Prevenção do Cancro: efeitos dos pesticidas, alimentos geneticamente modificados e Fast-Food

August 13, 2017 | Autor: Claudia Brito | Categoria: Food and Nutrition, Cancer Prevention, Pesticides, Fast Food Industry, Genetically Modified Foods
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Universidade do Algarve Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC) Curso Superior de Educação Social Ano letivo de 2014/2015 3.º Ano

Prevenção do Cancro: efeitos dos pesticidas, alimentos geneticamente modificados e FastFood

Unidade Curricular: Seminário de Supervisão Docente: Hélder Raimundo Discentes: Cláudia Brito (Nº 47027) Evanildes Divino (Nº 48082)

Globalização Económica Neoliberal e Ativismo Digital

Prevenção do Cancro: efeitos dos pesticidas, alimentos geneticamente modificados e Fast-Food

Prevenção do Cancro: Efeitos dos pesticidas, alimentos geneticamente modificados e FastFood

Brito C.& Divino E.

Resumo: O Cancro foi considerado em 2014, pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a epidemia do século XXI. As atuais estatísticas revelam que o cancro foi responsável pela morte de 8,2 milhões de pessoas em todo o mundo em 2012. Ainda mais assustadores são os prognósticos para as próximas duas décadas: a OMS estima um aumento, dos 14 milhões de casos anuais de 2012, para 22 milhões. Sabemos que o cancro é uma patologia multifatorial, quer isto dizer que um ou a sinergia entre vários fatores potenciam o desenvolvimento de cancro. Apesar de existirem fatores não modificáveis, muitos fatores podem ser evitados e/ou eliminados para a prevenção do cancro. A OMS, revela que cerca de 30% das mortes por câncer devem-se a riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixa ingestão de fruta e legumes, falto de atividade física, tabagismo e excesso de álcool. Este artigo focar-se-á num desses fatores – Alimentação – e, após uma breve introdução, abordará, recorrendo à investigação científica disponível, os efeitos dos pesticidas, dos produtos alimentares geneticamente modificados e da alimentação tipo Fast-Food, sobre a saúde.

Palavras-chave: Cancro, prevenção, tumores, pesticidas, agrotóxicos, saúde humana, Fast-Food, alimentos geneticamente modificados

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Prevenção do Cancro: efeitos dos pesticidas, alimentos geneticamente modificados e Fast-Food

Introdução O Câncer, considerado pela Organização Mundial de Saúde (2014) a epidemia do século XXI, é uma terminologia que engloba um amplo grupo de enfermidades que afetam qualquer parte do organismo e que tem com uma das suas principais características a proliferação rápida de células anormais, a partir do tumor (maligno) primário. Este processo de disseminação pela corrente sanguínea, que é responsável pela constituição de colónias noutros órgãos (metástases), é a principal causa de morte por cancro. Ainda segundo a Organização Mundial de Saúde, o Câncer, em 2012, causou a morte a 8.2 milhões de pessoas em todo o mundo em 2012 e registou um aumento de 14 milhões de novos casos no mundo. (OMS, 2014). Para as próximas duas décadas, a OMS, estima que o número de casos anuais aumente, dos 14 milhões em 2012, para 22 milhões. Só na Europa, surgem mais de três milhões de novos casos por ano. (Peixoto, 2013, VIII, prefácio). Portugal, à semelhança dos outros países europeus, terá um aumento de 12,6% na próxima década segundo as estimativas do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas de 2013 (Direção Geral de Saúde). Sabemos que o Câncer é uma patologia complexa que ainda não se encontra devidamente esclarecida. No entanto, como doença multifatorial, conhecem-se vários fatores (ambientais, genéticos, envelhecimento, modos de vida, tabagismo, inatividade física, alimentação inadequada, obesidade, excesso de álcool, exposição excessiva solar, exposição a radiações ionizantes, exposição a agentes infeciosos, vírus e químicos, etc.) que potenciam o desenvolvimento de cancro. Apesar de existirem fatores imodificáveis, a OMS revela que “cerca de 30% das mortes por câncer devem-se a riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixa ingestão de fruta e legumes, falto de atividade física, tabagismo e excesso de álcool” (OMS, 2014). Será importante referir, para uma prevenção eficaz, que vários fatores em sinergia potencializam o risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer. Neste artigo, que se focará num desses fatores de risco – alimentação – pretendemos mostrar a nocividade dos pesticidas, dos alimentos geneticamente modificados e dos produtos alimentares Fast- Food, para a saúde humana. Mais, perceberemos como os avanços tecnológicos utilizados na agricultura e na indústria alimentar (mas outros fatores também), vieram, desde o século XX até aos nossos dias, contribuir para a massificação do cancro. No final do artigo, defenderemos a necessidade de se educar para a saúde em Portugal e apresentaremos as conclusões sobre as evidências científicas apresentadas ao longo do artigo. 3

