Pompeia, cidade, quotidiano e poder

Share Embed


Descrição do Produto

1

FUNARI, P. P. A. ; ZARANKIN, A. . Pompeia: cidade, quotidiano e poder à luz das discussões recentes. In: CAMPOS, A. P.; SILVA, G. V.; NADER, M. B.; FRANCO, S. P.; FELDMAN, S. A.. (Org.). A cidade à prova do tempo: vida cotidiana e relações de poder nos ambientes urbanos. 1ed.Vitória: Editora UFES, 2010, v. 1, p. 28-45. Pompeia: cidade, quotidiano e poder à luz das discussões epistemológicas recentes

Pedro Paulo Funari Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, C. Postal 6110, Campinas, SP 13081-970, [email protected] Andrés Zarankin Departamento de Antropologia, UFMG, [email protected] Resumen Existe una larga tradición en el estudio de las casas pompeyanas. Sin embargo, la mayoría de los acercamientos han estado basados en el sentido común y en la aceptación pasiva de las informaciones contenidas en las fuentes de la tradición textual. Este artículo se propone discutir de manera crítica algunas de las posiciones recientes de mayor aceptación en la comunidad científica, que dominan los abordajes sobre las viviendas pompeyanas, línea ésta, considerada relevante para la comprensión de la sociedad romana. De manera particular centramos nuestro discurso en las posibilidades de análisis que la arqueología puede dar al investigador interesado en los modos de vida de la antigüedad. Palabras llave: Pompeya; viviendas; sociedad romana. Resumo Há uma longa tradição no estudo das casas pompeianas. No entanto, a maioria das perspectivas baseia-se no senso comum e na aceitação passiva de informações contidas nas fontes da tradição textual. Este artigo se propõe a discutir, de forma crítica, algumas das recentes posturas de maior aceitação na comunidade científica que dominam as abordagens sobre as vivendas pompeianas, vertente esta considerada relevante para a compreensão da sociedade romana. Centramos nosso discurso particularmente nas possibilidades de análise que a arqueologia pode oferecer ao pesquisador interessado nos modos de vida da antiguidade. Palavras-chave: Pompeia; vivendas; sociedade romana. Abstract Pompeian dwelling have been studied for a long time. However, most approaches are grounded on common sense and the acritical acceptance of data found in the literary sources. This paper aims at discussing in a critical way some recent and widely accepted studies on the subject of both Pompeian dwellings and the Roman society in general. We focus on the analytical tools archaeology can provide for a better understanding of ancient life.

2

Key words: Pompeii; dwellings; Roman society.

INTRODUÇÃO Há uma longa tradição no estudo das casas pompeianas. No entanto, a maioria das perspectivas baseia-se no senso comum e na aceitação passiva de informações contidas nas fontes da tradição textual (cf. Storey 1999). Este artigo tem como propósito começar a discutir criticamente posições recentes que dominam as abordagens sobre as vivendas pompeianas, vertente esta considerada relevante para a compreensão da sociedade romana. Centramos nosso estudo precisamente na especificidade das informações arqueológicas e na possibilidade de análise que esta possa oferecer ao pesquisador interessado nos modos de vida da antiguidade. Em função desse objetivo, não utilizamos como referência apenas a literatura clássica e moderna relativas ao tema, mas destacamos também a importância da teoria histórica, sociológica e principalmente da arqueológica, a fim de obter leituras alternativas do mundo antigo, especificamente para este caso, através da análise da arquitetura doméstica (Funari, Zarankin, Stovel 2005). Géza Alföldy (1986: 18), há alguns anos ressaltava que “in unserer Zeit Alte Geschichte ohne Archäologie nicht mehr denkbar ist”, não se pode mais pensar a História Antiga sem a Arqueologia. Neste sentido, a Arqueologia continua sendo ponderada como uma disciplina que só pode ajudar o pesquisador se for considerada complementar às demais ciências (Muhly 1996: 434). A arqueologia, concebida como ancilla ou serva da História, estaria, na opinião de alguns, muito distante de ser uma atividade autônoma (como propunha Meneses 1965: 22; crítica em Austin 1990: 25 et passim; mais bibliografia em Funari 1997). Entretanto, nas últimas décadas, um número cada vez maior de arqueólogos defende ser analiticamente mais útil trabalhar separadamente as distintas fontes de informação – por exemplo, documentos escritos, cultura material, etc. –, aproveitando a heterogeneidade de leituras que cada uma delas oferece para, posteriormente, confrontá-las e, assim, obter um panorama mais rico e profundo. A autonomia da Arqueologia no estudo de uma sociedade histórica como a romana significa, também, que não é possível aceitar de maneira acrítica as informações de autores antigos ou, ainda pior, interpretar o registro arqueológico de forma a correspondê-lo às fontes escritas (Whitehouse y Wilkins 1989: 102). Concordamos com Michael Shanks (1995: 34) quando afirma que “la Arqueología no es simplemente una manera de descubrir el pasado, sino que al trabajar sobre sus vestigios, se convierte en un modo específico de producción del pasado”. No caso do estudo da Antigüidade Clássica existem, ainda, outras limitações em algumas abordagens, como a tendência de afastar o mundo clássico de um contexto mais amplo (Sherratt 1995: 27). A partir deste novo marco de discussão, o estudo da cidade de Pompeia, sua organização espacial e sua arquitetura, têm adquirido novo impulso. Em um nível mais específico, a análise e a interpretação de suas vivendas domésticas têm concentrado a atenção de inúmeras pesquisas. Devido as suas características especiais, Pompeia foi, e continua sendo, um dos sítios arqueológicos mais importantes e particulares do mundo. No entanto, os trabalhos sobre sua arquitetura têm sido produzidos, em geral, mais próximos de uma História da Arte, estabelecendo estilos, buscando relações com o

