Paiva, N. M., Batista, S., Vicente, H., & Daniel, F. (2015). Age Friendly Coimbra: Percepção da cidade e a sua relação com a qualidade de vida. II Congresso Nacional Conversas de Psicologia. 4-5 Novembro. Coimbra, Portugal.

June 20, 2017 | Autor: Henrique Vicente | Categoria: Gerontology, Active Ageing, Age-Friendly City, Age-friendly Communities
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II Congresso Nacional Conversas de Psicologia | I Conferência Internacional Envelhecimento Activo

Age Friendly Coimbra Percepção da cidade e a sua relação com a qualidade de vida Nuno Marques de (1) Mestre em

(1) Paiva ,

Soraia

(1) Batista ,

Henrique

(2,3) Vicente ,

Fernanda

(2,4) Daniel

Psicologia Clínica - ISMT, (2) Professor Auxiliar - ISMT (3) Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (4) Centro de Estudos e Investigação em Saúde - Universidade de Coimbra e-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO: A crescente urbanização e envelhecimento demográfico são tendências globais e

AMOSTRA: Não probabilística, por conveniência e método bola de neve; incluiu 215 idosos de várias

nacionais. Nesse sentido, torna-se relevante que as cidades desenvolvam e adotem medidas para a

freguesias de Coimbra, com idades entre 60 e 90 anos (M=71,03; DP=6,97); predominantemente

promoção de um envelhecimento ativo, que se reflitam num aumento da qualidade de vida (QdV). A

feminina (66%), casada (56%), reformada (86%), com suficiente (46%) percepção de saúde.

OMS introduziu a iniciativa Age-Friendly Cities em 2005 com o objetivo de mobilizar cidades em todo o

INSTRUMENTOS: Questionário de dados pessoais (baseado no protocolo de Vancouver); WHOQOL-

mundo para se tornarem mais amigas das pessoas idosas (WHO, 2007). Para tal, desenvolveram uma

Bref, versão portuguesa (Canavarro et al., 2007); Lista de Verificação de Caraterísticas Fundamentais das

checklist de características e um protocolo de investigação qualitativa (denominado protocolode

Cidades Amigas das Pessoas Idosas (adaptado de WHO, 2007), composta por 84 itens, distribuídos em 8

Vancouver), como instrumentos de avaliação. Em Portugal, foram realizados estudos a nível nacional,

dimensões que avaliam diferentes áreas da vida urbana (WHO, 2007): Espaços exteriores e edifícios (12),

com o projeto cIdades (Pinto & Lopes, 2012), e a nível local em Viana do Castelo (Torres & Marques,

Transportes (17), Habitação (7), Participação Social (8), Respeito e Inclusão Social (9), Participação Cívica

2008), Porto (Viana, 2010) e Aveiro (Centeio et al., 2010); contudo, subsiste uma escassez de estudos de

e Emprego (8), Comunicação e Informação (11), e Serviços Comunitários e de Saúde (12). A adaptação

natureza quantitativa, que relacionem as características da cidade com outras variáveis psicossociais.

realizada manteve todos os itens na íntegra, sendo adicionada uma escala de Likert com 5 pontos de

forma a quantificar o grau de satisfação com cada item.

OBJECTIVOS: Avaliar as características psicométricas da adaptação da checklist da OMS; quantificar

Os estudos de fidedignidade apresentam elevada consistência interna em todos os domínios (α = 0,87 -

em que grau é que Coimbra é uma “cidade amiga do idoso”; identificar as dimensões da cidade que se

Espaços exteriores e edifícios; α = 0,92 – Transportes; α = 0,84 – Habitação; α = 0,89 - Participação Social;

correlacionam com a QdV dos idosos.

α = 0,88 - Respeito e Inclusão Social; α = 0,89 - Participação Cívica e Emprego; α = 0,87 - Comunicação e Informação; α= 0,91 - Serviços Comunitários e de Saúde).

Tabela 1. Caracterização demográfica de Coimbra

Tabela 3. Perceção dos domínios segundo a faixa etária

Feminino 76.455

Masculino 66.941

[60 - 74]

75≤

1.

Espaços Exteriores e Edifícios

188

39,3 (16,5)

40

50

0

79

1

135

39,5 (17,7)

53

39,0 (13,3)

0,861

38.499

13.872

2.

Transportes

158

40,0 (17,0)

41

50

2,9

89

2

120

39,4 (17,5)

38

41,8 (15,4)

0,451

20,4%

3.

Habitação

169

34,8 (17,4)

36 39,29a

0

93

3

123

34,2 (18,1)

46

36,5 (15,6)

0,454

449/km2

4.

