PESQUISAS COM BEBÊS E CRIANÇAS EM ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS

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PESQUISAS COM BEBÊS E CRIANÇAS EM ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO

INFANTIL:

POSSIBILIDADES

METODOLÓGICAS Gabriela G. de C. Tebet* Anete Abramowicz**

1. Introdução Este artigo sintetiza parte do debate ocorrido no “I Seminário CEDEI - A pesquisa na Educação Infantil: imagens, tempos e espaços”, realizado na Universidade Federal do Maranhão em novembro de 2014 t. O texto que aqui propomos se assenta em uma pesquisa bibliográfica sobre as principais abordagens da Sociologia da Infância de língua Inglesa1 e parte de uma reflexão sobre os principais conceitos e metodologias propostos por este campo teórico. Deste modo, apresentaremos uma síntese das principais epsitemologias propostas pelas distintas abordagens da Sociologia da Infância, ressaltando as possibilidades de pesquisas com as crianças e também com os bebês. Dentre as diversas possibilidades metodológicas para as pesquisas dessa natureza, destacamos a cartografia e a elaboração de mapas de trajetos e de afetos (DELEUZE, 1997); há também propostas de metodologias de escuta, tal como a abordagem do mosaico pro1

O debate proposto é fruto de uma discussão presente na pesquisa de doutorado realizada por Tebet (2013) no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar com financiamento do CNPq.

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posta por Clark e Moss (2001); e ainda há possibilidade de fotografias e vídeos feitos por crianças e bebês, tal como demonstram os resultados da pesquisa realizada por César Donizetti P. Leite em uma creche da rede pública de Rio Claro (Freire, D., 2014), além de outras pesquisas. A seguir diagramamos a sociologia da infância em 5 vertentes denominadas: Sociologia da Infância estrutural-categorial; Sociologia da Infância Estrutural-relacional; Sociologia da Criança; Sociologia do Discurso das Crianças e da Infância e a Sociologia da Infância Pós-Estrutural.

2. A Sociologia da Infância estrutural-categorial Esta abordagem se apoia, sobretudo, nas ideias do sociólogo dinamarquês Jens Qvortrup e em seus estudos macroestruturais e comparativos (vide, por exemplo, QVORTRUP, 1993, 1994, 1999, 2002, 2005a, 2005b, 2005c). Em suas publicações, o autor busca definir a infância em termos conceituais, ou seja, em termos daquilo que é comum a todas as crianças, ressaltando a importância de que pesquisas estatísticas adotem as crianças como uma categoria independente de análise de dados, oferecendo assim elementos para pesquisas sobre a infância. Na sua perspectiva, a “infância” considerada como singular é um conceito estrutural e analítico central para pesquisas sociais, tal como o são os conceitos “classe social” e “gênero”. Desta forma é singular na medida em que em todas as sociedades há um lugar na estrutura social denominada infância. Nesta estrutura social habitam diferentes gerações de crianças (aqui sim no plural). 251

No que diz respeito ao estudo dos bebês, ressaltamos as limitações dos conceitos trazidos pelo autor e apontamos que para os bebês, a infância existe apenas como potencialidade, mas nunca como coletividade ou realidade concreta tal como conceitua Mannheim (1982), pois a ideia de “geração enquanto realidade” envolve a existência de um nexo concreto entre os participantes de uma dada geração, que não ocorre no caso dos bebês, e a noção de “estrutura” pouco contribui para o estudo da condição singular vivida pelos bebês. Assim, ainda que pesquisas macroestruturais e comparativas possam ser realizadas tendo os bebês como categoria analítica, pesquisas dessa natureza somente nos proverão de informações sobre a geração dos bebês como potencialidade. Nos ajudam a definir a necessidade de políticas públicas específicas mas pouco nos dirão sobre as relações cotidianas, as aprendizagens, as vivências ou o desenvolvimento das crianças e dos bebês.