3

mundo grego e priorizando o estudo das estruturas de “valor” estético e monumental acima do popular. O próprio Paul Zanker (1988: 4) reconhecia que “seit Beginn der Ausgrbungen um 1740 haben neben äesthetischen vor allem positivistische Interessen die Untersuchungen bestimmt”. Deste modo, a concepção sobre a casa pompeiana esteve dominada pelas idéias propostas por Mau (1899) no final do século passado (fig. 1).

Fig. 1 Modelo de casa pompeiana proposto por Mau (1899: 247)

Partindo da premissa de que uma das funções da Arqueologia seja gerar discursos críticos sobre o passado e sobre a maneira como este é construído e explicado pelos estudiosos, este trabalho busca discutir criticamente as abordagens arqueológicas mais importantes sobre a arquitetura de Pompeia. Interessa-nos analisar suas premissas de trabalho e a utilização das evidências documentais e arqueológicas. Finalmente, analisamos algumas correntes de pensamento para conhecer, desde outra perspectiva, a sociedade romana. Discussão de alguns casos paradigmáticos (nota 1) Um pesquisador que tem se interessado pelo estudo da arquitetura e da composição do espaço como uma fonte de informação sobre a história da cidade de Pompeia é Fausto Zevi (1996). A manipulação da paisagem e da arquitetura é entendida como estratégia de dominação e de resistência, na qual ficam expostas diferentes ideologias que disputam o poder. Ao analisar algumas das construções mais importantes da cidade – especialmente as de caráter público como templos e teatros e algumas vivendas familiares –, conclui que a arquitetura pompeiana é a expressão da oposição entre dois mundos: o dos antigos habitantes da cidade e o dos novos colonos romanos estabelecidos com a expansão de seu império. Sua proposta tem pontos em comum aos de Paul Zanker (1988: 4), para quem “es soll hier versucht werden, wenigstens für den Bereich der öffentlichen Gebäude drei historische Strukturen voreinaner abzuhaben: die hellenisierte samnitische Stadt des 2 Jrhs. V. Chr., die Veränderungen nach der Gründung des römischen Kolonie 80 v. Chr. und die neuen Stadbilder des frühen Kaiserzeit”. Zevi interpreta esse estabelecimento romano como um fato fundamental e traumático da história de Pompeia.

4

“...che la colonizzazione sillana rapresento um evento profundamente drammatico nella storia della societa pompeiana.” (Zevi 1996:126).

Como arqueólogo formado na tradição clássica italiana e alemã, Zevi vale-se de um quadro de trabalho que equipara ambas as documentações, escrita e a arqueológica, como documentação histórica. Em sua argumentação utiliza uma ou outra e, inclusive, sobrepõe-nas para fundamentar sua explicação. Por sua vez, os trabalhos de Andrew Wallace-Hadrill sobre a casa pompeiana (1994) têm recebido muita aceitação dentro da comunidade acadêmica. Sua argumentação está basicamente assentada a partir do amplo conhecimento que este autor possui sobre documentos escritos – incluindo arte pintura, iconografia, etc. – da cultura romana. A informação arqueológica em seus trabalhos é empregada como fonte auxiliar e complementária, ou seja, a fim de apoiar algumas de suas idéias com um correlato material. Conforme ressalta Penélope M. Allison (1995), o uso que subordina a Arqueologia aos dizeres de autores antigos acaba por desvirtuar os dados arqueológicos. Dessa forma, estes são ainda mais complexos do que permitiria supor o modelo neoweberiano da escola de Cambridge. Bettine Gralfs (1988: 115) demonstra, a partir dos materiais arqueológicos, como os dados providos por eles terminam por questionar os referidos modelos: “die vorliegende Untersuchung zeigte aber dennoch, dass das pompejanische Metallhandwerk keineswegs bedeutunglos, ‘primitiv’oder ‘unqualifiziert’ war”. Além disso, estudos arqueológicos concretos mostram que a distribuição de artefatos no contexto doméstico em Pompeia não concorda com o que indicam as fontes literárias (Berry 1997: 185; cf. Foss 1996: 352). De forma geral, podemos resumir a interpretação de Wallace Hadrill, o qual considera que a maneira de receber os visitantes apresentava um rol fundamental na vida pública romana e que, portanto, o espaço social da casa pompeiana estaria articulado em função das necessidades de suas classes altas e do mundo de relações com os demais. Deste modo, a casa era uma estrutura que regulava a relação com os visitantes. Assim delineia-se um modelo que relaciona o público e o privado à profundidade dos ambientes da casa, afirmando que a distância permitida a um visitante de penetrar na vivenda estaria relacionada à proximidade e à relação que este mantinha com o amo da casa e ou com sua própria hierarquia social. Esta idéia de Wallace Hadrill é bem sintetizada por Grahame: “This means that the house was differentiated according to increasing degrees of intimacy along an axis that ran from de “public” space of exterior to “private” interior space, in the manner of the defensible space paradigm.” (1997:140) Grand

