Participação do idoso autônomo na decisão familiar de se institucionalizar

July 5, 2017 | Autor: Patrick Wachholz | Categoria: Geriatrics, Gerontology
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Artigo Original

Participação do idoso autônomo na decisão familiar de se institucionalizar Participation of the autonomous elderly in the familiar decision of institutionalization Cristiane Barbieri Santos1, Patrick Alexander Wachholz2 1 – Médica. Especializanda em Gerontologia da Universidade Positivo. 2 – Médico. Especialista em Clinica Médica (SBCM). Especialista em Geriatria (SBGG). Especialista em Gerontologia (UFSC). Professor dos Cursos de Especialização em Gerontologia Social e em Geriatria da Universidade Positivo. Preceptor do Programa de Residência Médica em Geriatria da PUCPR. Endereço para correspondência: Cristiane Barbieri Santos*: Rua Barão de Guaraúna,234 Curitiba PR - Email [email protected]

Resumo

ABSTRACT

A decisão pela institucionalização de um idoso muitas vezes é adotada pela família, sem a consulta, consentimento ou anuência do mesmo. Poucos estudos abordam o impacto desta participação na melhor ou pior capacidade de adaptação a nova vida de coletividade. O objetivo deste estudo é identificar a participação de idosos cognitivamente aptos na decisão por institucionalizar-se e analisar o impacto desta participação na capacidade de adaptação a instituição. Tratase de um estudo qualitativo, adotando metodologia de análise de conteúdo. Foram entrevistados sete idosos com aptidões cognitivas consideradas normais e tempo de residência na instituição superior a seis meses. Utilizou-se técnica de entrevista individual semi-estruturada, registrada com gravador eletrônico, mediante o emprego de questões norteadoras que procuraram orientar as conversas, identificando a situação e história de vida anterior à institucionalização, e como foi a adaptação a realidade da mesma, sempre os direcionando a refletirem se participaram ou não desta decisão. A análise do conteúdo revelou as seguintes categorias de análise: não participação na decisão da família com boa adaptação a vida em instituição; não participação da família com má adaptação; participação na decisão da família com boa adaptação e; participação na decisão da família com má adaptação. As melhores adaptações na instituição se deram com os indivíduos que expressaram suas opiniões, fossem para a permanência no lar ou não. Conclui-se que educação de empoderamento se faz mister como estratégia de ganho de saúde, na medida em que aumenta a credibilidade destas e permite maior satisfação com a própria condição.

The decision about the institutionalization of aged is usually adopted by the family, without the consultation, assent or consent of the elderly. Few studies focus on the impact of this participation in the capacity of adaptation to the new life of collective. The objective of this study is to identify the participation of aged with intact cognitive functions in the decision for institutionalizing themselves, and analyzing the impact of this participation in the adaptation of living in the institution. This is a qualitative study, adopting methodology of content analysis. Seven aged with normal cognitive functions, living in the institution for more than six months had been interviewed. Technique of half-structuralized interview was adopted, with individual interview registered with electronic recorder, using guiding questions to identify the situation and history of previous life to the institutionalization, and how it was the reality of the the adaptation, always directing them to reflect if they had participated or not of this decision. The analysis of the content disclosed the following categories of analysis: not participating in the family´s decision with good adaptation to the life in institution; not participating with bad adaptation; participating in the family´s decision with good adaptation, and; participation in the decision with bad adaptation. The best adaptations to the life in the institution were found with the individuals that had expressed its opinions, were for the permanence in the home for the aged or not. We conclude that education of empowerment is important as strategy of health profit, in order to increase the credibility of these aged and to allow them a greater satisfaction with themselves and their own condition.