3. Sociologia da Infância Estrutural-relacional

A abordagem estrutural-relacional tem, dentre suas principais autoras,

as

sociólogas

Leena Alanen

e

Berry

Mayall,

que

compreendem as crianças como grupos minoritários na nossa sociedade. Trata-se de uma abordagem que dialoga sobremaneira com os estudos feministas e que compreendem que as ordens geracionais, assim como as ordens de gênero, são marcadas por relações de dominação, tal como afirma Mayall. Para a autora,

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As feministas forneceram uma crítica dos conceitos sociológicos tradicionais, mostrando como eles foram concebidos a partir de do ponto de vista do homem e das posições de poder masculino. Elas reanalisaram a divisão do trabalho para mostrar que o conceito de ordem social compreendendo os domínios público e privado é uma construção social, e para problematizar o pressuposto de que “trabalho” é apenas aquele que é feito, remuneradamente, no domínio público (...) Essas críticas abriram o caminho para desenvolver conceitos que permitem análises de como a ordem social funciona, levando em consideração as mulheres. As mulheres têm demonstrado como o trabalho feminino sustenta o trabalho masculino; a ordem de gênero é essencial para as relações de dominação (SMITH, 1999, p. 4-8). De modo similar, nós podemos argumentar que o trabalho das crianças sustenta o trabalho dos adultos; a ordem geracional é similarmente uma parte constituinte das relações de dominação (MAYALL, 2002, p. 24).

Os estudos nessa abordagem têm como foco as relações intergeracionais a partir das quais diversas infâncias são construídas cotidianamente. Estes processos de construção cotidiana das relações por meio de redes de relações são denominados pelas autoras “estruturação geracional” e “ordenamento geracional”, de modo a atribuir às gerações esse caráter mais dinâmico e menos estático. Nessa perspectiva, a partir de um diálogo com Pierre Bourdieu e a noção de “campo” proposta por ele, Alanen (2009) 2, propõe o estudo das disputas intergeracionais

2

Este foi traduzido para o português e está disponível no endereço: http://www.fecilcam.br/revista/index.php/nupem/article/view/588.

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existentes no interior de cada campo e o papel desempenhado por seus agentes e atores; propõe a análise dos campos científicos, tal como definida por Bourdieu (1983). Trata-se de uma perspectiva interessante que leva em conta não apenas a relação das crianças entre si e com as estruturas, mas também a relação das crianças com atores de outros grupos geracionais. No interior da perspectiva estrutural, a abordagem proposta por Alanen tem a vantagem de levar em consideração as redes de relações que envolvem os bebês. A teoria dos campos de Bourdieu e a metodologia de pesquisa a ela inerente permitem estudarmos a posição ocupada pelos bebês em distintos campos (tal como a família), bem como as práticas e relações por meio das quais os bebês deixam de ser meros participantes amadores e progressivamente se constituem como agentes no interior dos campos de que participam, passando assim da condição de bebê para a condição de criança.

4. Sociologia da Criança A abordagem que denominamos como Sociologia da Criança é aquela que busca compreender a perspectiva das crianças, suas experiências,

relacionamentos

e

conhecimentos,

tendo

como

conceitos centrais as noções de “culturas de pares” ou “culturas infantis”. Um dos principais autores dessa perspectiva é o Sociólogo americano William Corsaro. Seus estudos utilizam como metodologia a etnografia, a fim de captar os elementos das culturas infantis. A partir da interpretação dessas culturas, Corsaro desenvolveu o conceito de “Reprodução Inter-

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pretativa” para se remeter às características produtivas e reprodutivas que marcam as culturas das crianças. Todavia, a ideia de culturas de pares não se aplica aos bebês, uma vez que para o autor, esses possuem uma ação limitada nas rotinas culturais e não constituem “grupos de pares”. Assim, frente à insuficiência dos conceitos da Sociologia da Infância Estrutural e da Sociologia da Criança

para os estudos dos bebês, buscamos as

contribuições da Sociologia do Discurso das Crianças e da Infância, sobretudo presentes em textos de Jenks (2005) e Prout (2005 e 2010) e propomos um diálogo com o conceito de “processos de singularização” (GUATTARI e ROLNIK, 1986), mas destacamos a potencialidade do modelo da teia global de Corsaro para o estudo das redes e agenciamentos criados pelos bebês nos diversos espaços e campos em que estão inseridos. No que diz respeito ao uso da etnografia em pesquisas com crianças e também com bebês, ressalta-se que essa metodologia tem se colocado como uma importante ferramenta para o estudo das culturas infantis e das vivências das crianças. (Delgado e Muller, 2005; Corsaro, 2011) Uma pesquisa3 de artigos na Biblioteca científica eletrônica on line SciELO-Brazil com composições diversas dos buscadores “etnografia”,

“etnográfica”,

“etnográfico”,

“criança”,

“crianças”,

“infância” e “infâncias” nos permitiu visualizar como as pesquisas com crianças e infância(s)

3

Pesquisa realizada em 2011 e apresentada Seminário Internacional "Pesquisa e Infância: desafios que as crianças lançam à etnografia", organizado pelo CIIE da FPCEUP e CRIA/FCSH-UNL e realizado entre os dias 3 e 4 de novembro de 2011 em Porto (Portugal).

