Por vontade de Deus: a investida sassânida de 614-618 no espelho cristão

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Por vontade de Deus: a investida sassânida de 614-618 no espelho cristão By God’s will: the sassanid onslaught in 614-618 in the christian mirror

Alfredo Bronzato da Costa Cruz

Resumo: Em 614 exércitos persas ocuparam a cidade de Jerusalém. Quatro anos mais tarde tomaram Alexandria, estabelecendo uma ocupação duradoura. Tal campanha, que expôs de modo dramático a fragilidade da autoridade bizantina sobre as províncias levantinas e africanas do Império Romano, implicou danos severos para a infraestrutura religiosa da região, já abalada por mais de um século de violentos conflitos deflagrados por polêmicas teológicas. Pretende-se retomar documentos que tratam dessa investida persa – duas vidas constantes da História do Patriarcado Copta de Alexandria e o relato da invasão de Jerusalém por Antíoco Estratego – para pensar como os invasores foram representados em fontes eclesiásticas. Palavras-chave: Guerras entre bizantinos e sassânidas; historiografia eclesiástica; memória e religião. Abstract: In 614 persian armies occupied the city of Jerusalem. Four years later they took Alexandria, establishing a durable occupation. Such a campaign that exposed dramatically the weakness of byzantine authority over the levantine and african provinces of the Roman Empire, led to severe damage to religious infrastructure in the region, already rocked by more than a century of violent conflict triggered by theological controversies. This text intended to retake documents that address this persian onslaught – two lives constants of the History of the Coptic Patriarchate of Alexandria and the account of the invasion of Jerusalem by Antiochus Strategos – to think like attackers were represented in ecclesiastical sources. Keywords: Byzantine-Sasanian wars; Ecclesiastical history; Memory and religion.

No ano de 590 d.C., aproveitando-se do ensejo de uma revolta liderada pelo general aristocrata Bahrām Chobin, o filho do Xá Hormizd IV(c.570-628), governante do Império Sassânida, tomou o poder através de um golpe palaciano, assumindo o nome de Cosroés II. Essa mudança de governo, todavia, não aplacou Bahrām, que avançou contra a corte de Ctesifonte, forçando o novo xá a fugir para além da fronteira ocidental do seu domínio. O general, descendente dos arsácidas (247 a.C.-224 d.C.), assumiu ele mesmo o trono, tomando o nome de Bahrām VI. Em troca de um tratado que concedia a parte ocidental do Cáucaso aos bizantinos, de outra parte, Cosroés conseguiu a ajuda do imperador bizantino Maurício (539602) para retomar seu diadema; para cimentar essa aliança, casou-se com uma de suas filhas, 

Doutorando em História Política no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGH/UERJ, 2015- ).. Mestre em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGH/UNIRIO, 2011-2013). Bacharel e Licenciado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2005-2009). Bolsista CAPES. Orientador: Prof. Dr. Edgard Leite Ferreira Neto. E-mail: [email protected].

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a princesa Míriam.1 Vencidas as forças de Bahrām por uma coalizão de persas, armênios e gregos na Batalha de Blarathon, travada em agosto de 591 nas proximidades da cidade de Ganzak, firmou-se um acordo de paz entre Constantinopla e Ctesifonte. Levado a fugir para o leste, o general arsácida terminou assassinado por nômades turcos, instigados por Cosroés. A aliança então estabelecida entre bizantinos e sassânidas permitiu que ambos os impérios se voltassem para outras fronteiras militares que não o oriente sírio – combates contra populações seminômades, respectivamente, nos Balcãs e na Margiana.2 Cosroés aproveitou-se para consolidar seu poder também ao redor do Golfo Pérsico, mandando emissários aos diversos potentados árabes para obter sua lealdade. O último rei de al-Hira, al-Nu’man III ibn al-Mundhir, um cristão nestoriano, foi assassinado em 602 por agentes despachados desde Ctesifonte, falsamente acusado de traição; sua cidade foi abandonada, partes de seus edifícios foram utilizados na reconstrução de Kufa e o domínio dos Banu Lakhm passou a ser governado por legalistas persas após a derrota destes árabes do sul da Mesopotâmia na Batalha de Dhi Qar, travada em 609. No mesmo ano de 602, depois que o Imperador Maurício, sucessivamente benfeitor, aliado e sogro de Cosroés, foi deposto e assassinado por Focas, o Xá teve um motivo apropriado para começar uma invasão ao território bizantino, facilitada pelo estado de guerra civil ocasionado pela recente mudança política na Nova Roma e pela duvidosa adesão de alguns dos oficiais provinciais ao César adventício. Encontrando uma resistência rarefeita, pouco eficaz, os generais sassânidas submeterem as cidades romanas fortemente guarnecidas da Mesopotâmia, da Armênia e da Anatólia, em uma campanha de arco e intensidade sem precedentes na história dessa dinastia. Os persas iniciaram a invasão da Síria em 604 e capturaram Antioquia em 611; dois anos depois, infligiram uma derrota decisiva aos bizantinos nos arredores desta metrópole, desbaratando o contra-ataque pessoalmente liderado pelo Imperador Heráclio (c.575-641), assunto ao trono em 610, também por meio de uma revolta palaciana. Após isso, o avanço persa rumo a oeste prosseguiu por anos sem encontrar uma barreira significativa. Em 614 Jerusalém foi capturada de uma maneira que a documentação contemporânea registrou como particularmente violenta; o fato da relíquia da cruz de Cristo ter sido tomada como parte do espólio foi lamentado de modo especial. Alexandria foi ocupada em entre 618 e 619, e o restante do Egito em 621. O esforço militar sassânida tinha então como meta a restauração das fronteiras do antigo império do Xá Dário (521-486 a.C.), período histórico de maior extensão do domínio persa, enquanto o Império Romano do Oriente encontrava-se aparentemente à beira do colapso.3