Descritores: Idosos, autonomia, asilos

Keywords: aged, autonomy, homes for the aged,

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INTRODUÇÃO

O aumento exponencial da população de idosos é um fenômeno global, resultante de transformações demográficas e modificações do perfil epidemiológico das sociedades modernas no último século. Esse fenômeno é tão novo que as demandas de uma sociedade envelhecida só recentemente têm sido conhecidas, assim como o impacto desse processo, inédito na história da civilização1. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios 2 , esse envelhecimento vem modificando os padrões de morbimortalidade da população brasileira ao aumentar a prevalência das doenças crônico-degenerativas e, consequentemente, da dependência funcional inerente a essas condições. Esse aumento indireto na prevalência de dependência funcional mantém íntima correlação com a crescente demanda de suporte social e em saúde, tendo em vista que boa parte do contingente da atual coorte de pessoas idosas apresenta, em maior ou menor grau, restrições para execução de atividades básicas e instrumentais de vida diária 2 . Diversos elementos contribuem para a redução da possibilidade de envelhecer em ambiente familiar seguro: novos arranjos familiares (como mulheres sós, mães solteiras e casais sem filhos), além da participação feminina no mercado de trabalho, retiram do domicílio a figura tradicionalmente determinada para cuidar dos pais ou sogros envelhecidos3. Essa associação de maior prevalência de dependência funcional e menor disponibilidade de estrutura familiar para o abrigo seguro das necessidades inerentes ao envelhecimento culminou, nas últimas décadas, com um drástico aumento nas taxas de institucionalização de idosos4. A despeito dos estereótipos e estigmas que ainda permeiam o imaginário popular quando o assunto é “asilo”, as modernas instituições de longa permanência para idosos (ILPI) são atualmente regidas por normas e determinações precisas (como as da Agência Nacional de Vigilância Sanitária5) e têm papel importante e fundamental no panorama do envelhecimento urbano, ao atuar como promotoras do bemestar, preservando a identidade e a privacidade desses idosos, assegurando um ambiente de respeito e dignidade. Entende-se, entretanto, que a transferência do próprio lar para uma ILPI consiste em imensa transformação no estilo de vida de cada pessoa. Muitos idosos podem perceber a institucionalização como um abrigo para exclusão e solidão. Outras vezes, porém, a transferência para um “lar de idosos” ainda permeia uma série de preconceitos, medos e insegurança. A decisão pela institucionalização muitas vezes é adotada pela família, sem a consulta, consentimento ou anuência do idoso. Por tratar-se de foro íntimo e ainda revestido de preconceitos, pouco efetivamente se conhece sobre a consulta ou participação do idoso nessa decisão. Não obstante, menos ainda se estuda sobre o impacto que essa participação pode determinar na melhor ou pior capacidade de adaptação à nova vida de coletividade em uma longa permanência. O objetivo deste estudo é identificar a participação de idosos 12

cognitivamente aptos na decisão por institucionalizar-se em população de uma instituição privada de longa permanência para idosos em Curitiba-PR, bem como analisar o impacto dessa participação na capacidade de adaptação ao estilo de vida inerente à instituição, com vistas a estimular o debate sobre a capacidade de empoderamento dos idosos e o respeito à autonomia destes na tomada de decisões familiares que os envolvam diretamente. MÉTODOS

O presente estudo tem natureza qualitativa e adotou a metodologia de análise de conteúdo. A população-alvo foi constituída pelos idosos residentes em uma instituição de longa permanência de caráter privado e particular, localizada na cidade de Curitiba-PR. Dos dez hóspedes residentes no período da realização da pesquisa, sete foram incluídos no estudo após preencher os seguintes critérios: idade maior ou igual a 60 anos; aptidões cognitivas consideradas normais durante avaliação médica e escore igual ou superior a 24 pontos no Mini-Exame do Estado Mental de Folstein; residir na ILPI há no mínimo seis meses. Os idosos selecionados foram individualmente convidados a participar do estudo e, após obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram submetidos a entrevistas semiestruturadas, cujo conteúdo foi registrado em aparelho gravador (mediante consentimento) para posterior análise, organização dos textos construídos pelos resultados das entrevistas e a categorização das unidades que representaram a síntese dos conteúdos nele presentes. As questões que nortearam a entrevista procuraram orientar as conversas com os idosos, identificando a situação e história de vida anterior à da institucionalização e como foi a adaptação à realidade da mesma, sempre os direcionando a refletir se participaram ou não dessa decisão. A entrevista foi essencialmente imparcial, de modo a não influenciar positiva ou negativamente as percepções do entrevistado e obter maior veracidade quanto ao impacto dessa participação na decisão pela institucionalização e a adaptação ao novo ambiente de moradia. O presente estudo respeitou as normas e princípios éticos dispostos na Resolução nº 196/96 e Declaração de Helsinque. Todos os entrevistados concordaram voluntariamente com sua participação após preenchimento de termo esclarecido e informado de consentimento. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O grupo entrevistado foi constituído por sete idosos, sendo cinco mulheres e dois homens, com idade média de 84,5 anos. Todos possuem elevados índices de escolaridade (nível superior) e pertencem ou pertenceram às classes sociais média e média alta. A maioria dos entrevistados declarou-se católica; dois eram casados entre si e outros cincos, viúvos. Anteriormente à institucionalização, quatro dos idosos estavam morando ENVELHECIMENTO E SAÚDE 15(4) - 2009