Public

Private

5

Humble Eixos de diferenciação para a interpretação do espaço doméstico em uma casa pompeiana (Wallace Hadrill 1994:11) O trabalho de Wallace Hadrill é especialmente criticado por Grahame (1997:140-141), que enfatiza a dificuldade de estabelecer a porta principal da vivenda – ponto fundamental no modelo de Wallace Hadrill – e a utilização da evidência arqueológica. Outro pesquisador que tem se destacado é o Prof. Whittaker (1991:303) que, em um conhecido artigo sobre o romano pobre, utiliza evidência material relativa a um edifício pompeiano para desenvolver seu argumento sobre o tema: “Puede oírse la desaprobación moral de la pobreza en un grafito pompeyano: ‘odio a los pobres. Si alguien quiere algo por nada es que es tonto. Debería pagar por ello’ (CIL IV 9839b)”. Whittaker adota uma postura recorrente entre os estudiosos de Pompeia e do mundo antigo em geral, no sentido de que dedica pouca atenção à materialidade da evidência. Neste caso, sua argumentação carece de sentido se buscamos o contexto arqueológico da inscrição. Em primeiro lugar, não se trata de um grafite, mas de uma inscrição pintada, titulus pictus, encomendada pelo dono do estabelecimento onde estava inscrito essa legenda. Se formos ao Corpus Inscriptionum Latinarum, onde está publicada a inscrição, podemos saber que esta legenda estava em uma venda e que o proprietário advertia a seus clientes que, sem pagar, não lhes poderia vender. Naturalmente, ele não gostava dos pobres porque, embora não pudessem pagar, não deixavam de pedir. Interessa-nos destacar que Whittaker não considera que uma inscrição seja também uma evidência material. Por isso termina gerando um argumento sem fundamento adequado, uma vez que, como outros estudiosos, desconsidera a evidência material em sua autonomia e especificidade. Próximo à História da Arte, Clive Knigths constrói um enfoque diferente. Esse arquiteto inglês considera que a casa pompeiana é constituída por componentes culturais romanos. Coincidindo com autores como Parker Pearson e Richards (1994), distingue em sua estruturação e organização espacial uma relação com a concepção cosmológica existente na sociedade. Sua postura indica que a arquitetura contém e expressa certos “princípios” de ordem e de classificação que são básicos para o funcionamento da sociedade. “Essentially, to discuss the house is to discuss, indirectly, the cosmos...” (Knigths 1994:114) Portanto, a vivenda pompeiana segundo Knigths estrutura-se a partir de noções relacionadas à divindade e à espiritualidade. O movimento através delas pode ser caracterizado como de “participação” (participation) e de “passagem” (passage). Embora não exista um modelo único de casa (“no two houses are the same” 1994:119), distingue-se uma série de princípios para além do formal, que se repetem em todas elas. A casa em Pompeia é o lugar onde convivem pessoas e deuses (Knigths 1994:133).

6

Este autor critica as abordagens que separam a arquitetura das pinturas em suas paredes, uma vez que as consideram dois elementos intrinsecamente ligados e necessários para poder obter uma compreensão completa. Knigths organiza sua análise a partir do simbólico, das representações cosmológicas do mundo romano, das sensações e das mensagens transmitidas pela arquitetura pompeiana. “In this manner dining room, say, of Pompeian house is never merely a small room with four decorated walls and a door –it becomes a setting of immense richness, fueling and substantiating a participant’s situatedness in the imperial scheme of things, and thus in the cosmic order” (1994:137). “To enter the room is like breathing in the vapour of meaning that fills it up...”(1994.140). Finalmente, gostaríamos de nos referir a uma abordagem recente, notavelmente arqueológica, construída por Mark Grahame (1995;1997;1998). Este arqueólogo da Universidade de Southampton desenvolve um modelo de análise das vivendas pompeianas através de um modelo lingüístico estruturalista que lhe permite “ler” a casa. Utilizando postulados de Saussure, Barthes e Ricoeur, estabelece uma analogia entre “casa” e “texto”, buscando descobrir as regras subjacentes ao sistema que determina sua estrutura sintática. As construções são vistas como elementos ativos, produtos culturais que interagem dinamicamente com o homem. Em seu trabalho, Grahame (1995) propõe a abordagem da casa como um documento “físico” que pode ser lido. Sob tal perspectiva, o autor sugere um enfoque textual da cultura material, especialmente da arquitetura, propondo a elaboração de um modelo teórico para lê-la. Segundo Grahame, a arquitetura surte efeitos na subjetividade e na percepção dos indivíduos e, por conseguinte, estabelecer uma determinada ordem social torna-se mais fácil se acompanhada de uma determinada ordem espacial. A ordem é reproduzida com maior freqüência nas estruturas de caráter público do que nas privadas, propondo um princípio social que guie a construção arquitetônica a qual, entre outros aspectos, contribui para potencializar a diferenciação entre as pessoas. Também são importantes suas críticas às investigações sobre Pompeia que interpretam a evidência arqueológica a partir da informação escrita. Sua argumentação defende que a maioria dos textos apresenta um elevado grau de generalização e não se curvam aos propósitos específicos da arqueologia. Assim, destaca-se entre suas críticas a ausência de um padrão de casas em Pompeia que, apesar do que revelam os documentos, apresenta uma grande heterogeneidade de construções. O trabalho de Grahame evidencia sua condição de arqueólogo, não apenas pela forma com que aborda a evidência material, mas também pela maneira que estrutura seu discurso científico. O autor utiliza-se de um raciocínio dedutivo, no qual caminha desde o geral ao particular, do teórico ao metodológico e deste ao factual. Em outras palavras, constitui um modelo bastante fundamentado facilmente apreendido, buscando aplicá-lo às casas pompeianas. Essa forma de estruturar o trabalho – diferentemente do que costuma existir – permite ao leitor seguir a linha de raciocínio e, ao mesmo tempo, criticá-la.

