Plantando Educação Ambiental, Colhendo Conhecimento e Ciência : Uma Proposta de Educação Ambiental Integrada

September 28, 2017 | Autor: Guilherme Oliveira | Categoria: Educação Ambiental, Transdisciplinaridade, Solos, Soil Macrofauna
Share Embed


Descrição do Produto

Plantando Educação Ambiental, Colhendo Conhecimento e Ciência : Uma Proposta de Educação Ambiental Integrada

Guilherme Alves de Oliveira
Keli Cristina Farias
Ricardo Lopes Fonseca

INTRODUÇÃO


Com o escopo de uma proposta de educação ambiental transdisciplinar, buscou-se meios e métodos para exaltar as dinâmicas de propriedades e agentes de formação do solo e o papel da cobertura vegetal através de conceitos oriundos sobretudo da Geografia, Física e Biologia como Ciências, afim de proporcionar aos alunos da instituição "Casa do Caminho, Londrina – PR" a real compleição dos agentes presentes em seu cotidiano, desenvolvendo discernimentos sobre conscientização e sensibilização ambiental por meio de um diálogo integrado destas ciências sobre a perspectiva de um mesmo objeto de estudo.
Tendo como objetivo central a exposição das dinâmicas das propriedades do solo através de agentes intempéricos e biológicos, estas são instituídas através de uma oficina que articule elementos de distintas ciências presente no currículo escolar do ensino fundamental, a modo que a vivência e a individualidade dos alunos estejam presentes no decorrer das exposições construindo a conscientização ambiental através da funcionalidade da teoria e práticas empregadas na oficina.
Paralelo à centralidade da oficina, busca-se discorrer meios e métodos que auxiliem a interpretação dos diálogos entre as ciências com um caráter unitário sob a perspectiva de conhecimento do objeto de estudo. Além disto, recorre-se ao relato das partes ministrantes da oficina como experiência da prática educacional, frisando apontamentos pertinentes quanto à eficácia e continuidade das práticas e conhecimentos construídos com a realização da proposta.


TRANSDISCIPLINARIDADE UNIFICANDO O SABER
No mundo contemporâneo é observado em diferentes esferas sociais a necessidade de fragmentação de ações, de divisão do trabalho e do saber. Tal modelo atua como um reflexo do sistema socioeconômico vigente estimulando a especialização de funções e consequentemente a especificação do conhecimento.
Como consequência destas relações, é nítido que durante o processo de formação do conhecimento, os alunos tendem a se adequar nessa fragmentação metodológica do saber, fazendo com que os mesmo passem a associar determinados conteúdos à disciplinas e induzindo o pensamento à fragmentação como por exemplo; tudo que se refere a plantas é da Biologia, tudo que se refere a cálculos é da Matemática, tudo que envolva mapas é Geografia e por assim adiante.
Tais associações passam a estar extremamente enviesadas durante o processo de formação do conhecimento que acabam por cravar raízes no senso comum, levando a uma crença de que os conhecimentos são disciplinares e não se misturam. Este tipo de pensamento associado à realidade dos fatos induz ao reducionismo do conhecimento criando limites no desenvolvimento individual do saber.
Ante o esfacelamento do saber oriundo da perspectiva de uma disciplinaridade inexorável, Morin (2006) aponta que:

Os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas também os inconvenientes da super-especialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. Não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira. (MORIN, 2006, p.15)

E sob esta perspectiva a Transdisciplinaridade atua como uma epistemologia de ruptura da super-especialização e do confinamento dos conhecimentos. Uma vez que seja observada esta fragmentação do conhecimento sob o aspecto da disciplinaridade nas instituições de ensino, cabe ao educador como profissional buscar meios teóricos de modo individual ou através de colóquios com os colegas de distintas disciplinas para a execução de propostas de construção do conhecimento integradas.
A integração e desfragmentação do conhecimento com base nas metodologias de transdisciplinaridade parte de um princípio onde busca-se através de um conjunto de práticas pedagógicas, conhecer a realidade como um todo, unificando diferentes perspectivas sob um objeto de estudo ou mesmo à realidade do espaço.
Neste contexto Nicolescu (2000) define a Transdisciplinaridade partindo da etimologia da palavra e sua real significância para Ciência conceituando que:
A transdisciplinaridade, como o prefixo "trans" indica, diz repeito àquilo que está ao mesmo tempo entre disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer outra disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento.(NICOLESCU, 2000, p. 11)

E por meio deste aspecto de buscar a unidade do conhecimento a modo que se conceba a análise do ambiente e do objeto de estudo unificando distintas ciências, e a educação ambiental advém como um espaço de diálogos para a construção de um saber que não exalte somente a desfragmentação da ciência, mas sim, defenda um aprendizado que se articule a compleição do conhecimento vivido, construindo o saber de forma horizontal e democrática.