sós e três com um familiar de primeiro grau. A tabela 1 apresenta as principais características demográficas da amostra estudada. Tabela 1. Características sociodemográficas da amostra estudada. Curitiba, 2008. Idade (em anos)

Tabela 2. Distribuição das categorias de respostas de acordo com o discurso dos idosos entrevistados e número de idosos em cada categoria. Categoria

Idosos (n)

Não participação na decisão da família pela institucionalização, com boa adaptação à vida em ILPI.

2

Não participação na decisão da família pela institucionalização, com má adaptação à vida em ILPI.

1

n

%

60 a 75

2

28

76 a 85

2

28

86 ou mais

3

43

Participação na decisão da família pela institucionalização, com boa adaptação à vida em ILPI.

3

Masculino

2

28

1

Feminino

5

72

Participação na decisão da família pela institucionalização, com má adaptação à vida em ILPI.

Gênero

Escolaridade Nível superior

7

100

Religião Católica

5

72

Espírita

1

14

Ateu

1

14

Estado Civil Casado

2

28

Viúvo

5

72

Solteiro

0

0

Nenhum

0

0

Número de filhos Um

3

45

Dois a três

2

28

Quatro ou mais

2

28



4

55

Com familiares

3

45

Residência antes da institucionalização

A prevalência de exclusão e abandono social entre idosos institucionalizados é considerável: a percepção de restrição das relações e laços de amizade, as dificuldades para o aceso aos lugares e contextos nos quais foram edificadas suas histórias de vida são frequentemente percebidas no conteúdo dos discursos desse público3. Logo, as moradias de longa permanência não podem deixar de fundamentar seus princípios terapêuticos no estímulo ao exercício do direito à individualidade, medidas estas que são os alicerces do empoderamento pessoal 6. Na análise do conteúdo dos discursos colhidos durante as entrevistas individuais, algumas categorias de análise foram extraídas e acabaram por representar as vivências dos gerontes em questão: não participação na decisão da família com boa adaptação à vida em instituição; não participação da família com má adaptação; participação na decisão da família com boa adaptação; e participação na decisão da família com má adaptação (tabela 2). ENVELHECIMENTO E SAÚDE 15(4) - 2009

Não participação da decisão familiar com boa adaptação Nas falas das duas entrevistadas identificadas nesta categoria fica evidente a manifestação de tristeza e descontentamento pela decisão não compactuada ou consentida dos filhos pela institucionalização. São idosas que, a despeito de manter independência funcional e autonomia preservadas, foram institucionalizadas devido à percepção (pela família) de elevada fragilidade, ou incapacidade familiar de prover/ dispor companhia constante e segura a essas gerontes. A média de idade desse grupo foi superior a 85 anos. As idosas assim categorizadas, apesar de manifestar seu descontentamento com a não participação na decisão pela institucionalização, deixaram perceptíveis em seus discursos que decisões do cotidiano já eram assumidas pelos filhos ou responsáveis também em outros campos da vida pessoal. “Eu tinha uma casa tão boa... e não sei por que a minha filha vendeu. Aí vim para cá, sabe... não sei... ela achou bom! E ela sempre sabe o que é bom, né...’’ (Dona MDG). Outra entrevistada assim categorizada reforça sentimentos de tristeza, submissão e confusão emocional com a decisão dos filhos, deixando à mostra a ausência do diálogo familiar e a ineficiência pessoal em evitar aquilo que não lhe seria agradável: ‘’Sei lá, deu a louca nos meus filhos.... [...] venderam tudo, tudinho, até minha poltrona de leitura. Quando vi, não tinha mais casa, mais nada. Aqui é bom, mas sinto falta do meu canto...muito mesmo”. (Dona NR) “Ah, se o pai [referindo-se ao marido] fosse vivo... a gente tava era lá em casa, ô se tava....(Dona MDG) Apesar da insatisfação por não ter participado da decisão familiar pela própria institucionalização, essas idosas não apresentaram problemas ou dificuldades na adaptação à vida em instituição de longa permanência. O empoderamento pessoal (talvez por tratar-se de mulheres cujas histórias de vida descrevem uma autoridade patriarcal muito forte) já parece ter sido perdido quando do princípio da viuvez de ambas. Percebem, apesar de não valorizarem, que detêm autonomia e poderiam ter questionado ou participado da decisão, mas acataram as mesmas como a “boa esposa, assistindo o marido”. 13

