Poesia e pensamento abstrato na produção pessoal

September 24, 2017 | Autor: Gabriel Machado | Categoria: Paul Valéry, Poesia, Poesía y lectura infantil, Pensamento abstrato
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA INFANTOJUVENIL

Poesia e pensamento abstrato na disciplina de Produção Textual

Aluno: Gabriel Machado Rodrigues da Silva Disciplina: Produção Textual de Poesia (2013) Professora: Sonia Monnerat

As aulas de Produção Textual de Poesia foram ocasião para exercitar justamente o que o nome da matéria propõe: fabricar poemas. Neste trabalho, viso retratar minha experiência de maneira subjetiva e analisar os textos que produzi, sem nenhuma pretensão artística ou intelectual de qualquer forma, é claro, mas para observar como cada um deles se realizou, mesmo que de forma inconsciente. Avaliarei o processo e a própria estrutura linguística com base, respectivamente, em “Poesia e pensamento abstrato”, de Paul Valéry, e nas noções teóricas sobre poesia da Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha. Espero que este trabalho não seja superficial por apresentar algo pessoal. É que, como Valéry, “acho mais útil contar aquilo por que passamos do que simular um conhecimento independente de qualquer pessoa” (p.204). Além disso, muitas vezes, é complicado interpretar e dizer exatamente o que o outro quis realizar em seus trabalhos. Como ter uma única verdade definitiva? Se essa minha tentativa de reconstituição “ao mesmo tempo imaginativa e analítica é grosseira, ela sempre ensina algo” (p.211). Antes do início da pós-graduação de Literatura Infantojuvenil, não me recordo de fazer poemas. Talvez na escola, pequeno, ou no máximo paródias de músicas. Na verdade, nunca me interessei muito pelo assunto e até, confesso, não me agradou ver, no momento da inscrição, uma disciplina voltada só para isso; a prosa sempre me atraiu bem mais. Quando a turma foi instada a escrever o primeiro poema, minha mente estava vazia e eu não achava que qualquer um pudesse ser capaz. Minha concepção – e a de muitas pessoas – era a de que o poeta é um “médium momentâneo” (p.215), de posse de um dom que o inspira subitamente, e não se pode gerar versos de uma hora para outra. A verdade é que não se pode mesmo, ao menos algo decente, mas não se trata de um procedimento metafísico e superior. Não é possível separar poesia e pensamento abstrato, apesar das opiniões contrárias de que “as análises e o trabalho do intelecto, os esforços de vontade e de exatidão em que o espírito participa não concordam com essa simplicidade de origem, essa superabundância de expressões, essa graça e essa fantasia que distinguem a poesia” (p.201). À medida que fui criando os poemas, tomei gosto pela tarefa, pois reparei que ali se encontrava a oportunidade para brincar com as palavras, as sonoridades, os sentidos. Ainda mais na poesia infantojuvenil, que tem como uma das principais características os jogos linguísticos, dos quais sempre gostei, em adivinhas, trocadilhos, ironias, palíndromos e afins. É a linguagem que coloca em primeiro plano a própria linguagem, “organizada para atrair a atenção para as próprias estruturas” (Culler, p.35). Diante de

uma obra do gênero, ficamos dispostos a atentar para o desenho sonoro ou para outros tipos de organização linguística que, em geral, ignoramos (p.36). Mas nada tão simples assim, pois “o efeito de poesia e a síntese artificial desse estado por alguma obra são coisas totalmente distintas”, ou seja, não basta ter uma ideia, pois é com palavras que se fazem versos, como disse o poeta Stéphane Mallarmé ao pintor Edgar Degas. Em especial porque ação se exerce em um campo tão convencional como o da linguagem (Valéry, p.206). Antes de mais nada, é importante destacar que nem todos os poemas a serem apresentados aqui foram lidos e/ou entregues em aula, pois nem sempre houve oportunidade, e só a alguns dei título. O primeiro encontra-se abaixo:

Sobremesa Lá em cima da mesa Passa queijo, goiabada Só não passa Julieta Que morreu apaixonada Logo se percebe que se trata da paródia de uma parlenda, definida como um conjunto de rimas infantis, geralmente curtas e divertidas, para memorizar algo, escolher alguém etc.1 É uma obra popular que, como muitas, possui diversas versões. 2 Não consegui encontrar a que seja de fato original (até porque isso é difícil nessa área), mas fiz o poema a partir da minha memória vaga da letra: “Lá em cima do morro/ passa boi, passa boiada/ Só não passa [...]/ que [...]”. Assim como em alguns outros poemas que serão contemplados aqui, está em jogo a intertextualidade. Culler diz que “ler algo como literatura é considerá-lo como um evento linguístico que tem significado em relação a outros discursos: por exemplo, como um poema que joga com as possibilidades criadas por poemas anteriores” (p.40). E o argumento de teóricos recentes é de que “as obras são feitas a partir de outras obras: tornadas possíveis pelas obras anteriores que elas retomam, repetem, contestam, transformam” (Idem). O título é uma brincadeira: além da sobremesa de que fala o texto, também remete a algo em cima da mesa, como diz o primeiro verso. O doce, conhecido 1