Participação Social

179

40,9 (20,1)

41

50

0

91

4

127

41,5 (21,0)

52

39,6 (17,9)

0,561

Índice de Dependência de Idosos

29,7%

5.

Respeito e Inclusão Social

170

36,8 (18,8)

38

50

0

94

5

122

36,3 (19,1)

48

38,0 (18,1)

0,584

Índice de Envelhecimento Índice de Sustentabilidade Social

161,4%

6.

Participação Cívica e Emprego

162

25,5 (18,8)

25

,00a

0

94

6

116

25,6 (19,1)

46

25,1 (18,1)

0,861

3,4%

7.

Comunicação e Informação

161

37,9 (17,6)

40

50

0

84

7

110

38,2 (17,8)

51

37,3 (17,4)

0,767

Índice de Longevidade * FFMS, 2014

48,2%

8. Serviços Comunitários e de Saúde a. Existem múltiplas modas

162

44,5 (18,6)

46

47,9

0

90

8 113 44,5 (19,8) *60- 74 anos; **≥75 anos

49

44,5 (15,4)

0,98

População residente por grupo etário Percentagem da população idosa Densidade Populacional

Tabela 4. Perceção dos domínios segundo habilitações literárias Secundário ou Até ao 1.º ciclo Até ao 3.º ciclo Superior n M (Dp) n M (Dp) n M (Dp) F 1 64 41,8 (15,8) 56 38,9 (13,6) 66 37,4 (19,3) 1,2 2 49 43,0 (19,4) 53 38,7 (13,2) 53 38,5 (18,0) 1,1 3 58 35,0 (18,4) 54 33,9 (15,9) 54 33,9 (17,1) 0,1 4 62 45,7 (22,1) 56 39,5 (19,2) 57 36,8 (17,4) 3,2 5 57 38,5 (17,0) 52 36,7 (19,2) 57 33,5 (18,2) 1,1 6 55 25,3 (20,1) 52 25,6 (18,7) 51 23,8 (16,0) 0,1 7 54 40,5 (17,2) 52 36,3 (17,6) 52 35,0 (16,6) 1,5 8 56 45,0 (18,6) 53 45,2 (20,3) 50 42,1 (16,7) 0,4

Medidas sumário M (Dp) Md Mo Min

n

Sig. 0,317 0,325 0,917 0,045 0,33 0,864 0,224 0,647

50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

1. Espaços Exteriores e Edifícios 2. Transportes 3. Habitação

4. Participação Social

39,3

40

34,8

40,9

37,9

36,8 25,5

44,5

5. Respeito e Inclusão Social 6. Participação Cívica e Emprego

7. Comunicação e Informação

Domínios da cidade

Idosos Jovens* n M (Dp)

Max

Gráfico 1. % de satisfação com os domínios da cidade

% de satisfação

Habitantes (Total = 143 396)

Tabela 2. Estatística descritiva dos domínios da cidade

8. Serviços Comunitários e de Saúde

Idosos Idosos** n M (DP)

Sig.

Tabela 5. Correlação entre Cidade e Qualidade de vida Relações Geral Físico Psicológico Ambiente Sociais 1. ,145 -,074 ,032 ,086 ,212** 2. ,228** -,074 ,136 -,049 ,198* 3. ,169* ,002 ,161* ,029 ,212** 4. ,132 -,05 ,055 -,027 ,231** 5. ,179* -,054 ,094 ,035 ,211* 6. ,099 -,134 -,122 -,241** ,029 7. ,105 -,067 ,063 -,036 ,230** 8. ,283** ,019 ,189* -,012 ,309** * Correlação significativa ao nível de 0,05 (bilateral) ** Correlação significativa ao nível de 0,01 (bilateral)

RESULTADOS: A análise das propriedades psicométricas da versão adaptada da Lista revelou que todos

DISCUSSÃO: A Lista de Verificação de Caraterísticas Fundamentais das Cidades Amigas das Pessoas

os domínios apresentaram um boa consistência interna (min - α = 0,84; máx - α = 0,92). As correlações

Idosas não aparentou ser um instrumento amigável para a população em estudo. Afigura-se

significativas da faceta “Ambiente” do WHOQOL-Bref com todos os domínios da adaptação da Lista de

necessária uma reflexão acerca da adequação da lista enquanto instrumento de avaliação,

Verificação (excepto com o domínio “Participação Cívica e Emprego”) indicam validade concorrente.

propondo-se as seguintes possibilidades de melhoramento: alteração da escala de Likert ou

Como aspectos negativos, os respondentes sentiram dificuldades na resposta à escala (generalidade e

utilização de uma escala dicotómica de resposta (ex. verdadeiro/falso); redução do número de itens

pouca especificidade dos itens/afirmações; inadequação da escala de Likert; longevidade e