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vêm sendo abordada em uma parte da produção acadêmica brasileira4. A análise do conjunto de artigos identificados, revelou um conjunto de 26 pesquisas feitas com crianças, dos quais 4 pesquisas tomam como sujeitos crianças com idade entre zero e três anos (15,38%), 10 envolveram crianças de quatro a seis anos (38,46%), 3 pesquisas envolveram crianças com idades entre cinco e sete anos (11,54%) e 14 pesquisas foram realizadas com crianças com mais de seis anos (53,85%). Os resultados apresentados evidenciam a prevalência de pesquisas que tem como foco crianças com mais de 6 anos e a marginalização das crianças de zero a três anos como sujeitos de pesquisa em estudos etnográficos, o que pode ser constatado pelo reduzido número de pesquisas que as envolve. Outro aspecto que vale ressaltar é o fato de que a etnografia não é uma metodologia de pesquisa utilizada sempre de modo independente, uma vez que ela é compreendida como um 'multimétodo' de pesquisa (Taylor, 1994 citado por barros e Fiamenghi Jr, 2007). Nas pesquisas localizadas e nossa busca, as seguintes

metodologias

aparecem

associadas

à

etnografia:

entrevistas, observação, observação participante, registros escritos e videográficos, relatos ou narrativas, registros fotográficos, análises documentais, histórias de vida e grupos focais, desenhos feitos por crianças, dentre outros.

4

Destaca-se que, nesta busca, alguns artigos de autores estrangeiro foram localizados, e compõem o universo da pesquisa, uma vez que foram traduzidos e publicados em revistas brasileiras e têm influenciado a pesquisa brasileira. Em especial, Corsaro (2005), Alderson (2005), Sirota (2005)

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Dentre as pesquisas realizadas com crianças com idade inferior a três anos, as metodologias de pesquisa adotadas de modo complementar à etnografia foram o uso de gravações em vídeo e das notas de campo da professora e de uma observadora (Carvalho, 2009) e a realização de filmagens, transcrições das filmagens (transcrições de episódios de brincadeira) e diário de bordo (Kishimoto e Ono, 2008).

5. Sociologia do Discurso das Crianças e da Infância Essa abordagem foi construída por autores que se ocuparam da construção discursiva dos conceitos „criança‟ e „infância‟, na perspectiva do Construcionismo Social. Essa abordagem também tem sido denominada como Sociologia da Infância Desconstrutivista (ALANEN, 2001, 2010; HENGST e ZEIHER, 2012), mas ainda que a desconstrução de determinados discursos sobre as crianças e a infância tenham marcado as primeiras publicações dessa abordagem, entendemos que essa não é a sua principal marca, razão pela qual não

adotamos

essa

nomenclatura.

Defendemos

que

a

sua

característica principal está ligada à compreensão da infância como uma construção discursiva e por esse motivo a denominamos como Sociologia do Discurso das Crianças e da Infância. Podemos identificar como uma das principais obras dessa abordagem, o livro de Philippe Ariès (2006), História Social da Criança e da Família, em que o autor defende a ideia de que o sentimento, ou poderíamos dizer, a percepção da infância nem sempre existiu e é uma construção social moderna. Outras obras importantes são o texto

