PERSPECTIVA GEOMORFOLÓGICA DO SÍTIO PA-AT-330: BOA ESPERANÇA II, CARAJÁS (PA

June 3, 2017 | Autor: Victor Fernandes | Categoria: Archaeology, Landscape Archaeology
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PERSPECTIVA GEOMORFOLÓGICA DO SÍTIO PA-AT-330: BOA ESPERANÇA II, CARAJÁS (PA) Bolsista: Victor Geovani Fernandes Carréra Brasil* Orientador: Carlos Augusto Palheta Barbosa** Geoarqueologia

As investigações arqueológicas voltadas ao processo de colonização antiga da Amazônia brasileira na região de Carajás, sudeste paraense, permitem evidenciar a partir de análises interdisciplinares e metodológicas como essas populações pioneiras no processo da história humana na região interagiam com os ecossistemas nativos em variados estágios de organização social, econômica, política e cultural. A unidade geomorfológica Serra dos Carajás se caracteriza por um relevo acidentado de um conjunto de morros elevados, por vezes apresentando aspecto montanhoso, frequentemente encimado por superfícies tabulares sustentadas por cangas lateríticas. Esses esparsos platôs atestam uma antiga superfície de aplainamento de idade neocretácica (VASCONCELOS, 1996), posteriormente dissecada ao longo do Cenozoico. Esses terrenos estão cobertos por matas de Terra Firme (ombrófilas densas), exceto nos afloramentos de canga. A unidade se enquadra, topograficamente, em meio às Superfícies Aplainadas do sul da Amazônia. O sítio Boa Esperança II situa-se na serra Sul de Carajás, está localizado na margem direita do rio Sossego à esquerda da sub-bacia do rio Parauapebas (tributário do rio Itacaiúnas), figura 1. A área é naturalmente bem protegida por morros, figura 2, levemente aplainados e ainda conta (na direção Leste) com uma área alagada (hoje extremamente assoreada) que no passado pode ter sido importante para a economia das populações que por lá viveram (talvez um lago) (Magalhães, 2013). O trabalho apresenta dados preliminares de estudos com a finalidade de propor hipóteses através de informações, observações e análises geomorfológicas por meio dos meandros abandonados, figuras 3 e 4, vestígios de ocupações antigas da Cultura Tropical (caçadorescoletores). É notório perceber que a dinâmica fluvial interfere no relevo e pode interferir nos padrões de ocupação na margem do rio, variando no espaço geográfico em períodos distintos de tempo, segundo o clima, índice pluviométrico e fenômenos climáticos em larga escala. Devido ao grande potencial da área de estudo, é bastante provável encontrar cultura material submersa e/ou distante das margens dos rios, que talvez comprovem ocupações muito mais antigas do que as populações agricultoras ceramistas identificadas na área. Assim será possível compreender e identificar os nichos de ocupação humana na margem do Sossego e nesse contexto entender como a hidrografia influência na ocupação desses ambientes culturais. Além da bibliografia referente ao tema e os relatórios provenientes das etapas de campo, será dada continuidade com a leitura do curso hídrico que banha o sítio arqueológico em questão. Métodos comparativos de estudo do rio sossego serão aplicados a partir da análise do sítio PA-AT331: MANGANGÁ, que faz parte do mesmo complexo e possui características parecidas com o PA-AT-330: BOA ESPERANÇA II. Com a percepção da dinâmica fluvial, levando em consideração a velocidade do curso do rio, seu fluxo e sinuosidade, será possível entender o deslocamento de matérias-primas úteis por populações pretéritas.

Figura 1: Localização do sítio arqueológico Boa Esperança II na margem direita do sossego, Serra Sul de Carajás/PA.

Figura 2: Panorama do sítio Boa Esperança II. Observa-se a heterogênea topografia da paisagem. Foto: Schmidt, 2013.

Figura 3: Trecho do Rio Sossego com características de meandro no sítio Boa Esperança II, Carajás. Foto: Morgan Schmidt, 2013.

Figura 4: Exemplo de meandro abandonado no sítio arqueológico Paso del Otero, Argentina. Modificado.

• JOÃO, Xafi da Silva Jorge. Geodiversidade do estado do Pará / Organização Xafi da Silva Jorge João, Sheila Gatinho Teixeira, Dianne Danielle Farias Fonseca. – Belém: CPRM, 2013. • MAGALHÃES, Marcos Pereira; GUAPINDAIA, Vera; SCHMIDT Morgan; AIRES, João; BARBOSA, Carlos; CHUMBRE, Gizelle; PAIXÃO, Ladyane; GAMA, Tatiane. 2º Relatório Técnico- Científico do Programa de Estudos Arqueológicos na Área do Projeto Ferro Carajás S11D. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, Junho/ julho de 2013. • VASCONCELOS, P. M. Paleoclima e evolução geomorfológica da região de Carajás: evidência geoquímica e geocronológica. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DA AMAZÔNIA, 5., 27/05 a 02/06, 1996, Belém. Anais... Belém: SBG - Núcleo Norte, 1996. p. 2630.

*Graduando em Geografia (Bach/ Lic) - Universidade Federal do Pará. Bolsista do Museu Paraense Emílio Goeldi/ CCH/ Área de arqueologia. **Arqueólogo e pesquisador do Projeto Arqueológico Carajás/ Museu Paraense Emílio Goeldi/ CCH/ Área de arqueologia

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