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Pesticidas, alimentos geneticamente modificados e Fast-Food Através da consulta e pesquisa sobre as doenças cancerígenas, percebemos que é sobretudo, a partir do século XX, num novo estilo de vida, impulsionado pela terceira Revolução Industrial, pelos avanços tecnológicos e pela globalização dos mercados que os casos de cancro disparam exponencialmente nos países industrializados. Contribuíram para isso os novos tipos de energia utilizada (vapor e carvão foram substituídos por automóveis, petróleo e derivados e geraram altos níveis de poluição no ar), o acelerado crescimento da indústria (incluindo a alimentar, com pesticidas a poluírem os solos), a produção, transporte e venda de alimentos em larga escala, um novo estilo de vida e outros fatores. Os perversos efeitos deste novo estilo de vida do século XX para a saúde fizeramse sentir, inicialmente no Japão, nos finais da década de 50, quando este país tentava acompanhar o crescimento industrial da Europa Ocidental e do norte da América, com a catástrofe de Minamata. A descarga de efluentes com mercúrio libertada por uma fábrica de produtos químicos na baia de Minamata não só envenenou peixes como teve graves consequências (epilepsia, descoordenação de membros, tremores e morte) em animais e pessoas que o consumiam. Apesar do alerta japonês, o mundo menosprezou este desastre considerando-o um problema local. Foram precisas duas décadas e muitos desastres ambientais para que o mundo percebesse, pelo menos parcialmente, as suas repercussões, inevitáveis, a curto, médio ou longo prazo, na saúde das populações. Como afirmou Edgar Morin (2014), a partir das décadas de 70, 80 e 90 os motores do progresso tornaram-se cada vez mais ambivalentes. Pois, se por um lado, a ciência trouxe o progresso nos conhecimentos (progresso humano), ela trouxe também as armas de destruição massiva. Percebemos claramente este raciocínio, se olharmos para os terríveis efeitos resultantes do lançamento de duas bombas atómicas em 1945, pelos E.U.A, nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki: mortes em grande escala devido à radiação, ferimentos graves decorrentes das explosões e cancros. Um outro acontecimento que contribuiu para que as populações percebessem que a contaminação ambiental produzia efeitos sobre a saúde humana, foi o livro “ Silent Spring”, editado nos anos 60, pela bióloga Rachel Carson1, que advertia para os vários efeitos adversos do uso indiscriminado dos pesticidas e inseticidas químicos sintéticos, e mais particularmente do DDT: I) penetrava na cadeia alimentar e cumulava-se nos tecidos 11

Rachel Carson foi combatida pela indústria química e até por representantes do governo, que a consideravam alarmista.

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gordurosos dos animais, inclusive do homem, aumentando o risco de causar câncer e danos genéticos; II) não só atingia as pragas, mas um número incontável de outras espécies, silenciando pássaros, peixes, até mesmo crianças; III) permanecia tóxico no ambiente mesmo com sua diluição pela chuva, sendo que as espécies contaminadas poderiam migrar para outros ambientes, levando os possíveis riscos de contaminação para alvos bem mais distantes que a sua origem. Ainda que este livro fosse duramente criticado por cientistas, serviu, em conjunto com vários problemas ambientais e de saúde associados ao uso dos agrotóxicos, como ponto de partida para a criação de: políticas governamentais de proteção ambiental nos anos 70, de organizações defensoras do ambiente e de uma consciência ecológica. Apesar disso, na atualidade, as práticas de empresas químicas denunciadas pela autora, além de terem continuado, ocorrerem a um nível muito superior às registadas nos anos 60. Pois, como se sabe a agricultura moderna, dos países industrializados, têm as suas economias sustentadas na produção agrícola para exportação, o que requer, cada vez mais, a utilização de herbicidas, fungicidas, inseticidas, para o controle de pragas agrícolas. O consumo mundial de agrotóxicos sofreu um aumento alarmante entre as décadas de cinquenta e oitenta, a uma taxa anual de aproximadamente dez por cento. (Alves Filho, 2001). Sabe-se, através da Environmental Protection Agency (2014) que os organofosforados e carbamatos (pesticidas), por exemplo, afetam o sistema nervoso, e que outros afetam o sistema hormonal e endócrino do corpo e/ou são carcinogénicos. Segundo Faria (2012) “Além da ausência de registos referentes à exposição a agrotóxicos, existem muitas limitações nas informações dos efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde” (Faria, 2012, p. 32). Podemos, no entanto, perceber a nocividade destas substâncias químicas para a saúde nas palavras de Girotto (2009):