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Durante o período da trégua firmada entre Maurício e Cosroés, diante das contínuas declarações públicas de amizade entre os dois monarcas, alguns eclesiásticos armênios e sírios chegaram a acreditar e registrar em suas crônicas que o xá havia se convertido ao cristianismo. Embora nada permita afirmar que tenha sido ele mesmo um cristão em qualquer momento de sua vida, todavia, é certo que Cosroés tinha ao menos uma esposa cristã, de nome Sira ou Shīrīn, e que demonstrou nos anos iniciais de seu reinado – até a campanha contra Focas – uma simpatia considerável para com esta religião, inclusive fazendo ofertas em bens e dinheiro a alguns de seus santuários.4 Isto considerado, os relatos da invasão de Jerusalém por Antíoco Estratego e de Alexandria pela História do Patriarcado Copta assumem um matiz ainda mais pungente. O relato de Antíoco Estratego do saque de Jerusalém pelos sassânidas, originalmente escrito em grego, foi-nos transmitido a partir de manuscritos georgianos, talvez transcritos não diretamente, mas traduzidos desde uma versão em árabe. Ele é de grande importância, pois foi composto por uma testemunha ocular dos eventos narrados; suas marcas de estilo evidenciam que era destinado não a ser lido em privado, mas a ser proclamado em voz alta, nas reuniões capitulares dos mosteiros ou nas assembleias litúrgicas. Antíoco viveu primeiro como eremita e, em seguida, como monge no famoso Mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém; como responsável pela segurança deste estabelecimento – daí seu designativo – ele teve uma participação privilegiada nos eventos que relata. 5 Isso não quer dizer, todavia, que seu relato seja objetivo em qualquer sentido que nos seja contemporâneo. Durante muito tempo acreditou-se que o escrito de Antíoco sobre a investida persa representava uma verdade sem maiores adornos, mas recentes pesquisas arqueológicas em Israel não conseguiram reunir quaisquer evidências significativas das destruições nele mencionadas.6 Além disso, os elementos miraculosos e os estereótipos hagiográficos que entram na composição do texto nos fazem duvidar de seu caráter referencial, em sentido estrito. Este justo ceticismo, entretanto, não toca aquilo que compõem o eixo da narrativa, ou seja, o universo cultural e a paleta de representações mobilizadas por Antíoco – justamente aquilo que aqui é o objeto de nossa atenção.7 Pois bem, este religioso conta que, enquanto seguiam para Jerusalém, os persas capturaram dois de seus confrades. Seu líder, nomeado Kasmi Ozdan, interrogava-os constantemente sobre a possibilidade de rendição da cidade, mas os religiosos obstavam-no que em vão se ergueria o sítio, pois estavam certos de que Deus a protegia de modo direto. Estando diante dela e percebendo “o número dos mosteiros e moradas de tementes a Deus”, os invasores desejavam concluir um tratado com os locais; o Patriarca Zacarias, líder da Igreja 3

calcedônica na região, exortou os citadinos a considerar esta possibilidade, mas se viu hostilizado em função disso. Este religioso tentou ainda mobilizar reforços bizantinos vindos de Jericó e de outras cidades do litoral palestino, mas estas não se atreveram a romper o cerco que os persas haviam levantado em torno de Jerusalém.8 A dupla de monges capturados, por fim, declarou às tropas do leste que a cidade sagrada haveria, afinal, de ser submetida; isso porque os anjos que tinham avistado protegendo as suas torres e ameias com escudos e lanças de fogo dali se retiraram sob o comando de um outro deles, recém-descido do céu, que disselhes: “(...) Saiam daí, retirem-se, pois o Senhor deu toda esta cidade santa nas mãos do inimigo”.9 Souberam assim, que os persas haveriam de ser vitoriosos nesta empreitada e comunicaram-nos disto. Tendo as negociações de rendição chegado a nada, os homens do xá “foram agitados com viva raiva, como ferozes bestas, e planejaram todo tipo de injúria contra Jerusalém” e, enfatiza Antíoco, “Deus não quis vir em seu socorro”.10 A primeira fase do combate durou uma quinzena, na qual a muralha da cidade foi posta abaixo pelas balistas inimigas; vencidas as forças defensivas, o pior foi inevitável. O monge narrador não economizou nos detalhes, e suas várias referências metafóricas, muitas das quais animalizam tanto os invasores persas quanto suas vítimas, são de um sabor especialmente acre:

Então os malignos soldados entraram na cidade com grande fúria, como bestas selvagens e enfurecidas e serpentes irritadas. Os homens que defendiam a muralha da cidade, no entanto, fugiram e esconderam-se nas cavernas, fossos e cisternas para se salvarem; e as pessoas debandaram em multidão para as igrejas e altares, e lá eles destruíram-nas. Pois o inimigo entrou em altíssima ira, rangendo os dentes em violenta fúria; como feras que rugiam, berrando como leões, assobiando como serpentes ferozes, e mataram todos os que encontraram. Como cães raivosos, rasgaram com seus dentes a carne dos fiéis, não respeitando nenhum deles, nem homem, nem mulher, nem jovem, nem velho, nem criança, nem bebê, nem padre, nem monge, nem virgem, nem viúva... § Os malignos persas, que não tiveram compaixão em seus corações, correram a cada lugar na cidade e de comum acordo extirparam todas as pessoas. Qualquer um que os visse fugia tomado de terror; e se alguém gritava de medo, eles rugiam rangendo os dentes, e quebravam seus dentes obrigando-o a fechar a boca. Eles abatiam tenros bebês no chão, e depois chamavam seus pais com altos gritos. Seus pais batiam-se com vociferações e soluços, mas eram prontamente despachados com eles. Qualquer um que fosse pego armado era massacrado com suas próprias armas. Aqueles que correram rapidamente foram perfurados com flechas, e os que não resistiram e ficaram quietos foram mortos sem piedade. Eles não ouviram os apelos dos suplicantes, não tiveram pena da beleza dos jovens, não tiveram compaixão da idade dos homens velhos, nem coraram diante da humildade do clero. Ao contrário, eles destruíram pessoas de todas as idades, massacrando-as como animais, cortando-as em pedaços, cortando-os por baixo como repolhos, de modo que todos solidariamente beberam, dividindo entre si, uma taça repleta de amargura. Lamentação e terror puderam ser vistas em Jerusalém. Santas igrejas foram queimadas com fogo, outras foram demolidas, majestosos altares foram tombados, sagradas cruzes foram pisoteadas, vivificantes ícones foram cuspidos pelos imundos. Então sua ira caiu sobre sacerdotes e diáconos: mataram-nos em suas igrejas como animais irracionais...11

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Segue o relato de como os sobreviventes que conseguiram se esconder foram enganados para vir a público e como aqueles que não tinham habilidades úteis aos invasores foram atirados ao fosso de Mamel, não muito distante da Torre de Davi para fora da cidade, sendo submetidos ao esmagamento, à sede, ao calor intenso e, o pior, às tentações de alguns judeus que, estando na cidade, aproveitaram-se da investida persa para se voltarem contra os seus vizinhos cristãos. Antíoco também conta como os conquistadores tiveram como especial presa um convento no Monte das Oliveiras onde viviam quatrocentas virgens, de como o Patriarca Zacarias foi capturado entre as lamentações daqueles que haviam se reunido ao seu redor, de como os fiéis remanescentes tiveram de assistir à destruição das igrejas da cidade e foram conduzidos para o cativeiro na Pérsia, no caminho de onde foram tentados a pisar a relíquia da verdadeira cruz.12 Segundo Yuri Stoyanov, toda a narrativa foi modelada para realçar de modo deliberado os elementos religiosos da guerra contra os persas, em um contexto de instrumentalização de clichês referentes aos mártires, aos judeus e aos orientais na propaganda militar do Império Romano do Oriente.13 Seu final, todavia, é bastante surpreendente, pois o monge Estratego conta que Patriarca Zacarias conseguiu sair-se bem em uma disputa com os magos do Xá Cosroés, e terminou sendo resgatado com alguns dos seus e com a cruz roubada por uma das esposas reais, que tinha “o nome de cristã, mas depois da heresia de Nestório, o ímpio e desprezado de Deus”.14 O próprio Antíoco, entretanto, não testemunhou isso pessoalmente, porque, juntamente com alguns de seus confrades, havia antes conseguido fugir durante uma noite e retornar a Jerusalém.15 Deve-se observar que segundo o Estratego a tomada de Jerusalém pelos persas não se deu em função da precariedade de suas forças de defesa - que ressalta, aliás, antes terem sido suplementadas por uma guarnição celeste –, mas pela vontade de Deus. Este religioso sublinhou que enquanto o Patriarca Zacarias “pastoreava seu rebanho de maneira correta, decente a agradável a Deus”, chegaram em Jerusalém “certos homens ímpios”, que aí se instalaram “com a ajuda do diabo (...) repletos de toda vilania, e não estavam contentes em apenas agredir e saquear os crentes, mas foram se reunindo para derramar o sangue como um bem, e para o homicídio”.16 Não está claro se devemos ver nestes personagens lugarestenentes ou aliados locais do Imperador Focas ou participantes das forças que viabilizaram a ascensão de Heráclio ao trono constantinopolitano. De toda forma, para Antíoco parecia evidente que era por causa deles que Jerusalém foi tomada tão brutalmente em 614, pois