7

Abordagens historicistas vs. abordagens arqueológicas. Utilizando uma análise prévia (Senatore y Zarankin 1996), efetuamos uma comparação entre os casos discutidos, dividindo-os em duas categorias conforme a natureza de sua abordagem: 1) Perspectivas historicistas 2) Perspectivas arqueológicas 1) Abrange aquelas investigações que sustentam sua argumentação central na evidência documental. Os vestígios arqueológicos são adequados aos discursos produzidos a partir dos documentos, ou utilizados de forma passiva dentro dessas premissas. Na perspectiva historicista, considera-se que as evidências arqueológicas e documentais estão relacionadas, sendo que cada uma depende da versão da outra (Leone y Potter 1988). Ou seja, como um corpus de dados homogêneos. No entanto, os problemas a serem investigados se definem numa escala histórica, determinados pela resolução da evidência documental. A análise das fontes é realizada a priori do trabalho arqueológico, proporcionando uma informação relevante sobre os problemas definidos no projeto. Em um segundo momento, a arqueologia é utilizada para complementar a informação originada pela história. De forma geral, a evidência arqueológica permite “materializar” a evidência documental, sendo que os dados gerados a partir de sua análise não são significativos para os objetivos da pesquisa. Neste ponto de vista teórico, a arqueologia funciona como complemento e sua contribuição ao conhecimento do passado é limitada e dependente da evidência histórica (Senatore y Zarankin 1996:116).

2) Considera-se o documento histórico e a evidência arqueológica como um conjunto de dados independentes e com distintas informações. A partir desta perspectiva, cada corpus possui relevância própria e, através de uma integração adequada, é possível alcançar uma dimensão mais profunda e complexa dos problemas estudados. As evidencias documentais e arqueológicas são consideradas corpus de dados distintos, com estatutos epistemológicos independentes. Dessa forma, a qualidade da informação oferecida é determinada pela natureza de cada corpus. A grande diferença nestas pesquisas está numa escala de análise apurada pela resolução do registro arqueológico. As problemáticas de pesquisa deixam de ser os fatos para ser os processos e, como as hipóteses podem ser criadas a partir de fontes diversas, elas são trabalhadas sob a perspectiva da evidência material como base empírica. A informação histórica cumpre um papel muito específico neste tipo de pesquisa. Em primeiro lugar, é revista como parte dos antecedentes do tema a ser abordado. Isso permite reconhecer e definir o contexto histórico geral no qual se insere o problema arqueológico... Nesse sentido, as escalas analíticas devem contemplar que os enunciados possam ser abordados arqueologicamente (Senatore y Zarankin 1996:118).

É interessante observar que praticamente todos os autores trabalham a partir do primeiro enfoque, à exceção de Grahame, que desenvolve uma concepção notoriamente

8

arqueológica. No entanto, segundo nossa compreensão, este autor assume uma postura bastante restrita que acaba limitando o potencial da abordagem proposta (nota2). Outro ponto interessante de análise centra-se na concepção – explícita ou implícita – de cultural material empregada por cada trabalho. Em geral, salvo Grahame e, em certa medida, Knigths, a cultura material é considerada – na especificidade desse caso, a arquitetura – um elemento passivo. Tal perspectiva pressupõe que o mundo material seja um reflexo de outros aspectos sociais – como se fosse um vestígio fossilizado (Binford 1985) –, negando-lhe um papel ativo na produção de significados sociais (Hodder 1982, 1987).

Linhas alternativas de trabalho. A arquitetura, como objeto de estudos arqueológicos, deixou de ser considerada apenas como um artifício para distinguir culturas, técnicas de construção ou para delimitar áreas de atividades diferenciais, entre outras, para ser um meio de estudo válido que alcançasse as dimensões sociais superestruturais, tais como seus níveis simbólicos e ideológicos. Neste sentido, novos enfoques que aprofundam algumas das linhas traçadas por Grahame sobre Pompeia, mais desenvolvidos por autores que trabalham o campo da arqueologia histórica, podem ser aplicados com êxito (nota 3) (Glassie 1975, Deetz 1977, Leone 1977, 1984, McGuire y Paynter 1991, Johnson 1991, 1996, Blanton 1994, entre otros). O objetivo dessas novas abordagens sob perspectivas arqueológicas é compreender os princípios constitutivos da paisagem humana e sua interação com a sociedade. Deste modo, partem do pressuposto de que os objetos produzidos e utilizados pelo homem são ativos, dinâmicos, portadores e produtores de significados. A arquitetura é considerada como parte fundamental dessa paisagem.