DO SABER AO FAZER

Imbuído nos princípios da Transdisciplinaridade, elenca-se a Educação Ambiental um espaço prático para propostas que tratem o conhecimento como algo unitário. Assim como Dias (2000) delibera que a análise do contexto do ambiente natural e antrópico é um dos princípios abalizadores da educação ambiental, torna-se possível também afirmar o seu caráter transdisciplinar a modo que por bases conceituais, tende-se unificar as relações naturais e antrópicas sob uma mesma ótica de ação e respostas. Esta característica unificante da educação ambiental faz com que o dilema da disciplinaridade e especialização, contrariem a perda dos potenciais científicos e de construção do conhecimento integrado da educação ambiental.
As dinâmicas ambientais quando compreendidas pela interação entre o meio natural e antrópico, possuem tamanha complexidade que tornou-se necessário ampliar a percepção integradora das causas, dos fatos mas especialmente das ações a serem desenvolvidas ante as desventuras enfrentadas. E assim como a teoria da complexidade abordada por Edgar Morin, a transdisciplinaridade vem como um meio de unificar, desfragmentar e atrelar os conhecimentos para a catarse de novos saberes e perspectivas da realidade.
E a arremetida do conhecimento transversalmente à complexidade, elenca a educação ambiental como cenário para a congruência dos saberes e das ações. Assim como os baseamentos epistemológicos da transdisciplinaridade, a educação ambiental estabelece uma gama de técnicas buscando conhecer a realidade em sua totalidade, tal como afirma Dias (2000) ao definir a real natureza da educação ambiental:

Um objetivo fundamental da Educação Ambiental é lograr que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para participarem responsável e eficazmente da prevenção e solução dos problemas ambientais, e da gestão da questão da qualidade do meio ambiente. (DIAS, 2000, p. 107).
Logo, a consistência entre os aspectos abalizados tanto no meio natural e antrópico, recorre-se aos conceitos de transdisciplinaridade como caminho para a desfragmentação das análises. Morin (2006) propôs que dentro do pensamento transdisciplinar é imprescindível a análise da totalidade, a análise fragmentada do mesmo objeto de estudo e após a análise desfragmentada do estudo, considerando assim indispensável a fragmentação para a associação do conhecimento, firmando os conceitos epistemológicos da dialética no processo de construção transdisciplinar do conhecimento.
Sob a estrutura do pensamento transdisciplinar apresentado, foram levantadas problemáticas para a elaboração de uma oficina que abarque critérios transdisciplinares e funcionais tanto para a construção do conhecimento quanto para com o vinculo funcional e pedagógico com a instituição "Casa do Caminho" e a oficina proposta.
Após longos debates entre os grupos ministrantes das oficinas, fora sugerido a elaboração de uma horta comum e vertical como uma proposta funcional e interativa de ensino sob as perspectivas unificantes da transdisciplinaridade, embasando conceitos e critérios oriundos das ciências do solo, cobertura vegetal, dinâmicas pluviométricas e de incidência de energias externas.
Logo, foram centralizados os objetivos abalizadores da oficina que se instituíram sobretudo em três pontos:

Proporcionar aos alunos a unificação do conhecimento por meio de diálogos interativos ante a um objeto de estudo.
Expor as dinâmicas de relação do solo, cobertura vegetal e antropismo. Correlacionando-os com base em um sistema integrado de ações e respostas.
Criar uma atividade institucional, científica e técnica para a manutenção e uso das hortas com base nos diálogos e exposições acerca desta.

Com os três principais objetivos norteadores definidos, partiu-se para as execuções de meios e técnicas aplicadas à horta e às demais práticas para a exposição na oficina.
No dia 05/05/2014 os ministrantes da oficina realizaram a preparação dos canteiros onde as hortaliças e vegetais seriam cultivados, procedeu-se com o revolvimento do solo na área delimitada pela instituição e posteriormente fora realizada a adubação com matéria orgânica e substrato vegetal.
Também na data em questão deu-se início a um complemento da oficina que detém como escopo uma interatividade visual sobre as propriedades do solo e desenvolvimento vegetal. Para tal, foram utilizados caixas de Tetra Pak com diferentes meios como; areia, argila, regolito com substrato vegetal, regolito, matéria orgânica e água. Nestes foram inseridas sementes de alpiste Phalaris Canariensis com a finalidade de observar e analisar o desenvolvimento do vegetal sob as distintas propriedades do meio na semana conseguinte.
No decorrer entre os preliminares da oficina e sua exposição, o preparo esteve concentrado em revisões bibliográficas dos temas a serem abordados durante a execução, paralelo à busca de materiais empregáveis como sacas substrato orgânico, húmus natural, garrafas Pet e minhocas. Todos estes materiais coletados estiveram sujeitos a uma análise minuciosa em sua significância e representatividade na parte estrutural e teórica desenvolvidas na oficina, dando a devida amplitude aos diálogos sobre a presença e o cunho teórico no emprego de cada material e a composição destes na perspectiva de um todo.