(...) Depois disso o Juiz da verdade, que deseja não a morte do pecador, mas que ele possa ter a possibilidade de transformar-se e viver, enviou-nos a má raça persa, como uma vara de castigo e uma medicina de repreensão. Eles avançaram com uma grande

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força e numerosa horda, apreenderam toda a terra da Síria, e puseram em fuga os destacamentos e forças dos gregos, capturando diversos deles; seguiram com um exército como um enxame que pululava, e capturaram cada cidade e aldeia. Eles chegaram à Palestina e suas fronteiras, e eles vieram a Cesareia, que é a metrópole. Mas lá imploraram por uma trégua, e curvaram seus pescoços em submissão. Depois o inimigo avançou para Sarapeon, capturando-o, bem como todas as cidades do litoral, juntamente com as suas aldeias... § Em seguida eles alcançaram a Judeia, e chegaram a uma grande e famosa cidade, uma cidade cristã, que é Jerusalém, cidade do Filho de Deus. Vieram com furor e muitíssima raiva na alma, e o Senhor entregou-a em suas mãos, e eles cumpriram todas as coisas de acordo com Sua vontade. E quem pode descrever o que aconteceu dentro de Jerusalém e nas suas ruas? Qual número da multidão de mortos que jazia estirada em Jerusalém? 17

Passe-se agora à invasão persa do Egito conforme descrita nas vidas dos Patriarcas Andrônico e Benjamin, que lideraram a Igreja Copta, respectivamente, nos anos de 616 a 622 e de 622 a 661. Á bem da verdade, diga-se que se faz aqui referência quase que só à primeira delas; a ocupação sassânida é um pano de fundo apenas para os primeiros parágrafos da vita de Benjamin. Registre-se também que elas não são hagiografias isoladas, mas fazem parte da coleção de relatos de vidas de bispos egípcios conhecida como História do Patriarcado Copta de Alexandria. Pode-se considerar validamente esta História como um registro oficial da memória dessa instituição, composta por diferentes mãos a partir da reação egípcia ao Concílio de Calcedônia, celebrado em 451; diante de uma série de desafios político-religiosos, os coptas recordaram e registraram a história de sua comunidade e do território ao qual ela estava ligada por vínculos de origem e significação devocional, de modo que se resolveram a retomar e dar continuidade à obra de seus predecessores. Seus primeiros colaboradores escreveram em cóptico, inicialmente realizando traduções do grego, mas seus sucessores a partir do século X compuseram seus relatos em árabe. A maior parte das versões atualmente conhecidas da História do Patriarcado Copta consiste em uma reunião de traduções para árabe de textos cópticos anteriores ao século X e de trechos escritos originalmente em árabe, perfazendo um relato mais ou menos contínuo sobre a trajetória do cristianismo egípcio do século I ao XIII. No interior deste material, os especialistas reconheceram pelo menos doze distintas camadas redacionais – as quatro primeiras em cóptico, vertidas para o árabe em um grande rearranjo editorial feito no século X, e as oito seguintes redigidas originalmente em árabe daí em diante. Há notícias de manuscritos dessa História que foram complementadas com material posterior, de tamanho e natureza variável, tratando de personagens e episódios situados no longo período que vai do início do século XIV ao início do século XX. A data em que as vidas de Andrônico e Benjamin adquiriram sua forma final são incertas, mas se supõe que a primeira date do início do século VIII e que foi composta por primeiro em cóptico,