A arquitetura como tecnologia do poder; Organização espacial e ideológica. Atualmente e, especialmente, desde correntes pós-processuais a análise da arquitetura apresenta-se altamente produtiva no alcance de dimensões simbólicas e ideológicas (nota 4) (Glassie 1875, Leone 1982, Hodder 1984, 1994, Samson 19990, Parker Pearson y Richards 1994, Johnson 1996, Zarankin 1999). É notável que a organização do espaço e a arquitetura apresentam mais que um propósito “prático” ou “ideológico” (Parker Pearson y Richards 1994). A construção do meio é resultado de um processo de dominação e de resistência. De dentro do poder são criadas políticas de construção e de manipulação da paisagem segundo seus próprios interesses (Giddens 1979). Entretanto, as pessoas não são passivas e tampouco aceitam de forma submissa os desígnios impostos hierarquicamente. Pelo contrário, há resistências conscientes e inconscientes que geralmente estão integradas às práticas cotidianas. Conforme destaca De Certeau (1980), o “consumo” é sempre ativo e criativo e acaba gerando artimanhas que discutem a presença do poder.

9

Além do mais, é necessário considerar que nunca se realiza uma substituição total da paisagem urbana concomitante às mudanças políticas ou ideológicas dominantes. Ao contrário, dentro de uma cidade convivem variedades de construções que surgiram ao longo do tempo. A oposição entre novas e velhas formas criam tensões e dinâmicas contínuas, parcamente controladas por aqueles que fundam as paisagens (Miller 1984). Assim, cada elemento novo adentra em um diálogo que reinterpreta o passado em termos de um novo ideal. Por exemplo, em relação ao estudo das classes alijadas no passado, Stephen L. Dyson (1995), arqueólogo clássico americano, reconhece que a Arqueologia Clássica não se dedicou aos pobres. É interessante notar como os lugares dos escravos (slave quarters) podem praticamente desaparecer do registro arqueológico romano (George 1997: 23). Conforme ressalta Ross Samson (1990: 178), “archaeologists have long ignored the labour force”. Ou, como alega Annapaola Zaccaria Ruggiu (1995: 345), non c’`e piacere nello stare in casa del povero”, o que talvez possa explicar a pouca atenção ao humilde. No entanto, novas abordagens que estudam a criação da paisagem cultural como um processo complexo, do qual diferentes grupos participam, permitem adquirirmos leituras alternativas do passado. A arquitetura, como um dos componentes básicos da paisagem humana, pode ser entendida como uma “tecnologia do poder” (Foucault 1976, Grahame 1995) destinada a gerenciar condutas pessoais que favoreçam ao processo de crescimento e reprodução dos sistemas existentes (Eco 1968, Foucault 1976, Markus 1993). Semiótica e Sócio-semiótica do espaço urbano. Vários pesquisadores defendem a idéia de que a cultura material tem um papel ativo na geração de significados e de mensagens ideológicas (Miller 1984, Leone y Potter 1988, McGuire y Paynter 1991). Dentro dessa perspectiva, é importante o desenvolvimento de abordagens da cultura material, desde a lingüística até a semiótica (Gottdiener 1995, Funari 1998, Thomas 1998). Nesse ínterim, Dominic Perring (1991: 286) ressalta que os estudos sobre Arqueologia do mundo moderno, conforme o embasamento de Leone, podem ser úteis para compreender a vivenda romana (cf. Schuyler 1970: 84). “La cultura material podría ser considerada como un sistema de señales en código, que constituye su propia lengua material ligada a producción y consumo...puede considerase a la cultura material como un discurso material estructurado y silencioso, ligado a prácticas sociales y estrategias de poder, interés e ideología” (Funari 1998:169) Lagopoulos (1985) discute profundamente tal relação ao colocar sua ênfase nos discursos expressos pela cidade. O autor divide os enfoques que trabalham o espaço urbano a partir da semiótica em dois principais grupos – conforme seu objeto epistemológico – : 1. Estudos do espaço semiótico (que compreende o estudo dos discursos relacionados à produção do espaço, o estudo da produção semiótica do espaço e o estudo do consumo semiótico do espaço).