A par da íntima relação que esses produtos/substâncias químicas guardam com a atividade bélica, eis que vários materiais deste jacz forma utilizados em guerras, ad exemplum, agente laranja2 que fora largamente empregado pelas forças militares americanas no conflito do vietnã, causando deformidades na população daquele País, os mesmos possuem sensível potencialidade de dano à saúde humana e meio ambiente como um todo. (Girotto, 2009, p.17)

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Agente laranja: herbicida 2,4-D + 2,4,5-T (mesmas características do napalm). Em 1982 a OMS considerou o 2,4-D (utilizado no controle de ervas daninhas) moderadamente tóxico (Classe II) e recomendou uma concentração máxima na água de 30 mg/l.

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Devido à perigosidade dos agrotóxicos, a avaliação do grau de contaminação do solo por agrotóxicos é de particular importância devido a transferência destes contaminantes aos alimentos. Pois, embora o objetivo dos agrotóxicos seja o de destruir pragas nocivas, que danificam plantações e transmitem doenças aos animais e homem, outros seres vivos, inclusive os humanos, têm funções fisiológicas e bioquímicas semelhantes às espécies nocivas e são suscetíveis em graus variáveis aos efeitos tóxicos de agrotóxicos. Como afirma afirmam Carvalho e Pivoto (2011) “ Várias outras substâncias, como o Amitraz, foram proibidas no Brasil. A lei de agrotóxicos nº 7802, aprovada em 1989, proíbe o registro de produtos que possam provocar câncer, defeitos na criança em gestação (teratogênese) e nas células (mutagênese). Mas produtos como o Amitraz, e outros que já haviam sido proibidos, continuam sendo comercializados ilegalmente”. Ainda segundo Carvalho & Pivoto (2011) “o DDT (inseticida organoclorado) foi banido em vários países, a partir da década de 70, quando estudos revelaram que os resíduos clorados persistiam ao longo de toda cadeia alimentar, contaminando inclusive o leite materno”(p.179). A Organização Mundial de Saúde, que disponibiliza desde 1975 uma lista de pesticidas classificados quanto à sua toxicidade, considera que os pesticidas são potencialmente nocivos para os seres humanos: Os pesticidas são compostos químicos que são utilizados para matar as pragas, incluindo insetos, roedores, fungos e ervas daninhas (plantas não desejadas). Os pesticidas são usados em saúde pública para matar vetores da doença, como os mosquitos, e na agricultura, para matar pragas que danificam colheitas. Pela sua natureza, os pesticidas são potencialmente tóxicos para outros organismos, incluindo os seres humanos, e precisam ser usados com segurança e descartados corretamente. (OMS, 2015, para. 1)

Também a EJF (Environmental Justice Foundation) confirma a nocividade dos pesticidas para a saúde humana quando afirma “os pesticidas são perigosos e não descriminam entre as suas espécies alvo. Por isso, efeitos indesejados para a saúde humana incluem a interrupção hormonal, defeitos de nascimento, autismo, Alzheimer e câncer. O estudo de Thongprakaisang et.al. (2013) demonstrou que o glifosato, um ingrediente ativo do herbicida mais amplamente utilizado, considerado um dos pesticidas menos tóxicos, que é amplamente utilizado no cultivo de soja, induz ao crescimento de células

