Prevalência de infecções fúngicas em pacientes atendidos no ambulatório III do Hospital Universitário Júlio Muller - Cuiabá/MT

July 22, 2017 | Autor: Hugo Hoffmann | Categoria: Dermatology, Medical Mycology, Paracoccidioides
Share Embed


Descrição do Produto

Hugo Dias Hoffmann Santos1 Mariana Caselli Anzai1 Doracilde Terumi Takahara1 Tomoko Tadano2 Rosane Christine Hahn1

1

Laboratório de Investigação/Micologia - Faculdade de Ciência Médicas - UFMT

2 Hospital

Universitário Júlio Muller – UFMT

[email protected]

INTRODUÇÃO Calcula-se a existência de quase 200.000 espécies de fungos, todavia, apenas 180 são conhecidos como patógenos humanos (LACAZ et al, 2009). Os últimos 30 anos foram marcados pela crescente quantidade de infecções fúngicas, coincidentemente com o aumento considerável de pacientes imunodeprimidos na população (GUARRO et al, 1999). Estima-se que 40% da população mundial já sofreram infecções por dermatófitos, esta complicação representa 30% de todas infecções cutâneas (ARAUJO et al, 2003). A paracoccidioidomicose é a micose sistêmica mais prevalente na América do Sul e o seu agente etiológico, Paracoccidioides brasiliensis, um fungo dimórfico, é encontrado no Brasil, Colômbia, Venezuela e Argentina. O estado de Mato Grosso apresenta uma alta incidência de casos, caracterizando uma região geográfica endêmica para aquisição da doença (BATISTA JUNIOR, et al, 2010). Em relação às micoses subcutâneas, em Mato Grosso tem sido observados distintos agentes etiológicos.

Figura 2 – Paracoccidioides brasiliensis no exame micológico direto.

Figura 3 – Candida parapsilosis no microcultivo.

Figura 4 – Colônia de Trichophyton rubrum em ágar Sabouraud (verso).

Figura 5 – Colônia de Trichophyton rubrum em ágar Sabouraud (reverso).

OBJETIVO O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de infecções fúngicas em pacientes atendidos do ambulatório III (doenças infecciosas) do Hospital Universitário Júlio Muller - UFMT, em Cuiabá/MT.

MATERIAL E MÉTODOS Neste estudo retrospectivo, foram analisadas 470 fichas de anamnese do serviço de micologia do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), cidade de Cuiabá, Mato Grosso, durante o período compreendido entre outubro de 2006 a junho de 2010. Para tanto, foram considerados os seguintes parâmetros: data da coleta, sexo, idade, local da lesão e fungo identificado.

RESULTADOS Dos 470 pacientes, a maioria pertenceu ao sexo feminino (55,1%); e faixa etária situada entre 19 a 59 anos (76,0%). Dentre os sítios anatômicos mais frequentemente atingidos foram observados: pés (36,1%) e mãos (23,5%). Considerando os agentes etiológicos, os três mais isolados foram: Candida parapsilosis (27,2%) no material clínico unha, Trichophyton rubrum (17,1%) em pele e Paracoccidioides brasiliensis (16,1%) em raspado de mucosa oral.

Agentes etiológicos isolados de pacientes atendidos no ambulatório de doenças infecciosas do Hospital Universitário Júlio Muller - Cuiabá/MT

60 50 40 30 20

10 0

Figura 1 – Fungos isolados de pacientes atendidos no ambulatório III (doenças infecciosas) do Hospital Universitário Júlio Muller, entre outubro 2006 e junho de 2010.

CONCLUSÃO E DISCUSSÃO C. parapsilosis e T. rubrum, em unha e pele, respectivamente, foram os principais agentes etiológicos de infecções fúngicas superficiais em pacientes atendidos no HUJM, concordando com os resultados de Gürcan et al (2008) e Aghamirian et al (2010). Trofa et al (2008) afirmam que C. parapsilosis é frequentemente isolada de espaço subungueal, sendo considerada como patógeno humano emergente com significativo aumento nas últimas décadas. Assis Santos et al (2007) afirmam que os dermatófitos têm a capacidade de invadir o tecido causando as dermatofitoses e as unhas dermatofíticas ocasionando onicomicoses. T. rubrum é o principal agente etiológico devido à sua ocorrência ubíqua e distintas formas de contágio envolvendo este patógeno. O estado de Mato Grosso contribui no cenário nacional como zona endêmica para aquisição de Paracoccidioidomicose, conforme Shikanai-Yasuda et al (2006). Outros agentes de micoses subcutâneas (S. schenckii e Fonsecaea pedrosoi por exemplo) e profundas (Histoplasma capsulatum) também foram isolados, porém em menor proporção.

REFERÊNCIAS AGHAMIRIAN, M.R.; GHIASIAN, S.A. Onychomycosis in Iran: epidemiology, causative agents and clinical features. Nippon Ishinkin Gakkai Zasshi, v. 51, n. 1, 2010. p. 23-29. ARAUJO, A.J.G.; BASTOS, O.M.P.; SOUZA, M.A.J.; OLIVEIRA, J.C. Ocorrência de onicomicose em pacientes atendidos em consultórios dermatológicos na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. An. Bras. Dermatol., v. 78, n. 3, jun. 2003. p. 299-308. ASSIS SANTOS, D.; CARVALHO ARAUJO, R.A.; KOHLER, L.M; MACHADO-PINTO, J.; HAMDAN, J.S.; CISALPINO, P.S. Molecular typing and antifungal susceptibility of Trichophyton rubrum isolates from patients with onychomycosis pre- and post-treatment. Int. J. Antimicrob. Agents., v. 29, n. 5, mai, 2007. p. 563-569. BATISTA JUNIOR, J.; BERZAGHI, R.; ARNAUD, A.D.M.M.; FONTES, C.J.F.; CAMARGO, Z.P.; GUARRO, J.; GENÉ, J.; STCHIGEL, A.M. Developments in fungal taxonomy. Clin. Microbiology Reviews, v. 12, n. 3, jul., 1999. p. 454-500. GÜRCAN, S.; TIKVESLI, M.; ESKIOCAK, M.; KILIÇ, H.; OTKUN, M. Investigation of the agents and risk factors of dermatophytosis: a hospital-based study. Mikrobiyol Bul., v. 42, n. 1, jan. 2008. p. 95-102. HAHN, R.C. Simultaneous infection of human host with genetically distinct isolates of Paracoccidioides brasilisensis. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, v. 105, n. 1, fev. 2010. p. 62-65. LACAZ, C.; PORTO, E.; MARTINS, J.E.C.; HEINS-VACCARI, E.M.; MELO, N.T. Tratado de micologia médica Lacaz. Sarvier, 2009. p. 19. SHIKANAI-YASUDA, M.A.; TELLES FILHO, F.Q.; MENDES, R.P.; COLOMBO, A.L.; MORETTI, M.L. e cols. Consenso em Paracoccidioidomicose. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 39, n. 3, mai-jun., 2006. p. 297-310. TROFA, D.; GÁCSER, A.; NOSANCHUK, J.D. Candida parapsilosis, an emerging fungal pathogen. Clin. Microbiol. Rev., v. 21, n. 4, 2008. p. 606-625.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.