Fonte da definição: Aulete Digital - http://aulete.uol.com.br/parlenda Uma das versões encontradas em um site mais digno de nota, bem diferente da minha memória: www.cirandandobrasil.com.br/index.php/parlendas/item/762-por-detras-daquele-morro-passa-boi-passaboiada 2

popularmente como “romeu e julieta”, é referenciado pela personagem Julieta de Shakespeare, que morre tragicamente. A princípio, me confundi e escrevi que ela se envenenara, trocando com o fim de Romeu. De toda forma, “apunhalada” também seria algo pesado para o poema, ainda mais se for pensado como voltado para crianças, e optei pela substituição da palavra, que não prejudicou a rima nem a métrica – que, à exceção do primeiro verso, é heptassílaba. Foram mantidas as rimas consoantes com “ada” da letra original da parlenda. Já as outras duas são assonantes, pois a identidade se encontra apenas nas vogais (“e” fechado e “a”). Pela disposição das rimas, elas são consideradas alternadas. O segundo poema é o seguinte:

Alice, por onde anda? Alice, por onde anda? Já te vi grande, Já te vi pequena, Já te vi correndo, Tomando chá. Dizem que está No País das Maravilhas. Mas que diferença há Para o lugar onde vivia, Onde o poder da imaginação Te levava aonde queria, Às vezes de supetão, Ao Sítio, à Terra-Média, A Nárnia, à Terra do Nunca... Alice, por onde anda? Ah, está aqui no quarto Acompanhada do gato Lendo um livro... Não precisa ir a nenhum lugar. Vê-se novamente intertextualidade, desta vez com diversos livros: Alice no País das Maravilhas, a série do Sítio do Picapau Amarelo, O Senhor dos Anéis, Crônicas de Nárnia e Peter Pan. Todos têm em comum a fantasia e terras maravilhosas para onde se deslocam ou onde vivem os personagens. As andanças de Alice são o principal assunto dos versos: seu crescimento e diminuição, o chá com o Chapeleiro Louco e a Lebre de Março... e um erro de minha parte, colocando um gato na história, quando na verdade é uma gata, Dinah (os filhotes dela, Kitty e Snowdrop, também são fêmeas). Quis fazer uma rima parcial com “quarto” e não me dei bem. Mas é possível substituir a palavra

por “sala”, e assim forma-se outra rima assonante, com o mesmo número de sílabas – e é justamente na sala que ela está quando atravessa o espelho no segundo livro. Neste poema, não há nenhuma métrica específica: são versos livres, condicionados pelo pensamento, com unidade semântica e rítmica. As rimas também não são padronizadas, mas existem algumas, como chá/está/há; vivia/queria; imaginação/supetão; além da já citada quarto/gato que se transformaria em sala/gata. Os versos têm uma informalidade, misturando tratamento com “você” e “tu”, e resgatam o poder dos livros, de transportar os leitores para outros mundos, sem necessidade de viajar. O terceiro poema foi fruto de um exercício em aula de definição de palavras por meio de versos. Quando ouvi a palavra “intuição” entre as opções, me veio à cabeça “tuiuiú” e a escolhi para criar algo – que na verdade não foi uma definição. Desse jogo de sons com “tuiu”, surgiu:

Na hora que ele intuiu Nasceu um tuiuiú Intuiu, intuiu, intuiu Mas nada aconteceu A ave aparece para entoar o verbo, assemelhando-se ao canto do real. É uma transmutação de uma palavra comum em símbolo, em algo mais do que letras ordenadas. Valéry destaca que “as palavras passaram por tantas bocas, por tantas frases, por tantos usos e abusos” (p.203) e cabe à poesia vê-las com novos olhos, fugindo do ordinário. No fim do poema, há a brincadeira com o fato de que o acontecimento intuído não se concretizou, logo a intuição não foi correta. Será que por ser um homem? O quarto poema foi feito também em um exercício de classe, a partir do livro E um rinoceronte dobrado, de Hermes Bernardi Júnior:

Neologia Dentro da minha caixa de sapatos Eu guardaria todos os hiatos, ditongos e encontros consonantais Das palavras que amo mais. Depois a caixa sacudiria Para formar novos amores, Palavras de outros sabores, Que me livrem da agonia.