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enquanto a segunda, baseada em materiais cópticos mais antigos, date da segunda metade do século X e tenha sido redigida originalmente já em árabe.18 Em todo o caso, de acordo com o redator da vita do Patriarca Andrônico, não foi o ódio à fé que levou os persas a massacrarem a Igreja Ortodoxa, ou seja, a Copta, mas a ambição, um tal “amor ao dinheiro”, que fazia com que pudessem “matar um homem por um denário, ou por algo que vale aproximadamente três denários”, levando-os a “pisar a terra do Egito como os bois trilham a eira, tomando todas as suas riquezas, tudo o que tinham em seus tesouros”.19 Compostas por homens de “muitas doutrinas”, que “não conheciam a Deus, mas adoravam o sol”, as tropas do xá avançaram contra os mosteiros de Henaton, nas proximidades de Alexandria, então em número de seiscentos, “florescentes, como pombais”, ocupados por monges “independentes, insolentes, sem nenhum temor, confiantes de suas grandes riquezas”, que “promoviam atos de escárnio” contra os invasores. Cercaram a região pelo oeste e assassinaram todos os religiosos, com exceção de alguns que se esconderam no ermo, “(...) E tudo de dinheiro e de mobília que estava lá foi tomado como despojo pelos persas, e eles destruíram os mosteiros, que permanecem em ruínas até hoje”.20 Quando a notícia do desfecho do cerco de Henaton chegou até Alexandria, seus habitantes apressaram-se a abrir os portões da cidade em busca de algum acordo com os sassânidas. Há bons motivos para suspeitar que a negociação foi inicialmente bem sucedida, dando tempo suficiente para que duas notáveis personalidades da cidade, os dois mais importantes representantes nela do governo constantinopolitano, conseguissem escapar: o praefectus augustalis and dux, Nicetas, e o líder civil e militar da província bizantina do Egito, e patriarca em exercício da Igreja calcedônica da mesma região, João Eleemon, que foi entronizado em 610. Ambos foram inicialmente para a Ilha de Rodes; o Patriarca João seguiu depois para Chipre e morreu em sua cidade natal, Amatos, em novembro de 619.21 A História do Patriarcado Copta, que não preservou o nome do comandante persa responsável pela ocupação de Alexandria, mas apenas seu título oficial, Salar, registra que ele fez então construir na cidade um palácio de nome Tarâwus, em persa casa dos reis, que na segunda metade do século X era conhecido simplesmente como Qasr Farisi, o castelo dos persas.22 Algo, entretanto, parece ter corrido profundamente errado logo no estágio inicial da ocupação persa de Alexandria. Em determinado momento, o Salar fez proclamar que todos os homens de dezoito a cinquenta anos aí residentes deveriam sair da cidade para receber uma provisão de vinte denários cada um, supostamente em recompensa de sua pronta rendição. Atraídos por essa promessa, deixaram a proteção de suas casas e tiveram seus nomes registrados em uma lista; tendo se assegurado que nenhum dos membros do conjunto 7

determinado havia deixado de atender à proclamação, os persas cercaram o grupo reunido e os assassinaram todos. A História do Patriarcado Copta registra que “o número de pessoas que foram assim abatidos chegou a oitenta mil homens”, e que o estratagema de seu extermínio foi uma demonstração da astúcia do Salar. De modo talvez impressionante, entretanto, atribuiu a motivação do massacre a uma manifestação divina: tendo ingressado em Alexandria com facilidade, o comandante persa teria sonhado com um personagem celeste que havia declarado que a ele entregava “esta cidade e seus edifícios e tudo o que ela contém”, e, sendo assim, que deveria guardar-se “para não ferir a cidade”, mas, por outra parte, não poderia deixar que seus habitantes permanecessem “em seu interior, pois eles são hipócritas [em matéria de religião]”.23 O massacre promovido pelos persas, portanto, teria uma relação causal com a adesão de boa parte da população de Alexandria à cristologia calcedônica e com a consequente pressão exercida pelas autoridades municipais contra a Igreja Copta, não apenas durante os pontificados de Eulógio e João Eleemon. Desta forma configurada, o relato da História do Patriarcado Copta a respeito possui um vínculo genético não apenas com o relato de Antíoco Estratego sobre a tomada de Jerusalém pelos persas, mas com toda a tradição eusebiana e da Bíblia Hebraica, que considerava as derrotas militares do povo fiel como castigos divinos por seus pecados. Como os antigos judeus e como os bizantinos – mas em sentido diverso destes –, os coptas interpretaram esses massacres como duras penitências – aos gregos de Alexandria por sua heresia, aos monges da região de Henaton por sua insolência e opulência – fazendo operar “uma estrutura temporal histórica que objetivava a noção repetitiva de que a desobediência religiosa implicava em derrota”, estrutura que supunha ainda a possibilidade do arrependimento como restauração, “concebida como um ciclo: pecado-castigo-arrependimento-restauração”.24 A vita de Andrônico registra ainda mais um massacre dos persas contra a população monástica do Egito. Conquistada Alexandria, as tropas lideradas pelo Salar marcharam para o sul, rumo ao Alto Egito. Na cidade de Niciu, “certas pessoas lhe deram informações sobre os monges que vivam nas montanhas e nas cavernas (...) Disseram-lhe como eles haviam se encerrado por trás de um muro fortificado, e que suas obras eram repreensíveis, por conta da enormidade de sua riqueza”. A História do Patriarcado Copta não dá mais informações sobre estes colaboradores locais dos invasores, mas em seu relato mais uma vez o “amor ao dinheiro” dos persas serve à vontade divina de castigar com toda a dureza a hipocrisia em matéria de religião – no caso dos monges dos arredores de Niciu, como nos da região de Henaton, evidenciada por sua riqueza, contrária ao ideal monástico de desapego diante das coisas materiais.25 O resultado é agora previsível: “(...) Ao nascer do sol, eles [os persas] 8