10

2. Estudos do espaço material (neste caso, o objeto de estudo é o “material” e não a semiótica do espaço). Acreditamos que a chave esteja na conjugação dessas duas posições. Deste modo, o “material” pode ser visto como “signos-veículos”, pelos quais se comunicam mensagens relacionadas às manobras e à circulação do poder. A arquitetura, sob essa perspectiva, pode ser analisada como portadora de significados “não-verbais” (Fletcher 1989, Monks 1991, Markus 1993), expressando a semiótica desses significados nãoverbais, produtos da manipulação da cultura material, em termos de freqüências, intensidades, distâncias e estruturas físicas, não linearmente como a gramática verbal (Miller 1984). Através de diferentes elementos, formais ou implícitos, um edifício pode ser “lido” (Iglesia 1991:7). Na verdade, isso é algo que fazemos constantemente. Por exemplo, partindo de perspectiva funcional podemos identificar e distinguir uma igreja, um hospital, uma casa ou um mercado. Existem, inclusive, outros indicativos – talvez não tão fáceis de observar – referentes a aspectos de caráter abstrato que outorgam sentido à estrutura. Portanto, corroborando a Funari (1998), o desafio é descobrir o que está oculto, tanto no observável como no não-observável. Considerações Finais. A cultura material pode ser usada para transmitir mensagens de forma mais ativa (Austin y Thomas 1986). No entanto, ela não faz sentido por si só, adquirindo seu valor exclusivamente mediante um sistema cultural. Assim, a casa só pode ser compreendida e explicada dentro de seu contexto histórico. Consideramos que as correntes que trabalhem com abordagens arqueológicas e explorem estas novas ferramentas teóricas, a fim de discutir criticamente a relação entre as pessoas e seu meio físico, estejam em melhores condições para alcançar níveis mais profundos de conhecimento. Seguindo McGuire y Schiffer (1983), para compreender a arquitetura é necessário considerar tanto os processos do projeto (design process) quanto os fatores causais (casual factors) inerentes a esses processos, ao passo em que juntos determinam o projeto. Esse potencial também está presente nas pesquisas que engendram dimensões lingüísticas, como a sócio-semiótica e as teorias da comunicação, em busca de mensagens “silenciosas” ou de apreender a arquitetura como um tipo de comunicação “não-verbal” (Fletcher 1989, Monks 1991). Em termos gerais, a proposta de um discurso especificamente arqueológico ajuda a evitar os perigos de abordagens não adequadas no trabalho com cultura material. A materialidade da evidência arqueológica implica-nos a impossibilidade de tentar ingenuamente adequá-la às informações das fontes textuais antigas, pois estaríamos, assim, distorcendo dados materiais em prol de discursos surgidos de fontes escritas. Pelo contrário, a cultura material se constitui como um elemento central de ação no mundo. As vivendas pompeianas, com seus múltiplos significados e formas, permitem muito mais do que confirmar os dizeres de autores antigos ou, ainda, contrastar sua materialidade a partir de critérios explicitados nos documentos. Inúmeros pesquisadores ressaltam que a falta de diálogo entre arqueólogos e historiadores classicistas, dedicados apenas às fontes escritas, é prejudicial para uma compreensão maior da sociedade antiga (cf. Laurence 1998: 8-9; Storey 1999). Resumindo, o desafio para os pesquisadores é desenvolver novas abordagens, a partir da evidência material, que permitam identificar,

11

entender e explicar as estruturas ideológicas que regem a construção da paisagem cultural humana em Pompeia.

AGRADECIMENTOS Agradecemos a David Austin, Mark Grahame, Ray Laurence, Mark Leone, Collin Richards, Michael Shanks, Glenn Storey. Um dos autores pôde, como professor convidado da Universidad de Barcelona, consultar obras e discutir aspectos aqui tratados com Antonio Aguilera, José Remesal e Victor Revilla. Uma versão deste trabalho foi apresentada em Araraquara, Brasil, na Reunião da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, em Outubro de 1999. A responsabilidade pelas idéias é apenas dos autores.

OBRAS CITADAS Alföldy, G. 1986 Die römische Gesellschaft. Stuttgart, Steiner. Allison, P.M. 1995 House contents in Pompeii: data collection and interpretive procedures for a reappraisal of Roman domestic life and site formation processes, Journal of European Archaeology, 3,1, 145-176. Andrén, A. 1998 Beetwen Artifacts and Texts Historical Archaeology in Global Perspective. Plenum, New York. Austin, D. 1990 The “proper study” of medieval archaeology, in D. Austin & L. Alcock (eds), From the Baltic to the Black Sea, Studies in Medieval Archaeology, Londres, Unwin Hyman: 10-42. Austin, D. y Thomas, J. 1986. The “proper study” of medieval archaeology: a case study. From the Baltic to the Black Sea, studies in medieval archaeology, editado por D. Austin y L. Alcock, pp. 44-78. Unwin Hyman, Londres. Berry, J. 1997 Household artefacts: towards a re-interpretation of Roman domestic space, Journal of Roman Archaeology, sup. 22, 183-195. Binford, L. 1985 Working at Archaeology. Accademic Press, New York. Blanton, R.1994

Houses end Households. Plenum Press, New York.

De Certeau, M. 1980. La Invención de lo Cotidiano; 1 Artes de Hacer. Universidad Iberoamericana, Mexico. Deetz, J. 1977 In Small Things Forgotten. Anchor Books, New York. Dyson, S.L. 1995 Is there a text in this site? In D. Small (ed.), Historical and Archaeological Views on Texts and Archaeology, Leiden, Brill, 25-44. Eco, U. 1968 La Estructura Ausente. Lumen, Barcelona.

12

Fletcher, R 1989 The Messages of Material Behaviour: a Preliminary Discussion of Non-verbal Meaning. The Meaning of the Things. (ed.) I. Hodder, pp. 33-39. Harper Collings. Foss, P. W. 1996 The social city, Journal of Roman Archaeology, 9, 351-2. Foucault, M. 1976 Mexico.