“Hiatos” me pareceu uma opção incomum e interessante para rimar com “sapatos”. Depois, por associação de ideias, vieram “ditongos” e “encontros consonantais”. A ideia é que a caixa é o recipiente para formar neologismos, daí o título: são os “novos amores”. Cada estrofe tem seu encadeamento de rimas: na primeira, emparelhadas; na segunda, interpoladas. Além disso, há uma espécie de rima com eco parcial em ditongos/encontros, “atrapalhada” justamente por um encontro consonantal (“tr”). Também se pode dizer que, nesses versos, pode-se encontrar uma noção que, segundo Culler, é importante na teoria recente: a da “autorreflexividade” da literatura, de pensar na própria linguagem e construção, lendo os poemas “como sendo, em algum nível, sobre a própria poesia. Eles se relacionam com as operações da imaginação poética e da interpretação poética” (p.41). Ainda com base nesse livro-poema, fiz outro texto, só que inspirado pelo comentário da aluna Luciana Soares sobre o fato de o filho estar estudando em ciências algo chamado “epífita”. Uma palavra tão estranha que tentei encaixar em um verso, mas acabei não mostrando a ela:

Na minha caixa de sapatos Colocaria uma epífita, Um estômato, uma cítara E uma lâmpada mínima Só depois, em casa, é que fui buscar o significado (apenas sabia que tinha alguma relação com vegetais): planta que vive sobre outra planta, usando-a como suporte, mas sem lhe retirar nutrientes. Minha ideia foi colocar na caixa elementos que fossem proparoxítonos como “epífita”, para ser um texto fora do comum. Além disso, as três palavras finais dos versos são acentuadas no “i” e terminam em “a”, e a segunda e a quarta ainda compartilham o segundo “i”. O estômato veio por associação com epífita, pois é uma parte das folhas das plantas. E a palavra “mínima” entrou porque também me lembra pauta musical (um tempo na escala), ligando-se à cítara. O sexto poema foi apenas uma paródia escrachada de “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles:

Ou à la carte ou a quilo Ou se come banana e não se planta bananeira Ou se planta bananeira e não se come banana Ou se chupa manga e não se toma banho de mangueira Ou se toma banho de mangueira e não se chupa manga Ou se morde a maçã e... que poema maçante! No título, “aquilo” se torna “a quilo” e, na analogia da mesma área de pensamento, surge “à la carte”. Continuando no âmbito da comida, os versos falam de frutas e seguem nos trocadilhos: os nomes das árvores que dão os frutos se prestam a outros usos e, por fim, a maçã é encontrada na pronúncia de “maçante” – algo que o texto realmente é. Foram escolhidas duas ações identificadas com o universo infantil: plantar bananeira e tomar banho de mangueira. E a quebra final provoca uma ruptura na estrutura convencional de um poema, finalizando-o bruscamente. O sétimo poema também foi inspirado pela aluna Luciana, só que desta vez devido ao chá de bebê dela. Todos os alunos fizeram versos e os meus vêm abaixo:

Tito Gostará de periquitos ou adorará mosquitos? Provocará faniquitos e levará muitos pitos Ou entenderá o que foi dito com um coração contrito? De tanto que o cito eu já o fito construindo monolitos, contemplando aerolitos... Será um mito Naturalmente, o título é o nome do filho, que nasceu em julho. Diante desse nome incomum, quis aproveitá-lo para buscar rimas com “ito(s)”. Fiz uma longa lista de palavras possíveis e fui construindo o monolito do poema, fazendo contraposições e imaginando como o menino seria. O importante era a liberdade do texto, o sentido, não uma métrica, apesar de que alguns versos se encaixam. Como fala Valéry, os versos se ordenam segundo as necessidades criadas por eles mesmos. Os cinco verbos no futuro

também provocam ecos e há uma aliteração de “c” no sexto verso, fora alguns outros “t” que ecoam com os “ito”. Como costuma acontecer, nem tudo proposital. O oitavo poema vem na esteira do anterior, com base em rimas iguais:

Poesia é encontrar alegria onde só se vê agonia É a roca que chia enquanto se fia É um gato que mia enquanto dá cria É encontrar com a Lia aquela antipatia É comer aletria sofrendo de azia É visitar sua tia Cheia de manias É terminar o poema com outro fonema Acredito que ele foi feito a partir de um exercício para definir o que era poesia. Claramente, procurei palavras que rimassem com “poesia”, valendo-me da ideia de misturar alegria e agonia: o fio e o chiado; a cria e o miado; o encontro, mas com alguém antipático; a aletria e a azia; a visita, só que a alguém excêntrico. Também não há uma métrica-padrão, só a repetição constante do “é”, e os versos se encerram com uma quebra: interrompendo a alegria da homogeneidade ou fugindo da agonia da repetição? O nono poema não teve nenhuma motivação intertextual ou de algo da aula:

O meu monstro Tem pata de elefante, Rabo de dinossauro, Pescoço de cobra. Quando ele anda, Estremece tudo Com seu olhar de crocodilo, Sua carapaça indestrutível. Os outros não acreditam: “Deixe de besteira, Não é um monstro, Mas um jabuti feroz.”

