Potencial da Técnica de Solarização Como Ferramenta de Controle de Pragas em Hortaliças

June 23, 2017 | Autor: A. Junqueira | Categoria: Tomato, Insect pests
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Potencial da Técnica de Solarização Como Ferramenta de Controle de Pragas em Hortaliças. Marlene Gonçalves da Silva; Ana Maria Resende Junqueira Universidade de Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Núcleo de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade da Agricultura, Caixa Postal 4509, 70910-970, Brasília - DF. [email protected]

RESUMO Realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema solarização, buscando resgatar informações sobre o controle de pragas em hortaliças publicadas no período de 2001 a 2003. Os trabalhos foram catalogados por tema: local, cultura, inseto-praga, patógeno e planta daninha. Um total de 127 trabalhos foi consultado, dos quais 91 ou 72% tratavam do uso de solarização em hortaliças. No Brasil, 50% dos trabalhos enfocam as hortaliças. Cerca de metade dos trabalhos publicados sobre solarização em horticultura no mundo são da Índia e Itália. A cultura mais estudada foi o tomate. Em 68,1% dos trabalhos, a solarização foi eficiente no controle de pragas. PALAVRAS-CHAVE: filme plástico, pragas, controle alternativo ABSTRACT A study was carried out to verify the use of solarization in vegetable crops to control pests, during the period of 2001 to 2003. The papers were separated considering different themes: location, crop, insect pest, pathogen and weeds. A total of 127 papers was recorded. From those, 91 or 72% were about solarization in vegetable crops. In Brazil, 50% of the papers were about vegetable crops. Around the world, 50% of the papers were from India and Italy. The most studied crop was tomato. In 68,1% of the papers solarization was efficient to control pests. KEYWORDS: plastic film, pests, alternative control A solarização é um método físico desenvolvido para erradicar nematóides, plantas daninhas, patógenos e insetos de solo. Esta técnica consiste na cobertura do solo úmido com filme de polietileno transparente, durante os meses mais quentes do ano, com o objetivo de elevar a temperatura das camadas superficiais do solo ao nível de inativação das pragas e sementes de plantas daninhas. As vantagens são baixo custo, facilidade de operação e possibilidade de redução significativa na utilização de agrotóxicos (Ghini et al., 2002; Reis et al.,1999).

1

MATERIAL E MÉTODOS Realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema solarização, buscando resgatar informações sobre o controle de pragas em hortaliças, com a utilização dessa técnica, em trabalhos publicados nos anos de 2001, 2002 e 2003. Os trabalhos recuperados foram catalogados por tema: local, cultura, inseto-praga, patógeno e planta daninha. Os dados foram sistematizados na forma de gráficos e tabela. RESULTADOS E DISCUSSÃO Um total de 127 trabalhos foi consultado, dos quais 91 ou 72 % (Figura 1) tratam do uso de solarização em hortaliças. Os países que mais publicaram trabalhos na área foram Índia e Itália (Figura 2). O Brasil ocupa o terceiro lugar. Na grande maioria dos países, a solarização é utilizada para o controle de pragas em hortaliças. No Brasil, 50% dos trabalhos enfocam as hortaliças. Os demais trabalhos referem-se a outras culturas, ao uso de solarização para controle de patógenos, sem mencionar a cultura, ou se refere ao uso de modelagem matemática para o estudo da temperatura do solo. Cerca de metade dos trabalhos publicados sobre solarização em horticultura no mundo são da Índia e Itália (Figura 3). Os EUA ocupam o terceiro lugar, com 9,4 %. Brasil e Espanha estão empatados, em quarto lugar, com 7,1% de trabalhos publicados cada. A cultura mais pesquisada sob a técnica de solarização no mundo foi o tomate, com 30,6% dos trabalhos publicados (Figura 4), seguida do morango (12%), melão (7,4%), alface (5,6%) e batata (4,6%). A maioria dos trabalhos (66,7%) versa sobre patógenos de solo (Figura 5), seguidos de nematóides, plantas daninhas e insetos (Tabela 1). Em 5,5% dos trabalhos, a solarização foi menos eficiente que o controle químico. Em 26,4% dos trabalhos, ou não são apresentados resultados, ou a solarização não foi feita com finalidade fitossanitária. Na maioria dos trabalhos (68,1%), a solarização foi eficiente para controlar todo tipo de praga. No caso de plantas daninhas, a solarização, sozinha, apresenta eficiência. Para patógenos, insetos e nematóides, a eficiência aumenta quando associada a outras técnicas, como adição de resíduos vegetais, adubação orgânica, microrganismos antagonistas, fungicidas e inseticidas químicos ou biológicos. A maioria dos autores ressalta a importância da solarização como um método eficiente, seguro, relativamente barato, fácil de usar e que não produz resíduos fitotóxicos, sendo uma importante e eficiente técnica alternativa ao Brometo de Metila, que afeta a camada de ozônio, cuja interrupção de fabricação é preconizada internacionalmente (Ghini et al., 1997; Reis et. Al,. 1999). Portanto, a solarização poderá contribuir para a produção de hortaliças de maneira econômica e sustentável, pela redução de fumigantes e pesticidas químicos de maneira geral, 2

diminuindo custos e riscos de contaminação para o homem e meio ambiente, sobretudo no Brasil, que apresenta verões quentes e alta intensidade luminosa praticamente o ano todo.