Não participação na decisão familiar com má adaptação A entrevistada categorizada neste grupo, ao contrário das anteriores, se mostrou clara e objetivamente contrária em relação à decisão do único filho: “Eu falei: vou ver se gosto [falando em relação à decisão do filho pela institucionalização]... Enquanto isso não quero que entrem no meu apartamento nem fiquem bisbilhotando minhas coisas. Mas entraram, e me trouxeram pra cá. Disse: traga o meu cartão do banco, ele fica comigo, vai saber. Aí... não gostei, exigi do J. que me tire daqui! [...] eles que se virem, pensam que me enganam?‘’ (Dona ZJ). Esta foi exatamente a idosa que maiores dificuldades encontrou na adaptação à vida em coletividade. Da falta de assiduidade às atividades comuns (refeições, atividades ocupacionais, etc) à indisponibilidade para o diálogo, a entrevistada deixa claro que sua postura é uma “retaliação” à decisão não consentida pela transferência à longa permanência. Participação da decisão da família com boa adaptação Dois entrevistados se mostraram absolutamente tranquilos com a transferência para a longa permanência, tendo confirmado que participaram da decisão dos filhos pela institucionalização e que essa participação facilitou o processo de adaptação ao novo estilo de vida. “Ah, é melhor assim! Quando eles me perguntaram, eu disse que já tinha pensando nisso mesmo, e que achava bom... Depois eu vejo o que faço com a casa. [..] Aqui é tudo gente boa, a gente quando quer aprende melhor a conviver com todo mundo, né? “(Seu MC). “Só não digo que gosto muito mesmo porque não tem praia, mas indo todo mês para praia, tá bom. Aqui tem comidinha boa, tá certo... E como fui eu quem quis vir, tá muito bom. O que vamos fazer agora, lanchar ou ver televisão?‘’ (Seu AN). “Aqui a gente não se preocupa com nada e também não preocupa os filhos... Era só isso que eu queria, sabe? (Seu MC.) Os dois entrevistados que manifestaram boa adaptação à nova vida em instituição e que participaram da decisão familiar pela transferência eram homens. As questões de gênero, mesmo em modelos contemporâneos de família, ainda são preponderantes na hora de definirem-se por condutas significativas na vida dos entes mais idosos7. É evidente que a capacidade de manutenção do empoderamento pessoal nos homens idosos da sociedade moderna é ainda muito superior à capacidade de suas parceiras. E talvez essa tenha sido a chave, aliada às facilidades que a vida em instituição lhes proporciona (refeições prontas, não necessidade de realizar atividades domésticas, tempo para fazer o que desejarem), que permitiu a esses idosos adaptarem-se com mais tranquilidade a nova realidade de convívio. Por comum acordo, a esposa do primeiro entrevistado optou por reafirmar todas as declarações do marido, confirmando ter sido consultada quanto à transferência para longa permanência e ter se sentido mais à vontade após a mesma. 14

