeitos severos das alterações climáticas e as medidas necessárias para a preservação da vida e dos bens; as facilidades do crédito e as consequências do consumo e o endividamento excessivo. No fundo pretende-se que mais pessoas tenham consciência e que actuem – Cidadania Activa – perante os grandes desafios do desenvolvimento acautelando o seu futuro e os dos seus descendentes. Pretende-se estabelecer o diálogo com os diversos sectores públicos e privados para apoiar e gerir projectos de divulgação de ciência. Estando nos horizontes da Osuwela a criação de uma Agência Nacional de Divulgação da Ciência e da Técnica.

Ciência no Feminino 5

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“Quem educa uma mulher, educa um povo.”, Provérbio Africano A questão do género Tendo em conta o relatório do International Fund for Agricultural Development (FIDA), nas comunidades rurais de Moçambique as mulheres continuam particularmente desfavorecidas. A maioria trabalha na agricultura e é responsável principalmente pelo cultivo de alimentos para a sua subsistência. Embora já tenham alguma consciência dos seus direitos, as mulheres têm menos habilitações do que os homens, pois o acesso à educação continua a ser muito inferior. A sua carga de trabalho é pesada e geralmente desempenham um papel crucial na produção de alimentos, geração de renda para a família e na segurança alimentar. A mulher em Moçambique representa a maioria da população sendo, por isso, necessário o seu maior envolvimento nos domínios político, económico e social. Este domínio só será verdadeiramente alcançado com o domínio das áreas das CTEM. Com este domínio vem o aumento da produtividade e o crescimento socioeconómico sustentável e orientando para a melhoria do desempenho do sector produtivo. Importa desde já a integração das mulheres em programas que melhorem o seu desempenho nas áreas das CTEM levando à sua participação em institutos de investigação, que visem a inovação e transferência de tecnologias'. Nenhum país se pode desenvolver de forma harmoniosa e pacífica se existirem na sociedade desigualdades gritantes, nomeadamente de género. Não interessam as causas porque se chegou a este ponto mas na sociedade Moçambicana e em particular nas áreas das CTEM a presença de mulheres é extremamente reduzida. Pretende-se o desenvolvimento e promoção de acções dirigidas ao empoderamento das mulheres através de uma formação que lhes confira competências e que fomente o interesse pelas Ciências experimentais e pelos cursos científicos e tecnológicos, levando-as as olharem as áreas das CTEM como uma forma de qualificação profissional e pessoal.

Transferência de Tecnologia Entende-se por transferência de tecnologia um conjunto de actividades desenvolvidas para formalizar a transferência dos direitos de utilização e comercialização de novas descobertas e inovações, resultantes da investigação científica, para a indústria. Em Moçambique, na maioria das áreas do saber ainda não temos uma investigação organizada que permita efectuar esta interacção Universidade – Empresa, mas esta é uma necessidade premente para as Empresas instaladas no país. Sabendo que a valorização dos resultados de Investigação e Desenvolvimento, para além de poder constituir uma fonte de rendimento e notoriedade para a Universidade, engloba benefícios menos tangíveis como sejam o de apoiarem as instituições de investigação a

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focarem a sua actividade nas necessidades mais prementes da sociedade e da indústria contribuindo para o aumento da produtividade e inovação da região onde se inserem. Deste modo a gestão de bolsas de estudos no estrangeiro com fundos públicos ou privados devem ser canalizadas para o estabelecimento de estreitamento das relações entre as empresas e as instituições de ensino através da investigação e do desenvolvimento em CTEM. A contribuição da Osuwela passa pela criação de um gabinete dedicado ao apoio da valorização dos resultados de Investigação e Desenvolvimento, apoiando os membros da comunidade académica e das empresas e estabelecendo as bases para um futuro processo de transferência de tecnologia. Inovação e Promoção do Desenvolvimento O actual contexto económico, caracterizado por contínuas mudanças tecnológicas, incerteza dos mercados e elevada competitividade em praticamente todos os sectores de actividade, levanta novos desafios para os sistemas económicos e empresas, que devem desenvolver, num período de tempo cada vez mais curto, produtos novos e diferenciados dos seus concorrentes. Neste contexto, a inovação e a cooperação desempenham um papel fundamental na competitividade empresarial. Sendo que a inovação é um processo complexo que requer a interacção entre uma grande variedade de agentes económicos, consequentemente, as empresas devem desenvolver a sua capacidade de cooperar com outros actores de modo a reduzir a incerteza e obter conhecimento complementar relevante. Frequentemente, a criação de redes de cooperação leva à criação de conhecimento novo e promove o estímulo e o reforço de atitudes inovadoras nas empresas participantes. Por conseguinte, a cooperação deve ser entendida como uma actividade permanente da empresa e uma tarefa implícita aos contínuos processos de tomada de decisão e, portanto, deve reflectir-se na estratégia empresarial. A Osuwela pretende encontrar um conjunto de fundos que apoiem a promoção do desenvolvimento e as redes de cooperação com entidades nacionais e estrangeiras apoiado na Investigação e desenvolvimento nas áreas das CTEM. Cidadania e Cultura Científica A cultura científica é uma das várias designações usadas para descrever a relação entre a ciência e o público (ou mais especificamente o que a população em geral sabe de ciência e o que pensa dela), que tem vindo a ser instituída como um aspecto da Cidadania, que carece de consideração social, análise científica e intervenção política. Inscritos nesta problemática, os museus constituem um dos múltiplos veículos utilizados para promover a cultura científica, apresentando todavia características fortemente distintivas: a materialidade e tridimensionalidade das exposições, a perenidade como instituições, a acessibilidade a um público alargado. 7

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É neste contexto que surgem os primeiros museus dedicados à ciência e à tecnologia. Exibindo colecções de instrumentos científicos, de maquinaria, inventos e modelos, eram instituições de iniciativa governamental, que representavam a história da ciência e da indústria como uma série de inovações progressivas que conduziam aos triunfos contemporâneos do capitalismo1. Em Moçambique, este processo está marcado por um tardio desenvolvimento científico e industrial acoplado à permeabilidade às influências europeias o que se tem traduzido num sistemático desfasamento temporal nas políticas de promoção da cultura científica e de conservação ou criação de museus. Deste modo as iniciativas que incentivem a promoção científica têm que vir das empresas e dos países doadores, que têm obrigação de saber a importância da ciência no desenvolvimento das novas gerações, que em conjunto com o poder politico comece a criar as bases de promoção científica como uma questão de cidadania.

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Os exemplos mais relevantes deste tipo de museu surgem em França (Conservatoire des Arts et Métiers, Paris, 1794), no Reino Unido (Science Museum, Londres, 1857) e na Alemanha (Deutsche Museum, Munique, 1903). 8

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