(ex. realização de um estudo exploratório em focus group com idosos e técnicos que permita a

complexidade).

identificação dos itens a incluir/remover). Por outro lado, a abrangência do conceito “Cidade Amiga

Relativamente à avaliação da cidade, as médias de todos os domínios são inferiores a 50%, indiciando um

do Idoso” torna a sua medição quantitativa difícil. Apesar da Lista de Verificação original ser baseada

nível de satisfação situado entre o “inadequado para o respondente mas aceitável para a maioria das

em sugestões de 33 cidades, não foram tidas em conta as adaptações culturais e linguísticas

pessoas” e o “minimamente aceitável para todos”. O domínio percepcionado como mais negativo foi

necessárias para ser utilizada como um questionário para uma população leiga portuguesa. Para

“Participação Cívica e Emprego” (25,5%), enquanto “Serviços Comunitários e de Saúde” deteve a melhor

estudos futuros, propõe-se o desafio da (re)construção de um questionário que reflita com maior

avaliação subjetiva (44,5%) (ver Tabela 2 e Gráfico 1). Não se verificaram diferenças estatisticamente

precisão as necessidades citadinas da população idosa portuguesa.

significativas quando comparadas as faixas etárias em todos os domínios (ver Tabela 3). Relativamente às

O estudo correlacional permitiu identificar os domínios da cidade que se relacionam com mais

habilitações literárias, os sujeitos com maior qualificação académica revelaram menor satisfação com o

parâmetros da QdV, indicando quais os aspectos da urbe a melhorar e a manter, nomeadamente

domínio “Participação Social” (ver Tabela 4).

“Serviços Comunitários e de Saúde” e “Habitação”. Considerando que a satisfação com os “Serviços

Quanto à relação entre percepção das características da cidade e qualidade de vida, foram encontradas

Comunitários e de Saúde” é a mais elevada, a manutenção da QdV dos idosos em Coimbra parece

diversas correlações estatisticamente significativas (ver Tabela 5). Destacam-se “Serviços Comunitários e

estar intimamente relacionada com a manutenção das políticas e dos próprios serviços de saúde.

de Saúde” e “Habitação” que se correlacionam com três facetas de QdV (“Geral, “Psicológico” e

Por outro lado, considerando que a satisfação com o domínio “Habitação” é a segunda mais baixa,

“Ambiente”) e “Transportes” e “Respeito e Inclusão Social” que se correlacionam com duas dimensões de

tal revela uma área passível de melhorias e intervenção, cujos efeitos se podem repercutir num

QdV (“Geral e “Ambiente”).

aumento da QdV.

Referências Bibliográficas: Centeio, H., Dias, S., Rito, S., Santinha, G., Vicente, H. & Sousa, L. (2010). Aveiro: cidade amiga das pessoas idosas!? Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 13 (3), 369 - 381. FFMS. (2014). População residente segundo os Censos: total e por sexo. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt FFMS. (2014). Densidade populacional segundo os Censos. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt FFMS. (2014). Índice de dependência de idosos segundo os Censos. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt FFMS. (2014). Índice de envelhecimento segundo os Censos. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt FFMS. (2014). Índice de longevidade segundo os Censos. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt FFMS. (2014). Número de indivíduos em idade ativa por idoso segundo os Censos. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt FFMS. (2014). Percentagem total de desempregados em Portugal. PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 8 de Janeiro de 2015, de www.pordata.pt FFMS. (2014). População residente segundo os Censos: total e por grupo etário. PORDATA -Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa. Retirado a 16 de Março de 2014, de www.pordata.pt Paiva, N. (2015). Coimbra, Cidade Amiga da(s) Idade(s) – Percecão da cidade e qualidade de vida nos idosos conimbricenses (Dissertação de Mestrado não publicada). Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra Pinto, T. & Lopes, A. (2012). cIDADES amigas das pessoas idosas? Implicações e Recomendações de um Estudo Nacional: o que dizem os munícipes, o que pensam os especialistas e o que se vivencia nos espaços. Acedido em www.cidades.projectotio.net Torres, M. & Marques, E. (2008). Envelhecimento ativo: um olhar multidimensional sobre a promoção de saúde. Estudo de caso em Viana do Castelo. VI Congresso Português de Sociologia Viana, J. (2010). Porto, Cidade Amiga das Pessoas Idosas: Um estudo centrado na perspectiva de idosos das Freguesias de Miragaia e Vitória (Dissertação de Mestrado não publicada). Escola Superior de Tecnologia do Porto, Porto. WHO (2007). Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas. Geneva: World Health Organization

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