Tenho dois jabutis (ou melhor, duas jabotas, fêmeas) e quis fazer essa brincadeira com o fato de ser um animal incomum, que não costuma ser bicho de estimação e tem partes do corpo que assemelham a outros seres. Inclusive, já presenciei uma criança agarrando-se à mãe, assustada por achar que meu jabuti era um dinossauro ou outro animal aterrorizante. O mais importante aqui é descrever o jabuti do ponto de vista infantil, não havendo nem rimas nem métrica. No fim, a criança acaba sendo refutada pelos adultos (os “outros”), que querem tirá-la do mundo de fantasia e consideram aquilo uma “besteira”. E por que eles não podem deixar a seriedade de lado? Apesar de tudo, reconhecer uma ferocidade no jabuti é um primeiro passo para a outra dimensão. Os dois últimos poemas foram feitos, na verdade, após o fim da disciplina, mas desejei acrescentá-los neste trabalho porque expressam a poesia dos demais. Ambos foram motivados pelo filme Corda bamba, ainda em cartaz, baseado no livro homônimo de Lygia Bojunga Nunes, uma história infantojuvenil tocante sobre uma menina equilibrista órfã.

Andando na corda bamba Andando andando andando A menina bamboleia A sombrinha bambeia Sem rede de proteção ****************** Respeitável público! Prepare-se para o espetáculo... Não vai faltar obstáculo! À sua direita, a mulher barbada À sua esquerda, uma baita enrascada O homem que engole fogo E você, que engole sapo É claro que tem palhaço Você participa fácil Ao final, domar a fera Antes de deixar a Terra No primeiro texto, a ideia foi trabalhar com a “ondulação” de andando, o gerúndio que diz respeito a um movimento contínuo ao mesmo tempo que os “an”

repetidos lembram algo se balançando. Não deveria haver pausas, por isso a ausência de vírgulas. Os versos seguintes contêm a rima de tritongos, além da repetição dos sons anasalados (“om” e duas vezes “am”) e dos “b”, um movimento incerto da equilibrista. E o último verso deixa o leitor em suspense – como a menina suspensa –, sem saber o que acontece. Além disso, trata-se de uma referência à história do filme. No segundo texto, o título se dirige ao leitor, público do espetáculo a se desenrolar em sua mente. A brincadeira reside em jogar com as atrações de um circo e as agruras da vida: os obstáculos, enrascadas, desaforos etc. A mulher barbada, o engolidor de fogo e os palhaços aparecem no longa-metragem. Procurei buscar as rimas, exceto nos versos quinto e sexto, que só possuem a repetição de “engole”. O caso mais incomum é o dos versos sétimo e oitavo, pois a rima parcial acontece devido à pronúncia usual “fácio”, que se assemelha ao final “aço”. Outra rima assonante é fera/Terra, só diferenciada pela repetição do “r”. E aqui terminam os poemas produzidos. Para mim, este trabalho foi uma experiência enriquecedora, pois tive a oportunidade de ver mais detidamente o que escrevi, corrigindo alguns erros, percebendo detalhes que não haviam sido notados, pensando bem a poesia além apenas da metafísica inspiração. E pude constatar na prática o que Paul Valéry fala em seu texto, que poesia e pensamento abstrato não se opõem, pois até foi por meio da elaboração racional que eu construíra antes os versos. Para concluir, cito novamente o filósofo e escritor francês: “O poeta desperta no homem através de um acontecimento inesperado [...]. E às vezes é uma vontade de expressão que começa a partida [...] um elemento de forma, um esboço de expressão que procura sua causa, que procura um sentido no espaço de minha alma...” (p.218). Em qualquer lugar a poesia aguarda.

Bibliografia BERNARDI JÚNIOR, Hermes. E um rinoceronte dobrado. Porto Alegre: Editora Projeto, 2008. CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho. Edição comentada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca Produções Culturais Ltda., 1999. CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008. MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. NUNES, Lygia Bojunga. Corda bamba. Rio de Janeiro: Agir, 2002. VALÉRY, Paul. Variedades. São Paulo: Iluminuras, s/d.

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