Participação na decisão da família com má adaptação A última entrevistada se mostrou confusa, ora submetida a sentimentos de opressão, ora de dominação. Confirmou ter participado da decisão, mas, aparentemente, esse consentimento não foi completo ou foi exercido sob forte pressão psicológica: “As vezes, eu tenho vontade de matar a minha filha... Fazer isso comigo? Ela tá lá na minha casa, no bem bom... Eu sei que disse que queria vir, mas... Se bem que ela fez isso para o meu bem...‘’ ( Dona IR ). Apesar da reduzida amostra, o reconhecimento da participação ou não na decisão por institucionalizar-se emergiu, durante todos os discursos ouvidos, como algo que mobilizou o emocional de cada idoso. Tenha sido essa mobilização positiva, apresentada como sensação de orgulho, tenha sido ela manifesta por silêncio ou lágrimas, ficou evidente que a percepção de inutilidade ou menos valia exacerbou-se quando a capacidade de empoderamento dos idosos não foi devidamente respeitada. Traduzido do inglês empowerment, o empoderamento constitui-se termo de ampla conversão para a língua portuguesa, podendo também ser entendido como fortalecimento, processo pelo qual as pessoas obtêm controle sobre sua vida, adquirindo os meios necessários para a realização das possibilidades que se querem 7. Com o passar dos anos, nota-se um processo de desempoderamento natural, seja devido à diminuição das capacidades funcionais, seja pelas mudanças que trazem consigo perda de autonomia de poder pessoal. Essas perdas são reais e acabam por tornar o indivíduo idoso (especialmente a mulher que envelhece só) mais vulnerável6-7. Há, então, a necessidade da manutenção ou do reempoderamento. O reempoderamento pode ser readquirido ou reintroduzido, não sem árduo esforço de revalorização e acreditação. É transparente que essa capacidade varia conforme o meio cultural, o estímulo e a adequação do ambiente em que se viveu, sendo tanto mais manipulável quanto mais breve for introduzida7. Nesse contexto, há de se considerar a família. Esta, que constitui a base sólida e referência de toda uma vida, extremamente valorizada nas décadas passadas comparativamente ao presente, exercerá imenso impacto na decisão de futuro do idoso8. A disposição em consultar a pessoa idosa e tomar por válida sua opinião antes da decisão por uma intervenção, seja ela um procedimento diagnóstico em saúde, uma decisão financeira ou a transferência para uma instituição, irá adquirir caráter diferencial e propulsor no sucesso de um indivíduo perante seu meio comunitário. Através do empoderamento, segundo Teixeira 8, os indivíduos têm habilidades de conseguir o controle sobre suas forças pessoais, socioeconômicas e políticas, agindo de modo a melhorar sua situação de vida, sobretudo em estados de pressão ou opressão. Quanto maior o empoderamento pessoal, maior a sensação de controle sobre si mesmo 8-10 e, portanto, maior a ENVELHECIMENTO E SAÚDE 15(4) - 2009

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capacidade de agir por si próprio, girando uma roda de positividade cujo eixo é o próprio geronte. Há de se entender então o processo pelo qual tramita o indivíduo, questionando o que o faz plena e voluntariamente se desfazer dessa habilidade, deixando-se institucionalizar quando não se deseja tal fato. Fica evidente que, seja qual for a decisão tomada, o bemestar e a segurança em si mesmo somente ocorrerão nos indivíduos que fizerem valer suas opiniões, proporcionando-lhes melhor adequação e capacidade de adaptação ao novo iminente estilo de vida. É transparente que a tristeza e o sentimento de menos valia caminharam juntos com os gerontes que se desempoderaram, transformando-os em saudosos viventes do passado, algo como que esperançosos de que a vida retorne ao que era.

CONCLUSÃO

Indivíduos empoderados são indivíduos autossuficientes que conseguem manter seus estilos de vida autônomos em todo o ciclo de vida, principalmente na velhice. São indivíduos que participam do processo decisório concernente aos eventos de si próprios e alcançam com isso melhor qualidade de vida. Em nossa pesquisa, as melhores adaptações na ILPI se deram com os indivíduos que expressaram suas opiniões, fossem para a permanência no lar ou não. Logo, educação de empoderamento se faz mister como uma estratégia de ganho de saúde, na medida em que aumenta a credibilidade de as pessoas atingirem sua meta, tornando-as mais satisfeitas e, portanto, mais felizes. A educação empoderada pode e deve se iniciar na esfera individual, para então se somar na esfera social, fortalecendo as comunidades e tornando-as verdadeiramente autônomas e saudáveis.

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