80,0

72,0

70,0 60,0

% 50,0 40,0 30,0 14,7

20,0

11,3

10,0

2,0

0,0 Hortaliças

Frutíferas

Demais

Ornamentais

FIGURA 1. Porcentagem de trabalhos publicados sobre solarização, considerando hortaliças, frutíferas, demais culturas e ornamentais, no período de 2001 a 2003.

60

50

Hortaliças 40

Demais culturas 30

20

10

0

FIGURA 2. Número de trabalhos publicados sobre solarização, considerando o local, com ênfase em hortaliças e nas demais culturas, no período de 2001 a 2003

3

30,0

27,6

25,0

21,3

15,0

4,7

3,9

3,1

2,4

2,4

1,6

1,6

0,8

0,8 Austrália

5,0

Kênia

6,3

França

7,1

Chile

7,1

Chipre

9,4

10,0

Turquia

%

20,0

México

Israel

Egito

Japão

Espanha

Brasil

EUA

Itália

India

0,0

FIGURA 3. Porcentagem de trabalhos sobre solarização em hortaliças, referente a cada país, no período de 2001 a 2003.

35,0 30,6 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0

12,0 7,4 5,6

5,0

4,6

3,7 3,7 3,7

2,8 2,8

1,9 1,9 1,9 1,9 1,9 1,9

0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9

0,0

FIGURA 4. Porcentagem de trabalhos sobre solarização em hortaliças, por cultura, no período de 2001 a 2003.

4

70,0

66,7

60,0 50,0

%

40,0 30,0 16,3

20,0

12,8

10,0

4,3

0,0 Patógenos

Nematóides

Plantas daninhas

Insetos

FIGURA 5. Porcentagem de trabalhos publicados sobre o uso de solarização em hortaliças, considerando praga alvo, no período de 2001 a 2003.

TABELA 1. Pragas controladas pela técnica de solarização em cada cultura, 2001-2003. Hortaliça Patógeno Abóbora Pyrenochaeta lycopersici (1)* Solanum melongena (1) Solanum torvum (1) Verticilium dahliae (1) Alface Aspergillus (1) Fusarium (1) Penicillium (1) Sclerotinia mimor (2) Rhizoctonia solani (2) Alho Sclerotium capivorum (1) Batata Pythium aphanidermatum (1) Fusarium solani (1) Streptomyces sp. (2) Verticillum (1) Rhizoctonia solani (2) Berinjela Brocolis Rhizoctonia solani (1) Cebola Sclerotinia capivorum (1) Fusarium oxysporum (1)

Nematóides Meloidogyne incognita (1)

Plantas daninhas

Insetos

(3)

Meloidogyne incognita (1) Ditylenchus allii (1) Ditylenchus dipsaci (1)

Cenoura Fusarium oxysporum (1) Sclerotium cepivorum (1) Couve Couve-flor Rhizoctonia solani (1) Melancia Pseudoperonospora cubensis (1) Monosporascus connonballus (1) Melão Fusarium oxysporum (3) Meloidogyne incognita (2) Monosporascus connonballus (2) Meloidogyne arenaria (1) Pseudoperonospora cubensis (1) Meloidogyne javanica (1) Sclerotium cepivorum (1)

5

(1) (1) (1) (1) afideos (1) Spodoptera litura (1)

(1)

Morango Fusarium oxysporum (2) Pytophthora fragariae (1) Colletotrichum (1) Colletotrichum acutatum (1) Colletotrichum gloesporioides (1) Pythium(1) Pepino Aspergillus flavus (1) Aspergillus niger (1) Aspergillus (1) Fusarium (1) Fusarium oxysporum (1) Rhizoctonia solani (1) Rhizopus stolonifer (1) Sclerotium rolfsii (1) Penicillium (2) Trichoderma mucor (1) Pythium spp. (1) Monosporacus connonballus (1) Pseudoperonospora cubensis (1) Pimentão Phytophthora (1) Fusarium (1) Phytophthora capsici (3) Pytium (1) Rabanete Repolho Phytophthora nicotianae (1) Tomate Rhizoctonia solani (2) Pythium aphanidermatum (2) Alternaria (1) Phytophthora (2) Phytophthora infestans (1) Pyrenochaeta lycopersici (4) Fusarium oxysporum (6) Fusarium sp. (2) Sclerotium cepivorum (1) Solanum melongena (1) Solanum torvum (1) Verticilium dahliae (2) Phytium (1) Ralstoni solanacearum (1) Botrythis cinerea (1) Cladosporium fulvum (1) Alternaria solani (1) Erysiple orontii (1)

(1)

2

Meloidogyne incognita (1) Nacubbuns aberrans (1) (1) Meloidogyne sp. (3) Meloidogyne spp. (1) Meloidogyne incognita (8) Meloidogyne javanica (1)

(9)

afideos (1) Helicoverpa armigera (1) Spodoptera litura (1) Liriomyza trifolii (1)

* Os números entre parêntesis correspondem ao número de trabalhos sobre o tema.

LITERATURA CITADA CAB ABSTRACTS. WebSPIRS. Disponível em Acesso em março de 2004. GHINI, R.; SCHOENMAKER, I. A. S.; BETTIOL, W. Solarização do solo e incorporação de fontes de matéria orgânica no controle de Pythium spp. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.9, p.1253-1261, 2002. REIS, N. V. B.; CHARCHAR, J. M.; CARRIJO, O. A. Efeito de solarização sobre a produção de tomate de mesa e de indústria em uma estufa modelo capela. PA nº 38, dez. 1999. 5p.

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