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de Jenks (originalmente publicado em 1982 e publicado em português em 2002 com o título “Constituindo a criança”), além do livro de James e Prout (2007) “Constructing and Reconstructing Childhood” publicado originalmente em 1997 e o livro publicado por Jenks , James e Prout em 1998, “Theorizing childhood”. O texto de Jenks (2002) “Constituindo a criança” representa um primeiro passo no movimento de desconstrução dos discursos fundamentados em imagens “pré-sociológicas” da criança. Seu objetivo era desconstruir os discursos da criança selvagem e da criança natural e constituir a criança como um ser social que desempenha um papel ativo na formulação do mundo social; e a infância

como

uma

construção

discursiva,

intencionalmente

elaborada com o objetivo de “apoiar e perpetuar as bases fundamentais e as noções de humanidade, ação, ordem, linguagem e racionalidade de teorias particulares” (JENKS, 2002, p. 214). Para o autor, a nossa compreensão das crianças e o modo como nos relacionamos com elas é uma construção social cristalizada por discursos institucionais, tais como os da família, das instituições de educação infantil, das escolas, das clínicas e outras instituições. Na mesma perspectiva, JAMES e PROUT (2007) defendem a compreensão da infância como um discurso social e historicamente situado, variável e relativo, sendo possível identificarmos em diferentes contextos sociais ou históricos, distintos discursos e compreensões da infância. Deste modo, os autores argumentam que ao invés de buscar o que seria uma “criança real” ou a “experiência

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autêntica da infância”, os Estudos da Infância deveriam buscar realizar “a análise do modo como diferentes práticas discursivas produzem diferentes infâncias, cada uma e todas elas „reais‟ em seus próprios regimes de verdade” (mesma obra, mesmos autores, p. 26). A metodologia proposta por essa abordagem inclui a análise de discurso e a genealogia a partir de Michel Foucault. Por meio dessa perspectiva é possível realizarmos um conjunto de pesquisas sobre os discursos a respeito das crianças, dos bebês e da infância. No entanto, assim como no caso da abordagem estrutural-categoria, as metodologias propostas pela abordagem discursiva também não nos traz muitos elementos sobre as relações cotidianas, as aprendizagens, as vivências ou o desenvolvimento das crianças e dos bebês.

6. Sociologia da Infância Pós-Estrutural A Sociologia da Infância Pós-Estrutural deriva da Sociologia do Discurso das Crianças e da Infância e tem como principais interlocutores, entre os pesquisadores de língua inglesa, as obras de Chris Jenks (2005) e Alan Prout (2005 e 2010). Os autores propõem um debate que podemos classificar como pós-estrutural, dialogando com o conceito “Imanência” (DELEUZE, 1995; PROUT, 2005) e com elementos da teoria do ator-rede (LATOUR, 1993 citado por PROUT, 2005, 2010). A

partir

dessa

perspectiva,

propõe-se

o

estudo

da

singularidade em oposição à individualidade do ser. Isto significa dizer que há um esforço em compreender não só os processos de construção de sujeitos e indivíduos a

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partir dos processos de assujeitamentos, mas sim as singularidades presentes, de um lado a maneira pela qual cada um inflete o social e no caso dos bebês, a potencialidade das singularidades, anterior a constituição dos sujeitos.O estudo das linhas de imanência que marcam, especialmente, a vida dos bebês, mas não apenas deles. Esse conceito de imanência pode ser encontrado no debate de Prout (2005) sobre o futuro da infância e se refere exatamente ao aspecto singular que existe em uma vida. De acordo com o autor, “As crianças se esforçam para se tornar aquilo que elas desejam ser, criando o que Deleuze define como uma „linha (ou plano) de imanência‟”. (PROUT, 2005, p. 113). Essas linhas de imanência envolvem um processo que Deleuze denomina como „linhas (ou planos) de organização‟ e que incluem as instituições, tais como a família e a escola, que visam moldar as crianças, fixando-as no interior de um padrão de normalidade (em geral binário5). Todavia, as crianças escapam frequentemente dessas imposições. Por meio das linhas de imanência, elas “dissolvem essas segmentalizações e divisões binárias, ignorando e hibridizando-as e criando novas entidades” (PROUT, 2005, p. 113). Compreender os bebês a partir dos conceitos de vida singular e imanência é, portanto, compreendê-los como seres pré-individuais e singulares, pois de acordo com Deleuze o estado do ser préindividual é marcado justamente pela singularidade. Para o autor, o ser pré-individual é

5

Marcado pelas dicotomias natureza/cultura, masculino/feminino, adulto/criança, etc.

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“diferença, disparidade, disparação (...) Mundo imbricado de singularidades discretas, tanto mais imbricado quanto mais estas não estejam ainda se comunicando ou não estejam tomadas numa individualidade: é este o primeiro momento do ser” (DELEUZE, 2006, p. 118).