entraram [pelo muro fortificado] e mataram todos [os monges] com a espada, não restando nenhum deles”.26 Em seguida, o redator da vita de Andrônico registra laconicamente que “este Salar foi a causa de muitos problemas, porque ele não conheceu a Deus. Mas o tempo é muito curto para contar seus feitos”. O patriarca copta, tendo escapado de alguma forma ao massacre da população adulta de Alexandria, talvez em função de sua avançada idade, faleceu depois de seis anos ocupando esta posição, “sofrendo por causa desta nação dos persas, havendo visto todos esses desastres, que encontrou e suportou com paciência (...) apegando-se à fé correta, a fé de seus pais”, ou seja, a miafisita.27 Tendo registrado estas coisas, e destacado que a voracidade e violência dos persas, ainda que eles mesmos desconhecessem o Deus cristão, não eram senão guiados pela vontade divina, a História do Patriarcado Copta conta-nos pouco a respeito das fases posteriores da ocupação persa. Deste modo, não está nada claro como a Igreja Copta administrou seus negócios durante este período.28 Há evidência externa do ímpeto da conquista sassânida, apesar de ser necessário reconhecer, antes do mais, que as fontes literárias de origem grega e copta, independentemente de quaisquer considerações a respeito das origens divinas de suas ações, depreciam de modo global os invasores vindos do leste como selvagens e assassinos, enquanto os análogos siríacos e armênios limitam suas ações reprováveis estritamente ao momento das ocupações.29 Ruth Altheim-Stiehl considerou razoável acreditar que depois do estágio inicial da tomada do Egito, caracterizado pelo desejo pela coleta de espólios, pelo violento esforço de supressão das forças de resistência e por uma política de terror para com a população helenófona/calcedônica, que poderia auxiliar de numerosas maneiras um contraataque bizantino, os sassânidas passaram a ter uma ocupação caracterizada por medidas moderadas e diplomáticas, decerto para viabilizar certo modus vivendi com a população, alçada à categoria de contribuintes de seu império.30 A mesma autora também destacou que há boa razão para acreditar que os persas se esforçaram para levar em consideração os costumes locais na administração do Egito, e Saeid Jalalipour afirmou que, depois da conquista, os egípcios viviam suas vidas de forma não muito diferente do que no período imediatamente anterior de sua história.31 Uma das poucas interferências realmente significativas parece ter sido a introdução do calendário zoroastriano em substituição às formas autóctone e romana.32 Com esta única exceção da marcação do tempo, e apesar de não terem promovido em quaisquer das terras que ocuparam nenhuma expansão significativa de sua própria religião oficial, os sassânidas zoroastrianos envolveram-se nos negócios das instituições religiosas egípcias, como então era comum. Quando o governo episcopal de Isna ficou vazio, ele foi 9

assumido pelo titular de Hermontis por ordem do Patriarca Andrônico, porque os persas não permitiam então a ordenação de novos bispos, mas essa parece ter sido a sua mais significativa restrição à Igreja Copta.33 De fato, Andreas Stratos sublinhou a política de tolerância religiosa praticada em todos os domínios persas, assim como o contraste entre o relativo favorecimento dos cristãos nestorianos e miafisitas em relação aos calcedonianos, eventualmente perseguidos e considerados como inimigos políticos, pois diretamente sustentados pelo trono constantinopolitano.34 Há relatos, aparecidos em textos de eclesiásticos calcedônicos, de que os coptas exploraram a situação e assumiram certo número de templos bizantinos no Baixo Egito; de modo geral, parece que os sassânidas deixaram-nos livres para praticar sua religião – isto se não os sustentaram de modo ativo.35 As igrejas e demais edifícios eclesiásticos situados no interior das muralhas de Alexandria não foram tão danificados quanto se poderia esperar em um primeiro momento, muito ao contrário; e mesmo os mosteiros, tão atingidos durante a conquista, foram deixados em paz para curar suas feridas, e parece que se recuperaram com rapidez dos golpes recebidos. A História do Patriarcado Copta registra no relato da vita do sucessor de Andrônico, Benjamin, que este se retirou em 621 para junto a um mestre de nome Theonas, irmão de um mosteiro chamado de Canopus, que, ficando certa distância a nordeste de Alexandria, não havia sido destruído pelos persas, “como os demais que haviam posto abaixo”. Canopus, onde Benjamin “cresceu dia a dia, até que sua santidade, paciência e autocontrole houvessem feito grandes avanços”, parece, de fato, não ter sido molestado pelos invasores até o fim do período da ocupação.36 1