Vigilar y Castigar. El Nacimiento de la Prisión. Siglo XXI,

Funari, P.. 1997 Archaeology, History, and Historical Archaeology in South America, International Journal of Historical Archaeology, 1,3, 189-206. Funari, P. 1998 Linguistica e Arqueologia. DELTA, San Pablo. Funari, P. 1999 Historical archaeology from a world perspective. Historical Archaeology Back from de Edge, (P. Funari, M. Hall y S, Jones eds.), Routledge, London. Pp 37-66. Funari, P.P.A.; Zarankin, A.; Stovel, E. 2005 Global Archaeological Theory. Nueva Iorque, Springer. George, M. 1997 Seruus and domus: the slave in the Roman house, Journal of Roman Archaeology, sup.22, 15-24. Giddens, A. 1979 Central Problems in Social Theory: Action Structure and Contradiction in Social Analysis. Macmillan, Londres. Glassie, H. 1975 Knoxville.

Folk Housing in Middle Virginia. University of Tennessee Press,

Gottdiener, M. 1995 Postmodernism Semiotics : Material Culture and Forms of Postmodern Life. Blackwell, Oxford. Gralfs, B. 1988 Mettalverarbeitende Produktionsstätten in Pompeji. Londres, BAR. Grahame, M. 1997 Public and private in the Roman house : the spatial order of the Casa del Fauno. Journal of Roman Archaeology, supplement 22 : 137-164. Londres. Grahame, M.1995 The House of Pompeii: Space and Social Interaction. Tesis de doctorado, Faculty of Arts, Departament of Archaeology, Southampton University, Gran Bretaña. PhD Dissertation. Grahame, M. 1998 Material culture and Roman identity: the spatial layout of Pompeian houses and the problem of ethnicity, In R. Laurence & J. Berry (eds), Cultural Identity in the Roman Empire. Londres, Routledge. Hodder, I. 1982 Symbols in Action. Cambridge University Press, Cambridge.

13

Hodder, I. 1984 Burials, Houses, Women and Men in the European Neolithic. Ideology, Power and Prehistory. (Eds) D. Miller y C. Tilley. Cambridge University Press, Cambridge. Hodder, I. 1987 The Archaeology of Contextual Meanings. New Direction in Archaeology, Cambridge University Press, Cambridge. Hodder, I. 1994 Architecture and Meaning: The Example of Neolithic Houses and Tumbs. Architecture and Order. Aproaches to Social Space. Parker Pearson, M. y C. Richards.(eds), pp. 73-86. Routledge, Londres. Iglesia, R. 1991 Identidad Cultural y Construcción del Habitat: Orientándose en el Laberinto. Buenos Aires. Johnson, M. 1991 The Englishman’s home and its study. The Social Archaeology of Houses. (ed.) Ross Samson. Edinburgh University Press, Edinburgh. Johnson, M. 1996 An Archaeology of Capitalism. Blackwell, Oxford UK & Cambridge USA. Knights, C. 1994 The Spatiality of the Roman Domestic Setting: An Interpretation of Simbolic Content. Parker Pearson, M. y C. Richards.(eds). Architecture and Order. Aproaches to Social Space. Routledge, Londres. Pp. 113-146. Lagopoulos, A. P. 1985 Mode de production asiatique et modèles sémiotiques urbains: analyse socio-sémiotique d’agglomérations antiques du Moyen-Orient, Semiotica, 53, 1/3, 1-129. Laurence, R. 1998 Introduction, In R. Laurence & J. Berry (eds), Cultural Identity in the Roman Empire, Londres, Routledge, 1-9. Leone, M. 1977 The New Mormon Temple in Washington D,C. Histórical Archaelogy and the Importance of Material Things. (ed.) L. Ferguson. Special Publication Series (2):43-61. Society for Histórical Archaeology, Arizona. Leone, M. 1984 Interpreting Ideology in Histórical Archaeology: the William Paca Garden in Annapolis, Maryland. Ideology, Power and Prehistory. (eds.) D. Miller y C. Tilley. pp. 25-35. Cambridge University Press. Cambridge. Leone, M. y R. Potter 1988 The Recovery of Meaning. Smithsonian Institution Press, Washington D.C. Markus, T. 1993 Buildings and Power; Freedom and Control in the Origin of Modern Buildings Types. Blackwell, Oxford. Mau, A. 1899 Pompeii: Its Life and Arts, Mcmillan, New York. (Trad. F.Kelsey). McGuire, R. y Paynter, R. 1991 The Archaeology of Inequality. Blackwell, Cambridge, Mássachusetts.

14

McGuire, R. y Schiffer, M. 1983 A Theory of Architectual Design. Journal of Antropological Archaeology, 2:277-303. Meneses, U.T.B. 1965 Sentido e função de um Museu de Arqueologia, Dédalo, 1,1: 1926. Miller, D. 1984 Modernism and Suburbia as Material Ideology. Ideology, Power and Prehistory. (ed.) D. Miller y C. Tilley, pp 37-49. Cambridge University Press, Cambridge. Monks, G. 1992 Architectual Simbolism and Non-verbal communication at Upp.er Fort Garry. Historical Archaeology, 26 (2):37-57. Muhly, J.D. 1996 Review of D. Small, Methods in the Mediterranean Archaeology, American Antiquity, 61,2, 433-4. Parker Pearson, M. y C. Richards.(eds) 1994 Social Space. Routledge, Londres.