O conceito de bebê que constituímos, no diálogo com esses elementos do que estamos definindo com uma Sociologia da Infância pós-estrutural, é o conceito do bebê como ser singular6, préindividual. Os bebês como devir, exemplos de diferença que carregam consigo a potencialidade de fazer emergir novas formas de ser, de relacionar-se e de viver, tal como indica Deleuze no seguinte trecho:

As singularidades ou os acontecimentos constitutivos de uma vida coexistem com os acidentes da vida correspondente, mas não se agrupam nem se dividem da mesma maneira. Eles se comunicam entre si de uma maneira completamente diferente da dos indivíduos. Parece mesmo que uma vida singular pode passar sem qualquer individualidade ou sem qualquer outro concomitante que a individualize. Por exemplo, os recém-nascidos são todos parecidos e não têm nenhuma individualidade; mas eles têm singularidades, um sorriso, um gesto, uma careta, acontecimentos, que não são características subjetivas. Os recém-nascidos, em meio a to-

6

Há de se destacar aqui que a noção de singular nada tem a ver com o debate entre infância plural ou singular travado entre os sociólogos da infância de língua inglesa. No interior desse debate a compreensão da singularidade do bebê implica pensar o conjunto dos bebês como plural e nunca como singular.

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dos os sofrimentos e fraquezas, são atravessados por uma vida imanente que é pura potência, e até mesmo beatitude (DELEUZE, 1995, s/p.). Ao assumir essa concepção do bebê como um ser préindividual e singular, há de se refletir sobre trajetos, por meio dos quais os bebês transitam, entre os planos de imanência e de organização, e sobre as relações, a partir das quais paulatinamente os bebês são individuados. Há de se refletir sobre os processos de singularização, bem como sobre a carga de pré-individualidade que permanece na criança (e mesmo no adulto) após o processo de individuação,

e

que

é

compreendida

como

uma

fonte

de

metaestabilidade capaz de produzir novas individuações. Tendo em vista as propostas teóricas e metodológicas de estudo da infância trazidas por Prout (2005, 2010), ressalta-se que a teoria do ator-rede de Latour (apresentada por PROUT, 2005, 2010) e a cartografia (dos trajetos e dos afetos) de Deleuze e Guattari (apontada por DELEUZE, 1997 e mencionada por PROUT, 2005) podem trazer interessantes possibilidades para as pesquisas com bebês na perspectiva aqui indicada. Na teoria do ator-rede à qual Prout (2010) se remete, tanto a sociedade, como as organizações, os agentes e as máquinas são compreendidos

como

resultados

de

uma

rede

heterogênea

constituída da relação de elementos humanos (atores) e não humanos (actantes). Dessas interações, podem emergir inúmeras versões de crianças ou de adultos e a questão central, nessa perspectiva é, portanto, “verificar como diferentes versões de criança ou adulto emergem da interação complexa, das redes e da

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orquestração de diferentes materiais naturais, discursivos, coletivos e híbridos” (PROUT, 2010, p. 747). A ideia de rede, defendida por Latour, se aproxima muito da ideia de rizoma de Deleuze e Guattari7 e demanda a compreensão de fluxos e o estudo dos deslocamentos de objetivos, interesses, dispositivos e seres humanos. Implica observar o “desvio de rota, invenção de um elo que antes não existia e que de alguma maneira modifica os elementos imbricados” (FREIRE, L., 2006, p. 51). Deste modo, uma perspectiva metodológica que potencializa o debate oferecido pela teoria do ator-rede, é aquela que tenha como foco a ação, em lugar do fato e que seja “capaz de cartografar tais redes em termos de sua geografia - principais actantes, porta-vozes e respectivas conexões - e de sua dinâmica - fluxos das diferentes traduções” (NOBRE e PEDRO, 2010, p. 52). De acordo com Nobre e Pedro, nesse processo, a preocupação do pesquisador deve ser o registro e não a interpretação. Para atingir tais objetivos, destacamos a possibilidade de adoção de multimétodos, somando à cartografia, por exemplos outras metodologias, tais como a observação (necessária para a confecção dos mapas pelo adulto

7

De acordo com Deleuze e Guattari (2000, capa), “Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo "ser", mas o rizoma tem como tecido a conjunção "e... e... e..." Há nesta conjunção força suficiente para sacudir e desenraizar o verbo ser.” O pensamento rizomático (e a própria ideia de rizoma) pode ser compreendido ainda, de acordo com Olson (2009) não como uma escadaria, onde é preciso dar o primeiro passo, para depois dar o próximo, mas como um emaranhado de spaghetti, onde não há começo e nem fim.