De acordo com Frye, é bastante improvável que tal matrimônio efetivamente seja algo mais do que uma pura projeção lendária. Cf. FRYE, Richard R. “The political history of Iran under the sasanians”. In: YARSHATER, Ehsan (org.). The Cambridge History of Iran. V. 3, t. 1: the Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambridge: Cambrigde UP, 1983. p. 166. 2

FRYE, “The political...”, pp. 162-166. DARYAEE, Touraj. “The Sassanian Empire (224-651 CE)”. In: DARYAEE, Touraj (org.). The Oxford Handbook of Iranian History. Nova Iorque: Oxford UP, 2012. p. 199. 3

FRYE, “The political...”, pp. 166-169. DARYAEE, “The Sassanian...”, p. 200. DORFMANN-LAZAREV, Igor. “Beyond empire I: eastern christianities from the persian to the turkish conquest (604-1071)”. In: NOBLE, Thomas F. X. & SMITH, Julia M. H. (orgs.). The Cambridge History of Christianity. V. 3: early medieval christianities (c.600-c.1100). Cambridge: Cambridge UP, 2008. p. 71. 4

FRYE, “The political...”, p. 166. EVÁGRIO Escolástico. A History of Church in six books, from a.D. 431 to a.D. 594. Londres: Samuel Bagster and Sons, 1843. Coleção “Greek ecclesiastical historians of the first centuries of the christian era”, n. 6. Disponível em http://migre.me/rzoxG. Consultado em setembro de 2015. pp. 306-310. 5

CONYBEARE, Frederick Cornwallis (organização, tradução e notas). “Antiochus Estrategos’ account of the sack of Jerusalem in AD 614”. English Historical Review. Londres, v. 25, 1910. Disponível em http://migre.me/rzJM0. Consultado em setembro de 2015. p. 502. J. GRIBOMONT, verbete Antíoco Estratego. DI BERARDINO, Angelo (org.). Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Tradução de Cristina Andrade. Petrópolis / São Paulo: Vozes / Paulus, 2002. p. 110. 6

STOYANOV, Yuri. Defenders and enemies of true cross: the sasanian conquest of Jerusalem in 614 and byzantine ideology of anti-persian warfare. Viena: Österreichischen Akademie der Wissenschaften, 2011.

10

Coleção “Philosophisch-Historische Klasse: Sitzungsberichte”, n. 819; série “Veröffentlichungen zur Iranistik”, n. 61. pp. 15-23. 7

GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso e fictício. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar e Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. pp. 9-10. Cf. BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Prefácio de Jacques Le Goff; apresentação de Lilia Moritz Schwarcz; tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. pp. 78 e 105. Também: HARTOG, François. O espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Tradução de Jacyntho Lins Brandão. Nova edição revista e aumentada. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999. p. 48: “(...) a primeira questão que levanto não é sobre os citas, mas simplesmente sobre os citas de Heródoto. Objeção: se você começa recusando toda confrontação do texto com o que não é diretamente texto, corre o risco de fechar-se nele e de desenvolver, mais ou menos habilmente, uma máquina de produção de perífrases e tautologias; no fim das contas, de instaurar um culto ao texto, que não ousa sequer confessar-se como tal. Em resumo: de valorizar o texto pelo texto e os citas pelos citas – ou de fazer, como se dizia antigamente, arte pela arte. § Os citas de Heródoto? Se não se trata de confrontá-los com um referente (ou com o que se constitui como tal: os citas “reais”), não se trata também de recusar toda confrontação e, antes de tudo, no próprio interior das Histórias, em que o lógos cita ocupa, num momento da narrativa, um dado lugar. Estamos, pois, autorizados a relacionar um enunciado deste lógos com outros enunciados pertencentes ao mesmo contexto. (...) O fato de que certos enunciados remetem a outros enunciados do mesmo contexto é um indício do que se poderia chamar de injunções narrativas. Injunções não exteriores e impostas, mas interiores e produzidas pela própria narrativa no processo de sua elaboração. Segue-se que o lógos cita não é informação imediata sobre os citas, a qual se oferece de chofre a qualquer leitor desse único lógos, nem um documento, se posso assim dizer, em estado bruto e imediatamente confrontável com o que não é ele mesmo” (grifos no original). 8

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 504-505.

9

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 506.

10

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 506.

11

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 506-507.

12

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 507-511.