Architecture and Order. Aproaches to

Perring, D. 1991 Spatial organization and social change in Roman towns, City and Country, 273-293. Ruggiu, A. Z. 1995 Spazio privato e spazio pubblico nella città romana. Roma, École Française de Rome. Samson, R. 1990 Comment on Eleanor Scott’s ‘Romano-British villas and the social construction of space’, in R. Samson (ed.), The Social Archaeology of Houses, Edinburgh, University Press, 173-180. Schuyler, R.L. 1970 Historical and historic sites archaeology as anthropology: basic definitions and relationships, Historical Archaeology, 4, 83-89. Senatore, M.X. & A. Zarankin 1996 Perspectivas metodológicas en Arqueología Histórica. Reflexiones sobre la utilización de la evidencia documental. En: Páginas sobre Hispanoamérica Colonial, Sociedad y Cultura (3):113-122. PRHISCO. Buenos Aires. Shanks, M. 1995 Archaeological experiences and a critical romanticism, Helsinki Papers in Archaeology, 7: 17-36. Sherratt, A. 1995 Reviving the grand narrative: archaeology and long-term change, Journal of European Archaeology, 3,1: 1-32. Stedman, S. 1996 Recent Research in the Archaeology of Architecture: Beyond the Foundations. Journal of Archaeological Research 4 (1): 51-93. Thomas, J. 1998 The Socio-Semiotics of Material Culture. Journal of Material Culture, 3 (1) : 97-108. Sage Publications. Storey, G. 1999 Archaeology and Roman Society: Integrating Textual and Archaeological Data. Journal of Archaeological Research 7 (3): 203-248.

15

Wallace-Hadrill, A. 1994 Princeteon University Press.

Houses asn Society in Pompeii and Herculaneum.

Whitehouse, R.D. & Wilkins, J. 1989 Greeks and nations in South East Italy: approaches to the archaeological evidence, in T. Champion (ed.), Centre and Periphery, Comparative Studies in Archaeology, Londres, Unwin Hyman: 102-124. Whittaker, C.R. 1991 El pobre, in A. Giardina (org), El hombre Romano, Madrid, Alianza, 321-349. Zanker, P. 1988 Pompeji, Stadbilder als Spiegel von Gesselschaft und Herrschaftsform. Mainz, Zabern. Zarankin, A. 1998 Casa Tomada: Sistema, poder y vivienda familiar. Sed non satiata. Teoria Social en la Arqueología Latinoamericana Contemporánea. A. Zarankin y F. Acuto (eds.). Ediciones Del Tridente, Buenos Aires. Pp. 239-272. Zevi, F. 1996 Pompeii dalla citta sannitica alla colonia sillana: per un interpretaczione dei dati archaeoligici. Les elites municipales de l´Italie peninsulaire des Gracques a Neron. Roma. Pp125-138.

Notas 1. Por existir abundante bibliografia sobre o tema, realizamos um recorte baseado na antiguidade dos trabalhos – escolhemos os mais recentes – e no grau de difusão e aceitação que tiveram. Como segundo critério, escolhemos os casos que utilizam evidência arqueológica em seus modelos explicativos, ou seja, como informação complementar ou como eixo central da abordagem. 2. Apesar de considerar os aportes de Grahame como inovadores, uma leitura crítica de seu trabalho nos permite chamar a atenção sobre alguns pontos da pesquisa que podem ser questionados. Em primeiro lugar, ele desenvolve uma abordagem estruturalista para analisar a vivenda pompeiana que dificulta a compreensão dos processos de mudança e de transformação, ou o trabalho com variáveis temporais e históricas. Além disso, utiliza um conceito de arquitetura bastante restrito, o qual se restringe à arquitetura doméstica – e, a partir dela, aos aspectos funcionais –, deixando de lado uma análise mais profunda e abrangente da produção arquitetônica. Por exemplo, o leitor poderia se perguntar o que acontece às demais variáveis que também poderiam ser relevantes, as quais ele não aborda – sem justificativa – como: decoração, tamanhos dos cômodos, morfologias, materiais e tecnologias construtivas, entre outras. Tudo isso faz com que, por alguns momentos, sua explicação sobre a funcionalidade da arquitetura torne-se mono causal e restrinja-se a condicionar o encontro e a relação dos espaços do público e do privado. 3. Atualmente, existe uma discussão sobre a definição da própria Arqueologia Histórica. O termo surgiu nos Estados Unidos na década de ’60, a fim de designar os estudos que envolvessem o período posterior à chegada do europeu no século XVI. Na Europa, outros critérios são utilizados para referir-se à Arqueologia Histórica, principalmente nos estudos de diferentes civilizações (cf. Funari 1999). Consideramos nesse artigo que

16

a chamada Arqueologia Clássica (do mundo greco-romano) pode ser incluída como parte de uma Arqueologia Histórica (Andrén 1998). 4. Uma síntese sobre o tema pode ser consultada em Stedman (1996).

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.