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pesquisador), a caminhada ou o acompanhamento das crianças em suas movimentações pelo espaço, tal como sugerido por Clark e Moss (2001) e por Christensen et al.(2011) que adota o uso de tecnologias para estudar aspectos relativos à mobilidade das crianças na cidade. É possível ainda adotarmos o desenho, as fotografias (feitas pelos adultos e/ou feitas pelas crianças), a filmagem e outros métodos a fim de cartografas as redes de relações dos bebês e das crianças, seus trajetos e afetos.

7. Algumas ponderações sobre pesquisas como elemento pedagógico na educação infantil: A abordagem do Mosaico Por fim, nessa perspectiva da adoção de multimétodos nas pesquisas com

crianças e com bebês, há que se mencionar a

Abordagem do Mosaico proposta por Clark e Moss (2001) a partir de um diálogo com o conjunto de abordagens da Sociologia da Infância mencionados até aqui. Trata-se de uma abordagem que reconhece as diferentes linguagens das crianças, entende que as crianças são experts a respeito dos aspectos que dizem respeito às suas próprias vidas e tem como foco as experiências vividas pelas crianças. É uma proposta que tem como objetivo incluir crianças, profissionais da educação infantil e pais em reflexões sobre temas ligados ao contexto educacional, oferecendo elementos para a avaliação (e o replanejamento) das práticas da educação infantil, podendo ser aplicado em uma variedade de instituições de educação infantil. O foco são as experiências vividas pe-

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las crianças ao invés de apenas para o conhecimento adquirido ou o cuidado recebido. Esta metodologia é composta de três estágios distintos, identificados a seguir: i.

Crianças e adultos coletam documentos juntos (coleta de dados)

ii.

As informações coletadas são agrupadas para subsidiar o diálogo, a reflexão e interpretação, que constituem as principais características esse tipo de trabalho

iii.

Decide-se continuar ou mudar, uma vez que a escuta, nessa abordagem, está diretamente relacionada à ação,

De modo geral, e a partir do que nos propõem Clark e Moss (2001), podemos dizer que a abordagem do Mosaico é composta pelas seguintes peças, tal como ilustrada por meio da figura 1: FIGURA 1 – A Abordagem do mosaico.

OBS: Imagem elaborada por Tebet a partir de Clark e Moss (2001)

265

Como se pode observar, dentre as metodologias propostas, há algumas que se configuram como registros feitos por pessoas adultas (registros feitos pela professora ou professor, pelos pais das crianças, etc). Há ainda um outro conjunto de metodologias que permite uma maior protagonismo por parte das crianças à quem se pretende escutar para conhecer suas opiniões a respeito de temas específicos. São metodologias que preveem registros feitos pelas próprias crianças. Na proposta original dos autores, as metodologias utilizadas para ouvir os bebês são metodologias mais focadas nos adultos ou que contam com a participação de crianças mais velhas, todavia, nossos estudos indicam que mesmo os bebês podem assumir um papel mais ativo em pesquisas que utilizem a abordagem do mosaico. O estudo realizado por Tebet e Palmeira com crianças de 1 ano meio nos mostra como crianças bem capazes de colaborar na elaboração de mapas, por meio de conversas e do desenho. As crianças – e mesmo os bebês – conhecem muito a respeito do lugar onde passam a maior parte do seu tempo e tem uma visão desse lugar bem distinta da que nós adultos possuímos. A pesquisa em questão, descrita no artigo publicado por Murbach, Tebet e Palmeira (2013) apresenta como por meio da adoção de metodologias distintas, as crianças podem nos revelar um conjunto de informações sobre as experiências vividas por elas cotidianamente no contexto da educação infantil e sobre esse espaço, onde passam um período tão significativo de suas vidas.