13

STOYANOV, Defenders and enemies...

14

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 511-513.

15

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 513.

16

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 503.

17

CONYBEARE, “Antiochus Estrategos’...”, pp. 503.

18

BROWN, Peter. The rise of Western Christendom: triumph and diversity, AD 200-1000. Edição revisada e ampliada de 10º aniversário. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 2013. Coleção “The making of Europe”, n. 21; direção de Jacques Le Goff. p. 310. JOHNSON, David W. “Further remarks on the arabic History of the Patriarchs of Alexandria”. Oriens Christianus. Weisbaden, Harrassowitz Verlag, n. 61, 1977. ATIYA, Aziz. “Sawirus Ibn Al-Muqaffa’”. In: ATIYA, Aziz S.; ATIYA, Lola; TORJESEN, Karen J. & GABRA, Gawdat (orgs.). The Coptic Encyclopedia Claremont [online]. Claremont: CGU School of Religion, 1991. Disponível em http://migre.me/rIGy8. Consultado em setembro de 2015. HEIJER, Johannes Den. “History of the Patriarchs of Alexandria”. In: ATIYA, Aziz S.; ATIYA, Lola; TORJESEN, Karen J. & GABRA, Gawdat (orgs.). The Coptic Encyclopedia Claremont [online]. Claremont: CGU School of Religion, 1991. Disponível em http://migre.me/rIGyT. Consultado em setembro de 2015. 19

EVETTS, Basil Thomas Alfred (org.). “History of the Patriarchs of the Coptic Church of Alexandria. Parte 2: de Pedro I a Benjamin (†661)”. (Versão bilíngue em árabe e em inglês, editada, traduzida e comentada por Brasil Thomas Evetts). In: VV. AA. Patrologia Orientalis. Tomo 1. Paris: Firmim-Didot, 1907. pp. 381-518. Disponível online em http://migre.me/rpjBY. Consultado em setembro de 2015. p. 484. 20

EVETTS, “History of...”, p. 485.

21

ALTHEIM-STIEHL, Ruth. “Persians in Egypt”. In: ATIYA, Aziz S.; ATIYA, Lola; TORJESEN, Karen J. & GABRA, Gawdat (orgs.). The Coptic Encyclopedia Claremont [online]. Claremont: CGU School of Religion, 1991. Disponível em http://migre.me/rzhWm. Consultado em setembro de 2015. pp. 2-3. 22

EVETTS, “History of...”, p. 485.

23

EVETTS, “History of...”, pp. 485-486.

11

24

SANTOS, André Ricardo Nunes dos. Flávio Josefo e a historiografia judaica. História e-história. Publicado em 31 de agosto de 2010. Disponível em http://migre.me/rzhTn. Consultado em setembro de 2015. §4. Cf.KOSELLECK, Eeinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução de Wilma Patrícia Maas e Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto / Ed. PUC-Rio, 2006. p. 127. 25

J. GRIBOMONT, verbete Monaquismo, in: DI BERARDINO, Dicionário Patrístico... p. 953: “(...) O movimento [monástico] leva avante uma exigentíssima concepção ascética do batismo, fundada na continência e na pobreza, na vida de oração e numa tradição profética judaico-cristã (...). Com o termo grego monachos, documentado no Egito (papiros) a partir de 324 e designando os pertencentes à classe (tagma) dos celibatários, que abandonam a própria casa e (em parte) os seus bens, compartilhando em certa medida da dignidade do clero, o movimento assume uma forma bem definida” (grifos no original). 26

EVETTS, “History of...”, p. 486.

27

EVETTS, “History of...”, p. 486. Para um breve, mas muito útil resumo da conjuntura das divisões teológicas no Império Romano do Oriente desde o início do século VII até o fim da ocupação sassânida, ver: DORFMANN-LAZAREV, “Beyond empire...”, pp. 65-71. 28

ALTHEIM-STIEHL, “Persians in...”, p. 4.

29

JALALIPOUR, Saeid. “Persian occupation of Egypt (619-629): politics and administration of sasanians”. eSasanika. Graduate paper, n. 10, 2014. Disponível em http://migre.me/rzhTM. Consultado em setembro de 2015. p. 2. 30

ALTHEIM-STIEHL, “Persians in...”, p. 5.

31

JALALIPOUR, “Persian occupation...”, p. 7.

32

ALTHEIM-STIEHL, “Persians in...”, p. 4.

33

ALTHEIM-STIEHL, “Persians in...”, p. 5.

34

STRATOS, Andreas Nikolaou. Byzantium in the seventh century. V. 1: 602-636. Tradução de Marc OgilvieGrant. Amsterdã: Adolf M. Hakkert, 1968. p. 284. 35

DORFMANN-LAZAREV, “Beyond empire...”, p. 71.

36

EVETTS, “History of...”, p. 487.

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