Práxis e Práticas: Resultados e Discussões
Neste espaço serão abordadas as principais discussões acerca do ponto de vista teórico e prático das execuções das etapas no decorrer da oficina, abarcando as praticas unificantes do conhecimento por meio da análise da cobertura vegetal, propriedades do solo e energias externas presentes no processo de elaboração da horta.
Como primeira etapa das exposições de cunho transdisciplinar, recorreu-se a uma análise do conceito de solo, observando a diversidade de fatores como a plasticidade, textura e cor de diferentes meios como; regolito, substrato orgânico, húmus, argila e areia. Tal dinâmica foi essencial para compreender a dinâmica da composição do solo e suas propriedades físicas como sugerido pelo diagrama abaixo (Figura 1):

Figura 1- Diagrama Triangular da variação Física dos Solos

Fonte: LEPSCH, I. Formação e conservação dos solos. 2000. p.29

Esta primeira explanação tornou-se imprescindível para os demais apontamentos da oficina uma vez que a compreensão das propriedades físicas e químicas do solo correlacionadas às amostras e variedades, auxiliam no desenvolvimento de novas discussões acerca do crescimento do vegetal sob diferentes propriedades físicas e químicas, podendo também estabelecer a representatividade da macrofauna voltado para a observação dos anelídeos e pequenos insetos com o intuito de compreender a interação destes com o solo e os vegetais.
E um exemplo desta correlação expressa através da práxis e integrada à centralidade da oficina no que se refere também à funcionalidade da horta é a exposição da macrofauna com base na dinâmica biológica que envolve a interação destes seres com o solo,cobertura vegetal e o ser humano. Apontando que todos estes agentes estão integrados de maneira indissociável no processo de alteração do solo, crescimento vegetal e colheita das hortaliças e leguminosas.
Um dos pontos de destaque durante a execução da oficina foi a exposição das dinâmicas da macrofauna no crescimento vegetal e sua significância para com o solo. A modo de elucidar a conjectura dos anelídeos como objeto de estudo cabe ressaltar os apontamentos de Russel(1973) que afirma a potencialidade destes seres em misturar o húmus produzido em sua digestão com as camadas subsuperficiais do solo além de mantê-lo areado por meio das galerias de locomoção criadas pelas minhocas
Deve-se avisar também os critérios de desenvolvimento vegetal oriundos destas relações com a propriedade física dos solos uma vez que coma presença destes animais á uma mudança potencial na biomassa presente no solo, acarretando também alterações em suas propriedades químicas oriundas da percolação de água pelas galerias, o desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio e a redução da acidez pela regulação do Ph proveniente do húmus da digestão(AINA,1984 p.56).
Baseando na transposição do diálogo acadêmico-científico para uma abordagem pedagógica transdisciplinar, optou-se por utilizar-se de explanações mais simplificadas das mesmas abordagens científicas integrando-as as análises dos meios de crescimento vegetal e expondo aos alunos características físicas por meio da apresentação dos anelídeos (Figura 2).

Figura 2 – Ministrante Elucidando a Dinâmica dos Anelídeos no Crescimento Vegetal

Foto: Eloiza Cristiane Torres, Londrina-PR, 2014

Esta etapa apresentou grande dinamismo e interesse por parte dos alunos uma vez que tornou-se palpável o contato direto destes seres, levando a questionamentos e apontamentos fisiológicos e taxionômicos dos alunos ante aos anelídeos e suas funções, garantindo assim a unificação de conceitos da ecologia, pedologia, zoologia e botânica por meio de uma amostra de atividade em educação ambiental.
Como abordagem paralela á anterior, esta aplicação visou demonstrar de maneira visual, como a variabilidade física e química dos mais diferentes meios nutricionais do solo atua ante ao crescimento dos vegetais (Figura 3). Assim como frisado anteriormente para o desenvolvimento deste meio de análise foram plantadas sementes de alpiste nos mais distintos meios nutricionais na semana anterior à aplicação da oficina.
Figura 3 – Amostra do Crescimento Vegetal em Diferentes Meios Nutricionais