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cancerosas na mama. Além deste, vários estudos recentes mostraram os potenciais efeitos adversos deste ingrediente na saúde dos seres humano, por ser um disruptivo endócrino. Em Portugal, Loureiro (2014), investigadora no Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, e a sua equipa, que há anos que investigam os efeitos dos pesticidas nos solos, dão-nos conta que os “pesticidas aplicados amplamente em todo o país e na Europa (…) produzem efeitos muito mais nefastos do que seria à partida previsível” (Loureiro, 2014, para.5). Ainda segundo esta investigadora, há décadas que são utilizados livremente cocktails químicos perigosos e imprevisíveis, sem que a legislação em vigor em Portugal e na Europa se oponha, sendo por isso, “urgente a criação de um plano de monitorização ambiental para manter a qualidade dos solos e dos serviços que esses solos nos proporcionam quer na Europa quer em Portugal”. (Loureiro, 2014, para 8). O aumento da produtividade de alimentos não se deve só ao emprego dos agrotóxicos mas, principalmente ao melhoramento genético das plantas. Jenkins (2003) defende que a genética deve de ser utilizada na produção alimentar, entre outras razões, porque os pesticidas deixaram de ser eficazes uma vez que “(…)os insetos evoluíram, tornando-se resistentes” e devido “aos efeitos tóxicos dos pesticidas que se iam concentrando nas cadeias alimentares, causando alarmantes problemas ambientais potenciais. (Jenkins, 2003, p. 156). Ainda segundo este autor, o potencial para a aplicação da engenharia genética à produção alimentar é imenso. Desde 1970, década em que foi desenvolvida a técnica do ADN recombinante, que se têm resultados na área da transgenia. Mas, a aplicação da engenharia genética à produção alimentar, que permite a criação e/ou melhoramento de produtos vegetais e animais (geneticamente modificados), está passar, neste momento, por uma revolução, em larga medida “por causa de um casamento entre os engenheiros genéticos e as companhias multinacionais que têm em mente o objetivo do lucro”. (Jenkins, 2003,p. 139). Não só, mas também por isso, os alimentos geneticamente devem de ser submetidos a rigorosos testes de segurança alimentar. Como afirma Marçal (2014) “as modificações genéticas dos vários OGM são muito diversas. Para além de terem uma qualquer modificação, não há nada que seja comum a todos eles. Por isso, devem de ser analisados caso a caso”. (Marçal, 2014, p. 57). Pusztai (2001) também defende no seu estudo cientifico que os alimentos geneticamente modificados, deveriam de ter sido objeto de pesquisa e eliminados, se nocivos, antes de serem introduzidos nos mercados. (Pusztai, 2001).

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Durante a nossa pesquisa constatámos que existe muito pouco conhecimento sobre os produtos geneticamente modificados, sobre os potenciais riscos para a saúde humana, apesar deles se encontrarem em abundancia nos mercados e de alguns estudos, com animais, nos mostrarem os seus efeitos perversos. Um dos estudos de toxicidade animal com determinados alimentos geneticamente modificados, que nos mostram que vários órgãos e sistemas são afetados, é o de Dona (2009) que nos diz o seguinte:

Os resultados da maioria dos estudos com alimentos GM indicam que eles podem causar alguns efeitos tóxicos comuns, como hepática, pâncreas, renal, ou efeitos reprodutivos e pode alterar a hematologia, bioquímica, e os parâmetros imunológicos. No entanto, muitos anos de pesquisa com animais e estudos clínicos são necessários para esta avaliação. O uso de GH recombinante ou a sua expressão em animais devem ser re-examinada uma vez que tem sido demonstrado que ela aumenta o IGF-1, que pode promover o cancro. (Dona, 2009)

Foram estudos com conclusões semelhantes a este, que levaram organizações nãogovernamentais internacionais como a Greenpeace ou nacionais como a Quercus, a assumir uma posição critica e a contestar a produção e comercialização de alimentos geneticamente modificados. Mas, se a qualidade dos alimentos e, consequentemente, da saúde das populações vem sendo afetada pelo uso indiscriminado de pesticidas, o consumo de um novo tipo de alimentação - Fast-Food - não tem parado de aumentar, desde o seculo XX até aos nossos dias, sobretudo nos países industrializados. Isto apesar de muitos nutricionistas, peritos em saúde pública e pesquisadores advertirem para os perigos deste tipo de alimentação para a saúde e de se saber que o resultado são doenças (cardiovasculares, diabetes, obesidade, diferentes tipos de cancro, etc.) e uma grande despesa a nível de saúde pública. Vários estudos mostram que, consumidos regularmente, estes produtos e refeições (salsichas, hambúrgueres, refrigerantes, pizzas, batatas fritas, pizzas, tartes, doces, pães, etc.) pobres em nutrientes, fibras e vitaminas, híper calóricos, ricos em gorduras hidrogenada, sal e açucares, e com uma série de aditivos são nocivos para a saúde humana. Por serem pobres em fibras, estes alimentos processados não assumem certas funções dos alimentos fibrosos no organismo: controlar a digestão da glicose, reduzir o colesterol, ativar o intestino para que trabalhe melhor e previna o cancro colon/retal. Também por serem muito ricos em açúcares contribuem para a obesidade. Existem várias investigações publicadas que concluem que o excesso de peso e a obesidade tornaram-se 8