266

Fotografia 1

Fonte: Acervo Pessoal

Uma outra experiência envolvendo o uso de máquinas fotográficas no contexto da educação infantil de zero à três anos, nos permite algumas reflexões sobre o registro fotográfico feito por crianças e o potencial dessa ferramenta. Trata-se de uma proposta realizada com duas turmas distintas para as quais as respectivas professoras disponibilizaram algumas máquinas fotográficas digitais para as crianças e os bebês utilizarem e fotografarem o que desejassem. Dentre os inúmeros registros feitos, destacamos um conjunto de quatro imagens feitas por uma criança de dois anos e meio na área externa de uma creche e quatro imagens feitas no berçário pelos bebês. 267

Sequência de imagens feitas por uma crianças de 2 anos e meio8:

Fonte: Arquivo Pessoal

As fotografias, mais do que capturar a imagem do colega 9 andando de velotrol no pátio gramado da creche, revelam todo o movimento feito pela professora enquanto a criança que estava com uma das máquinas fotográficas, fazia fotos. Nessa primeira imagem, a professora está ao fundo (mas observava a movimentação das crianças enquanto ajudava alguma criança com seu calçado). Na segunda imagem, após observar a cena, a professora pega o seu celular, no bolso da calça; na terceira imagem,

8

A mãe desta criança também autorizou a publicação das imagens.

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a professora configura o celular para fotografar a cena e por fim, na última imagem, a professora fotografa a criança que também possui uma máquina fotográfica para registrar situações de seu cotidiano. Além deste conjunto de fotografias, destacamos que não apenas as crianças podem fotografar com competência, como também os bebês o podem. As fotos a seguir foram feitas por bebês em uma creche municipal e permitem que nós reflitamos sobre diversos aspectos relativos às experiências vividas pelos bebês no espaço à eles destinado tendo como base um olhar que efetivamente tem o ponto de vista dos bebês.

Fonte: Arquivo Pessoal

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Nesse momento não vamos realizar nenhum tipo de análise das imagens aqui apresentadas, mas apenas destacar como diversas metodologias podem ser utilizadas em pesquisas com bebês e com crianças. 8.

Considerações Finais

Buscamos neste texto apontar os principais elementos teóricos e metodológicos das distintas abordagens da Sociologia da Infância, de modo a evidenciar algumas possibilidades metodológicas para pesquisas com bebês e crianças em espaços de Educação Infantil e também em outros contextos. Além as metodologias mais usuais em pesquisas com crianças,

destacamos

as

possibilidades

da

cartografia

a

apresentamos algumas reflexões sobre a participação das crianças em pesquisas, seja no processo de cartografia, seja registrando fotograficamente ou de tantas outras formas como formos capazes de incluir as crianças e os bebês em nossas pesquisas.

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* Gabriela Guarnieri de Campos Tebet: Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos (2003), mestrado (2007) e doutorado (2013) em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. Foi professora de Educação entre os anos 2004 e 2014 e atualmente é professora da Universidade Estadual de Campinas e pesquisadora do Grupo de Pesquisa "Estudos sobre a criança, a infância e a educação infantil: políticas e práticas da diferença". Gabriela integra o grupo gestor do Fórum Paulista de Educação Infantil e, como professora de Educação Infantil, foi idealizadora do projeto vencedor do 4o. Premio Educar para a Igualdade racial e finalista do Premio Viva Leitura 2009. Seus principais temas de interesse são: Educação Infantil, Creche, Politicas Públicas, Formação de professores, Sociologia da Infância, os bebês e seus processos de subjetivação, cartografia com crianças, Arte, Leitura e letramento, Educação das relações étnico-raciais, Diferença e Singularidade.

** Anete Abramowicz: é Professora Titular do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas da Universidade Federal de São Carlos na área de Didática e Currículo: sub-área Infância. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1979), mestrado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1998). Em 2010 concluiu um estágio de pós-doutoramento de 13 meses no CERLIS (Centre de Recherche Sur Les Liens Sociaux) na Universidade Paris Descartes em Paris na área da Sociologia da Infância. Tem experiência na área de Educação, com ênfase na Educação para a infância, atuando principalmente nos seguintes temas: criança e infância, sociologia da infância, diferenças, relações raciais, etárias e de gênero. Em 2010 recebeu a bolsa produtividade. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar de 2003 a 2005, foi coordenadora do FORPRED da ANPED e vice-coordenadora do GT de 0 a 6 anos da ANPED. É editora responsável da Revista Eletrônica de Educação (REVEDUC).

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