Foto: Ricardo Lopes Fonseca, Londrina-PR, 2014

A exposição da experiência conduziu os diálogos da oficina para um aprofundamento sobretudo nas análises das propriedades físicas dos solo, pois estas se expressaram com um caráter visual mais perceptivo aos alunos onde os mesmos observaram que o desenvolvimento vegetal em cada amostra estava diretamente relacionado com a associação em abundância de regolito e matéria orgânica.
Tais apontamentos ofereceram margem para uma análise das propriedades químicas do solo utilizando como critério as propriedades físicas como coloração e textura dos meios presentes nas amostras. Expondo aos alunos que as cores e texturas podem servir como objetos de análise correlacionando-os com o crescimento do vegetal foi passível o entendimento de que a associação entre a "terra preta" e a "terra vermelha" trazem benefícios ao crescimento do vegetal por apresentarem como propriedades químicas a matéria orgânica e ferro, garantindo assim os nutrientes necessários para o crescimentos dos vegetais e a constituição de um ecossistema na devida escala.
As abordagens até o presente instante buscaram sempre a unificação das disciplinaridades a modo que tornou-se abstruso a separação dos temas. Este modelo fez com que em todas as abordagens a água e seus ciclos estivessem presentes de maneira direta ou indireta. Entretanto buscando a correlação desta e a cobertura vegetal optou-se por abordar os fenômenos erosivos tendo como viés de análise a Splash erosão.
Baseado em Guerra (2001, p.175) a Splash erosão ocorre quando "Uma gota de chuva, bate em um solo molhado, remove partículas que estão envolvidas por uma película de água." Com tal definição pode-se assinalar que dado processo erosivo se vincula aos índices de pluviosidade estipulados pela dinâmica temporal da atmosfera, levando em conta a exemplificação dos conceitos oriundos da Física como ciência, fora desenvolvido uma exposição (Figura 2) com o intuito de elucidar que a energia aplicada ao processo da Splash Erosão está diretamente envolvida com o emprego da própria cinética relacionada à massa da gota d'água.

Figura 2- Ministrante Exemplificando Conceitos de Energia Cinética e Splash Erosão

Foto: Keli Cristina Farias, Londrina-PR, 2014

A experiência em questão consiste-se em evidenciar o fenômeno da Splash Erosão com base no gotejamento d'água em solo nu, paralelo a esta experiência cabe a explicação da energia cinética como principal dinâmica do fenômeno. Para tal, fez-se uso de uma garrafa Pet preenchida com água e orifícios de vazão demonstrada numa área com e sem cobertura vegetal evidenciando o desempenho e relevância da cobertura vegetal na contenção de tal fenômeno erosivo associado à energia cinética das gotas d'água.
Como consideração final das abordagens oriunda da oficina, pode-se afirmar então que ante o posicionamento e diálogo entre as ciências, o Educador enquanto profissional atém meios para a quebra deste paradigma estabelecido pela disciplinaridade quando recorre-se para a interatividade e a abertura de propostas aos outros profissionais de distintas áreas, atividades em conjunto, onde além da interação entre os profissionais da instituição, os ganhos se estabelecem na permuta de informações e conhecimentos buscando recompensas pedagógicas para ambos agentes de formação do conhecimento, alunos e professores.
Buscar a transdisciplinaridade como epistemologia pedagógica em educação ambiental é um avanço tanto para Ciência quanto para a Educação, o reflexo do uso deste meio é contíguo e efetivo para a sociedade, pois detém como principal potencialidade criar e desenvolver profissionais completos, desde aqueles que se assentam às carteiras a aqueles que manipulam o giz no quadro.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
AINA, P.O. Infiltration of water into two Nigerian soils under secondary forest and subsequent arable cropping. Geoderma: Amsterdam, v.50, p.51-59, 1976.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: 6ª ed. Gaia, 2000.
GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. Geomorfologia. Uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand; 2007.
LEPSCH, I. F. Formação e Conservação Dos Solos. Oficina de Textos. São Paulo. 2002, P149-168
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
NICOLESCU, B. Um novo tipo de conhecimento: transdisciplinaridade. In: Encontro Catalisador do Cetrans, 1., 1999, Itatiba, SP. Anais... São Paulo: USP, 2000. p. 1-30.
RUSSEL, E.W. Soil conditions and plant growth. London: Longman, 10th ed. 1973.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.