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um dos principais riscos de cancro. Um desses exemplos, o estudo de Melina et. Al. (2012) concluíu que um “ alto índice de massa corporal (IMC: definida como 25HG/m2 ou mais) está associado com o aumento de risco de câncer” e que 3,6% (cerca de 481 mil) novos casos de cancro em adultos registados em 2012 devem-se ao excesso de peso e obesidade ( Melina et.al, 2012). Esta análise apoiou numa vasta base de dados da Globocan, que comporta a incidência e mortalidade por cancro em 184 países (Diário de Noticias, 2014). Ainda, num outro estudo mais recente pode-se ler “Temos provas suficientes de que a obesidade é uma importante causa de sofrimento e morte desnecessária de muitos tipos de câncer” (Campbell, 2014). Além destes estudos, outros mostram-nos que certos aditivos, que se encontram na maior parte dos produtos alimentares do tipo Fast-Food, contêm agentes cancerígenos. Segundo a nomenclatura europeia o aspartame (que adoça 200 vezes mais que a sacarose), que é designado com o Edulcorante E951, é um agente cancerígeno, segundo os estudos com ratos do Dr. Soffritti et. al. (2006) O nosso estudo mostra que Aspartame é multi-potencial composto cancerígeno, com efeitos, mesmo em uma dose diária de 20 mg cancerígeno / kg de peso corporal, muito menos do que o atual ADI para os seres humanos na Europa (40 mg / kg pc) e nos Estados Unidos. Os resultados de bioensaios de carcinogenicidade em roedores são preditores consistentes de riscos de câncer humano. Os resultados do nosso estudo, portanto, exigem uma reexaminarão urgente das atuais orientações sobre o uso e consumo de Aspartame. (Soffritti et.al. 2006),

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Conclusões Finais

Sabendo que existem muitas ONG´s, ativistas, médicos, investigadores, peritos em saúde pública, tanto a nível internacional como nacional, que se opõem aos agrotóxicos, aos alimentos geneticamente modificaodos e ao Fast-Food, por os considerarem nocivos para a saúde, quisemos, através de uma pesquisa à literatura científica, saber se o cancro de fato está associado ao consumo deste tipo de alimentos. Concluímos com a nossa pesquisa, com base em estudos científicos, que, além de outros fatores, a utilização de muitos pesticidas na agricultura não só afetam o sistema nervoso, o sistema hormonal e endócrino do corpo humano, como são cancerígenos. Percebemos também, através de um estudo da Universidade de Aveiro da investigadora Loureiro (2014) que os pesticidas aplicados em Portugal, tal como na Europa, produzem efeitos mais nefastos do que se poderia supor. E, como em Portugal a legislação em vigor não se contrapõe, são usados “cocktails” químicos perigosos e imprevisíveis. Por essa razão, consideramos que há uma necessidade da sociedade civil ser mais exigente e participativa, para que possa pressionar o governo para que sejam criadas políticas com o objetivo de garantir uma autêntica segurança alimentar. No que diz respeito aos efeitos dos alimentos geneticamente modificados sobre a saúde humana, existem ainda poucos estudos e os que existem são pouco conclusivos. Apesar disso, alguns estudos de toxicidade animal, já mostraram que alimentos geneticamente modificados, afetam vários órgãos e sistemas desses animais. Tal como a maior parte dos investigadores consideramos que são precisos mais estudos e, como outros, consideramos que antes da sua entrada nos mercados esses produtos precisam de investigação prévia que garanta a sua segurança. Em relação à alimentação Fast -Food, foi mais fácil perceber que estes são potencialmente cancerígenos devido à sua composição nutricional e aditivos. Além disso, como são produtos muito calóricos, facilmente conduzem ao excesso de peso e/ou obesidade que está intimamente relacionada com vários tipos de cancro. Por termos percebido que os alimentos tratados com pesticidas e os alimentos fast-food, afetam a saúde e podem provocar vários tipos de cancro, defendemos que é preciso Educação para a Saúde em Portugal. Por outras palavras, é preciso “dotar os cidadãos mais vulneráveis com informação, conhecimentos e competências que facilitem a tomar decisões conscientes e adequadas ao seu bem-estar físico, mental, social, e espiritual, bem como daqueles que os rodeiam. (Peixoto, 2013, s.p) 10

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